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Analfabetismo

O analfabetismo é a impossibilidade de ler palavras e textos bem como a dificuldade de compreensão do mundo. Em geral, é causado pelo acesso limitado à educação.

Mão sobre texto formado apenas por interrogações em uma folha de papel, em alusão ao analfabetismo.
O analfabetismo é um obstáculo significativo para o desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos.
Crédito da Imagem: shutterstock
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O analfabetismo é a falta de uma habilidade fundamental que empodera indivíduos e sociedades: a alfabetização. Ele dificulta o acesso à informação, piora as oportunidades de emprego e resulta em exclusão social. Diversos fatores influenciam as taxas de analfabetismo, incluindo o acesso à educação, a qualidade da educação, as condições socioeconômicas e as atitudes culturais da população em relação à educação.

Além do analfabetismo que se traduz no iletrismo, existem outros tipos de analfabetismo, por exemplo, o digital, o político e o científico. As taxas de analfabetismo em diversos países são muito desiguais. Países com as mais baixas taxas, geralmente europeus, têm uma infraestrutura educacional forte e políticas que promovem a alfabetização.

Por outro lado, as maiores concentrações de analfabetos estão em países da África Subsaariana, chegando perto de 40% da população em alguns lugares. Em contraste, países na Ásia Oriental e América Latina fizeram progressos significativos em reduzir o número de analfabetos nas últimas décadas.

Leia também: Homeschooling — quais são as vantagens e as desvantagens da educação domiciliar

Tópicos deste artigo

Resumo sobre analfabetismo

  • O analfabetismo é a condição de não saber ler e escrever, contrastando com o alfabetismo, que envolve habilidades de identificar, compreender, interpretar e criar enunciados com base em materiais escritos.

  • No Brasil, 11,4 milhões de pessoas com 15 anos ou mais são analfabetas, equivalente a 7% dessa faixa etária.

  • O analfabetismo é causado pelo acesso limitado à educação ou por educação de baixa qualidade e outras condições socioeconômicas desfavoráveis.

  • No Brasil, causas do analfabetismo incluem exclusão educacional, ensino básico de baixa qualidade, evasão escolar e desinteresse pela leitura e escrita.

  • O analfabetismo absoluto e o analfabetismo funcional são os principais tipos de analfabetismo, entre outros.

  • As consequências do analfabetismo são pobreza, disparidades de gênero, dificuldades de inserção no mercado de trabalho e limitação do desenvolvimento econômico do país.

  • O combate ao analfabetismo é feito com investimento em infraestrutura educacional, capacitação de professores e programas de alfabetização para jovens e adultos.

O que é analfabetismo?

O analfabetismo é a condição do ser humano que não aprendeu a ler e escrever, em oposição à ideia de alfabetismo, que se refere às habilidades de identificar, compreender, interpretar e criar enunciados com base em materiais discursivos escritos. Essa condição pode manifestar-se de diferentes formas, incluindo o analfabetismo absoluto, o funcional e o político.

Em todos esses casos, o analfabetismo é um impedimento para que os indivíduos utilizem suas habilidades em benefício de suas próprias vidas ou de sua comunidade. No cotidiano, o analfabetismo se expressa de diversas maneiras, impactando significativamente a vida dos indivíduos.

Pessoas analfabetas enfrentam dificuldades em tarefas simples do dia a dia, como ler rótulos de produtos, seguir instruções de uso, compreender placas de sinalização, preencher formulários, ler notícias ou até mesmo realizar transações bancárias básicas. Essas limitações restringem a autonomia e a capacidade de participação plena na sociedade, contribuindo para a exclusão social.

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Portanto, o analfabetismo, em suas diversas formas, representa um obstáculo significativo ao desenvolvimento individual e social, evidenciando a importância de políticas públicas e iniciativas educacionais voltadas para a promoção da alfabetização e do letramento em todas as faixas etárias.

