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Vladimir Putin é um político conhecido por governar a Rússia desde 2000 — entre 2008 e 2012 como primeiro-ministro e de 2000 a 2008 e de 2012 à atualidade como presidente. Conquistou grande popularidade ao lançar guerra contra os chechenos no final de 1999 e por recuperar a economia russa no começo do século XXI.
Ele perseguiu opositores e tomou o controle da imprensa russa, além de ter estabelecido mecanismos que permitiram que ele se mantenha no poder russo até o ano de 2036. Recentemente, Putin envolveu o país que governa em uma série de conflitos com a Ucrânia, tentando impedir que essa nação vizinha se aproxime do Ocidente. Ele ordenou a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Vladimir Putin
- 2 - Nascimento de Vladimir Putin
- 3 - Carreira de Vladimir Putin no KGB
- 4 - Ascensão de Vladimir Putin na política
- 5 - Vladimir Putin: presidente da Rússia
- 6 - Atuação internacional de Vladimir Putin
Resumo sobre Vladimir Putin
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Vladimir Putin nasceu em São Petersburgo, pertencendo a uma família de operários.
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Fez carreira no serviço secreto soviético, o KGB.
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Entrou na política russa na década de 1990 e ascendeu rapidamente, sendo indicado para a posição de primeiro-ministro em 1999.
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Conquistou grande popularidade por lançar guerra contra os chechenos e por recuperar a economia russa.
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Gerou uma série de desgastes com a Ucrânia que resultaram na invasão desse país em 2022.
Nascimento de Vladimir Putin
Vladimir Vladimirovich Putin nasceu em Leningrado no dia 7 de outubro de 1952. Essa cidade atualmente é conhecida como São Petersburgo. Ele era filho de uma família humilde, sendo que seu pai, Vladimir Spiridonovich Putin, era trabalhador de uma fábrica de automóveis que tinha servido na Segunda Guerra Mundial. Sua mãe, Maria Ivanovna Shelomova, também trabalhava em uma fábrica.
Ainda na infância, Putin deu início a seus estudos em uma escola de sua cidade. Nesse período, ele estudou alemão, idioma que fala fluentemente, e também praticou judô e sambo, arte marcial criada na União Soviética no começo do século XX.
Depois de concluir o ensino básico, Putin foi para o ensino superior e estudou Direito em uma universidade estatal que ficava em Leningrado. Nessa época, ele aderiu ao Partido Comunista da União Soviética e decidiu iniciar sua carreira na espionagem ao ingressar no KGB, o Komitet Gosudarstvennoy Bezopasnosti.
Carreira de Vladimir Putin no KGB
KGB era o Comitê de Segurança do Estado, a instituição responsável, na União Soviética, pelas ações de:
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inteligência;
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contrainteligência;
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espionagem;
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contraespionagem.
Putin permaneceu 15 anos no serviço secreto soviético, atuando em missões de contrainteligência, realizando o monitoramento de estrangeiros em Leningrado, entre outras funções. Ele entrou na KGB em 1975, sendo que de 1985 a 1990 atuou em Dresden, na Alemanha Oriental.
Com a queda do Muro de Berlim, construído em 1961 para isolar a Alemanha Ocidental da Oriental, e a subsequente reunificação da Alemanha, Putin foi convocado a retornar à União Soviética, em 1990. Nesse período, ele possuía a patente de tenente-coronel e resignou suas funções em meados de 1991.
Ascensão de Vladimir Putin na política
A década de 1990 foi um período particularmente duro na história das nações que haviam formado a União Soviética. O colapso do socialismo e a adaptação a uma economia capitalista trouxe graves problemas de ordem econômica para esses países, que tiveram recuos econômicos significativos.
O PIB russo diminuiu 14,5% em 1992 e teve um novo retrocesso, de 12,6%, em 1994|1|. O então presidente da Rússia, Boris Iéltsin, demonstrou não ser capaz de contornar a grave crise política do país. Por fim, entre 1991 e 1997, a economia recuou o total de 43%, um resultado catastrófico|2|.
Foi nesse contexto que Vladimir Putin se tornou uma figura politicamente relevante em seu país. Entre 1991 e 1996, Putin trabalhou em diferentes posições da administração municipal de São Petersburgo. A posição mais importante que ele assumiu foi a de vice-prefeito da cidade em 1994.
Em 1996, Putin deu um salto em sua carreira política, abandonando sua posição relacionada à administração de São Petersburgo, e foi para Moscou, capital da Rússia. Em Moscou, assumiu postos relevantes no governo de Boris Iéltsin.
A ascensão de Putin na política russa foi rápida, e ele passou a ser visto como uma das figuras mais promissoras da política do país, pois:
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foi vice-chefe do gabinete para as relações com as regiões subordinadas à Rússia;
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foi nomeado diretor da polícia secreta russa;
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foi nomeado diretor do Conselho de Segurança do país.
