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O primo Basílio é um romance realista do escritor português Eça de Queiroz. Ele foi publicado, pela primeira vez, em 1878, e tem como temática principal o adultério. Assim, quando Basílio, o primo da protagonista Luísa, volta a Portugal depois de anos ausente, os dois se tornam amantes.
Luísa é casada com Jorge, um engenheiro pacato. É quando o marido viaja a trabalho por alguns dias que o caso entre os primos ocorre. Os amantes, inclusive, trocam cartas apaixonadas, que caem nas mãos da empregada Juliana. Ela então passa a chantagear a patroa, a qual é abandonada pelo amante e precisa enfrentar sozinha a perversa chantagista.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre O primo Basílio
- 2 - Análise da obra O primo Basílio
- 3 - Filme e minissérie baseados em O primo Basílio
- 4 - Contexto histórico de O primo Basílio
- 5 - Vida de Eça de Queiroz
Resumo sobre O primo Basílio
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O primo Basílio é um romance do escritor português Eça de Queiroz.
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Ele foi publicado, pela primeira vez, em 1878, e tem como principal temática o adultério.
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A história se passa no século XIX, na cidade portuguesa de Lisboa.
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A obra conta com um narrador onisciente em terceira pessoa.
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Pertencente ao realismo português, o livro possui linguagem objetiva e faz crítica ao estilo de vida burguês.
Análise da obra O primo Basílio
→ Enredo da obra O primo Basílio
Luísa tem um casamento estável com Jorge. Ele é um homem calmo, tem “o gênio manso”. Há três anos que estão casados quando Luísa lê no jornal que o primo Basílio está voltando a Lisboa, vindo de Bordéus, na França. Nessa ocasião, Juliana trabalha apenas há dois meses na casa do casal, e a patroa já lhe tem forte antipatia, sentimento recíproco.
A protagonista lê muitos livros, todos românticos, como A dama das camélias. Anos atrás, ela e Basílio eram apaixonados um pelo outro, mas, com a saída do primo de Portugal, Luísa acabou se casando com Jorge. Um dos maiores sonhos do marido é ser pai, mas o casal continua sem filhos.
É quando Jorge viaja a trabalho que Basílio e Luísa se reencontram. Ao chegar de viagem, o primo vai logo visitar a prima. No segundo dia, a visita se repete. E a empregada Juliana começa a ficar atenta, pois pressente que algo está acontecendo. As visitas continuam a se repetir. Logo a vizinhança passa a mexericar.
Sebastião decide avisar Luísa que a vizinhança anda intrigada com as visitas do primo. A mulher fica revoltada com a intromissão em sua vida. Então Basílio começa a enviar cartas para ela, nas quais declara o seu amor, uma paixão correspondida:
E Luísa tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo conduzia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!|1|
Os dois decidem se encontrar em lugar discreto. Basílio arruma um quarto para eles, o qual chama de “o Paraíso”. No primeiro encontro, Luísa fica decepcionada, pois o ambiente escolhido é sórdido:
A carruagem parou ao pé de uma casa amarelada, com uma portinha pequena. Logo à entrada um cheiro mole e salobre enojou-a. A escada, de degraus gastos, subia ingrememente, apertada entre paredes onde a cal caía, e a umidade fizera nódoas. No patamar da sobreloja, uma janela com um gradeadozinho de arame, parda do pó acumulado, coberta de teias de aranha, coava a luz suja do saguão.|2|
Juliana desconfia ao ver a patroa sair todos os dias. E, em uma ocasião em que Luísa, mais uma vez, a maltrata, a empregada perde a paciência, enfrenta a patroa e diz que tem em sua posse as cartas que Luísa escreveu para o amante. Aconselhada pela tia Vitória, Juliana resolve pedir dinheiro a Basílio pelas cartas. Então Basílio vai embora de Lisboa.
Sozinha para enfrentar a chantagem, Luísa é humilhada por Juliana, que lhe cobra o dinheiro. Finalmente, Jorge volta da viagem. Depois de tudo por que passou, Luísa começa a ver o esposo com outros olhos, mesmo com certa paixão. Porém continua sendo chantageada e precisa fazer todas as vontades da empregada.
Por fim, Jorge quer demitir Juliana, já que a empregada não cumpre suas funções. Luísa está desesperada e não suporta mais viver daquele jeito. Ela decide contar a Sebastião que escreveu “uma carta a um homem, a Juliana apanhou-ma”. Sebastião se dispõe a ajudar a esposa do amigo.
Sebastião pede a ajuda do comissário, que lhe cede um policial, o Mendes. Os dois vão para a casa de Jorge. O casal está ausente, como foi combinado com Luísa. Os dois homens então encurralam Juliana. Ela entrega as cartas sob a ameaça de ser presa caso fale de sua agora ex-patroa.
