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A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ter diferentes causas, sendo classificada em hepatite viral ou não viral. As hepatites virais são causadas por vírus, sendo as mais comuns as provocadas pelos vírus A, B e C.
Já no caso das hepatites não virais, destacam-se as hepatites provocadas pelo consumo de álcool, uso de medicamentos e a de causa autoimune. As hepatites podem ser responsáveis por desencadear sintomas como enjoo, vômitos, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras, mas algumas hepatites não provocam sintomas.
Leia também: Hemocromatose — outra doença que afeta o fígado
Tópicos deste artigo
- 1 - O que é hepatite?
- 2 - Sintomas da hepatite
- 3 - Tipos de hepatites
- 4 - Hepatite A
- 5 - Hepatite B
- 6 - Hepatite C
- 7 - Hepatite D
- 8 - Hepatite E
- 9 - Hepatite alcoólica
- 10 - Hepatite medicamentosa
- 11 - Hepatite autoimune
- 12 - Hepatite aguda infantil de origem desconhecida
O que é hepatite?
Hepatite é uma inflamação do fígado que pode se apresentar de maneira leve, moderada ou grave. Alguns tipos de hepatite podem levar ao desenvolvimento de cirrose e até mesmo ser fator de risco para o câncer de fígado.
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Hepatite aguda: é chamada de aguda quando a inflamação do fígado ocorre de forma rápida e abrupta.
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Hepatite crônica: é chamada de crônica quando ocorre uma inflamação persistente no fígado. As hepatites B e C frequentemente se tornam crônicas.
Sintomas da hepatite
A hepatite afeta o fígado do indivíduo e pode, muitas vezes, não provocar sintomas. Quando os sintomas aparecem, esses podem ser febre, cansaço, mal-estar, náusea, vômito, dor abdominal, urina escura, fezes claras e icterícia. Esse último sintoma é, sem dúvida, o mais conhecido da doença e caracteriza-se pela coloração amarelada dos olhos e da pele.
Tipos de hepatites
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Hepatites virais: são aquelas desencadeadas pela infecção por vírus que apresentam tropismo primário pelo fígado. Os vírus causadores das hepatites virais que apresentam maior relevância clínica são designados pelas letras do alfabeto: vírus da hepatite A (HAV), vírus da hepatite B (HBV), vírus da hepatite C (HCV), vírus da hepatite D (HDV) e vírus da hepatite E (HEV).
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Hepatites não virais: Nem toda hepatite é causada por vírus, sendo esse o caso das hepatites provocadas por uso de álcool, medicamento e outras substâncias químicas. Há ainda hepatites provocadas por anormalidades no sistema imune, sendo, nesse caso, uma doença autoimune.
Hepatite A
A hepatite A, causada pelo HAV, é uma hepatite transmitida por meio de:
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água ou alimentos contaminados com o vírus;
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contato inter-humano, sendo a principal via de contágio a fecal-oral.
A doença pode ser prevenida com a adoção de medidas de higiene, adequação do saneamento básico e também pela vacinação. Não há tratamento específico para a hepatite A.
Hepatite B
A hepatite B, causada pelo HBV, é transmitida por meio de:
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relações sexuais desprotegidas;
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compartilhamento de seringas e agulhas;
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procedimentos como hemodiálise;
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cirurgias, intervenções odontológicas, aplicação de piercings e outros acessórios sem a devida esterilização do material ou uso de material descartável;
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transfusão de sangue contaminado;
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transmissão vertical (da mãe para o filho);
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acidentes ocupacionais com materiais perfurocortantes.
A doença pode ser prevenida por meio da vacinação contra hepatite B, controle dos bancos de sangue, não compartilhamento de materiais cortantes e uso de preservativos nas relações sexuais. A hepatite B é uma doença grave e, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, nas Américas, novos dados mostram que há dez mil novas infecções por hepatite B a cada ano e 23 mil mortes.
Ainda de acordo com a organização, apenas aproximadamente 18% das pessoas que vivem com hepatite B foram diagnosticadas. Dessas, apenas 3% recebem tratamento. O tratamento da hepatite B é realizado de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções (PCDT Hepatite B).
