Notificações
Você não tem notificações no momento.
Whatsapp icon Whatsapp
Copy icon

Intifada

A intifada é um termo árabe para se referir a uma rebelião popular contra um cenário de opressão. O termo se popularizou a partir da Primeira Intifada dos palestinos em 1987.

Quadro verde com o conceito de intifada.
Intifada é uma expressão mais associada ao contexto das Guerras Árabe-Israelenses.
Imprimir
Texto:
A+
A-
Ouça o texto abaixo!

PUBLICIDADE

A intifada é um termo do árabe que é usado para se referir a uma revolta popular em um contexto de opressão. Originalmente, a palavra não tinha esse significado, mas passou a tê-lo após as intifadas palestinas, realizadas entre 1987 e 1993 (Primeira Intifada) e 2000 e 2005 (Segunda Intifada). Na intifada, os palestinos se rebelaram usando paus e pedras.

As intifadas palestinas foram parte da disputa travada entre palestinos e israelenses, e foi motivada pela escalada na tensão entre os dois lados na década de 1980. Os palestinos exigiam a retirada dos israelenses dos territórios conquistados na Guerra dos Seis Dias. A Primeira Intifada fortaleceu a possibilidade de paz, mas a continuidade da opressão israelense motivou a Segunda Intifada.

Leia também: Por que árabes e israelenses estão em guerra contínua?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre intifada

  • A intifada é um termo árabe usado para se referir a revoltas populares.

  • O termo não tinha esse significado, mas passou a ser associado com rebelião popular depois das intifadas palestinas.

  • A Primeira Intifada se estendeu de 1987 a 1993, e a Segunda Intifada se estendeu de 2000 a 2005.

  • A Primeira Intifada foi motivada pela insatisfação palestina com a ocupação da Faixa de Gaza, Cisjordânia e de Jerusalém Oriental pelas tropas israelenses.

  • A Segunda Intifada foi motivada pelo não cumprimento dos Acordos de Oslo e pela visita do Monte do Templo por um político israelense, Ariel Sharon.

  • Nas intifadas, os palestinos se rebelavam contra as tropas israelenses usando paus e pedras.

O que foi a intifada?

Homem segura bandeira palestina.
A intifada é um termo do árabe que se refere a revoltas populares. O termo se popularizou após as duas intifadas palestinas contra Israel.

No contexto das guerras árabe-israelenses, a intifada é o nome que se dá a duas revoltas populares que foram iniciadas pela população palestina contra a ocupação de seus territórios por Israel. Ao todo, os palestinos realizaram duas intifadas, sendo que a Primeira Intifada se estendeu de 1987 a 1993 e a Segunda Intifada se estendeu de 2000 a 2005.

Essa revolta ficou marcada pela fúria palestina contra a violência israelense, e os protestos se espalharam pela Faixa de Gaza, Jerusalém Oriental e Cisjordânia. A população palestina se rebelou espontaneamente, munindo-se de paus e pedras para lutar contra as tropas do Exército de Israel. As duas revoltas contribuíram para a escalada da tensão entre palestinos e israelenses.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Contexto histórico da intifada

Como citado, as intifadas estão relacionadas no contexto da disputa entre palestinos e israelenses pelo controle da Palestina. Até o começo do século XX, a presença de judeus na Palestina era bastante reduzida, mas, por meio do sionismo, houve um enorme fluxo de migração judaica para a região. Além disso, os sionistas passaram a adquirir terras na Palestina para que fossem ocupadas por judeus.

O crescimento da presença de judeus levou a uma escalada nas tensões a partir da década de 1930, e a Organização das Nações Unidas, para resolver a disputa, decidiu dividir o território. Os palestinos e os demais países árabes não aceitaram a proposta, mas Israel aceitou e surgiu enquanto nação em 1948.

A partir daí, uma série de conflitos entre árabes e israelenses aconteceram, e no contexto da intifada havia uma forte insatisfação com as consequências da Guerra dos Seis Dias, travada em 1967. Nesse conflito, Israel atacou Egito, Síria e Jordânia, conquistando territórios em seis dias e expandindo os seus territórios.

Entre os territórios conquistados por Israel nesse período estão a Faixa de Gaza, Jerusalém Oriental e a Cisjordânia. A ocupação desse território por Israel limitou a condição de vida dos palestinos, reduzindo o acesso deles à terra e limitando muitos deles a condições de vida ruins. Além disso, os casos de palestinos vítimas da violência dos militares israelenses se multiplicavam.

