Notificações
Você não tem notificações no momento.
Novo canal do Brasil Escola no
WhatsApp!
Siga agora!
Whatsapp icon Whatsapp
Copy icon

Eça de Queiroz

Eça de Queiroz é o principal representante do Realismo português. Uma de suas obras mais famosas é “O primo Basílio”, cujo enredo gira em torno de um triângulo amoroso.

Eça de Queiroz
Eça de Queiroz
Imprimir
Texto:
A+
A-
Ouça o texto abaixo!

PUBLICIDADE

Eça de Queiroz, escritor português, nasceu em 25 de novembro de 1845, em Póvoa do Varzim. Além de romancista, foi também advogado e diplomata. Ele é o principal representante da escola realista em Portugal, com livros que provocaram escândalo em sua época, como O crime do Padre Amaro e O primo Basílio.

O primo Basílio, uma de suas obras mais famosas, conta a história de Luísa, que, casada com Jorge, tem um relacionamento adúltero com o primo Basílio. Desse modo, as obras do autor são marcadas pela crítica social, objetividade e forte caráter antirromântico, já que mostram a realidade de sua época sem idealizações.

Leia também: Machado de Assis – principal representante realista no Brasil

Tópicos deste artigo

Biografia de Eça de Queiroz

Eça de Queirós, o destaque realista da literatura portuguesa.
Eça de Queiroz, o destaque realista da literatura portuguesa.

Eça de Queiroz nasceu em 25 de novembro de 1845, em Póvoa do Varzim, Portugal. Seus pais não eram casados, o que, na época, era algo escandaloso. Por isso, foi batizado em outra cidade — Vila do Conde. Seu pai era brasileiro e sua mãe, portuguesa. Quando se casaram, o escritor tinha quatro anos de idade. Assim, até 1849, viveu com seus avós paternos.

Ingressou no colégio interno da Lapa, em 1855, na cidade do Porto. Seis anos depois, começou o curso de Direito em Coimbra. Formado em 1866, mudou-se para Lisboa, onde passou a morar na casa de seus pais e a trabalhar como jornalista. Nesse mesmo ano, escreveu para o jornal Gazeta de Portugal e se mudou para Évora. Nessa cidade, dirigiu o jornal Distrito de Évora, de cunho político.

No ano seguinte, retornou a Lisboa e passou a fazer parte do Cenáculo (um grupo de intelectuais que discutia arte, política e ciência). Em 1869, fez uma viagem à Palestina, Síria e Egito, que deu origem a relatos de viagem publicados em 1870 no Diário de Notícias de Lisboa. Ainda nesse ano, tornou-se Administrador do Concelho de Leiria.

Em 1872, foi nomeado cônsul e tomou posse em Havana. No ano seguinte, viajou para o Canadá, Estados Unidos e América Central. Em 1874, foi transferido para o consulado de Newcastle upon Tyne, na Inglaterra e, em 1878, para o consulado inglês de Bristol. Começou a escrever para a Gazeta de Notícias do Rio de janeiro, Brasil, em 1880. Três anos depois, tornou-se sócio-correspondente da Academia Real das Ciências.

Visitou o escritor Émile Zola (1840-1902) em Paris, no ano de 1885, quando também ficou noivo da aristocrata Emília de Castro (1857-1934). Eles se casaram no ano seguinte. No ano de 1888, foi nomeado cônsul em Paris, e sua esposa deu à luz o segundo filho. O casal, ao todo, teve quatro filhos, antes de o escritor falecer em 16 de agosto de 1900, em Paris.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Características literárias de Eça de Queiroz

Eça de Queiroz faz parte do Realismo português. Portanto, suas obras apresentam as seguintes características:

  • descritivismo;
  • crítica sociopolítica;
  • antirromantismo;
  • objetividade;
  • análise dos comportamentos coletivos;
  • crítica à elite burguesa;
  • foco no presente;
  • análise psicológica;
  • ausência de idealizações;
  • temática do adultério.

Leia também: Naturalismo – corrente mais extremada do movimento realista

Obras de Eça de Queiroz

Capa do livro O primo Basílio, de Eça de Queirós, publicado pela editora Companhia das Letras. [1]
Capa do livro O primo Basílio, de Eça de Queiroz, publicado pela editora Companhia das Letras. [1]
  • O mistério da estrada de Sintra (1870)
  • O crime do Padre Amaro (1875)
  • A tragédia da Rua das Flores (1878)
  • O primo Basílio (1878)
  • O mandarim (1880)
  • A relíquia (1887)
  • Os Maias (1888)
  • Uma campanha alegre (1891)
  • A Correspondência de Fradique Mendes (1900)
  • Dicionário de milagres (1900)
  • A ilustre casa de Ramires (1900)
  • A cidade e as serras (1901)
  • Contos (1902)
  • Prosas bárbaras (1903)
  • Cartas de Inglaterra (1905)
  • Ecos de Paris (1905)
  • Cartas familiares e bilhetes de Paris (1907)
  • Notas contemporâneas (1909)
  • Últimas páginas (1912)
  • A capital (1925)
  • O conde de Abranhos (1925)
  • Alves & Companhia (1925)
  • Correspondência (1925)
  • O Egito (1926)
  • Cartas inéditas de Fradique Mendes (1929)
  • Eça de Queirós entre os seus (1949)