Veja também: Herpes genital — outra virose transmitida por meio de relações sexuais desprotegidas
Hepatite C
A hepatite C, causada pelo HCV, pode ser transmitida, principalmente, por meio de:
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compartilhamento de agulhas e seringas;
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transfusão de sangue contaminado;
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problemas em limpeza e desinfecção de instrumentos usados na hemodiálise;
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procedimentos em que há contato com sangue e são utilizados instrumentos sem a devida esterilização, como tatuagens, cirurgias, manicures e colocação de piercings;
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transplante de órgãos contaminados.
Com menos frequência, o vírus pode ser transmitido em relação sexual e transmissão vertical. Para se prevenir da hepatite C, é importante realizar o controle do sangue e órgãos que serão doados e uso de materiais descartáveis.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a hepatite C, na região das Américas, a cada ano, há 67 mil novas infecções e 84 mil mortes. A Opas destaca que apenas aproximadamente 22% das pessoas cronicamente infectadas por hepatite C foram diagnosticadas, e apenas 18% delas recebem tratamento. O tratamento segue as recomendações do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e Coinfecções (PCDT Hepatite C).
Hepatite D
A hepatite D, causada pelo vírus HDV, apresenta os mesmos modos de transmissão da hepatite B, sendo importante destacar que o vírus D necessita do vírus B para causar infecção em uma pessoa. O tratamento médico segue o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções (PCDT Hepatite B).
Hepatite E
A hepatite E, causada pelo HEV, apresenta, assim como a hepatite A, forma de transmissão fecal-oral. Geralmente, a transmissão interpessoal não é comum. Medidas de higiene e melhoria do saneamento básico são importantes estratégias para se prevenir da hepatite E. De acordo com o Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, a hepatite E não tem dados de prevalência significativos no Brasil, mas é muito comum na Ásia e África.
Hepatite alcoólica
A hepatite alcoólica é um tipo de hepatite não viral desencadeada pelo consumo de álcool, sendo, portanto, uma das complicações do alcoolismo. A hepatite alcoólica é uma lesão pré-cirrótica.
Hepatite medicamentosa
A hepatite medicamentosa, como o nome sugere, é uma lesão no fígado provocada pelo uso de medicamentos. Normalmente, manifesta-se entre um e 90 dias após o uso do produto. O quadro clínico é variável e pode até mesmo levar à morte.
De maneira geral, os principais medicamentos associados a esse tipo de lesão são os antibióticos, anti-inflamatórios e anticonvulsivantes. Vale salientar que medicamentos fitoterápicos e uso de algumas plantas medicinais também podem lesar o fígado, sendo importante não usar esses produtos de maneira indiscriminada.
Saiba mais: Quais são os riscos da automedicação?
Hepatite autoimune
Hepatite autoimune é um tipo de hepatite ocasionado por uma falha no sistema imunológico. Nessa situação, o próprio organismo começa a produzir anticorpos contra o fígado, desencadeando a inflamação.
Hepatite aguda infantil de origem desconhecida
Em 15 de abril de 2022, a OMS emitiu um alerta mundial a respeito de casos de hepatite aguda grave sem causa conhecida em crianças no Reino Unido. Depois desse alerta, casos de hepatite aguda grave com causa desconhecida em crianças foram relatados em várias partes do mundo.
Os pacientes que apresentavam esse tipo de hepatite possuíam idade que variava de um mês a 16 anos. Todos foram testados para os vírus geralmente associados à doença (HAV, HBV, HCV, HDV e HEV) e apresentaram resultado negativo. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, até 3 de maio de 2022, mais de 200 casos haviam sido reportados em 20 países.
Por enquanto, não há respostas concretas sobre as causas da infecção, entretanto, acredita-se que esse tipo de hepatite pode ser consequência da infecção por um adenovírus. Apesar de a relação com o SARS-CoV-2 não ter sido descartada, a relação com as vacinas contra covid-19 já foi desconsiderada. Isso se deve ao fato de que as crianças doentes, em sua maioria, não haviam recebido a vacina contra a doença.
Assim como outros tipos de hepatite, alguns dos sintomas apresentados pelos pacientes são coloração amarelada da pele e olhos, febre, dores musculares, diarreia e vômito. Para se prevenir da doença, que até o momento está associada ao adenovírus, é importante cuidar da higiene, lavando sempre as mãos e cobrir boca e nariz ao espirrar e tossir.
Por Vanessa Sardinha dos Santos
Professora de Biologia