Esse cenário se estendeu por 20 anos depois da Guerra dos Seis Dias, reforçando o ressentimento que havia entre palestinos e israelenses. Os historiadores consideram que o estopim para que a Primeira Intifada fosse iniciada foi um acidente de trânsito envolvendo palestinos e israelenses.

Esse acidente aconteceu em 8 de dezembro de 1987, quando um caminhão militar israelense colidiu com um carro de palestinos que retornava para Gaza após o dia de trabalho. O acidente causou a morte de quatro palestinos e foi considerado pelos palestinos como um evento proposital, enquanto as autoridades israelenses viram o acontecimento apenas como um acidente.

Leia também: Hamas — organização que se coloca como grupo de resistência palestino contra Israel

Significado da palavra intifada

A palavra “intifada” está presente no idioma árabe, tendo se convertido em sinônimo de protesto e de rebelião popular contra a opressão. Essa palavra ganhou essa conotação no contexto dos conflitos árabe-israelenses, embora os historiadores afirmem que outros acontecimentos da história árabe tenham sido referenciados como uma intifada.

A revolta palestina no contexto da Primeira Intifada acabou conquistando uma enorme repercussão internacional, sobretudo porque houve um choque com a violência desproporcional usada por Israel. Isso fez com que a palavra fosse fortemente associada com a ideia de revolta, principalmente entre os árabes.

Entretanto, originalmente o termo não tinha relação com a ideia de revolta popular, mas estava relacionado com o movimento de sacudir ou agitar algo.

Causas da intifada

A Primeira Intifada está relacionada à insatisfação palestina com a violência israelense e também com a ocupação de territórios habitados pelos palestinos, em especial a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental. A revolta iniciada em 1987 foi uma revolta espontânea que demonstrava a insatisfação palestina em relação ao cenário de opressão dos que viviam nas mãos do governo israelense.

A Segunda Intifada foi motivada pela visita de um político israelense, Ariel Sharon, no Monte do Templo, local onde fica a Mesquita de Al-Aqsa, local altamente sagrado para os muçulmanos. A visita do político israelense foi vista como uma provocação e um indicativo de que Israel buscava tomar os territórios sagrados dos árabes muçulmanos.

A insatisfação dos palestinos com a visita de Ariel Sharon ao Monte do Templo foi o estopim para a frustração que se acumulava pelo não cumprimento por Israel dos termos dos Acordos de Oslo, assinados em 1993.

Leia também: Guerra do Yom Kippur — conflito que envolveu Israel contra Egito e Síria em 1973

Objetivos da intifada

A Primeira Intifada foi um movimento espontâneo e que surgiu da indignação popular com o domínio e a ocupação israelense. O movimento acabou dando mais força para diversos grupos de resistência palestinos, como a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e o Fatah. E os objetivos da população palestina em luta eram:

  • que Israel abandonasse os territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias;

  • o fim dos pontos de controle da população palestina estabelecidos por Israel;

  • formação de um Estado Nacional para os palestinos em Gaza e na Cisjordânia.

Consequências da intifada

Entre as consequências da Primeira Intifada, destaca-se o fortalecimento da proposta de paz entre israelenses e palestinos, o que resultou nos Acordos de Oslo, em que Israel e Palestina se comprometiam pela paz. Além disso, fala-se que a Primeira Intifada afetou a imagem internacional de Israel por conta do tratamento violento dado aos palestinos.

Também, a Primeira Intifada resultou:

  • no fim da reivindicação da Jordânia pelo controle da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental;

  • na morte de cerca de 1.200 palestinos e de cerca de 180 israelenses.

Fontes

ARMSTRONG, Karen. Jerusalém: uma cidade, três religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

CAMARGO, Cláudio, Guerras Árabe-israelenses. In.: MAGNOLI, Demétrio (org.). História das Guerras. São Paulo: Contexto, 2013.

JANJEVIC, Darko. O que são as intifadas? Disponível em: https://www.dw.com/pt-br/o-que-s%C3%A3o-as-intifadas/a-41715345

GUIMARÃES, Maria João. O que é uma Intifada? Disponível em: https://www.publico.pt/2017/12/08/mundo/perguntaserespostas/o-que-e-uma-intifada-1795255

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Intifada"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/guerras/intifada.htm. Acesso em 21 de dezembro de 2024.

De estudante para estudante