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Literatura de catequese é como ficou conhecida a literatura religiosa produzida no Brasil durante o século XVI. O padre José de Anchieta foi responsável pelas obras de cunho catequético brasileiras. Com seus versos e dramas religiosos, esse jesuíta pretendia converter os indígenas ao catolicismo.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a literatura de catequese
- 2 - O que foi a literatura de catequese?
- 3 - Características da literatura de catequese
- 4 - Objetivo da literatura de catequese
- 5 - Principais autores da literatura de catequese
- 6 - Principais obras da literatura de catequese
- 7 - Diferença entre literatura de informação e literatura de catequese
- 8 - Exercícios resolvidos sobre literatura de catequese
Resumo sobre a literatura de catequese
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A literatura de catequese é a literatura que foi produzida durante o século XVI, no Brasil colônia.
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Ela possui conteúdo religioso e pedagógico, e é composta por poesia e teatro.
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Sua função era converter o indígena brasileiro ao catolicismo.
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O padre José de Anchieta foi o principal nome desse tipo de literatura no Brasil.
O que foi a literatura de catequese?
A literatura de cunho religioso ou de catequese foi a literatura produzida pelos jesuítas durante o século XVI, no Brasil colônia. Teve início com a chegada da Companhia de Jesus em 1549. Os jesuítas passaram então a ter contato com os nativos brasileiros. A literatura de catequese, portanto, era direcionada a esse público.
Características da literatura de catequese
A literatura de catequese é um tipo de literatura composto por poemas e peças de teatro, e apresenta estas características:
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caráter religioso e pedagógico;
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enaltecimento do catolicismo;
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críticas às crenças indígenas;
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teocentrismo medieval;
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predominância de autos religiosos;
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uso de redondilhas nos poemas.
Objetivo da literatura de catequese
O objetivo da literatura de catequese era converter o indígena brasileiro ao catolicismo. Esse tipo de literatura teve início no Brasil com a chegada da Companhia de Jesus, em 1549, ordem religiosa da Igreja Católica cujos membros eram chamados de jesuítas.
Principais autores da literatura de catequese
Padre José de Anchieta (1534-1597) foi o principal nome da literatura de catequese no Brasil. Outro jesuíta importante foi o padre Manuel da Nóbrega (1517-1570), mas esse autor não produziu uma literatura de fato catequética, ou seja, evangelizadora. Além de textos informativos, ele escreveu, em 1557, uma obra que reflete sobre a conversão indígena: Diálogo sobre a conversão do gentio.
Portanto, não era direcionada aos nativos brasileiros. Isso também podemos dizer do jesuíta Fernão Cardim (1549-1625), que escreveu cartas de caráter informativo, além de seus Tratados da terra e gente do Brasil, escritos no século XVI e publicados, pela primeira vez, em 1925. Desse modo, Anchieta foi o grande representante da literatura catequética brasileira.
Principais obras da literatura de catequese
O padre José de Anchieta escreveu as seguintes obras catequéticas:
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Auto da festa do Natal (1561);
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Poema da bem-aventurada Virgem Maria, mãe de Deus (1563);
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Auto da festa de São Lourenço (1583);
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Auto de São Sebastião (1584);
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Na aldeia de Guaraparim (1585);
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Auto de Santa Úrsula (1595);
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Auto de São Maurício (1595).
Diferença entre literatura de informação e literatura de catequese
No primeiro século de existência do Brasil, no período literário conhecido como quinhentismo, foram produzidas obras de caráter informativo e catequético. Entenda a diferença entre elas a seguir:
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Literatura de informação: é composta por cartas, crônicas e relatos dos viajantes. Essas obras (ou documentos) possuem caráter narrativo, descritivo e, às vezes, argumentativo. Esse tipo de literatura era direcionado aos europeus e tinha o intuito de informar essas pessoas acerca da nova terra.
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Literatura de catequese: tinha como alvo o indígena brasileiro. Os poemas e peças teatrais de Anchieta tinham uma função, isto é, convencer o nativo de que sua salvação estava no catolicismo.
