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A hemocromatose é uma condição na qual ocorre o acúmulo de ferro nos tecidos do indivíduo, em razão do seu excesso no organismo. A hemocromatose pode ser uma doença hereditária (hemocromatose hereditária primária) ou adquirida (também chamada de secundária, provocada por algumas situações como anemia crônica, transfusões sanguíneas, dieta excessiva de ferro, etc.).
O ferro é um mineral essencial para todos os seres vivos, e em condições normais uma pessoa apresenta cerca de três gramas de ferro em seu organismo. Nas pessoas portadoras de hemocromatose, a absorção de ferro pela mucosa intestinal é de 4mg/dia, ou mais, com consequente acúmulo de ferro nas células, o que resulta em lesão nos tecidos, comprometendo a função de alguns órgãos e glândulas.
O excesso de ferro no organismo pode provocar ferrugem nos órgãos, causando consequências diferentes para cada órgão do corpo. No fígado, esse excesso de ferro pode causar cirrose, fibrose e até câncer; no pâncreas pode causar diabetes; no coração pode causar cardiopatias; nas juntas pode causar artrite; nas glândulas pode causar o mau funcionamento e problemas na produção hormonal; entre outros órgãos que podem ser afetados e podem ter seu funcionamento comprometido.
Geralmente o fígado é o primeiro órgão a ser comprometido, com seu consequente aumento, evoluindo para esteatose (gordura no fígado), fibrose (endurecimento), cirrose e hepatocarcinoma (tumor maligno).
Quase todos os portadores de hemocromatose apresentam pigmentação da pele com aparência cinza-azulada ou metálica, em virtude do aumento do ferro nas células da epiderme.
Os sintomas dos portadores de hemocromatose dependem da quantidade de ferro acumulado no organismo da pessoa, sendo que nos primeiros anos pode não haver qualquer sintoma ou sinal específico. À medida que o acúmulo de ferro se torna elevado, começam a aparecer alguns sintomas inespecíficos, como fadiga, fraqueza, dor abdominal, perda de peso, impotência, amenorreia nas mulheres, dores nas juntas, entre outros. Por serem sintomas diversos, que podem estar relacionados a outros problemas clínicos, a melhor forma de se detectar a hemocromatose são exames de sangue na hora dos check-ups.
O diagnóstico da hemocromatose é feito em exames de sangue que medem os níveis de ferritina e a saturação de ferro. “Com base no resultado do exame de sangue, todo paciente com ferritina ou saturação de ferro alta, mesmo com resultados negativos, deve ser investigado”, explica o Dr. Nelson Hamerschlak, coordenador do Programa de Hematologia e Transplantes de Medula óssea do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).
O tratamento mais comum para a hemocromatose é a sangria terapêutica, também chamada de flebotomia, que consiste na retirada periódica do sangue (uma a duas vezes por semana). Nesse tratamento, com a retirada do sangue, ocorre o deslocamento do ferro depositado nos tecidos, havendo, assim, a formação de novas moléculas de hemoglobina, até que não haja mais excesso de ferro no organismo. A quantidade de sangue retirada depende de alguns fatores como quantidade de ferro acumulada, físico do paciente, entre outros.
Os médicos recomendam que os portadores de hemocromatose parem de consumir alimentos ricos em ferro (como a carne vermelha e folhas verde-escuras) e alimentos ricos em vitamina C. É bom que tais pessoas evitem consumir frutos do mar crus ou mal cozidos, pois eles podem transmitir um microrganismo que causa graves intoxicações em pessoas portadoras de hemocromatose. A ingestão de alimentos ricos em cálcio é importante, pois eles diminuem a absorção de ferro dos alimentos.
Quando não tratada, a hemocromatose causa sobrecarga de ferro, e os órgãos mais comprometidos são fígado, pâncreas e coração, podendo ocasionar situações graves, como insuficiência hepática, carcinoma hepatocelular (câncer de fígado), diabetes e arritmias cardíacas.
Por Paula Louredo
Graduada em Biologia