Nesse período, além da crise econômica, a Rússia enfrentava graves problemas com os separatistas da Chechênia. Boris Iéltsin decidiu então convidar Putin para assumir a posição de primeiro-ministro em meados de 1999.
Quando Putin assumiu o cargo, a crise com os chechenos estava em seu auge, devido à ocorrência de atentados a bomba atribuídos aos separatistas da região. Vladimir Putin convenceu o presidente a organizar uma grande operação de repressão aos rebeldes.
A operação manteve os chechenos sob controle (embora a guerra tenha se estendido por anos) e alçou a popularidade de Putin às alturas, de modo que ele se tornou uma figura política conhecida em todo o país. No último dia de 1999, Boris Iéltsin renunciou à presidência. Alguns meses depois, uma eleição presidencial foi realizada, e Putin foi eleito, com 53% dos votos.
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Vladimir Putin: presidente da Rússia
Com a vitória na eleição de 2000, Putin estava em uma posição totalmente diferente da de Boris Iéltsin, pois o novo presidente tinha apoio popular e do Parlamento russo. O historiador George L. Freezy menciona três elementos centrais do projeto político que Putin tinha para a Rússia naquele contexto|3|, sendo eles a defesa:
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do nacionalismo como forma de unir um país tão heterogêneo etnicamente;
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da Rússia como nação europeia que encontraria o próprio caminho para o desenvolvimento;
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de um Estado forte que pudesse garantir as liberdades individuais e o bem-estar dos cidadãos.
Foi iniciado um longo período de influência de Putin na política russa, a qual perdura até hoje. Quando Putin assumiu, a Constituição russa permitia que ele fosse presidente por dois mandatos consecutivos (cada mandato tinha quatro anos de duração), totalizando, então, oito anos no poder.
Em seu governo, Putin gozou de altíssima popularidade entre a população russa, obtendo uma taxa de aprovação de 86% em 2008|4|. Essa popularidade é explicada pelo fato de que houve um grande avanço econômico na Rússia durante seu mandato, principalmente por causa da exportação de gás e petróleo.
Putin se aproveitou dessa popularidade para conquistar mais poder político. Assim, ele reforçou sua campanha nas eleições parlamentares, visando garantir que o Parlamento o apoiasse, e combateu os poderes das províncias russas, centralizando o poder em si. Além disso, o político perseguiu os oligarcas russos (grupos de empresários que enriqueceram na década de 1990), sobretudo os críticos ao seu governo.
Um dos perseguidos foi Mikhail Khodorkovsky, um empresário do ramo do petróleo e do gás que apoiava partidos de oposição a Putin. Ele foi preso em 2003, acusado de diversos crimes financeiros, e foi condenado a nove anos de prisão em um campo de trabalho. Em 2013, Putin perdoou Khodorkovsky, que foi liberto e se exilou da Rússia.
Putin também iniciou uma campanha pelo controle da imprensa russa, fazendo com que empresas estatais adquirissem empresas de televisão e promovendo perseguição aos jornalistas críticos ao governo. O caso mais simbólico foi o de Anna Politkovskaya, uma jornalista assassinada em 2006. Putin considerou o assassinato da jornalista “insignificante”|5|.
Em 2008, a presidência foi assumida por Dmitri Medvedev, candidato eleito com 71% dos votos e que contava com o apoio de Putin. Depois de tomar posse, Medvedev indicou Vladimir Putin para o cargo de primeiro-ministro. Juntos, eles governaram a Rússia, e o poder de Putin sobre o país se tornou ainda mais evidente.
→ Poder de Vladimir Putin e a alteração da Constituição
Durante o governo de Medvedev, a duração do cargo de presidente foi estendida de quatro para seis anos com possibilidade de uma reeleição. Assim, em 2012, Putin concorreu novamente ao posto e foi eleito com 64% dos votos.
Em 2018, Putin foi reeleito para mais seis anos na presidência. Já em 2020, ele aprovou uma reforma que permitiu sua permanência no poder por até quatro mandatos. Ou seja, na prática, o político pode governar até 2036, desde que vença as eleições, que devem acontecer em 2024 e 2030.
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Atuação internacional de Vladimir Putin
Ao longo de seu governo, Putin demonstrou suas intenções de reposicionar a Rússia como uma das potências internacionais. George L. Freezy define a política externa de Putin como ambiciosa|6|. Isso fez com que alguns atritos entre as diplomacias norte-americana e russa acontecessem durante a década de 2000.
Uma das grandes preocupações de Putin no que se refere à política externa era o avanço da influência do Ocidente sobre o Leste Europeu e sobre os outros países que formavam a União Soviética, sobretudo nos casos que levaram à implantação de democracias aos moldes ocidentais. O Oriente Médio também foi um foco de tensão, uma vez que o político não concordava com a postura norte-americana no Irã nem com a invasão do Iraque.
