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Os incêndios florestais são desastres ambientais que acontecem quando o fogo sai do controle em uma área recoberta por mata ou florestas. Essas ocorrências podem ter causas naturais, como a queda de raios, ou antrópicas, como a abertura de áreas para plantio e pastagem por meio do uso do fogo.
As consequências dos incêndios florestais recaem sobre a flora, a fauna, os componentes do meio natural e também sobre a população, que pode sofrer com perdas materiais e, até mesmo, perder a vida pela ação direta do fogo ou pela fumaça. A prevenção dos incêndios florestais depende de fatores diversos que vão desde a educação ambiental até a alteração em hábitos e práticas de uso do solo.
Leia também: Afinal, o que é aquecimento global e como ele pode impactar a vida na Terra?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre incêndios florestais
- 2 - Principais causas dos incêndios florestais
- 3 - Incêndios florestais no mundo
- 4 - Incêndios florestais no Brasil
- 5 - Consequências dos incêndios florestais
- 6 - Como prevenir incêndios florestais?
- 7 - Diferenças entre incêndios florestais e queimadas
Resumo sobre incêndios florestais
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Os incêndios florestais podem ser causados por fenômenos naturais ou pela ação humana.
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As causas naturais dos incêndios florestais são principalmente raios.
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As causas antrópicas são: descarte irregular de bitucas de cigarro, limpeza de áreas, descuido com fogueiras de acampamentos, fogo no lixo e outras.
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Os incêndios florestais podem ser de três tipos: superficial, de copa ou subterrâneo.
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Países como Grécia, Itália, Turquia, França, Canadá, Austrália e Nova Zelândia foram acometidos por incêndios florestais nas últimas décadas.
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Os biomas Amazônia e Cerrado são os mais atingidos por incêndios florestais no Brasil.
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O pior incêndio florestal no Brasil aconteceu no estado do Paraná em 1963.
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Os incêndios florestais prejudicam diretamente a flora e a fauna, diminuem a qualidade nutricional e estrutural dos solos, poluem as águas e o ar e podem contribuir para o agravamento do aquecimento global.
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A prevenção de incêndios florestais perpassa pela educação ambiental, uso de novas técnicas de aberturas de áreas que não incluam fogo, não passagem de veículos sobre a vegetação ressecada e outras práticas.
Principais causas dos incêndios florestais
Os incêndios florestais são desastres ambientais que podem ter causas naturais ou antrópicas, isto é, derivadas da atividade dos seres humanos sobre o meio.
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Causas naturais dos incêndios florestais
As causas naturais dos incêndios florestais são, principalmente, as descargas elétricas (raios) que caem sobre a vegetação. Quando essa vegetação está muito ressecada, o fogo pode se espalhar rapidamente e sair do controle, caracterizando assim um incêndio florestal. No entanto, exceto em condições atmosféricas específicas, os raios costumam vir acompanhados de chuvas e tempestades, que auxiliam no controle do incidente.
Ocasiões como atividade vulcânica e ondas de calor muito intensas, aliadas à ausência de chuvas e ao ressecamento tanto dos solos quanto da vegetação, podem dar origem a fagulhas que iniciam incêndios florestais. Apesar disso, a ação do ser humano é a principal causadora desse tipo de desastre ambiental.
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Causas antrópicas dos incêndios florestais
As atividades humanas são as principais causadoras de incêndios na cobertura vegetal. Essas atividades podem ser tanto voluntárias, que são aqueles atos conscientes e provocados por vontade própria, quanto involuntárias, fruto de uma ação inconsciente que pode induzir o aparecimento de focos de incêndio que acabam saindo do controle. Muitas das vezes, os atos voluntários estão associados a práticas econômicas, como a abertura de áreas de plantio e pastagem ou a produção de carvão vegetal.
Entre as causas antrópicas dos incêndios florestais podemos citar:
- descarte irregular de bitucas de cigarro ainda acesas, que podem iniciar o fogo quando em contato com a vegetação ou o solo ressecados;
- fagulhas oriundas de locomotivas, carros ou maquinários agrícolas;
- fogo colocado em lixos ou objetos descartados no mato;
- perda de controle no uso do fogo durante as queimadas para a limpeza de terrenos, principalmente durante a abertura de pastos, de áreas agrícolas ou de áreas destinadas à construção;
- fogueiras feitas em acampamentos e que não foram construídas da maneira correta ou que não foram devidamente apagadas;
- fogo iniciado de maneira proposital por pessoas que, de fato, tinham como único objetivo provocar um incêndio.