O primo Basílio

O primo Basílio é uma das obras mais famosas de Eça de Queiroz. Como um típico romance realista, ele trata do adultério. No século XIX, tal assunto provocava escândalo. E os escritores realistas buscavam derrubar o mito do amor romântico. Assim, se no Romantismo o par romântico encontra a felicidade no casamento, no Realismo, essa felicidade não passa de uma mentira.

Nessa obra, o triângulo amoroso é composto por Jorge, Luísa e Basílio. Jorge e Luísa são casados e moram em Lisboa. O marido é um engenheiro de minas, bem-sucedido na profissão. Segundo os padrões burgueses da época, o casal tem tudo para ser feliz. No entanto, Jorge, em certa ocasião, viaja a trabalho para Alentejo. É quando o primo de Luísa volta de viagem.

Basílio é um rapaz rico que gosta de aproveitar a vida e seus prazeres, e não se preocupa com os sentimentos de ninguém; era um homem de mau caráter e facilmente seduz a prima. Assim, ela se torna adúltera. A história, então, se complica quando entra em cena uma das personagens mais intrigantes do romance — Juliana. Empregada de Luísa, ela é uma mulher “feia e solteirona”, ambiciosa e interesseira.

Ciente da relação extraconjugal de sua patroa com Basílio, Juliana consegue obter cartas amorosas trocadas entre os primos. E numa ocasião em que Luísa reclama, grosseiramente, com a empregada por ela ainda não ter arrumado seu quarto, Juliana vai à forra:

“— Que lhe importa a que horas eu venho? Que tem você com isso? A sua obrigação é arrumar logo que eu me levante. E não querendo, rua, fazem-se-lhe as contas!

 Juliana fez-se escarlate e cravando em Luísa os olhos injetados:

— Olhe, sabe que mais? Não estou para a aturar! E arremessou violentamente a vassoura.

— Saia! — berrou Luísa. — Saia imediatamente! Nem mais um momento em casa!

Juliana pôs-se diante dela, e com palmadas convulsivas no peito, a voz rouca:

— Hei de sair se eu quiser! Se eu quiser!

[...]

— A senhora não me faça sair de mim! A senhora não me faça perder a cabeça! — E com a voz estrangulada através dos dentes cerrados: — Olhe que nem todos os papéis foram pra o lixo!

Luísa recuou, gritou:

— Que diz você?

— Que as cartas que a senhora escreve aos seus amantes, tenho-as eu aqui! E bateu na algibeira, ferozmente.”

Então, Juliana começa a chantagear Luísa. A patroa é maltratada e humilhada pela empregada e só consegue se livrar dela com a ajuda de Sebastião (um amigo da família). Porém, Luísa adoece. Sem saber disso, o amante lhe envia uma carta. Jorge, então, lê a carta e descobre que foi traído.

Assim, Luísa, uma leitora de romances românticos, acaba tendo um fim trágico em vez de um final feliz. Dessa forma, o narrador faz uma crítica aos ideais românticos e burgueses e choca a leitora da época quando mostra a reação de Basílio ao saber da morte de sua amante:

“E continuaram calados, devagar. Riram-se muito de um sujeito que passava governando atarantadamente dois cavalos pretos: — Que faéton! Que arreios! Que estilo! Só em Lisboa!...

Ao fundo do Aterro voltaram; e o Visconde Reinaldo passando os dedos pelas suíças:

— De modo que estás sem mulher...

Basílio teve um sorriso resignado. E, depois de um silêncio, dando um forte raspão no chão com a bengala:

— Que ferro! Podia ter trazido a Alphonsine! E foram tomar xerez à Taverna Inglesa.”

Veja também: Capitu traiu Bentinho?

Frases de Eça de Queiroz

A seguir, vamos ler algumas frases de Eça de Queiroz, retiradas dos textos As catástrofes e as leis de emoção e Primeira carta a Madame de Jouarre:

  • “Para todo o homem, a humanidade consiste essencialmente naquela porção de homens que residem no seu bairro.”
  • “Para chorar é necessário ver.”
  • “A distância e o tempo fazem das mais grossas tragédias ligeiras notícias.”
  • “Não há senão o homem, entre os animais, para misturar a languidez de um olhar fino a fatias de foie-gras.”
  • “Só a porção da matéria que há no homem faz com que as mulheres se resignem à incorrigível porção de ideal, que nele há também.”
  • “Tudo tende à ruína num país de ruínas.”

Crédito da imagem

[1] Companhia das Letras (reprodução) 

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Eça de Queiroz"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/eca-queiros.htm. Acesso em 14 de dezembro de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas