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Carbono neutro

A neutralidade de carbono é uma meta de compensação das emissões de carbono para a atmosfera imposta a fim de desacelerar o aquecimento global e as mudanças climáticas.

Gangorra com o planeta Terra na base, folhas verdes em uma ponta e o símbolo CO2 na outra ilustrando o conceito de carbono neutro.
A neutralidade de carbono é uma meta estipulada para reduzir a emissão de gases poluentes da atmosfera, especialmente o CO2.
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Carbono neutro ou neutralidade de carbono é um conceito que denota a condição de equilíbrio entre as emissões de carbono para a atmosfera e as medidas de compensação utilizadas para absorver o dióxido de carbono ou ao menos evitar novas emissões. Além de reduzir as emissões de CO2, principalmente, o carbono neutro tem como objetivo a desaceleração do aquecimento global e dos impactos das mudanças climáticas sobre o planeta Terra.

Leia também: Quais os principais problemas ambientais enfrentados no Brasil e no mundo?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre carbono neutro

  • Carbono neutro ou neutralidade de carbono é a condição de equilíbrio entre as emissões de gás carbônico (CO2) e as medidas de compensação que absorvem esse gás da atmosfera.

  • O objetivo da neutralidade de carbono é a redução dos poluentes na atmosfera para a desaceleração do efeito estufa e a contenção do aquecimento global.

  • A aquisição de créditos de carbono, mudanças na matriz energética e a adoção de práticas mais sustentáveis, na produção econômica e na vida individual, são algumas medidas de compensação para se atingir a neutralidade de carbono.

  • O cálculo do carbono neutro pode ser feito a partir do estabelecimento da pegada de carbono do estabelecimento, da residência ou do agente interessado em neutralizar suas emissões.

  • O Brasil tem como meta a neutralização de carbono até o ano de 2050.

O que é carbono neutro?

Carbono neutro, ou neutralidade de carbono, é a condição de equilíbrio atingida entre as emissões de gases poluentes da atmosfera, mais especificamente o dióxido de carbono (CO2), e a adoção de medidas de compensação que visem à absorção ou remoção desse gás da atmosfera, como o reflorestamento de áreas degradadas, por exemplo. A neutralidade de carbono é uma medida que tem sido adotada por governos e pelo setor produtivo com o objetivo de garantir a sustentabilidade e, também, o equilíbrio entre as atividades econômicas e a preservação do meio ambiente.

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Quais são os objetivos do carbono neutro?

A adoção de práticas focadas na neutralidade de carbono tem como principal objetivo reduzir a emissão de gases poluentes da atmosfera. Dessa maneira seria possível mitigar o efeito estufa e desacelerar o aumento generalizado das temperaturas do planeta Terra, processo conhecido como aquecimento global, reduzindo as mudanças climáticas que estão em curso.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) divulgou um estudo constatando que as temperaturas do planeta aumentaram em 1,1 °C com relação ao período pré-industrial, tendo variado aproximadamente 0,2 °C por década desde então. Para que esse aumento não ultrapasse 1,5 °C, valor máximo que o IPCC considera como seguro, o painel reforça que é preciso atingir a neutralidade de carbono até meados do presente século, isto é, até a década de 2050.

Veja também: Greta Thunberg — a jovem ativista que é um símbolo da luta pela questão climática

Como funciona o carbono neutro?

O carbono neutro funciona através da adoção de mecanismos de compensação das emissões de gás carbônico. Em linhas gerais, os volumes de poluentes que foram lançados na atmosfera devem ser equiparados ao volume de carbono reabsorvido pelos elementos naturais responsáveis por essa função. Esse processo de reabsorção é mais conhecido como sequestro de carbono. O balanço entre as emissões e o sequestro de carbono resultaria, portanto, em um saldo zero ou neutro.

A neutralização tem início através do cálculo do total de poluentes emitidos pelos agentes econômicos, empresas, governos e até mesmo pessoas, o que é importante para se ter conhecimento da pegada de carbono produzida por cada uma dessas entidades ou indivíduos e, principalmente, para a escolha adequada da técnica de neutralização a ser adotada.

Principais técnicas de neutralização de carbono

  • Créditos de carbono: a aquisição de créditos de carbono por parte de empresas ou de governos é uma das principais técnicas de neutralização de carbono. Implementado com o Protocolo de Kyoto (1997), cada crédito de carbono é equivalente a uma tonelada de CO2 que deixou de ser lançada na atmosfera no período de um ano. Esses créditos podem ser comercializados diretamente entre os agentes envolvidos (aqueles que querem compensar as emissões e aqueles que detêm os créditos pela absorção de carbono) ou, ainda, através do mercado de carbono. O certificado é emitido pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Para saber mais sobre esse tópico, clique aqui.

