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Igreja Medieval

Igreja Medieval é a forma como é conhecida a Igreja Católica no período da Idade Média, uma das instituições mais poderosas e controladoras desse período.

Ilustração de uma mulher sendo queimada na fogueira por ter sido considerada herege, um aspeco marcante da Igreja Medieval.
Os julgamentos e punições do Tribunal da Santa Inquisição, como a morte na fogueira por praticar heresia, são aspectos marcantes da Igreja Medieval.
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Igreja Medieval é uma maneira de se referir à Igreja Católica durante o período da Idade Média. Durante esse período, a Igreja Católica foi uma das mais importantes instituições, acumulando grande poder espiritual, político e econômico, além de exercer grande papel na moral, na educação, na saúde e na assistência social.

Um dos aspectos mais marcantes da Igreja Medieval é a atuação do Tribunal do Santo Ofício (ou Tribunal da Santa Inquisição), que julgava e punia as pessoas que praticavam heresia. A partir do século XIV, a autoridade da Igreja Católica passou a ser questionada, e, no século XVI, a hegemonia católica acabou na Europa, quando novas Igrejas surgiram.

Leia também: Vaticano — o país que abriga a sede da Igreja Católica atualmente e que tem o papa como autoridade máxima

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Igreja Medieval

  • Igreja Medieval é uma maneira de se referir à Igreja Católica durante o período da Idade Média.

  • A Igreja Católica era a única autorizada a interpretar a Bíblia na Idade Média, dessa forma ela teve grande controle sobre a sociedade do período.

  • Durante a Idade Média grande riqueza foi acumulada pela Igreja Medieval, sendo mais rica que muitos reinos.

  • A Igreja Medieval teve importante papel na moral, na educação, na saúde e na assistência social.

  • Além dos papéis que tinha na sociedade, a Igreja Medieval exercia grande poder espiritual, econômico e político. Um exemplo disso são as Cruzadas.

  • No século XI, o papa convocou os cristãos europeus a iniciarem uma guerra contra os muçulmanos pelo controle da Terra Santa. Diversos reinos participaram das Cruzadas.

  • Um dos principais aspectos relacionados à Igreja Medieval é o Tribunal do Santo Ofício, conhecido também como Tribunal da Inquisição, instituição que julgava e punia as pessoas que praticavam heresias.

  • Durante a Idade Média, a morte na fogueira era a forma mais comum de cumprimento da pena de morte.

  • Diversas foram as consequências da Igreja Medieval, como o fortalecimento da Igreja Católica, que é uma das instituições mais poderosas do mundo atualmente, e o grande número de mortos nas Cruzadas e de execuções feitas pelo Tribunal da Santa Inquisição.

Contexto histórico da Igreja Medieval

A queda do Império Romano do Ocidente ocorreu no dia 4 de setembro de 476 d.C. e este é o marco do fim da Idade Antiga e início da Idade Média. Houve, de fato, um processo longo, marcado pela migração de diversos povos germânicos para regiões do Império Romano, modificando as estruturas econômicas, sociais e culturais da Europa Ocidental e iniciando a Idade Média.

É no período de transição da Antiguidade para o medieval que a hierarquia da Igreja Católica se organizou e passou a ter importante papel político. No Reino dos Francos, após a conversão de Clóvis, a Igreja passou a ter forte relação com o Estado, e parte do alto clero era escolhido pelo monarca.

O período medieval é marcado pelo feudalismo, modo de produção econômica em que os servos deviam uma série de impostos, taxas e obrigações para os seus senhores. Outro estamento do período medieval era a nobreza, composta pela família real e de outros nobres, como barões, marqueses, condes, entre outros. O clero, formado pelos membros da Igreja Católica, era outro estamento da sociedade medieval, tendo grande poder espiritual, político e econômico no período.

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O que foi a Igreja Medieval?

Igreja Medieval é a maneira como ficou conhecida a Igreja Católica Apostólica Românica no período medieval. O cristianismo, que tinha a Igreja Católica como seu rosto nessa época, era a única religião permitida na Europa Ocidental durante esse período.

