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Metalinguagem

Metalinguagem é uma das funções da linguagem. Caracteriza-se por destacar a própria linguagem utilizada na comunicação. Ela está presente em textos verbais e não verbais.

A metalinguagem é um processo que evidencia a própria linguagem utilizada na comunicação.
A metalinguagem é um processo que evidencia a própria linguagem utilizada na comunicação.
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Metalinguagem é uma das funções da linguagem e está relacionada a mensagens que deixam em evidência a própria linguagem utilizada na comunicação. Desse modo, é identificada em textos verbais e não verbais que se voltam para si mesmos, como um filme que fala de cinema. Fenômeno diferente da intertextualidade, que se configura no diálogo entre dois ou mais textos.

Leia também: Função conativa: ênfase no destinatário com pretensão de persuadi-lo

Tópicos deste artigo

Resumo sobre metalinguagem

  • A metalinguagem é uma das funções da linguagem.

  • Textos verbais e não verbais podem ser metalinguísticos.

  • Textos metalinguísticos se referem à própria linguagem.

  • A intertextualidade é o diálogo entre textos.

Videoaula sobre a função metalinguística

O que é metalinguagem?

A linguagem é utilizada para a comunicação. Por meio dela, enviamos mensagens. Há diversos tipos de linguagem, como a cinematográfica, a literária, a poética, entre outras. Assim, a metalinguagem é considerada uma das funções da linguagem. Pode ser entendida como uma mensagem que evidencia a própria linguagem utilizada nela. Por exemplo, um romance que fala sobre literatura, um filme cuja temática é o cinema, um poema que fala de poesia etc.

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Metalinguagem na literatura

A metalinguagem na literatura é bastante comum, principalmente na poesia, como podemos ver no soneto “A um poeta”, do escritor parnasiano Olavo Bilac (1865-1918). Nesse caso, o tema do poema é o próprio fazer poético:

Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima, e sofre e sua!

Mas que na força se disfarce o emprego
Do esforço: e trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua
Rica mas sóbria, como um templo grego

Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E natural, o efeito agrade
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.

Leia também: Função referencial – função da linguagem que comunica de forma objetiva

Metalinguagem na pintura

Na pintura As meninas, do pintor espanhol Diego Velázquez (1599-1660), é possível observar a presença de um pintor (o próprio Velázquez), com o pincel e a paleta nas mãos. Assim, a pintura evidencia o próprio ato de pintar.

Imagem no quadro “As meninas”, de Diego Velázquez.

Metalinguagem na música

No trecho da letra de música “Esta canção”, composta por Lulu Santos, a metalinguagem se mostra quando o eu lírico se refere à própria canção que está sendo cantada:

Eu lhe fiz esta canção
Para lhe pedir perdão
Tenho sido tão vão

Na procura insana
Por gratificação

[...]

Metalinguagem no cinema

Cartaz do filme “Cinema Paradiso”.[1]
Cartaz do filme “Cinema Paradiso”.[1]

O filme Cinema Paradiso, uma produção franco-italiana de 1988, de Giuseppe Tornatore, foi vencedor do Oscar e conta a história de Totó, um menino que descobre a magia do cinema por meio de seu grande amigo, o projecionista Alfredo.

Metalinguagem na publicidade

Cartaz Propesq

Nesse anúncio publicitário, referente ao Encontro Nacional de Pesquisadores em Publicidade e Propaganda, é evidenciada a metalinguagem quando o texto menciona a publicidade.

Metalinguagem nas gramáticas

Veja este trecho do capítulo introdutório da quarta edição da Gramática descritiva do português, de Mário A. Perini, publicada pela editora Ática, em 2002|1|:

“Os estudos de gramática portuguesa estão seriamente defasados, de dois pontos de vista. Em primeiro lugar, têm sido influenciados por uma atitude questionável frente ao objeto de estudo e ao seu ensino. Discuti este problema em meu livro Para uma nova gramática de português, [...].”

Ainda, a metalinguagem nas gramáticas vai além de uma menção a elas no próprio livro de gramática. Então, quando uma gramática usa uma oração para definir o que é oração, um verbo para conceituar verbo etc., está sendo utilizada a função metalinguística.

É possível verificar isso nesta oração, retirada da nona edição da Gramática contemporânea da língua portuguesa, de José de Nicola e Ulisses Infante, publicada pela editora Scipione, em 1992|2|: “A oração é caracterizada pela presença de um verbo”. Assim, o verbo que faz dessa frase também uma oração é o verbo “ser”.