Ilustração do ciclo do crédito de carbono (indústria, dinheiro, árvores e certificado), técnica que visa ao carbono neutro.
A compensação de emissões de poluentes pode ser feita mediante a compra de créditos de carbono.
  • Adoção de práticas sustentáveis: a adoção de práticas sustentáveis no processo de produção do setor econômico, que envolve a incorporação de tecnologias não poluentes e a adoção de métodos produtivos menos agressivos ao meio ambiente, e também pelos indivíduos (como o consumo consciente, menos desperdício, reciclagem e descarte correto do lixo) e governos é uma das maneiras de se compensar as emissões de carbono. Sem essas mudanças não é possível identificar um impacto real no médio e longo prazo, como estimado pelo IPCC. Para saber mais sobre esse tópico, clique aqui.

  • Energia limpa: alterações nas matrizes energética e elétrica dos territórios e/ou a adoção de energia gerada a partir de fontes renováveis, como as energias solar, eólica, hidráulica e biomassa, é outra técnica que pode ser utilizada na compensação das emissões de carbono por parte de diferentes agentes da sociedade civil. Para saber mais sobre esse tópico, clique aqui.

Painel de energia solar, uma alternativa de energia que ajuda a produzir carbono neutro.
A substituição da matriz energética não renovável por fontes limpas de energia ajuda na neutralização de carbono.

Como calcular o carbono neutro?

O cálculo do carbono neutro é feito a partir da determinação da pegada de carbono de uma indústria, de um produto, de uma residência particular e de qualquer outro agente que deseje ou necessite neutralizar as suas emissões. A pegada de carbono nada mais é do que a quantidade de carbono lançada na atmosfera em um período determinado por um agente, objeto ou estabelecimento.

Existem calculadoras digitais (em sites e aplicativos) de carbono e profissionais qualificados que conseguem mensurar a pegada de carbono a partir dos seguintes elementos, que variam conforme o emissor:

  • total de indivíduos em uma residência e seus hábitos de consumo;

  • meios de transporte utilizados e o tempo gasto nos trajetos;

  • quantidade de resíduos e lixo produzidos diariamente;

  • tipo e quantidade de insumos e matérias-primas utilizados na produção agropecuária ou industrial;

  • tipos de fontes de energia utilizadas.

Com base nesses e em outros elementos, calcula-se a quantidade de carbono emitido e que é necessário compensar ou neutralizar.

Importância do carbono neutro

O IPCC tem feito alertas constantes acerca do aumento acelerado das temperaturas do planeta Terra e dos impactos nocivos das mudanças climáticas sobre os seres vivos e sobre os recursos da natureza, que já começaram a ficar evidentes com a recorrência de fenômenos extremos como inundações de grande escala, secas severas e frio ou calor extremo em períodos não convencionais.

Diante desse cenário, o carbono neutro é importante para que haja a redução nas emissões do efeito estufa e maior captura do carbono emitido para a atmosfera, o que auxilia na desaceleração do aquecimento global a médio e longo prazo. A adoção de práticas que visem à neutralidade de carbono são importantes, portanto, para a regulação do clima global e para a manutenção da biodiversidade terrestre, mantendo os sistemas em equilíbrio para a sustentação das mais diversas formas de vida no planeta.

Ilustração do planeta derretendo e, ao redor, ursos polares, pessoas e fábricas.
Conter o aquecimento global e o avanço das mudanças climáticas são os objetivos do carbono neutro.

Carbono neutro no Brasil

A neutralização do carbono é uma meta estabelecida pelo Brasil durante a COP26, a Conferência do Clima das Nações Unidas que aconteceu na cidade de Glasgow, capital da Escócia, no ano de 2021. A proposta, que foi transformada em lei naquele mesmo ano, é a de neutralização das emissões de carbono até o ano de 2050, mesmo prazo apontado pelo IPCC como o limite para que o carbono neutro seja estabelecido globalmente antes da instalação de um quadro climático irreversível.

Essa neutralização seria a derradeira etapa de um processo gradual de diminuição das emissões que tem como meta a redução de 37% até o ano de 2025 e de 43% até 2030|1|. Para se atingir o carbono neutro, o Ministério do Meio Ambiente prevê a implementação de medidas e metas|2| a serem cumpridas em médio e longo prazo, como:

  • fim do desmatamento ilegal;

  • reflorestamento de áreas degradadas, incluindo a recuperação de áreas de pastagem;

  • aumento da participação das fontes renováveis na matriz energética brasileira;

  • ampliação da malha ferroviária brasileira.