Tipos de incêndios florestais
Os incêndios florestais são classificados de acordo com a maneira como o fogo se alastra, levando em consideração a área em que ele age. A classificação feita dessa maneira é muito utilizada pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil. Existem, então, três tipos de ocorrências de incêndios florestais:
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Incêndios superficiais: a propagação do fogo acontece a partir da superfície da floresta até uma altura aproximada de 1,80 metro. A serrapilheira (camada de folhas que se deposita no chão da floresta), a camada de matéria orgânica, galhos caídos, troncos e espécies de pequeno porte são afetadas.
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Incêndios de copa: a propagação do fogo acontece a partir da copa das árvores, espalhando-se rapidamente em função do vento. Podem ganhar proporções cada vez maiores de maneira muito rápida e são os incêndios mais danosos à fauna, à flora e às populações humanas que vivem nas proximidades.
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Incêndios subterrâneos: a propagação do fogo acontece a partir do subsolo, na camada inferior à superfície do chão da floresta. É um tipo de incêndio de difícil detecção, e, em função da quantidade de matéria orgânica presente nessa parcela do solo, o fogo tem longa duração.
Confira no nosso podcast: Queimadas no Brasil e no mundo e sua diferença com relação aos incêndios florestais
Incêndios florestais no mundo
Os incêndios florestais têm sido ocorrências cada vez mais comuns em diferentes partes do mundo, o que se deve, em parte, às mudanças climáticas. Essas alterações suscitaram uma transformação na dinâmica atmosférica e proporcionaram a ocorrência de tempos muito ressecados que, por sua vez, ocasionam o ressecamento da vegetação e dos solos, tornando-os mais propensos à ocorrência de focos de queimada e de incêndios.
No mês de agosto de 2023, um enorme incêndio florestal tomou conta de Mauaí, uma das ilhas que compõem o estado norte-americano do Havaí. O incêndio florestal de Mauaí provocou a morte de mais de uma centena de pessoas e deixou 1.300 pessoas desaparecidas, além de milhares de desabrigados. Entretanto, os números ainda são desconhecidos, haja vista que a cidade de Lahaina, com 12 mil habitantes, foi destruída pelo fogo. Classifica-se o incêndio florestal do Havaí como o mais mortal da história recente dos Estados Unidos.
Nas últimas duas décadas, grandes incêndios florestais foram registrados em localidades como:
- Costa Oeste e região central dos Estados Unidos, como nos estados da Califórnia, Washington, Oregon, Colorado e também no Havaí;
- Canadá;
- Grécia;
- Itália;
- França;
- Austrália;
- Nova Zelândia;
- México;
- Argentina;
E muitos outros países, em todos os continentes do mundo. Isso inclui o Brasil, conforme veremos mais adiante.
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Qual o maior incêndio florestal já registrado no mundo?
O maior incêndio florestal já registrado no mundo aconteceu na Sibéria, uma região situada no norte do território russo, e no extremo-leste da Rússia no ano de 2003. O fogo se propagou sobre a vegetação da taiga, conhecida também como floresta boreal, e queimou aproximadamente 22 milhões de hectares de terras. A intensa emissão de gases poluentes na atmosfera recobriu parte do continente asiático e também do continente europeu, provocando efeitos devastadores na dinâmica atmosférica e na camada de ozônio.
Em 2021, as mesmas regiões foram atingidas por um incêndio que devastou entre 10 e 16 milhões de hectares de floresta boreal. Por conta dos incêndios florestais cada vez mais graves que acontecem na Rússia, diz-se que a perda de floresta boreal é uma das que mais contribui para o aumento do índice de perda florestal no mundo.
Na lista dos maiores incêndios já registrados no mundo, os países que aparecem com maior frequência são os Estados Unidos, o Canadá e a Austrália.
Incêndios florestais no Brasil
Assim como no restante do planeta, os incêndios florestais no Brasil têm ficado cada vez mais recorrentes e graves. No ano de 2022, uma área equivalente à superfície do estado do Acre|1| foi consumida pelas chamas no país, o que corresponde a 163 mil km², ou 16,3 milhões de hectares. A Amazônia e o Cerrado foram os dois biomas mais atingidos, sendo, não por coincidência, coberturas vegetais sujeitas à ação de atividades econômicas como a agropecuária, o extrativismo vegetal e mineral, incluindo a prática do garimpo.
Em ambos os biomas, mas principalmente na Amazônia, o fogo tem sido utilizado como um auxiliar na limpeza de terrenos para a abertura de novas áreas de plantio e também de pastagem. Com relação aos estados, o mapeamento do Monitor do Fogo, que integra a plataforma MapBiomas, mostrou que os incêndios florestais são mais recorrentes no:
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Mato Grosso;
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Pará;
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Amazonas;
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Roraima;
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Amapá;
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Rondônia;
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e nos estados do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
No ano de 1963 o país registrou o seu maior incêndio florestal. Ele aconteceu no estado do Paraná e devastou aproximadamente 10% da sua área florestal, ou 2 milhões de hectares. Milhares de casas foram destruídas com a ação do fogo, que acometeu áreas no norte do território paranaense, e 110 pessoas foram mortas. O número de desabrigados chegou a 5,7 mil pessoas.