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Exercícios resolvidos sobre literatura de catequese
Questão 1
(Unimontes) Leia o trecho destacado do Auto de São Lourenço, de José de Anchieta.
GUAIXARÁ
Esta virtude estrangeira
Me irrita sobremaneira.
Quem a teria trazido,
com seus hábitos polidos
estragando a terra inteira?
Só eu
permaneço nesta aldeia
como chefe guardião.
Minha lei é a inspiração
que lhe dou, daqui vou longe
visitar outro torrão.
Quem é forte como eu?
Como eu, conceituado?
Sou diabo bem assado.
A fama me precedeu;
Guaixará sou chamado.
Meu sistema é o bem viver.
Que não seja constrangido
o prazer, nem abolido.
Quero as tabas acender
com meu fogo preferido.
Boa medida é beber
cauim até vomitar.
Isto é jeito de gozar
a vida, e se recomenda
a quem queira aproveitar.
Partindo do trecho acima e da leitura da obra, todas as alternativas estão corretas, EXCETO
A) Sendo parte da produção jesuítica, o gênero auto adapta os temas à situação de comunicação e propósito da catequese.
B) O uso de nomes e referências indígenas no Auto de São Lourenço é uma estratégia a serviço do processo de aculturação.
C) O martírio de São Lourenço, dando nome à peça, representa o exemplo ou testemunho da salvação pela fé proposto ao indígena.
D) O Auto de São Lourenço assimila aspectos da mitologia indígena com a finalidade de promover a conciliação de valores religiosos contrários, propiciando a simpatia do indígena.
Resolução:
Alternativa D
A “mitologia indígena” é apropriada por Anchieta com o intuito de menosprezar a cultura religiosa do nativo. Não há, portanto, o objetivo de conciliar os valores religiosos contrários. Para o catequizador, o catolicismo é a única crença possível.
Questão 2
Todas as coisas criadas
conhecem seu Criador.
Todas lhe guardam amor,
pois nele são conservadas,
cada qual em seu vigor.
[...]
Se amas a criatura
por se parecer formosa,
ama a visão graciosa
desta mesma formosura
por sobre todas as coisas.
Dessa divina lindeza
deves ser enamorado.
Seja tua alma presa
daquela suma beleza
homem, de Deus muito amado!
Aborrece todo o mal,
com despeito e com desdém,
E pois, que é racional,
abraça a Deus imortal,
todo, sumo e único bem.
ANCHIETA, José de. Auto representado na Festa de São Lourenço. Rio de Janeiro: Serviço Nacional de Teatro/ Ministério da Educação e Cultura, 1973.
Sobre o fragmento acima, de José de Anchieta, é possível afirmar:
A) Apresenta versos decassílabos, bastante utilizados na literatura de catequese.
B) A presença de verbos no imperativo é uma estratégia para repelir o leitor ou ouvinte.
C) O eu lírico expressa-se ironicamente, com o intuito de fazer crítica religiosa.
D) Apesar do caráter dramático, o texto apresenta traços descritivos e também narrativos.
E) O texto possui função conativa, pois pretende convencer o destinatário da mensagem.
Resolução:
Alternativa E
O uso de imperativos é uma das estratégias usadas em texto com função conativa. Essa função da linguagem está relacionada ao convencimento do destinatário da mensagem. No texto em questão, o eu lírico busca convencer o receptor a aceitar Deus ou a fé católica.
Crédito de imagem
[1]C.Nogueirol / Wikimedia Commons (reprodução)
Fontes
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2015.
MOREIRA, Marcello. Diálogos catequéticos coloniais: cena textual versus performance. Topoi, Rio de Janeiro, v. 17, n. 33, p. 353-371, jul./ dez. 2016.
SANTOS, João Marinho dos. A escrita e as suas funções na missão jesuítica do Brasil quinhentista. História, São Paulo, v. 34, n. 1, p. 109-127, jan./jun. 2015.