Ao ser expulsa da casa por Sebastião, a empregada “levou com ânsia as mãos ambas ao coração, e caiu para o lado, com um som mole, como um fardo de roupa”. Está morta. Já Luísa logo adoece, é consumida por uma febre. O carteiro entrega uma carta a Jorge vinda da França. Ao ler a carta de Basílio, o marido descobre a traição.
Com a morte de Luísa, Jorge vai para a casa de Sebastião. Quando Basílio volta a Portugal, vai até a casa da prima. E só então descobre que ela está morta. Além da surpresa, não demonstra nenhum sofrimento. Pelo contrário, mais tarde diz ao amigo Reinaldo que devia ter trazido uma tal de Alphonsine, assim não ficaria sem mulher.
→ Personagens da obra O primo Basílio
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Acácio: conselheiro
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Basílio: primo de Luísa
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Ernestinho: primo de Jorge
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Felicidade: amiga da falecida mãe de Luísa
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Joana: cozinheira da protagonista
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Joana: tia de Sebastião
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Jorge: marido de Luísa
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Juliana: empregada da protagonista
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Julião: parente de Jorge
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Leopoldina: amiga de Luísa
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Luísa: protagonista
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Mendes: policial
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Reinaldo: amigo de Basílio
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Sebastião: amigo de Jorge
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Vitória: tia de Juliana
→ Tempo da obra O primo Basílio
A narrativa possui tempo cronológico e relata fatos ocorridos no século XIX.
→ Espaço da obra O primo Basílio
A história se passa na cidade de Lisboa, em Portugal.
→ Narrador da obra O primo Basílio
O romance conta com um narrador onisciente, que conhece até os pensamentos mais íntimos dos personagens.
→ Características da obra O primo Basílio
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O livro O primo Basílio, publicado, pela primeira vez, em 1878, apresenta 16 capítulos.
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A obra faz parte do realismo português, por isso, possui caráter antirromântico, isto é, não há nela qualquer tipo de idealização.
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A linguagem é objetiva e antissentimental.
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O narrador realiza a análise psicológica de seus personagens, além de criticar a família burguesa ao tratar da temática do adultério.
Veja também: A falência — um romance realista-naturalista de Júlia Lopes de Almeida
Filme e minissérie baseados em O primo Basílio
→ Filme Primo Basílio
Primo Basílio, filme brasileiro de 2007, é uma adaptação da obra O primo Basílio, de Eça de Queiroz. No longa-metragem nacional, a história se passa na cidade de São Paulo, no Brasil. Já o tempo da trama cinematográfica é o ano de 1958. A direção é de Daniel Filho, que também assina o roteiro com Euclydes Marinho.
O elenco principal é formado por:
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Débora Falabella: Luísa
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Glória Pires: Juliana
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Fábio Assunção: Basílio
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Reynaldo Gianecchini: Jorge
→ Minissérie O primo Basílio
A minissérie O primo Basílio, produzida pela Rede Globo, foi ao ar em 1988. É uma adaptação do romance homônimo de Eça de Queiroz. Assim como no livro, a história se passa em Lisboa, no século XIX. Possui direção de Daniel Filho e roteiro de Gilberto Braga e Leonor Bassères.
O elenco principal é composto por:
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Giulia Gam: Luísa
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Marília Pêra: Juliana
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Marcos Paulo: Basílio
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Tony Ramos: Jorge
Contexto histórico de O primo Basílio
O realismo, estilo de época em que está inserido o romance O primo Basílio, está relacionado ao contexto histórico da Revolução Industrial. O uso de máquinas e o crescimento econômico, associados à industrialização, geraram na Europa um clima de otimismo e a valorização da racionalidade, a qual levou à objetividade da linguagem literária.
No entanto, com o fortalecimento do capitalismo, houve também o crescimento da disparidade social entre a burguesia e os trabalhadores. Nesse contexto, fica em evidência a luta de classes. Na obra, a rivalidade entre Juliana e Luísa pode simbolizar isso. Já a crítica ao casamento burguês está ligada ao descontentamento de alguns intelectuais da época em relação à classe dominante.
Vida de Eça de Queiroz
Eça de Queiroz foi um escritor português. Ele nasceu em 25 de novembro de 1845, em Póvoa do Varzim. Mais tarde, em 1861, iniciou o curso de Direito em Coimbra. Após o término da faculdade, trabalhou como advogado, escreveu para o jornal Gazeta de Portugal e foi nomeado cônsul.
Nessa função, atuou em Havana, Inglaterra e França. Concomitantemente, escrevia seus livros e era bastante respeitado como escritor. Também continuou a escrever artigos para jornais como o Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro. Começou a ter problemas de saúde em 1897 e faleceu em 16 de agosto de 1900, em Paris.
Notas
|1| e |2| QUEIROZ, Eça de. O primo Basílio. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
Crédito de imagem
[1] Biblioteca digital Luso-Brasileira (reprodução)
Por Warley Souza
Professor de Literatura