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Artistas que participaram da Semana de Arte Moderna

Mário de Andrade e Anita Malfatti são dois dos vários artistas que participaram da Semana de Arte Moderna, que ocorreu em fevereiro de 1922, em São Paulo.

Colagem com as imagens dos artistas que participaram da Semana de Arte Moderna.
Artistas que participaram da Semana de Arte Moderna. (Créditos: Paulo José Soares Braga | Brasil Escola)
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Os artistas que participaram da Semana de Arte Moderna foram pessoas que entraram para a história das artes brasileiras. Nesse evento artístico no Teatro Municipal de São Paulo, em 1922, participaram artistas como Victor Brecheret, Di Cavalcanti e Zina Aita. Chamaram a atenção obras como O homem amarelo, de Anita Malfatti, e Cabeça de Cristo, de Brecheret.

Leia também: Machado de Assis — um dos principais autores da literatura brasileira

Tópicos deste artigo

Resumo sobre os artistas que participaram da Semana de Arte Moderna

  • A Semana de Arte Moderna foi um evento artístico ocorrido em 1922, no Teatro Municipal de São Paulo.

  • Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia, Graça Aranha, Mário de Andrade, Ronald de Carvalho, Heitor Villa-Lobos, Victor Brecheret, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Zina Aita e Vicente do Rego Monteiro foram os artistas que participaram da Semana de Arte Moderna.

  • Algumas obras foram exibidas na ocasião, como a pintura O homem amarelo, de Anita Malfatti, a escultura Cabeça de Cristo, de Victor Brecheret, a pintura Retrato de Ronald de Carvalho, de Vicente do Rego Monteiro, a pintura A sombra, de Zina Aita e o poema Os sapos, de Manuel Bandeira.

Oswald de Andrade

Nascido em 11 de janeiro de 1890, em São Paulo, o escritor Oswald de Andrade é um dos principais autores da primeira geração modernista. De família rica, estudou em bons colégios, fez faculdade de Direito e viajou à Europa mais de uma vez. Escrevia para vários periódicos e foi marido da pintora Tarsila do Amaral (1886-1973), que não participou da Semana de Arte Moderna.

Retrato do escritor Oswald de Andrade, um dos artistas que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922.
Retrato do escritor Oswald de Andrade.

O escritor, que faleceu em 22 de outubro de 1954, em São Paulo, é autor do Manifesto da poesia pau-brasil e do Manifesto antropófago. Ele quis ingressar na Academia Brasileira de Letras, mas não foi aceito. Foi membro do Partido Comunista Brasileiro e tentou se eleger deputado federal, pelo Partido Republicano Trabalhista, sem sucesso.

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Guilherme de Almeida

O escritor Guilherme de Almeida nasceu em 24 de julho de 1890, na cidade de Campinas, em São Paulo. Conheceu Oswald de Andrade quando estudava no colégio São Bento, em 1903. Mais tarde, fez faculdade de Direito e trabalhou como promotor público. Seu primeiro livro de poesias — Nós — foi publicado em 1917.

Retrato do escritor Guilherme de Almeida, um dos artistas que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922.
O escritor Guilherme de Almeida na Academia Brasileira de Letras.

O poeta ingressou na Academia Brasileira de Letras em 1930 e participou da Revolução Constitucionalista de 1932. Logo depois, acabou se exilando em Portugal durante um ano. O Príncipe dos Poetas Brasileiros, título recebido em 1959, em concurso do jornal Correio da Manhã, faleceu em 11 de julho de 1969, em São Paulo.

Menotti del Picchia

O escritor Menotti del Picchia nasceu em 20 de março de 1892, em São Paulo. Mais tarde, esse filho de italianos fez faculdade de direito. Trabalhou como advogado na cidade de Itapira, onde criou o jornal O Grito, em 1915. Morando em São Paulo, ele se tornou diretor de redação do jornal A Gazeta, em 1920.

Retrato do escritor Menotti del Picchia, um dos artistas que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922.
 Retrato do escritor Menotti del Picchia.

Foi deputado estadual e deputado federal. Seu romance Salomé foi premiado pela Academia Brasileira de Letras. Recebeu o título de Cidadão Carioca, Cidadão Jundiaiense e Cidadão Itapirense. E também ganhou prêmios literários, como o Juca Pato, antes de falecer em 23 de agosto de 1988, em São Paulo.

Graça Aranha

O escritor Graça Aranha nasceu em 21 de junho de 1868, em São Luís do Maranhão. Anos depois, fez faculdade de Direito no Recife. Era abolicionista e republicano. Trabalhou como advogado na cidade de Campos, no Rio de Janeiro. Ele também foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.

Retrato do escritor Graça Aranha, um dos artistas que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922.
Retrato do escritor Graça Aranha.

O romancista, que faleceu em 26 de janeiro de 1931, no Rio de Janeiro, foi diplomata, atuando na Europa. Ele rompeu com a ABL, criticou o conservadorismo da instituição e apoiou os jovens escritores modernistas. A obra mais conhecida do autor é o romance Canaã.