Veja também: Qual é o Dia Mundial da Alfabetização?

Causas do analfabetismo

As causas do analfabetismo variam muito de acordo com a história de cada sociedade. Em geral, o analfabetismo é causado pelo acesso limitado à educação ou por causa de uma educação de baixa qualidade, oferecida à grande parte da população. Além disso, as condições socioeconômicas e as atitudes culturais da população em relação à educação são causas importantes do analfabetismo.

No Brasil, a marginalização de uma grande parcela da população em relação ao direito à educação é uma causa significativa do analfabetismo. O analfabetismo também é causado por um ensino básico de baixa qualidade e pela ineficiência no sistema de alfabetização, especialmente no caso do funcional.

No Brasil, a evasão escolar, especialmente no ensino médio e na educação de jovens e adultos (EJA), é outro fator crítico para as taxas de analfabetismo. No ensino médio, a evasão escolar atinge mais de 500.000 jovens acima de 16 anos por ano, e a taxa de evasão na educação básica foi de 5,9% em 2023. Infelizmente, existem concepções educacionais que veem os menos favorecidos como incapazes de aprender. Elas contribuem para o analfabetismo.

Professora contando histórias para crianças em texto sobre analfabetismo.
Investir nas escolas e na capacitação dos professores ajuda a diminuir a evasão escolar.

Essa visão excludente desmotiva os estudantes e perpetua ciclos de pobreza e marginalização. Por falta de motivação ou por sentimentos de inadequação, muitos alunos acabam desistindo da difícil tarefa de conciliar estudos com trabalho e responsabilidades familiares. Isso contribui para a evasão escolar, impedindo que jovens e adultos completem sua educação formal.

O desinteresse da população por história e cultura é uma atitude que aumenta as taxas de analfabetismo, especialmente o desinteresse pela leitura e escrita por parte das pessoas. A leitura é a base para o estudo, e, sem ela, a interpretação eficiente de textos e a escrita se tornam desafiadoras. O incentivo à leitura e à escrita é fundamental para combater o analfabetismo.

Tipos de analfabetismo

Os especialistas hoje em dia apontam diversos tipos de analfabetismo, refletindo a complexidade e a diversidade das habilidades de leitura, escrita e compreensão necessárias na sociedade contemporânea. O analfabetismo absoluto, o mais tradicional, refere-se à incapacidade total de ler e escrever, enquanto o analfabetismo funcional, ou iletrismo, afeta pessoas que passaram pelo sistema educacional, mas não adquiriram habilidades de leitura e escrita.

Apesar de saber reconhecer letras e números de forma isolada, o analfabeto funcional é incapaz de compreender textos simples ou realizar operações matemáticas mais elaboradas, o que reduz sua participação efetiva na sociedade.

O analfabetismo digital é a incapacidade de “ler” ou interagir com o mundo digital e outras tecnologias modernas. Refere-se à falta de habilidades para usar computadores, navegar na internet e utilizar softwares básicos no celular. A exclusão digital, especialmente entre famílias de baixa renda, contribui para esse tipo de analfabetismo, limitando o acesso das pessoas às oportunidades oferecidas pelo mundo tecnológico.

Existe, ainda, o analfabetismo científico, que diz respeito à falta de conhecimento e compreensão dos conceitos básicos de ciência e do processo científico. Indivíduos com esse tipo de analfabetismo têm dificuldades para entender informações científicas e tomar decisões baseadas em evidências científicas.

Enfim, existe o analfabetismo político, um termo frequentemente discutido em contextos educacionais e sociais. Refere-se à falta de compreensão sobre o funcionamento do sistema político, os direitos e deveres dos cidadãos, e a importância da participação política para a democracia.

Consequências do analfabetismo

As consequências do analfabetismo podem ser observadas em todos os países com baixas taxas de alfabetização. A população enfrenta desafios como pobreza, falta de acesso à educação de qualidade e disparidades de gênero. Para enfrentar essas consequências, governos e organizações privadas devem implementar várias estratégias, incluindo a melhoria do acesso à educação, o treinamento de professores e a promoção de programas de alfabetização para adultos.

