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Os textos de divulgação científica são aqueles que buscam compartilhar informações, pesquisas e conceitos científicos a um público leigo, ou seja, um público que desconhece ou pouco sabe sobre o assunto. Sendo assim, esses textos se estruturam de modo a garantir a compreensão do leitor, utilizando exemplos, comparações e explicações sempre que necessário. Na estrutura, é possível encontrar, além das informações verbais, elementos não verbais que potencializam e enriquecem o texto.
Leia também: Resenha – gênero que apresenta as percepções que um leitor teve de determinada obra
Tópicos deste artigo
- 1 - Características do texto de divulgação científica
- 2 - Estrutura do texto de divulgação científica
- 3 - Como fazer um texto de divulgação científica
- 4 - Exemplo de texto de divulgação científica
Características do texto de divulgação científica
Os textos de divulgação científica são utilizados para compartilhar informações, pesquisas e outros dados, de cunho científico, mas com uma linguagem explicativa, didática e, por isso, mais superficial e abrangente, distinguindo-se, portanto, da linguagem especializada do texto científico. Sendo assim, as primeiras características desses textos são a abordagem temática de assuntos científicos e o uso de uma linguagem acessível.
Para cumprir esse objetivo, os textos precisam evitar alguns comportamentos linguísticos, como o uso de termos especializados ou explicações teóricas com linguagem técnica. É aconselhável que esses conteúdos sejam, de certa forma, traduzidos para uma comunicação simples, objetiva e acessível. O propósito é compartilhar, a um grande e diverso público, um conteúdo importante que está restrito aos ambientes e sujeitos inseridos na área.
Apesar dessa forte necessidade de acessibilizar as informações, os textos de divulgação científica necessitam de embasamento teórico, por isso, comumente, apresentam teorias e conceitos teóricos, acompanhados de explicações, sempre que necessário. Outra característica desse gênero textual é a apresentação de ideias, procedimentos, descobertas e resultados a respeito de algum tema.
Por seu caráter explicativo, esses textos costumam ter predominância do tipo textual expositivo, o qual apresenta temas e os explica no intuito de garantir a compreensão do leitor. A depender do texto, é possível também que haja presença de linguagem não verbal, como ilustrações, fotos, gráficos e outros.
Estrutura do texto de divulgação científica
A estrutura dos textos de divulgação científica pode variar a depender do assunto ou assuntos tratados, dos dados e conceitos que serão abordados, além das interferências contextuais, como o público-alvo e o veículo de divulgação. Entretanto, é possível identificar uma organização básica comum a esse gênero.
A primeira parte é a introdução, que apresenta o assunto do texto, trazendo informações conhecidas e algumas novas, no intuito de situar e atrair o leitor para o texto. Toda introdução cumpre uma função essencial no texto, pois é ela quem deve prender a atenção inicial e situar o leitor, preparando-o para o desenvolvimento da leitura.
O desenvolvimento do texto deve apresentar as novas informações, explicá-las, embasá-las cientificamente, a fim de que o leitor possa se apropriar desse conhecimento, mesmo não sendo especialista da área. Desse modo, é necessário que se apresentem metodologias de pesquisas, dados e estatísticas, cenários e características específicas, tudo para que o assunto seja bem direcionado ao público.
Por fim, na conclusão, devem ser apresentados os resultados alcançados, caso se aborde uma pesquisa em específico, ou fazer um fechamento da exposição temática, por meio de um entrosamento entre as ideias apresentadas e discutidas anteriormente.
Veja também: Quais as funções dos operadores argumentativos?
Como fazer um texto de divulgação científica
Para produzir um texto de divulgação científica, primeiramente é necessário que se tenha clareza sobre a ideia principal que será apresentada, em alguns casos pode se tratar de uma afirmação ou um conceito. A certeza da ideia que será exposta é imprescindível para garantir que o texto se desenvolva de modo gradual, estratégico e objetivo.
A partir dessa escolha, parte-se para a seleção das “provas” que embasarão a mensagem do texto. Nesse sentido, é importante destacar comparações pertinentes, relações de causa e efeito, metodologias de pesquisa e seus resultados, dados estatísticos e outras referências argumentativas para o desenvolvimento.
Esses dois passos iniciais ocorrem antes da produção textual em si, pois são as atividades de estudo e pesquisa que qualificam toda a escrita. A partir disso, deve-se, na introdução, apresentar o tema do texto de modo simples e aproximativo do leitor, para situá-lo e atraí-lo. No desenvolvimento, apresentam-se as estratégias argumentativas que comprovam as informações.
Na conclusão, as ideias anteriormente apresentadas devem ser “amarradas”, pontuando as reflexões pertinentes e apresentando, se necessário, resultados e conclusões das pesquisas. Ao longo do texto, se necessário, é possível acrescentar textos não verbais para potencializar a compreensão dos assuntos.
Acesse também: Textualidade – características que garantem que algo possa ser percebido como texto
Exemplo de texto de divulgação científica
Abaixo segue um exemplo de texto de divulgação científica, publicado no site da UOL.|1|
Cientistas descobrem que animais usam dialetos para se comunicar Alguns animais utilizam "dialetos" para se comunicar, como as baleias, os golfinhos, as abelhas e as aves, afirmou a revista alemã de divulgação científica "P.M. Magazin" em sua edição de setembro. Este é outro aspecto mais em comum entre a forma de comunicação humana e dos animais, descoberta recentemente pela comunidade científica. Os golfinhos inventam diferentes assobios para se comunicar, segundo cientistas. Um exemplo dos diferentes dialetos ocorre com o estrelinha-de-poupa (Regulus regulus), um pássaro de pequeno porte caracterizado por ter uma mancha amarela na cabeça, e cujo piar difere no tom de seus congêneres da China. No caso dos golfinhos, animais que teriam uma inteligência parecida com a dos homens, os cientistas comprovaram que inventam diferentes assobios para se comunicar. Um grupo de pesquisadores da Universidade de St. Andrews, na Escócia, demonstrou que os golfinhos têm a capacidade de conversar sobre um terceiro animal que não está presente. O corvo ou o tuim-da-colômbia (Forpus conspicillatus), por exemplo, usam nomes personalizados para se chamar entre si. Além dos acústicos, alguns animais também utilizam outros meios de comunicação. É o caso das aranhas-macho, que usam a rede tecida por uma fêmea para perguntar se podem se aproximar dela, já que se, dependendo do ritmo como andam pelos fios, podem ser confundidos com uma presa. |
No exemplo acima, é possível identificar que o tema abordado – a comunicação entre outros animais – é uma afirmação concluída por cientistas. A marcação do lugar na ciência serve como validação do assunto, afinal, trata-se de um tema que é desconhecido pelo grande público. Assim, pontuar o local social daqueles que chegaram a essa conclusão qualifica e valida o tema abordado.
Outros referentes como “Um grupo de pesquisadores da Universidade de St. Andrews”, “revista alemã de divulgação científica” são, também, validadores das informações e configuram-se como vozes de autoridade sobre o assunto. Na apresentação dos animais, é possível encontrar duas referências, uma do nome popular e outra do nome científico. Essa estratégica faz a relação entre as informações científicas e os conhecimentos populares.
Por fim, é possível identificar que o autor utiliza uma linguagem simples, acessível e objetiva no trato com o tema. Toda informação científica é inserida de modo balanceado, com informações conhecidas e explicações simples, que servem para uma compreensão mais abrangente do fenômeno analisado.
Por Talliandre Matos
Professora de Gramática