Lygia Fagundes Telles

Lygia Fagundes Telles foi uma contista e romancista brasileira. Suas obras apresentam características da terceira geração modernista.

Lygia Fagundes Telles, escritora brasileira, nasceu em 19 de abril de 1923, em São Paulo, e faleceu em 3 de abril de 2022, aos 98 anos. Publicou seu primeiro livro de contos — Porões e sobrados — em 1938. Formada em Direito, trabalhou como procuradora do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo, foi presidente da Cinemateca Brasileira e fez parte da comissão que, em 1977, entregou ao ministro da Justiça o Manifesto dos intelectuais, abaixo-assinado contra a censura.

A escritora, membro da Academia Brasileira de Letras e ganhadora de prêmios como o Jabuti e Camões, faz parte da terceira geração modernista (ou pós-modernismo). Assim, suas narrativas caracterizam-se por uma prosa intimista, centrada na dimensão psicológica dos personagens e, algumas vezes, marcadas pelo realismo mágico ou fantástico, sem perder de vista a visão política e social de seu tempo, pois, como afirma a autora: “Sou, como escritora, uma testemunha desse nosso tempo e dessa nossa sociedade”.

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Biografia de Lygia Fagundes Telles

Lygia Fagundes Telles. [1]

Lygia Fagundes Telles nasceu em 19 de abril de 1923, em São Paulo. Parte da infância viveu no interior do estado de São Paulo, devido ao trabalho do pai, que era promotor público. Com oito anos, ela e a mãe foram morar na capital e, depois, no Rio de Janeiro, onde viveu cinco anos. Ainda na adolescência, em 1938, com a ajuda financeira do pai, publicou seu primeiro livro de contosPorões e sobrados.

A partir de 1939, estudou na Escola Superior de Educação Física, da Universidade de São Paulo (USP), e também na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, além de trabalhar na Secretaria de Agricultura. Após formar-se em Direito, em 1945, ela se casou com seu professor de direito internacional privado, em 1947, Goffredo da Silva Telles Júnior (1915-2009), do qual se divorciaria em 1960 e de quem adotou o sobrenome Telles.

Seu primeiro romance Ciranda de pedra — foi publicado em 1954 e celebrado pela crítica. Além de sua carreira como escritora, Lygia Fagundes Telles também trabalhou como procuradora do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo, cargo no qual se aposentou. Ainda, em 1977, foi presidente da Cinemateca Brasileira, mesmo ano em que liderou uma comissão de escritores que entregou ao ministro da Justiça o Manifesto dos intelectuais, abaixo-assinado que repudiava a censura.

A romancista e contista, que faleceu em 3 de abril de 2022, foi eleita para a Academia Brasileira de Letras em 1985, além de receber os seguintes prêmios:

  • Instituto Nacional do Livro (1958)

  • Jabuti (1966, 1974, 1996 e 2001)

  • Grande Prêmio Internacional Feminino para Contos Estrangeiros (1969) — França

  • Candango (1969)

  • Guimarães Rosa (1972)

  • Coelho Neto (1974)

  • APCA (1974, 1980, 2001 e 2007)

  • PEN Clube do Brasil (1977)

  • Pedro Nava (1989)

  • Arthur Azevedo (1995)

  • APLUB (1995)

  • Camões (2005)

  • Mulheres mais Influentes (2007)

  • Dra. Maria Imaculada Xavier da Silveira (2008)

  • Juca Pato (2009)

  • Conrado Wessel (2015)

Estilo literário de Lygia Fagundes Telles

Lygia Fagundes Telles faz parte da terceira geração modernista (ou pós-modernismo). Desse modo, suas obras apresentam as seguintes características:

  • Prosa intimista.

  • Conflito existencial.

  • Fluxo de consciência ou monólogo interior.

  • Personagens imersos em dúvidas e incertezas.

  • Fragmentação da narrativa.

  • Dimensão psicológica dos personagens.

  • Foco nas relações humanas.

  • Contextualização sociopolítica.

  • Realismo mágico ou fantástico.

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Obras de Lygia Fagundes Telles

Capa do livro Ciranda de pedra, de Lygia Fagundes Telles, publicado pela editora Rocco. [1]
  • Porão e sobrado (1938) — contos

  • Praia viva (1944) — contos

  • O cacto vermelho (1949) — contos

  • Ciranda de pedra (1954) — romance

  • Histórias do desencontro (1958) — contos

  • Verão no aquário (1963) — romance

  • Antes do baile verde (1970) — contos

  • As meninas (1973) — romance

  • Seminário dos ratos (1977) — contos

  • A disciplina do amor (1980) — memórias

  • Venha ver o pôr do sol e outros contos (1987) — contos

  • As horas nuas (1989) — romance

  • A estrutura da bolha de sabão (1991) — contos

  • A noite escura e mais eu (1995) — contos

  • Oito contos de amor (1996) — contos

  • Invenção e memória (2000) — contos

  • Durante aquele estranho chá (2002) — memórias

  • Conspiração de nuvens (2007) — contos

  • Passaporte para a China (2011) — crônicas

  • Um coração ardente (2012) — contos

  • O segredo e outras histórias de descoberta (2012) — contos

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Frases de Lygia Fagundes Telles

A seguir, vamos ler algumas frases de Lygia Fagundes Telles, extraídas de entrevista concedida à revista IstoÉ, em 25 de maio de 2005:

“A solidão é repugnante.”

“Em casamento, eu acho que a sabedoria está em não morar na mesma casa.”

“Não sou passarinho nem nada!”

“Terceiro Mundo, país de miseráveis e de analfabetos.”

“É preciso não perder a esperança, o sonho.”

“Eu nunca fui muito contente comigo mesma.”

“Eu tenho vocação para a alegria, mas é uma vocação mal cumprida.”

“Para não envelhecer, é preciso morrer jovem.”

E à Revista Brasileira de Psicanálise, em 25 de outubro de 2008:

“A literatura da mulher é diferente da literatura do homem lá nas raízes, isso porque a mulher é mais intuitiva do que o homem.”

“As mulheres querem a liberdade para seguir a vocação.”

“Sou, como escritora, uma testemunha desse nosso tempo e dessa nossa sociedade.”

“A literatura já me ajudou a não enlouquecer.”

“Não quero dar às minhas netas um mau exemplo, que seria a culpa.”

Crédito da imagem

[1] Editora Rocco (reprodução)

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Lygia Fagundes Telles"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/lygia-fagundes-telles.htm. Acesso em 24 de dezembro de 2024.

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