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O câncer do colo do útero, também conhecido por câncer cervical, é, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o terceiro tumor maligno (com exceção do câncer de pele não melanoma) mais frequente na população feminina, perdendo apenas para o câncer de mama e colorretal. No Brasil, representa a quarta causa de morte de mulheres por câncer, sendo, portanto, um grave problema de saúde pública. As estimativas do Inca para novos casos em 2020 eram de 16.590.
Um fato intrigante a respeito desse tipo de câncer é que ele está intimamente ligado com o nível socioeconômico, acometendo geralmente mulheres que vivem em situações de maior vulnerabilidade social. Isso pode estar ligado ao fato de que muitas dessas mulheres não possuem acesso aos serviços de saúde. Além disso, questões culturais, como preconceito por parte dos parceiros, pode dificultar o diagnóstico nesse grupo. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), 311 mil mulheres morreram de câncer de colo do útero em 2018, sendo cerca de 85% dessas mortes em países de baixa e média renda.
Leia também: HPV — o vírus que tem estrita relação com o câncer de colo do útero
Tópicos deste artigo
- 1 - O que é câncer do colo do útero?
- 2 - Causas do câncer do colo do útero
- 3 - Fatores de risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero
- 4 - Sintomas do câncer do colo do útero
- 5 - Diagnóstico do câncer do colo do útero
- 6 - Tratamento do câncer do colo do útero
O que é câncer do colo do útero?
O câncer de colo do útero é um tipo de câncer que afeta a parte inferior do útero, denominada colo uterino ou cérvice, que está localizada no fundo da vagina. Esse câncer está diretamente relacionado com a infecção por alguns tipos de HPV, em especial o tipo 16 e 18, e apresenta uma grande probabilidade de cura, especialmente se o tratamento for realizado de maneira precoce.
Causas do câncer do colo do útero
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), quase todos os casos de câncer do colo do útero podem ser atribuídos à infecção pelo HPV, o papilomavírus humano. Existem mais de 200 subtipos diferentes de HPV, os quais são capazes de provocar lesões na pele e mucosas. Pelo menos 13 tipos de HPV são considerados oncogênicos, ou seja, capazes de provocar o desenvolvimento de câncer. Entre os tipos que apresentam alto risco de desenvolverem o problema, estão os tipos 16 e 18, os quais estão presentes em cerca de 70% dos casos.
Vale salientar que a maioria dos homens e mulheres com vida sexual ativa será infectada em algum momento de sua vida pelo vírus. Embora a infecção pelo vírus, geralmente, não provoque a doença, em algumas mulheres, pode provocar alterações celulares que podem originar o câncer. Em mulheres com sistema imunológico normal, a Opas salienta que são necessários de 15 a 20 anos para o câncer se desenvolver.
Fatores de risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero
Muitos fatores de risco estão relacionados com o câncer do colo do útero, como a conduta sexual das mulheres. Múltiplos parceiros e o início precoce da atividade sexual aumentam o risco de desenvolvimento desse tipo de tumor.
Além do comportamento sexual, estudos indicam que o uso de anticoncepcionais orais por período prolongado pode aumentar o risco de desenvolvimento do câncer do colo do útero. Entre as hipóteses para explicar essa associação, está o fato de que os hormônios presentes nos anticoncepcionais podem influenciar a transcrição do genoma do HPV.
Além disso, sabe-se que pessoas que fazem uso desse tipo de prevenção contra a gravidez utilizam menos métodos de barreira, como a camisinha. Isso faz com que elas estejam mais frequentemente em contato com o HPV e, consequentemente, aumentam-se os riscos de contaminação.
Pesquisas comprovam também que mulheres que fazem uso de anticoncepcionais orais vão mais ao médico, por isso é mais fácil identificar os tumores nesse grupo. Vale salientar que, apesar de alguns trabalhos associarem o uso de anticoncepcionais orais com a infecção por HPV, outros não demonstram essa relação.
O tabagismo é também considerado um fator de risco para o desenvolvimento de câncer do colo de útero. O fumo facilita a infecção pelo HPV por afetar as células de Langerhans, as quais atuam na proteção contra infecções virais e tumorais.
Leia também: Infecções sexualmente transmissíveis
Sintomas do câncer do colo do útero
O câncer do colo de útero é uma doença silenciosa e de progressão lenta. Os sintomas, quando ocorrem, são pouco específicos, como sangramentos vaginais, dor e corrimento. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, no estágio inicial da doença, a mulher pode apresentar sintomas como manchas de sangue irregulares ou sangramentos leves entre períodos, manchas ou sangramento pós-menopausa, sangramento depois da relação sexual e um aumento do corrimento, o qual pode se apresentar, às vezes, com mau cheiro.
Ainda de acordo com a Organização, à medida que a doença avança, a mulher pode apresentar sintomas como:
- dores nas costas, perna ou pélvis;
- perda de peso e de apetite;
- fadiga;
- inchaço nas pernas;
- corrimento vaginal com mau cheiro e desconforto vaginal.
Diagnóstico do câncer do colo do útero
A visita regular ao ginecologista pode contribuir para um diagnóstico precoce, fator que é extremamente importante para a cura. Durante a visita ao médico, deve ser solicitado o exame de Papanicolau, teste em que é possível identificar a doença ainda na sua fase inicial. Ele é realizado por meio da coleta de material do colo do útero com a utilização de uma espátula ou escovinha. Após a coleta, o material é colocado em uma lâmina e enviado para análise em laboratórios. Normalmente é um exame que não causa dor.
Esse exame deve ser realizado pelo menos uma vez por ano em mulheres com idade entre 25 e 64 anos que têm ou já tiveram vida sexual; porém, quando se obtêm dois exames negativos consecutivos, sugere-se que o exame seja realizado a cada três anos.
Mulheres que vão realizar o Papanicolau devem ficar atentas a alguns detalhes para obter melhores resultados.
- Não utilizar duchas vaginais pelo menos 48 horas antes da coleta.
- Exames como ultrassonografia endovaginal também não devem ser realizados.
- Relações sexuais, uso de lubrificantes, diafragma e espermicidas devem ser suspensos pelo menos 48 horas antes da realização do exame.
- O exame não pode ser realizado durante o período menstrual.
A partir do resultado do Papanicolau, o médico pode solicitar novos exames, como a colposcopia e a biópsia. A colposcopia é um exame realizado com o uso de um aparelho chamado de colposcópio, que permite a visualização da vagina e do colo do útero e a identificação de lesões anormais na região. A biópsia consiste na retirada de uma amostra do tecido do colo do útero para a análise no microscópio.
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Tratamento do câncer do colo do útero
O tratamento do câncer de colo do útero pode ser realizado de diferentes maneiras, e o médico avaliará cada caso, sendo importante considerar, por exemplo, o estágio em que a doença se encontra. Entre as técnicas que podem ser adotadas, estão a quimioterapia, radioterapia e cirurgia.
Prevenção do câncer do colo do útero
Uma das principais formas de prevenção do câncer é a vacinação contra o HPV. A vacinação ocorre ainda na infância, antes do início da vida sexual. No Brasil, a vacina é distribuída gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos.
Como maneira de prevenção, destaca-se ainda o sexo seguro, com uso de preservativos em todas as relações sexuais. Entretanto, apesar de ser uma importante forma de prevenção, o uso de preservativo não garante uma proteção totalmente eficaz, uma vez que o vírus pode ser transmitido pelo contato pele na pele, sem que seja necessária a penetração.
Outro ponto importante na prevenção contra o câncer do colo do útero é não fumar. Vale salientar que o fumo está relacionado também com outros tipos de cânceres e doenças respiratórias; portanto, não fumar pode melhorar a qualidade de vida em diferentes aspectos.
Por Vanessa Sardinha dos Santos
Professora de Biologia