Existem, no Brasil, diversos institutos e empresas que realizam a emissão de certificados de carbono neutro. Nos últimos anos, observou-se a ampliação do número de estabelecimentos produtivos que procuram essa certificação no país. Destacam-se os casos da primeira fazenda de café carbono neutro do país, em Três Pontas (estado de Minas Gerais), e de um restaurante-escola do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), em Salvador (estado da Bahia), que foi o primeiro restaurante brasileiro a obter o selo de carbono neutro.

No ano de 2023, uma nova medida de compensação foi implantada no Brasil com a finalidade de colocar o país mais próximo da meta de neutralidade de carbono. Trata-se do Certificado de Crédito de Reciclagem de Logística Reversa (CCRLR), que contempla organizações de catadores e catadores individuais. Cada crédito de reciclagem é equivalente a uma tonelada de carbono não emitida para a atmosfera.|3|

Saiba mais: Desmatamento na Amazônia — um problema que agrava o aquecimento global

Origem do carbono neutro

A ideia de compensação das emissões de carbono para se alcançar um estado de neutralidade teve origem com o Protocolo de Kyoto em 1997, que estabeleceu metas de emissão para os países desenvolvidos e criou o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que determina a certificação da redução das emissões de carbono na atmosfera. Surgia, então, o Crédito de Carbono.

O sucessor do Protocolo de Kyoto, o Acordo de Paris, assinado em 2015, estendeu os compromissos para a redução das emissões de carbono aos países emergentes. Anterior a isso, a neutralidade de carbono já era uma noção discutida nas conferências do clima, e a expressão “carbono-neutro” chegou a figurar como palavra do ano no dicionário de Oxford, em 2006, dada a importância do tema e a relevância que vinha adquirindo desde então.

Diferenças entre carbono neutro e net zero

O conceito de carbono neutro está incluso no conceito de net zero, expressão em inglês que significa “emissões líquidas zero”. Assim como a política de carbono neutro, muitas empresas e governos ao redor do mundo estão adotando medidas para garantir o compromisso de net zero.

Embora correlacionadas, é importante entender as principais diferenças entre a neutralidade de carbono e o net zero. Existem dois pontos principais que distinguem esses compromissos ambientais:

Carbono neutro

Net zero

Tem como objetivo a redução das emissões de CO2 na atmosfera, principalmente.

Tem como objetivo a redução das emissões de todos os gases do efeito estufa na atmosfera, incluindo o CO2, mas não se restringindo a ele. Dentre os demais gases estão o metano (CH4) e os óxidos de nitrogênio (NOx).

A emissão de CO2 deve ser igual à sua absorção.

A emissão e a absorção de todos os GEE devem ser equivalentes.

Possui metas de curto e médio prazo.

Possui metas de longo prazo.

Notas

|1| RESENDE, Sara; GARCIA, Gustavo. Senado aprova transformar em lei meta do Brasil de neutralizar emissão de carbono até 2050. G1, 03 nov. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/11/03/senado-aprova-transformar-em-lei-meta-do-brasil-de-neutralizar-emissao-de-carbono-ate-2050.ghtml.

|2| GENIN, Carolina; FRASSON, Caroline Medeiros Rocha. O saldo da COP26: o que a Conferência do Clima significou para o Brasil e o mundo. WRI Brasil, 22 nov. 2021. Disponível em: https://www.wribrasil.org.br/noticias/o-saldo-da-cop26-o-que-conferencia-do-clima-significou-para-o-brasil-e-o-mundo.

|3| MARTINEZ, Marina. Crédito de reciclagem: governo Lula prioriza catadores, mas ações podem ser insuficientes. Mongabay, 01 mar. 2023. Disponível em: https://brasil.mongabay.com/2023/03/credito-de-reciclagem-governo-lula-prioriza-catadores-mas-acoes-podes-ser-insuficientes/.

 

Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia

Escritor do artigo
Escrito por: Paloma Guitarrara Licenciada e bacharel em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e mestre em Geografia na área de Análise Ambiental e Dinâmica Territorial também pela UNICAMP. Atuo como professora de Geografia e Atualidades e redatora de textos didáticos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

GUITARRARA, Paloma. "Carbono neutro"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/carbono-neutro.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

De estudante para estudante


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