A Igreja considera que Pedro, apóstolo de Cristo, teria sido o primeiro papa da instituição. Mas a hierarquia da Igreja Católica começou a ser definida no século IV, após Constantino se converter ao cristianismo e após a promulgação do Édito de Tessalônica, por meio do qual a Igreja Católica passou a ser a Igreja oficial do Império Romano, édito assinado pelo imperador Teodósio, no ano de 380.

Durante a Idade Média, os membros da Igreja Católica podiam ser classificados em membros do alto clero e do baixo clero. Os membros do alto clero eram provenientes de famílias nobres e ocupavam cargos como o de papa, cardeal e bispo. Estes viviam geralmente em palácios, castelos ou no Vaticano, distantes do povo. Já os membros do baixo clero eram provenientes das famílias pobres e eram padres ou diáconos, que viviam nas paróquias, próximos do povo.

Existiam ainda os membros do clero regular e os membros do clero secular. Os membros do clero regular faziam parte de alguma ordem religiosa, como a das carmelitas, dominicanos, beneditinos, franciscanos, entre outras, e viviam em mosteiros, onde além da atividade religiosa desenvolviam geralmente uma ou mais atividades econômicas. Já os membros do clero secular viviam junto à população e eram chamados de seculares por viverem na sociedade comum. Os membros do clero secular respondiam diretamente ao Vaticano, não respondendo a nenhuma ordem religiosa.

Importante: Apesar de o Estado do Vaticano ter sido criado apenas em 1929, com o Tratado de Latrão, desde o século IV existia na Colina do Vaticano uma basílica dedicada a São Pedro. A antiga Basílica de São Pedro foi construída no século IV por ordem do imperador romano Constantino no local em que se acredita que ocorreu o martírio e sepultamento de São Pedro, o apóstolo de Cristo considerado o primeiro papa da Igreja Católica. No século V, foi construído o primeiro palácio no local para hospedar o papa e outros membros da alta hierarquia da Igreja Católica. A atual Basílica de São Pedro foi construída por ordem do Papa Júlio II durante o Renascimento.

→ Arquitetura das catedrais medievais

Catedral em estilo românico e catedral em estilo gótico, os principais estilos utilizados nas catedrais da Igreja Medieval.
Catedral em estilo românico (à sua esquerda) e catedral em estilo gótico (à sua direita), ambas construídas pela Igreja Medieval.

Na Idade Média, dois estilos principais foram utilizados na construção das catedrais católicas na Europa, o estilo românico e o estilo gótico. Conheça um pouco sobre esses estilos a seguir:

  • Arquitetura românica: recebeu esse nome pela forte presença de elementos arquitetônicos da época dos antigos romanos, como o arco arredondado e baixo pé direito (distância do piso até o teto). Esse estilo arquitetônico geralmente possuía planta baixa em forma de retângulo, paredes grossas e baixa luminosidade interna.

  • Arquitetura gótica: recebeu esse nome pela influência dos godos, povo bárbaro que migrou para a Europa após a queda do Império Romano. As principais características desse estilo são os arcos em forma de ogiva, uma ou mais rosáceas na fachada, pé direito alto, presença de vitrais que iluminam o interior e planta baixa geralmente em forma de cruz.

Qual era o papel da Igreja Medieval?

A religiosidade era muito forte na Idade Média, e o cristianismo, por meio da Igreja Católica, era a única religião existente na Europa Ocidental. Isso fez com que a Igreja Medieval exercesse importantes papéis. Nesse sentido, o principal papel que a Igreja Medieval tinha era um papel moral, sendo a mediadora entre o divino e os seres humanos. Toda a vida cotidiana do mundo medieval girava em torno da Igreja, desde o nascimento da pessoa, quando era batizada, até a sua morte, quando recebia extrema-unção, e, dependendo das suas posses, missas poderiam ser realizadas em memória do falecido.

A Igreja Medieval também tinha importante papel na educação. Ela manteve diversas instituições de ensino durante a Idade Média, e boa parte dos professores do período eram membros do clero. Suas universidades e mosteiros possuíam a maior parte dos livros do período greco-romano.