No campo do trabalho, indivíduos analfabetos enfrentam grandes dificuldades de inserção no mercado, tendendo a ocupar posições de menor qualificação e remuneração, o que contribui para a perpetuação da pobreza. Sendo assim, o analfabetismo limita o desenvolvimento econômico do país, uma vez que a falta de qualificação da força de trabalho afeta a produtividade e a competitividade da economia.

Portanto, a consequência do analfabetismo é contribuir significativamente para a exclusão social, limitando o acesso dos indivíduos a direitos e informações cruciais. O analfabeto não participa plenamente de atividades sociais, culturais e políticas. No limite, a incapacidade de realizar tarefas simples do cotidiano, como ler um formulário ou um número de ônibus, pode levar à perda da autoestima e aumentar a dependência de outros para a realização de atividades básicas.

Assinatura de documento com o polegar em texto sobre analfabetismo.
O analfabetismo limita a participação dos indivíduos em atividades simples do dia a dia, como ler e assinar um documento.

Analfabetismo no Brasil

O analfabetismo no Brasil está diretamente relacionado ao fato de a democratização do acesso à escola ser um fenômeno muito recente, do ponto de vista histórico. Na década de 1960, por exemplo, apenas 60% das crianças brasileiras de 7 a 14 anos de idade frequentavam a escola.

Foi somente por meio de esforços (que começaram no governo de Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2003) que foi universalizado o acesso ao ensino fundamental em todo país. A universalização da educação fundamental está praticamente alcançada, desde 2016, chegando a 99,4% em 2022. Para se ter uma comparação, na Argentina, a universalização do acesso à educação básica aconteceu no século 19.

Além dessa taxa nacional de escolarização, por si mesma muito baixa e muito recente, outra realidade ainda mais dramática são as enormes desigualdades de acesso à educação entre as regiões mais ricas do Centro–Sul do país e as regiões mais pobres do Norte–Nordeste. Não bastassem essas desigualdades regionais, mesmo nos estados mais ricos do país, existe uma diferença enorme de escolarização entre crianças brancas e negras.

No Brasil, o analfabetismo também afeta a capacidade dos indivíduos de participarem plenamente da vida política, limitando seu entendimento sobre questões políticas e sociais e reduzindo sua capacidade de exercer seus direitos de cidadania de forma informada.

A pandemia de covid-19 também evidenciou o analfabetismo científico no Brasil. Esse período foi acompanhado por uma infodemia, ou seja, uma epidemia de desinformação, incluindo a propagação de notícias falsas sobre as vacinas. Somado ao analfabetismo científico, a desinformação contribuiu para a hesitação de parte significativa da população em relação às vacinas.

A resistência às vacinas, alimentada pelo analfabetismo científico e pelos interesses políticos que se beneficiam dele, tem impactos diretos na saúde pública, dificultando o alcance da imunidade coletiva e aumentando o risco de surtos de doenças previamente controladas ou erradicadas. O analfabetismo científico ameaça reverter o progresso feito no combate a doenças evitáveis por meio de vacinação.

Taxa de analfabetismo no Brasil

A taxa de analfabetismo no Brasil foi atualizada recentemente pelo Censo do IBGE. No Brasil, existem 11,4 milhões de pessoas com 15 anos ou mais de idade que não sabem ler ou escrever um bilhete simples, o que equivale a 7% da população nessa faixa etária. As taxas de analfabetismo de indígenas (16,1%), pretos (10,1%) e pardos (8,8%) são bem mais altas do que a de brancos (4,3%), o que revela um traço estrutural desse fenômeno que já dura séculos.

Os estados com as maiores taxas de analfabetismo são:

  • Piauí (14,8%);

  • Alagoas (14,4%);

  • Paraíba (13,6%).