Leia também: Função emotiva – função da linguagem que mantém o foco no emissor

Diferenças entre metalinguagem e intertextualidade

Para simplificar, vamos dizer apenas que metalinguagem é quando um texto faz referência a si mesmo, isto é, um texto que fala do próprio texto. Já a intertextualidade é um diálogo de um texto com um ou mais textos, sejam eles verbais, sejam não verbais. Dessa forma, podemos ver a intertextualidade na letra de música “Língua”, de Caetano Veloso:

Gosto de sentir minha língua roçar
A língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior
E deixa os portugais morrerem à míngua
“Minha pátria é minha língua”
Fala Mangueira!
Fala!

[...]

Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode
Esta língua

Percebemos que o texto acima dialoga com Camões e Noel Rosa, e cita Fernando Pessoa — “Minha pátria é minha língua” —, em referência à sua obra Livro do desassossego, em que escreve: “Minha pátria é a língua portuguesa”. Também dialoga com Olavo Bilac, cujo poema “Língua portuguesa” se inicia com o verso: “Última flor do Lácio, inculta e bela”.

Exercícios resolvidos sobre metalinguagem

Questão 1 - (Enem)

Expressões idiomáticas

Expressões idiomáticas ou idiomatismo são expressões que se caracterizam por não identificar seu significado através de suas palavras individuais ou no sentido literal. Não é possível traduzi-las em outra língua e se originam de gírias e culturas de cada região. Nas diversas regiões do país, há várias expressões idiomáticas que integram os chamados dialetos.

Disponível em: brasilescola.uol.com.br. (adaptado).

O texto esclarece o leitor sobre as expressões idiomáticas, utilizando-se de um recurso metalinguístico que se caracteriza por

A) influenciar o leitor sobre atitudes a serem tomadas em relação ao preconceito contra os falantes que utilizam expressões idiomáticas.

B) externar atitudes preconceituosas em relação às classes menos favorecidas que utilizam expressões idiomáticas.

C) divulgar as várias expressões idiomáticas existentes e controlar a atenção do interlocutor, ativando o canal de comunicação entre ambos.

D) definir o que são expressões idiomáticas e como elas fazem parte do cotidiano do falante pertencente a grupos regionais diferentes.

E) preocupar-se em elaborar esteticamente os sentidos das expressões idiomáticas existentes em regiões distintas.

Resolução

Alternativa D. Ao definir as expressões idiomáticas, o texto utiliza a língua (portuguesa) para expor características relacionadas a ela. Assim, temos um idioma sendo utilizado para fazer referência a expressões dele.

Questão 2 - (Enem)

Não tem tradução

[…]

Lá no morro, se eu fizer uma falseta
A Risoleta desiste logo do francês e do inglês
A gíria que o nosso morro criou
Bem cedo a cidade aceitou e usou

[…]

Essa gente hoje em dia que tem mania de exibição
Não entende que o samba não tem tradução no idioma francês
Tudo aquilo que o malandro pronuncia
Com voz macia é brasileiro, já passou de português
Amor lá no morro é amor pra chuchu
As rimas do samba não são
I love you
E esse negócio de alô, alô boy e alô Johnny
Só pode ser conversa de telefone

ROSA, N. In: SOBRAL, João J. V. A tradução dos bambas. Revista Língua Portuguesa, ano 4, n. 54. São Paulo: Segmento, abr. 2010 (fragmento).

As canções de Noel Rosa, compositor brasileiro de Vila Isabel, apesar de revelarem uma aguçada preocupação do artista com seu tempo e com as mudanças político-culturais no Brasil, no início dos anos 1920, ainda são modernas. Nesse fragmento do samba “Não tem tradução”, por meio do recurso da metalinguagem, o poeta propõe

A) incorporar novos costumes de origem francesa e americana, com vocábulos estrangeiros.

B) respeitar e preservar o português padrão como forma de fortalecimento do idioma do Brasil.

C) valorizar a fala popular brasileira como patrimônio linguístico e forma legítima de identidade nacional.

D) mudar os valores sociais vigentes à época, com o advento do novo e quente ritmo da música popular brasileira.

E) ironizar a malandragem carioca, aculturada pela invasão de valores étnicos de sociedades mais desenvolvidas.

Resolução

Alternativa C. A letra de música de Noel Rosa é um samba que fala de samba, e afirma que esse gênero de texto não tem tradução. Desse modo, há uma valorização da fala popular brasileira como patrimônio linguístico e forma legítima de identidade nacional.

Crédito de imagem

[1] Kathy Hutchins / Shutterstock

 

Por Warley Souza
Professor de Português 

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Metalinguagem"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/metalinguagem.htm. Acesso em 12 de novembro de 2024.

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