Saiba mais: Queimadas na Amazônia — causas e consequências
Consequências dos incêndios florestais
Os incêndios florestais têm consequências devastadoras para o meio ambiente, para a circulação atmosférica e também para os seres humanos. A seguir, elencamos alguns dos principais efeitos causados pelos incêndios na cobertura florestal.
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Perda de biodiversidade, visto que isso afeta tanto a flora quanto a fauna.
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Redução do volume de nutrientes presentes no solo, afetando diretamente a vegetação. O solo pode também ficar enfraquecido e mais suscetível à erosão.
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Aumento da emissão de gases poluentes na atmosfera, o que impacta tanto a qualidade do ar nas áreas atingidas, em curto prazo, e as condições do clima, a longo prazo.
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Destruição de infraestrutura como estradas, linhas de transmissão de energia, prédios e casas situadas nas proximidades.
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Perdas materiais, com a destruição do patrimônio das pessoas que vivem em áreas atingidas.
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Pessoas desabrigadas e mortes tanto pela ação direta do fogo quanto da fumaça.
Como prevenir incêndios florestais?
Existem formas de prevenir os incêndios florestais e evitar que as suas graves consequências afetem a vida humana e animal e a vegetação de uma determinada área. A educação ambiental e a conscientização da população é uma das principais formas de fazer com que isso aconteça. Junto dessas medidas, podem ser feitas as seguintes ações:
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Não acender fogueiras em meio à vegetação, mas sim em áreas abertas. Monitorar o desenvolvimento dessas fogueiras e apagá-las imediatamente após o uso com água ou abafando com terra.
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Não descartar fósforos em áreas de mata ou floresta.
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Não jogar bitucas de cigarro no mato ou em florestas, descartando-as corretamente em lixeiras.
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Evitar passar com veículos sobre a vegetação, principalmente quando ela estiver ressecada.
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Utilização de métodos alternativos de abertura de área, ou mesmo de plantio, para que não haja a necessidade do uso do fogo.
Diferenças entre incêndios florestais e queimadas
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Incêndios florestais: são desastres ambientais que acontecem quando o fogo sai do controle em determinada área de cobertura vegetal de mata ou floresta, demandando muito tempo e recursos para que ele seja extinto. Pode ter início a partir de uma queimada.
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Queimadas: são práticas controladas que utilizam do fogo para a abertura de áreas em meio à vegetação com propósitos diversos, seja para a instalação de uma nova infraestrutura (como estradas) ou para o cultivo da terra e uso do solo como pastagem.
Notas
|1| MAES, Jéssica. Incêndios florestais crescem 14% em 2022, aponta relatório. Folha de S.Paulo, 30 jan. 2023. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2023/01/incendios-florestais-crescem-14-em-2022-aponta-relatorio.shtml.
Fontes
AFP. Dimensão do desastre no Havaí é ainda desconhecida. MetSul, 14 ago. 2023. Disponível em: https://metsul.com/dimensao-do-desastre-no-havai-e-ainda-desconhecida/.
HONDERICH, Holly; MATZA, Max. Havaí: 'Turistas estão nadando na mesma água em que nosso povo morreu três dias antes'. BBC News, 16 ago. 2023. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/czkp0gpnzv4o.
IBAMA. Confira medidas que podem ajudar a evitar incêndios florestais no período da seca. IBAMA, 01 jun. 2020. Disponível em: https://www.gov.br/ibama/pt-br/assuntos/noticias/2020/confira-dicas-para-evitar-incendios-florestais-no-periodo-da-seca.
KUSPIOSZ, Douglas. Há 60 anos, o Paraná queimava. Folha de Londrina, 15 ago. 2023. Disponível em: https://www.folhadelondrina.com.br/geral/ha-60-anos-o-parana-queimava-3238002e.html?d=1.
MAPBIOMAS. Monitor do Fogo. Disponível em: https://plataforma.brasil.mapbiomas.org/monitor-do-fogo.
PLOSCARIU, Iemima. Largest Brush And Forest Fires In Recorded History. World Atlas, 15 mar. 2018. Disponível em: https://www.worldatlas.com/articles/largest-brush-and-forest-fires-in-recorded-history.html.
SILVA, Romildo Gonçalves. Manual de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais. Brasília: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1998.
WHO. Wildfire. World Health Organization, [s.d.]. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/wildfires#tab=tab_1.
YOUSIF, Nadine. Equipes devem achar de 10 a 20 mortos por dia, diz governador do Havaí. BBC News, 14 ago. 2023. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/clj5jyez5ypo.