Todos localizados na região Nordeste do Brasil. O Nordeste continua sendo a região com o índice de analfabetismo mais alto do país: 14,2%, o dobro da média nacional.

Enquanto isso, os estados com as menores taxas de analfabetismo são:

  • Distrito Federal (1,9%);

  • Rio de Janeiro (2,1%);

  • São Paulo (2,2%);

  • Santa Catarina (2,2%).

As taxas de analfabetismo no Brasil seguem em trajetória de queda, mas conservam outra característica estrutural: quanto mais velho o grupo populacional, maior a proporção de analfabetos.

Portanto, por causa das políticas públicas voltadas para a educação básica, especialmente durante a Nova República, as gerações mais novas estão tendo maior acesso à educação e sendo alfabetizadas ainda crianças, enquanto permanece um contingente de analfabetos, formado principalmente por pessoas idosas que não acessaram à alfabetização na infância/juventude e permanecem analfabetas na vida adulta.

Saiba mais: Educação no Brasil — história, reformas, leis, estrutura e dados mais recentes

Analfabetismo no mundo

De acordo com o Instituto de Estatísticas da Unesco, a taxa de analfabetismo entre adultos (com 15 anos ou mais) foi de cerca de 14% em 2021. Embora isso represente um progresso significativo, existem disparidades entre países e regiões.

Taxa de analfabetismo no mundo

A taxa de analfabetismo no mundo, em 2021, foi estimada pela Unesco em cerca de 14%. Isso indica que a taxa do Brasil (7%) está em uma posição relativamente melhor em termos de alfabetização em comparação com a média global. Os países que têm as maiores taxas de analfabetismo no mundo, em ordem crescente, são:

  • Niger (30%);

  • Guiné (30.47%);

  • Sudão do Sul (31.98%);

  • Mali (33.07%);

  • República Centro-Africana (36.75%);

  • Burquina Fasso (37.75%);

  • Somália (37.8%);

  • Afeganistão (38.17%);

  • Benim (38.45%);

  • Chade (40.02%).

A diferença entre a taxa de analfabetismo no Brasil e a média mundial reflete os esforços contínuos do país em políticas de educação e alfabetização ao longo dos anos, apesar dos desafios persistentes e das disparidades regionais e entre grupos étnicos.

Como combater o analfabetismo?

Para combater o analfabetismo no mundo, governos e organizações privadas devem:

  • Investir em políticas públicas para universalizar o acesso à educação básica de qualidade.

  • Melhorar a infraestrutura educacional.

  • Capacitar professores alfabetizadores.

  • Criar programas de alfabetização para jovens e adultos.

Professora ensinando diversos alunos em Moçambique, em texto sobre analfabetismo
Universalizar o acesso à educação básica de qualidade é fundamental para combater o analfabetismo.[1]

É importante que essas medidas sejam acompanhadas de sistemas de monitoramento e avaliação dos resultados. A coleta e análise de dados é essencial para garantir que os esforços em combater o analfabetismo produzam os resultados desejados. Essas medidas, quando implementadas de forma integrada e adaptadas ao contexto específico de cada país ou região, podem contribuir significativamente para a redução do analfabetismo no mundo.

Créditos da imagem

[1]Ivan Bruno de M/ Shutterstock

Fontes

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 50. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.

FREIRE, Paulo. Educação como Prática da Liberdade. 34. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 43. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2013.

GADOTTI, M. Pensamento Pedagógico Brasileiro. São Paulo: Ática, 1993.

SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

Escritor do artigo
Escrito por: Rafael Pereira da Silva Mendes Licenciado e bacharel em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atuo como professor de Sociologia, Filosofia e História e redator de textos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

MENDES, Rafael Pereira da Silva. "Analfabetismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/educacao/analfabetismo.htm. Acesso em 26 de junho de 2024.

De estudante para estudante


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