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Leon Trotsky

Leon Trotsky foi um dos revolucionários que atuaram na Revolução Russa de 1917. Liderou o Soviete de Petrogrado e o Exército Vermelho, mas foi expulso da URSS em 1929.

Leon Trotsky foi um revolucionário russo que teve atuação destacada durante a Revolução de Outubro de 1917.[1]
Leon Trotsky foi um revolucionário russo que teve atuação destacada durante a Revolução de Outubro de 1917.[1]
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Leon Trotsky foi um revolucionário russo que teve papel de destaque na Revolução Russa de 1917. Chegou a ser o segundo homem da Rússia liderada pelos bolcheviques, mas perdeu influência quando Lenin morreu. Foi expulso da União Soviética e perseguido pelos agentes de Stalin, sendo assassinado em 1940.

Confira no nosso podcast: Direta, esquerda e centro

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Leon Trotsky

  • Leon Trotsky nasceu em Ianovka, atual Ucrânia, em 7 de novembro de 1879.

  • Teve contato com os ideais marxistas na sua juventude, quando residia em Nikolaev.

  • Chegou a ser preso e enviado para exílio na Sibéria por duas vezes.

  • Depois da Revolução de Outubro, tornou-se o segundo homem da União Soviética, atrás apenas de Vladimir Lenin.

  • Foi expulso da União Soviética em 1929 e assassinado por um agente de Stalin em 1940, em sua casa no exílio, que ficava no México.

Origens de Leon Trotsky

Lev Davidovich Bronstein (também pode ser escrito Bronshtein) nasceu em Ianovka, no dia 7 de novembro de 1879. Ele ficou conhecido na história como Leon Trotsky, e sua cidade de nascimento atualmente se localiza na Ucrânia, mas na época era parte do Império Russo. Trotsky fazia parte de uma família de judeus que se integraram à sociedade russo-ucraniana.

Seus pais, David Leontyevich Bronstein e Anna Lvovna, eram fazendeiros que haviam prosperado. O jovem Trotsky teve dois irmãos que sobreviveram à infância e outros dois que morreram ainda crianças.

Aos nove anos, Trotsky foi enviado por sua família para Odessa (cidade também localizada atualmente na Ucrânia) para que pudesse estudar. Trotsky ficou marcado por ser um bom estudante, mas tinha uma personalidade classificada como “rebelde”. A partir de 1896, ele se mudou para Nikolaev (atual Mykolaiv) para dar continuidade aos seus estudos.

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Militância política

Foi em Nikolaev que Trotsky teve seu primeiro contato com o marxismo e os ideais revolucionários. Nesse período, ele deixou de frequentar as aulas para participar de grupos que estudavam e debatiam o marxismo. Acabou retornando para Odessa, onde se matriculou no curso de Matemática, na Universidade de Odessa.

Entretanto, a militância se tornou mais importante na vida de Trotsky e ele decidiu abandonar o curso. Seu envolvimento com a política fez com que ele participasse da fundação do Sindicato dos Trabalhadores do Sul da Rússia. Trotsky atuava na distribuição de panfletos para convencer os trabalhadores a juntar-se ao sindicato.

A militância política rendeu a Trotsky uma prisão em 1898. O Império Russo era governado pela monarquia czarista, cuja postura era extremamente autoritária com movimentos revolucionários, como o que Trotsky fazia parte. Ficou preso por dois anos enquanto aguardava seu julgamento, e, quando o julgamento aconteceu, em 1900, ele foi condenado a quatro anos de exílio.

O exílio de Trotsky foi na Sibéria, onde ele se casou com uma companheira de militância chamada Aleksandra Sokolovskaya. Na Sibéria, Trotsky também teve duas filhas, Nina e Zinaida. Em 1902, ele decidiu fugir do exílio, e, como parte de seu disfarce, adotou um pseudônimo que levou por toda a vida: Leon Trotsky. Depois da fuga, Trotsky se divorciou de sua primeira esposa.

No período que Trotsky esteve na prisão e no exílio, o Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR) se estruturou, mas havia muitas divergências políticas entre os seus membros. Existiam aqueles que defendiam uma atuação mais focada no sindicalismo, enquanto outros defendiam uma posição mais revolucionária, visando à derrubada do czarismo.