Outro ponto de atenção para a política externa era a expansão da Otan pelo Leste Europeu. A Organização do Tratado do Atlântico Norte é uma aliança militar que reúne cerca de 30 países. Putin não apoiava a expansão da Otan pelos países vizinhos ao território russo. Já em 2007, Rússia e EUA tiveram problemas diplomáticos por causa de um possível ingresso da Ucrânia na Otan.
Além disso, Putin procurou reforçar os laços de seu país com a China, a fim de criar uma cooperação mútua entre as duas nações, principalmente como forma de se posicionar contra o domínio dos Estados Unidos na política internacional. Por fim, um fenômeno importante que se iniciou no primeiro governo de Putin foi o desgaste nas relações da Rússia com a Ucrânia, principalmente pela disposição pró-Ocidente ucraniana.
Em seu segundo mandato, a política externa de Vladimir Putin tornou-se mais agressiva, e uma série de ações mais enérgicas foram realizadas. O político autorizou que a Rússia interviesse na Guerra Civil Síria, conflito em andamento desde 2011, com o objetivo de socorrer Bashar al-Assad, ditador sírio que estava à beira da derrota.
A intervenção russa no conflito conseguiu salvar a posição de Bashar al-Assad. Os russos atuaram principalmente por meio de massivos bombardeios sobre as principais cidades sírias. Esses ataques enfraqueceram a oposição, mas também colocaram a vida de milhares de civis em risco.
O historiador Timothy Snyder afirma que a Rússia utilizou os bombardeios em massa na Síria para abalar a democracia nas grandes nações europeias ao incentivar partidos e movimentos de extrema-direita a explorar os problemas causados pelo grande fluxo de imigrantes muçulmanos que entravam na Europa todos os anos|7|.
Vladimir Putin também foi acusado de ter intervindo na eleição presidencial norte-americana de 2016. Ademais, denunciou-se uma série de ciberataques pelo governo russo. Interpretou-se que eles tinham o objetivo de enfraquecer as democracias ocidentais e fortalecer movimentos de extrema-direita.
→ Vladimir Putin e a questão da Ucrânia
A questão mais delicada da atuação internacional de Putin envolve, sem dúvidas, a Ucrânia, ex-nação soviética. A Ucrânia conquistou sua independência em 1991, e as relações com a Rússia começaram a se desgastar a partir de 2003, quando um governo pró-Ocidente se estabeleceu naquele país. Em 2013, as tensões entre Rússia e Ucrânia aumentaram.
Isso se deu porque em 2013, o então presidente ucraniano Viktor Yanukovich decidiu abandonar negociações para estreitar os laços do país com a União Europeia. A população foi às ruas exigir a retomada da tentativa de aliança, mas Yanukovich passou a reprimir os manifestantes e procurou se aproximar da Rússia.
Em fevereiro de 2014, Viktor Yanukovich foi deposto da presidência, e Putin não aceitou que isso acontecesse. Ele ordenou a invasão da Crimeia, uma península localizada no sul da Ucrânia e que ocupa uma posição privilegiada no mar Negro. Rapidamente, a região foi anexada ao território russo. A Organização das Nações Unidas (ONU) não reconhece essa anexação, considerando a Crimeia ainda como parte da Ucrânia.
Além disso, a Rússia passou a apoiar movimentos separatistas em Donetsk e Lugansk, ambos os territórios localizados em Donbass, na Ucrânia. Timothy Snyder afirma que “a Rússia transformou unidades de seu exército regular em uma força terrorista, removendo insígnias das fardas e negando toda a responsabilidade pelo terrível sofrimento que essas unidades infligiam”|8|. Desde 2014, essas regiões estão sob forte influência da Rússia.
Em 2022, a tensão entre as duas nações aumentaram por conta de uma negociação da Ucrânia com a Otan. Putin reagiu a essa nova aproximação da Ucrânia com o Ocidente e mobilizou tropas ao longo da fronteira de seu país com a Ucrânia. Em fevereiro de 2022, ele reconheceu a independência de Lugansk e Donetsk e, no mesmo mês, autorizou uma invasão militar na Ucrânia, o que gerou preocupação mundial.
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Videoaula sobre tensão entre Rússia e Ucrânia
Notas
|1| Vladimir Putin: o ‘czar moderno’ que controla a Rússia. Para acessar, clique aqui.
|2| FREEZE, Gregory L. Um “tempo de dificuldades” moderno: da reforma à desintegração (1985-1999). In.: FREEZE, Gregory L. (org.). História da Rússia. Ediçoes 70: Lisboa, 2017, p. 493.
|3| Idem, p. 512-515.
|4| Idem, p. 520.
|5| Idem. p. 523.
|6| Idem. p. 533.
|7| SNYDER, Timothy. Sobre a tirania: vinte lições do século XX para o presente. São Paulo: Companhia das Letras, 2017, p. 104.
|8| Idem, p. 103.
Créditos de imagens
[1] Photographer RM / Shutterstock
[2] mark reinstein / Shutterstock
[3] hurricanehank / Shutterstock
Por Daniel Neves Silva
Professor de História