Mário de Andrade

Nascido em 9 de outubro de 1893, em São Paulo, o escritor Mário de Andrade é um importante escritor da primeira geração modernista. Além do seu envolvimento com a literatura, também se dedicou à música e à pesquisa folclórica. E foi professor de Estética e História da Música no Conservatório Dramático e Musical.

Retrato do escritor Mário de Andrade, um dos artistas que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922.
 Retrato do escritor Mário de Andrade.[1]

O autor escreveu um dos principais romances do modernismo brasileiro, a obra Macunaíma. Também foi chefe da Divisão de Expansão Cultural e diretor do Departamento de Cultura de São Paulo. Já no Rio de Janeiro, atuou como diretor do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal. Ele faleceu em 25 de fevereiro de 1945, em São Paulo.

Ronald de Carvalho

O escritor Ronald de Carvalho nasceu em 16 de maio de 1893, no Rio de Janeiro. Anos depois, se formou em Direito. Na França, em 1913, editou seu primeiro livro: Luz gloriosa. Publicou poemas na famosa revista portuguesa Orpheu, além de escrever para diversos periódicos. Além de escritor, também foi diplomata.

Retrato do escritor Ronald Carvalho, um dos artistas que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922.
Retrato do escritor de Ronald Carvalho.[2]

O autor foi eleito Príncipe dos Prosadores Brasileiros, em 1935, pela imprensa nacional. E, nesse mesmo ano, sofreu um grave acidente de carro, no Rio de Janeiro, onde faleceu, quase um mês depois, no dia 15 de fevereiro de 1935. No dia seguinte, teve um enterro com honras de Estado.

Heitor Villa-Lobos

O maestro Heitor Villa-Lobos nasceu em 5 de março de 1887, no Rio de Janeiro. Ele aprendeu a tocar clarinete e violoncelo com seis anos de idade e tinha o pai como professor. O pai era funcionário da Biblioteca Nacional e faleceu em 1899. Assim, a família enfrentou dificuldades financeiras.

Retrato do maestro Heitor Villa-Lobos, um dos artistas que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922.
Retrato do maestro Heitor Villa-Lobos.

A mãe então passou a trabalhar como lavadeira e engomadeira. E o jovem músico se apresentava em teatros e bailes. Mais tarde, participou de grupos musicais, trabalhou em uma companhia de operetas e viveu um tempo em Paris. Conhecido por suas composições de caráter folclórico e nacionalista, o artista faleceu em 17 de novembro de 1959, no Rio de Janeiro.

Victor Brecheret

O escultor Victor Brecheret nasceu em 22 de fevereiro de 1894, na Itália. Mas, órfão, se mudou para o Brasil, ao lado de uma tia materna, quando contava com nove anos de idade. Precisou trabalhar na adolescência, período em que se apaixonou pela escultura. Assim, estudou, à noite, no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.

Retrato do escultor Victor Brecheret, um dos artistas que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922.
Retrato do escultor Victor Brecheret.[3]

Em 1913, se mudou para Roma, na Itália, e se tornou aprendiz no ateliê de Arturo Dazzi (1881-1966). Logo começou a ser notado pelo seu talento. Assim, voltou a São Paulo em 1919. Passou então a viver uma vida dedicada à sua arte. Ele morreu em 17 de dezembro de 1955, em São Paulo.

Anita Malfatti

A pintora Anita Malfatti nasceu em 2 de dezembro de 1889, em São Paulo. Seu pai era italiano, e sua mãe, estado-unidense. Em 1910, morando na Alemanha, estudou no Museu Real de Artes e Ofícios. Já em 1915, estudou na Escola de Arte Independente, nos Estados Unidos. Em 1917, expôs suas primeiras obras com traços modernistas.

Retrato da pintora Anita Malfatti, um dos artistas que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922.
Retrato da pintora Anita Malfatti.

Após a participação na Semana de Arte Moderna, viveu cinco anos em Paris. De volta ao Brasil, foi professora de Desenho e História da Arte, integrou a FAP (Família Artística Paulista) e foi presidente do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo. A artista faleceu em 6 de novembro de 1964, na cidade de Diadema.

Di Cavalcanti

O pintor Di Cavalcanti nasceu em 6 de setembro de 1897, no Rio de Janeiro. Em 1908, já estudava pintura com o pintor Gaspar Puga Garcia. Anos depois, fez faculdade de Direito, trabalhou como revisor, ilustrador e foi diretor artístico da revista Panóplia.

Retrato do pintor Di Cavalcanti, um dos artistas que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922.
Retrato do pintor Di Cavalcanti.

Entre 1923 e 1925, viveu na Europa. De volta ao Brasil, se filiou ao Partido Comunista Brasileiro, em 1928. Dez anos depois, em Paris, trabalhou na rádio Diffusion Française. A partir de então, viveu entre Rio, São Paulo e países estrangeiros, onde expunha suas obras. Ele morreu em 26 de outubro de 1976, no Rio de Janeiro.

