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Benjamin Netanyahu é um político e ex-diplomata israelense. É um dos políticos mais tradicionais de Israel desde a década de 1990. Foi primeiro-ministro do país nos períodos de 1996-1999, 2009-2021 e 2022-hoje. Originalmente, era um político de direita que migrou para a extrema-direita.
Netanyahu tem sua carreira política marcada, principalmente, pela sua política em relação aos palestinos. Ele atuou deliberadamente para enfraquecer as negociações de paz entre Israel e Palestina, e procurou enfraquecer o esforço palestino pelo seu reconhecimento internacional. Em 2024, foi acusado de crimes de guerra pela promotoria do Tribunal Penal Internacional.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Benjamin Netanyahu
- 2 - Biografia de Benjamin Netanyahu
- 3 - Benjamin Netanyahu e o Hamas
Resumo sobre Benjamin Netanyahu
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Benjamin Netanyahu é um político e ex-diplomata israelense.
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Nasceu em Tel Aviv, Israel, em 1949.
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Foi um homem de negócios, atuou como diplomata de Israel nos Estados Unidos, e, desde a década de 1980, é um político.
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A partir da década de 1990, tornou-se um político tradicional em Israel.
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Foi primeiro-ministro entre 1996-1999, 2009-2021 e 2022-presente.
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Foi acusado pela promotoria do Tribunal Penal Internacional, em 2024, de crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Faixa de Gaza.
Biografia de Benjamin Netanyahu
→ Primeiros anos de Benjamin Netanyahu
Benjamin Netanyahu nasceu na cidade de Tel Aviv, capital de Israel, no dia 21 de outubro de 1949. É filho de Tzila Segal, nascida em Israel, e de Benzion Netanyahu, um judeu polonês historiador. O avô paterno de Benjamin Netanyahu era um sionista que havia se mudado para a Palestina e decidido adotar um sobrenome hebraico para si e sua família.
Benjamin Netanyahu tem dois irmãos, e ele era o segundo na ordem do trio. Seu irmão mais velho se chamava Yonatan e o seu irmão mais novo, Iddo. A vida escolar de Benjamin Netanyahu se iniciou em Jerusalém, mas parte dela foi feita nos Estados Unidos.
Netanyahu residiu nos Estados Unidos nos períodos 1956-1958 e 1963-1967. Ele vivia em Cheltenham, um subúrbio da cidade da Filadélfia, na Pensilvânia. Encerrou o seu ensino médio, em 1967. O período em que residiu nos Estados Unidos se deu por conta do emprego de seu pai, que lecionava em universidades norte-americanas.
Aos 18 anos de idade, Netanyahu decidiu retornar a Israel para se alistar ao exército. Uma vez alistado, ele ingressou na Sayeret Matkal, uma força de elite que faz parte das ações de inteligência do exército israelense. Atuou em pequenos ataques contra o Egito e o Líbano.
Em 1972, ele foi para a reserva do Sayeret Matkal, mas regressou a esse esquadrão durante a Gerra de Yom Kippur, iniciada em 1973. Com o encerramento desse conflito, Benjamin Netanyahu retornou aos Estados Unidos para estudar Arquitetura e Administração no MIT, importante universidade norte-americana.
Veja também: Como foi a Guerra do Yom Kippur?
→ Benjamin Netanyahu e a carreira política em Israel
Depois de finalizar os seus estudos, Benjamin Netanyahu deu início a sua carreira profissional como consultor econômico para o Boston Consulting Group. Ele se manteve nessa posição de 1976 a 1978, mas decidiu retornar a Israel para liderar uma organização antiterrorista que levava o nome de seu irmão, Yonatan Netanyahu.
O nome foi uma homenagem de Netanyahu a seu irmão, morto em uma operação israelense em Uganda. A organização que ele criou tinha caráter não governamental, atuando no combate ao terrorismo e permitindo que Netanyahu tivesse um amplo contato com políticos israelenses da década de 1980.
Em 1984, Benjamin Netanyahu foi indicado para ser o embaixador de Israel nos Estados Unidos, atuando nessa posição até 1988. Depois desse período, ele deu início a sua carreira como político, filiando-se ao partido de direita, conservador e sionista Likud. Ele cresceu em popularidade no partido, tornando-se líder dele em 1993.
Netanyahu concorreu, em 1966, às eleições para o cargo de primeiro-ministro, conseguindo derrotar o tradicional político israelense Shimon Peres. Durante o seu governo, Benjamin Netanyahu questionou abertamente a validade dos Acordos de Oslo, fazendo com que a paz negociada entre israelenses e palestinos fosse por terra abaixo.
Netanyahu sofreu críticas por permitir que judeus realizassem assentamentos em territórios da Cisjordânia e Faixa de Gaza, mas seu governo foi interrompido quando ele foi derrotado em 1999. Ele retornou à posição de primeiro-ministro somente em 2009, permanecendo na função até 2021, e então retomando-a em 2022.
Entre 1999 e 2009, Netanyahu chegou a desistir da política, mas permaneceu como uma das figuras mais importantes da política de Israel. Chegou a ser ministro das Finanças entre 2003 e 2005. Promoveu a adoção de uma política liberal que defendeu o livre comércio em Israel. Entre as ações tomadas por ele enquanto ministro das Finanças, estiveram:
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redução da atuação do setor público;
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congelamento dos gastos públicos;
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promoção de privatizações;
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redução de impostos de grandes corporações;
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aumento da idade mínima para aposentadoria.
A partir de seu segundo mandato, em 2009, Benjamin Netanyahu endureceu a sua posição na questão palestina e passou a incentivar, cada vez mais, as ocupações de israelenses na Cisjordânia. Politicamente, as ações de Netanyahu no poder de Israel fizeram com que muitos analistas políticos passassem a identificá-lo como um político de extrema-direita.
Além disso, em 2020, Netanyahu foi acusado de corrupção e enfrenta, desde então, processos na justiça israelense. Ele foi acusado de ter recebido presentes entre 2007 e 2016 que, juntos, foram avaliados em cerca de 200 mil dólares. A investigação apontou que ele concedia favores políticos àqueles que o presenteavam.
As investigações também apontaram que Netanyahu concedeu favores políticos para membros da imprensa, com o objetivo de conquistar uma cobertura mais positiva de seu governo. As denúncias contra o político repercutiram negativamente, e ele enfrentou grandes protestos em Israel, com parte da população demonstrando insatisfação entre 2020 e 2021.
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Benjamin Netanyahu e o Hamas
A partir de 2009, Benjamin Netanyahu adotou uma nova postura em sua relação com o Hamas, uma organização palestina que surgiu para lutar pela libertação da Palestina e pelo fim de Israel. O Hamas surgiu como um grupo armado que atuava por meio de pequenos ataques e atentados terroristas, mas se transformou em um grupo político na Faixa de Gaza.
Netanyahu sempre se opôs ao Hamas, mas, a partir de 2009, ele estabeleceu uma doutrina que atuava para garantir o fortalecimento do grupo na Faixa de Gaza. Essa estratégia tinha como objetivo transformar no Hamas em uma força rival da Autoridade Palestina, grupo político e secular que governa os palestinos na Cisjordânia.
Essa estratégia teve como objetivo enfraquecer a Autoridade Palestina e impedir que as negociações diplomáticas pelo reconhecimento da Palestina e pela paz avançassem. A grande questão é que ela permitiu que o Hamas se transformasse em uma organização paramilitar poderosa.
O fortalecimento do Hamas também enfraqueceria a possibilidade de resolução do conflito pela solução de dois Estados. Relatos e depoimentos demonstram a intenção de Netanyahu de fortalecer o Hamas com o intuito de enfraquecer a causa palestina, permitindo, inclusive, que o governo do Catar fornecesse dinheiro para o grupo.
Esse fortalecimento do Hamas permitiu que os ataques de outubro de 2023 acontecessem. No ataque em questão, o Hamas atacou Israel, resultando na morte de cerca de 1200 pessoas. Esse ataque fez com que Israel iniciasse um contra-ataque de grande violência contra os palestinos na Faixa de Gaza.
A violência de Israel na Faixa de Gaza recebeu inúmeras críticas da comunidade internacional pela desproporcionalidade dos ataques e pela quantidade de civis mortos desde então. Em seis meses de ataque, estima-se que 33 mil palestinos foram mortos em consequência dos ataques de Israel.
Além disso, o governo de Israel passou a atuar para que a ajuda humanitária internacional não chegasse à Faixa de Gaza, criando uma crise humanitária na região, com palestinos em estado de subnutrição severa. Estima-se que mais de um milhão de palestinos enfrentam insegurança alimentar grave e quase 2,5 milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas por conta dos ataques de Israel.
Sobretudo no contexto de 2023 e 2024, a conduta israelense em relação aos palestinos, no governo de Netanyahu, fez a Organização das Nações Unidas apontar que o Estado de Israel está cometendo o crime de genocídio na Faixa de Gaza. Investigações são conduzidas para averiguar a conduta de Israel nos ataques promovidos contra a Faixa de Gaza.
As acusações dos crimes cometidos por Israel foram levadas ao Tribunal Penal Internacional (TPI), também conhecido como Tribunal de Haia. Esse tribunal foi criado em 2002 com o intuito de receber denúncias de crimes contra a humanidade, investigá-las e julgá-las. As acusações e os indícios criminosos fizeram com que um promotor do TPI anunciasse um pedido de prisão para Benjamin Netanyahu por crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Faixa de Gaza.
Além de Benjamin Netanyahu, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, e três líderes do Hamas receberam mandados de prisão por ordem do TPI.
Créditos da imagem
[1]Prashantrajsingh / Shutterstock
Fontes
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