Trotsky acreditava ser mais importante a luta contra o czarismo. Depois de fugir da prisão, ele se exilou em Londres, e lá trabalhou para o Iskra, um jornal revolucionário que era divulgado clandestinamente da Rússia. Nesse período, Trotsky se aproximou de Vladimir Lenin, um dos grandes líderes revolucionários da Rússia na época.

No Iskra, Trotsky atuava como redator de artigos revolucionários. Em 1903, sua aproximação de Lenin foi abalada pela divisão no POSDR. Havia uma disputa interna, travada por Vladimir Lenin e Julius Martov, pela forma como o partido seria gerido. Lenin defendia um comando mais centralizado, enquanto Martov defendia um menos centralizado e que desse mais liberdade de atuação aos filiados.

Trotsky se alinhou à defesa da construção do socialismo na Rússia por um viés democrático e defendia que o partido tivesse o comando descentralizado — linhas que foram adotadas pelos mencheviques. Isso fez com que Trotsky ficasse, temporariamente, afastado de Lenin.

No entanto, com o tempo, Trotsky se afastou dos mencheviques porque não concordava com a aproximação deles com os liberais russos.

Confira no nosso podcast: O que é marxismo cultural?

  • Caminho para a revolução

Em 1905, Trotsky se engajou na luta revolucionária com o início dos protestos do que ficou conhecido como Revolução de 1905. Ele retornou à Rússia logo após o Domingo Sangrento, quando a guarda do czar Nicolau II abriu fogo contra um protesto pacífico organizado pela população de São Petersburgo.

Em São Petersburgo, Trotsky passou a atuar com bolcheviques e mencheviques. Além disso, tornou-se porta-voz do soviete que reunia o comitê de trabalhadores da cidade. Pela sua atuação revolucionária na capital russa, foi preso em 1906 e novamente enviado para a Sibéria.

Novamente, Trotsky fugiu e se estabeleceu em Viena, capital do Império Austro-Húngaro. A partir daí, o revolucionário aderiu ao Pravda, outra publicação clandestina que era enviada para a Rússia. Ele atuou nesse jornal até 1912, quando sua circulação foi encerrada. Depois disso, Trotsky esteve em outras cidades, como Paris, Zurique e Nova York.

Em 1914, a Primeira Guerra Mundial se iniciou, e Trotsky, assim como parte do POSDR, manteve opiniões contrárias à guerra. Os membros do partido que defendiam essa visão entendiam que a guerra era imperialista. A atuação antiguerra de Trotsky contribuiu para que ele fosse deportado da França e da Espanha.

  • Revolução Russa de 1917

Membros do Soviete de Petrogrado reunidos
Leon Trotsky ficou marcado como o líder do Soviete de Petrogrado.

Chegou aos Estados Unidos no começo de 1917, mas, em uma tentativa de abandonar o país, foi preso a bordo de um navio que ia para a Europa, sendo levado para o Canadá. Foi libertado por ação da diplomacia russa ainda em 1917, e, em maio do mesmo ano, chegou à Rússia.

Na ocasião, o governo czarista já havia sido derrubado pela Revolução de Fevereiro, organizada pelos mencheviques. Um governo provisório foi criado e Georgy Lvov assumiu como primeiro-ministro da Rússia, sendo posteriormente substituído por Aleksandr Kerensky. No contexto revolucionário, Trotsky aderiu oficialmente ao bloco bolchevique.

Na Rússia, Trotsky assumiu a liderança do Soviete de Petrogrado (antiga São Petersburgo) e tomou parte na luta contra o governo provisório. Sua atuação revolucionária ao longo de 1917 fez dele o segundo homem do Partido Bolchevique, estando abaixo apenas do próprio Lenin.

Depois da Revolução de Outubro, o primeiro trabalho de Trotsky no governo bolchevique foi assumir o cargo de Comissário do Povo para Assuntos Estrangeiros. Nesse cargo, Trotsky foi um dos responsáveis pelas negociações que envolveram a saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial. Desses debates, surgiu o Tratado Brest-Litovsk.

Depois, Trotsky se envolveu com assuntos militares e atuou como chefe do Comitê Militar Revolucionário. Nessa função, ele formou o Exército Vermelho, uma força militar que lutaria pela defesa do governo comunista na Rússia. Trotsky teve um papel crucial no recrutamento e na liderança do Exército Vermelho durante os anos da Guerra Civil Russa.

→ Videoaula sobre Revolução Russa de 1917

Últimos anos e morte de Leon Trotsky

A partir de 1922, a liderança de Lenin na União Soviética se enfraqueceu pelos problemas de saúde que ele passou a enfrentar, pois, entre 1922 e 1923, Lenin teve três derrames cerebrais que lhe deixaram sequelas. Isso deu início a uma disputa no interior do governo frente a uma possível sucessão do poder.

Interior de uma das casas em que Trotsky residiu no México.[2]
Interior de uma das casas em que Trotsky residiu no México.[2]

Lenin havia definido Trotsky como o “o homem mais apto no Comitê Central” para sucedê-lo.|1| A disputa pelo poder foi travada por quatro nomes: Leon Trotsky, Josef Stalin, Grigory Zinoviev e Lev Kamenev. Além disso, havia uma disputa ideológica, pois Stalin defendia a posição da “revolução em um só país”, enquanto Trotsky defendia a ideia da “revolução permanente”, cujo viés era internacionalista.

A posição de Trotsky perdeu força no Partido Comunista da União Soviética, e o triunvirato formado por Stalin, Kamenev e Zinoviev conseguiu isolar o quarto nome da disputa. No entanto, a partir de 1926, Kamenev e Zinoviev se uniram a Trostky para lutarem contra o fortalecimento de Stalin, mas essa união fracassou.

Stalin conseguiu tomar o poder da União Soviética, usando esse poder para silenciar seus adversários no interior do partido. Entre o final de 1926 e 1927, Trotsky foi expulso do Politburo, órgão responsável pela tomada de decisões do governo soviético, e do Comitê Central, e, por fim, foi expulso do partido.

Em 1928, Trotsky foi exilado para Almaty, no Cazaquistão, e, em 1929, foi deportado compulsoriamente da União Soviética. A partir daí, passou a escrever fortes críticas contra o regime stalinista e se mudou constantemente de lugar, morando, entre 1929 e 1936, na Turquia, França e Noruega.

Por fim, Trotsky recebeu um convite para se mudar para o México, e chegou ao país em janeiro de 1937. Lá, passou a viver na casa de Diego Rivera e Frida Kahlo. Trotsky exilou-se no México com sua segunda esposa, Natalia Sedova, com quem havia se casado em 1903 e tido dois filhos.

Antes de se mudar para o México, Trotsky foi acusado pelo governo soviético de conspirar para derrubar Stalin. Devido a essa e a outras acusações, nomes como Kamenev e Zinoviev foram julgados, condenados à morte e executados.

Trotsky também foi julgado e condenado à morte in absentia (em ausência). Esses julgamentos promovidos pelo governo soviético foram entendidos pelos historiadores como parte do Grande Expurgo, perseguição responsável pela execução de milhares de pessoas na União Soviética.

Em 1939, Trotsky e sua esposa se mudaram para uma casa próximo da de Diego Rivera e Frida Kahlo, na Cidade do México. Esse exílio ficou marcado pelo caso extraconjugal que Trotsky teve com a artista Frida Kahlo.

Com a condenação na União Soviética, Stalin autorizou a morte de Trotsky. Assim, em maio de 1940, um ataque armado ocorreu na casa que Trotsky vivia, mas ele sobreviveu. Poucos meses depois, em 20 de agosto de 1940, um agente de Stalin chamado Ramón Mercader se infiltrou na casa de Trotsky e o acertou com um golpe de picareta.

Trotsky morreu um dia depois devido à gravidade do ferimento. Seu assassino foi preso e condenado a 20 anos de reclusão. Depois que reconquistou sua liberdade, Ramón Mercader foi recebido na União Soviética como herói.

Nota

|1| HUSBAND, William B. A Nova Política Econômica (NPE) e a experiência revolucionária (1921-1929). In.: FREEZE, Gregory L (org.). História da Rússia. Lisboa: Edições 70, 2017. p. 335.

Créditos das imagens

[1] Natata e Shutterstock

[2] BondRocketImages e Shutterstock

 

Por Daniel Neves
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Leon Trotsky"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/leon-trotsky.htm. Acesso em 21 de dezembro de 2024.

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