Zina Aita

A pintora Zina Aita nasceu em Belo Horizonte, no ano de 1900. Seus pais eram italianos, e, em 1914, a família retornou ao país natal, onde a artista estudou com Galileo Chini (1873-1956). Ela voltou ao Brasil em 1918 e começou a ser conhecida por meio de artigos de Aníbal Mattos (1886-1969) no jornal Folha de Minas.

Retrato da pintora Zina Aita, um dos artistas que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922.
Retrato da pintora Zina Aita.[4]

Após a Semana de Arte Moderna, seu nome acabou caindo no esquecimento, até porque a pintora se mudou, outra vez, para a Itália, em 1923. Ela morreu no ano de 1967, em Nápoles. Mas antes, em 1954, veio ao Brasil para participar da exposição Arte contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Vicente do Rego Monteiro

O pintor Vicente do Rego Monteiro nasceu em 19 de dezembro de 1899, em Recife. No ano de 1911, a família se mudou para Paris, onde o artista fez curso de desenho. Porém, com o início da Primeira Guerra Mundial, voltou ao Brasil. Seus trabalhos chamaram atenção em 1920. E, apesar de ter obras expostas na Semana de Arte Moderna, o artista não compareceu ao evento, pois estava em Paris, onde viveu até 1932.

Retrato do pintor Vicente do Rego Monteiro, um dos artistas que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922.
Retrato do pintor Vicente do Rego Monteiro.[5]

Em 1938, se tornou diretor da Imprensa Oficial do Estado de Pernambuco, além de atuar como professor de Desenho no Ginásio Pernambucano. Também dirigiu a revista Renovação, de ideologia integralista e, portanto, apoiadora de Getúlio Vargas (1882-1954). Passou a se dedicar menos à pintura. Mas chegou a trabalhar na Escola de Belas Artes de Pernambuco. Ele faleceu em 5 de junho de 1970, em Recife.

Veja também: Vanguardas europeias — os movimentos artísticos que influenciaram o modernismo no Brasil

Quais são as 5 principais obras da Semana de Arte Moderna?

Selo reproduzindo a tela “O homem amarelo”, de Anita Malfatti, uma das artistas que participaram da Semana de Arte Moderna.
 O selo reproduz a tela O homem amarelo, de Anita Malfatti.[6]
  • O homem amarelo, da pintora Anita Malfatti: pintura que retrata um homem, por meio de uma perspectiva expressionista.

  • Cabeça de Cristo, do escultor Victor Brecheret: escultura que reproduz a cabeça de Jesus, de forma não convencional; ele possui trancinhas, uma testa proeminente e a boca aberta.

  • Retrato de Ronald de Carvalho, do pintor Vicente do Rego Monteiro: pintura marcada pela regularidade geométrica.

  • A sombra, da pintora Zina Aita: pintura pós-impressionista que retrata trabalhadores braçais em uma rua; chamam atenção as sombras reproduzidas em azul.

  • Os sapos, poema do escritor Manuel Bandeira (1886-1968): como o autor não pôde comparecer, Ronald de Carvalho leu o poema, debaixo de vaias da plateia, que parece não ter percebido a ironia desse poema que critica os poetas e artistas acadêmicos.

Leia, a seguir, o poema Os sapos:

Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
— “Meu pai foi à guerra!”
— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: — “Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.

O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.

Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas...”

Urra o sapo-boi:
— “Meu pai foi rei” — “Foi!”
— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”

Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
— “A grande arte é como
Lavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo.”

Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas:
— “Sei!” — “Não sabe!” — “Sabe!”

Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;

Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é

Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...

O que foi a Semana de Arte Moderna?

A Semana de Arte Moderna foi um evento artístico que ocorreu no ano de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. Nas noites de 13, 15 e 17 de fevereiro, ocorreram concertos, conferências, números de dança e declamação de poesia. O escritor Graça Aranha teve a função de iniciar o evento, no dia 13, com uma palestra.

Cartaz da Semana de Arte Moderna de 1922.
Cartaz da Semana de Arte Moderna de 1922.

Além disso, a Semana contou também com a exposição de pinturas e esculturas. As obras traziam uma nova perspectiva estética, contrária ao tradicionalismo da arte acadêmica. O público, no entanto, composto pela conservadora elite de São Paulo, não viu aquela nova arte com bons olhos. Assim, muitos artistas foram vaiados.

No entanto, nascia naquela semana o Modernismo brasileiro, um estilo que revolucionou a arte e a literatura do país. A partir desse movimento, os artistas passaram a ter maior liberdade de criação e experimentação. Com o tempo, a tradição voltou a ser respeitada, mas agora sempre haveria espaço para a inovação.

Créditos de imagem

[1] Kazys Vosylius / Biblioteca Nacional

[2] Arquivo Nacional / Wikimedia Commons

[3] Alesp

[4] Guia das Artes / Brasiliana Fotográfica

[5] Portal da Cultura Pernambucana — recortada

[6] neftali / Shutterstock

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Artistas que participaram da Semana de Arte Moderna"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/artistas-da-arte-moderna.htm. Acesso em 28 de março de 2024.

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