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O caso Riocentro foi uma das últimas tentativas efetuadas por militares da linha-dura do exército brasileiro para conter o lento e gradual processo de abertura política iniciado nos finais na década de 1970. Insatisfeitos com a possibilidade de o país voltar a ter eleições representativas diretas para cargos eletivos, grupos mais reacionários, e desejosos da continuação do controle militar das instituições estatais, passaram a realizar uma série de atentados, principalmente contra líderes e organizações de oposição ao regime militar.
O general Figueiredo viu sua imagem desgastada com o episódio do caso Riocentro
O mais conhecido destes atentados ocorreu no Riocentro, em 30 de abril de 1981, no bairro de Jacarepaguá, Rio de Janeiro. O evento marcado para aquela noite tinha como objetivo iniciar as comemorações do Dia do Trabalhador, e contaria com a presença de artistas como Chico Buarque, Alceu Valença, Gonzaguinha e Gal Costa, sendo que alguns se destacaram na oposição ao regime militar, tendo inclusive retornado ao país após a Lei de Anistia de 1979.
O atentado pretendia explodir três bombas no local e com isso incriminar os grupos de esquerda, fazendo com que o processo de abertura política cessasse. Mas os militares que organizaram o atentado não conseguiram realizar o planejado, já que uma das bombas explodiu em um carro no estacionamento do Riocentro, matando um sargento e ferindo gravemente outro oficial. Havia no veículo outra bomba que não explodiu. Mas uma terceira bomba explodiu na central de energia do local do evento.
O caso causou enorme desgaste ao governo do general João Batista Figueiredo (1979-1985), que mostrava não poder controlar as forças mais à direita do exército, resultando também na queda do general Golbery do Couto e Silva do cargo de Chefe da Casa Civil. Golbery foi um dos principais articuladores do processo de abertura “lenta, gradual e segura” da ditadura ao regime militar e viu sua imagem enfraquecida com este fato.
O atentado fracassado foi um grande escândalo na época, que só não foi superado pelo fato de não ter ocorrido apurações reais para se descobrir quem eram os mandantes da ação terrorista. O episódio marcou o fim do embate entre os militares da linha dura e o processo de abertura política.
Por Tales Pinto
Graduado em História