Além disso, a Igreja Medieval tinha grande papel na saúde e na assistência social, possuindo diversos orfanatos, asilos, leprosários e diversas outras instituições que faziam caridade, além de manter a maior parte dos hospitais do período e universidades, onde pesquisas eram realizadas.

Poder da Igreja Medieval

O maior poder da Igreja Medieval era o espiritual, a maior parte das pessoas do período temiam mais os tormentos do inferno do que os tormentos da vida ou mesmo a própria morte. A Igreja Católica era considerada a única que podia interpretar a Bíblia, sendo considerada, dessa forma, a própria a representante de Deus na Terra. Mesmo os reis se submetiam à autoridade do papa e da Igreja.

Outro grande poder da Igreja Medieval era o econômico. A Igreja Católica era responsável por recolher e administrar o dízimo, imposto que correspondia a 10% dos rendimentos de pessoas e instituições. Em diversos lugares da Europa o próprio reino pagava o dízimo para a Igreja. A Igreja Católica também possuía muitos terrenos e propriedades, como castelos e cidadelas. Estas eram doadas à Igreja, deixadas como herança em testamento ou adquiridas através da compra.

Gravura mostrando soldados nas Cruzadas, as quais evidenciam o poder e a influência da Igreja Medieval.
As Cruzadas evidenciam o poder e a influência da Igreja Medieval.

A Igreja Medieval também tinha grande poder político, muitas vezes maior do que dos reis do período. Em 27 de novembro de 1095, por exemplo, o Papa Urbano II convocou os cristãos para que começassem uma cruzada contra os muçulmanos com o objetivo de tomar a Terra Santa. O chamado da Igreja Católica iniciou um período de dois séculos de guerras contra os muçulmanos conhecido como Cruzadas. Diversos reinos da Europa participaram das Cruzadas, assim como milhares de pessoas que buscavam o perdão para seus pecados ao lutarem por Jerusalém. O fato mostra o poder e a influência do papa e da Igreja Católica no período.

Heresias e a Inquisição na Igreja Medieval

A palavra inquisição deriva da antiga palavra latina “inquisitio”, que era nome dado aos julgamentos na época do Império Romano. Antes do século XIII a Igreja Católica punia os hereges com penitências, multas, perda das posses e muito raramente com execuções. Qualquer prática que questionasse ou fosse contra a doutrina da Igreja Católica era considerada uma heresia.

Por sua vez, o Tribunal do Santo Ofício (ou Tribunal da Santa Inquisição) foi criado formalmente pela Igreja Católica em 1233, pelo Papa Gregório IX, e tinha por objetivo julgar e punir as pessoas que praticavam heresia. Durante o período de existência do Tribunal do Santo Ofício, diversos grupos foram perseguidos por serem considerados hereges, como judeus, muçulmanos, cátaros, valdenses, entre outros.

Os julgamentos da Inquisição na Idade Média eram marcados pela violência, sendo que o réu sofria diversas torturas por aproximadamente 15 minutos. Nos tribunais eclesiásticos não era permitido o derramamento de sangue durante o julgamento. Quando o herege era condenado à morte, a fogueira foi a forma mais comum de cumprimento da pena.

Por trás dos julgamentos também existiam interesses econômicos. Muitas vezes a pena imposta ao réu era a perda de suas posses, que passavam automaticamente para a Igreja Católica. Outras vezes atuava de forma política, como a perseguição ao valdenses que eram considerados uma ameaça à autoridade da Igreja por não reconhecerem o papa.

Acesse também: Quais práticas eram consideradas heresias pela Igreja Medieval?

Consequências da Igreja Medieval

A primeira grande consequência da Igreja Medieval foi o seu grande fortalecimento. Durante a Idade Média a Igreja Católica se tornou a instituição mais poderosa do mundo, tendo grande poder político e econômico. Mesmo perdendo seu monopólio após a Reforma Protestante, durante o período moderno, a Igreja Católica continuou sendo uma das maiores e mais ricas instituições do mundo, mantendo esse status até hoje.

Incentivadas pela Igreja Medieval, as Cruzadas deixaram grandes consequências para a Europa. Como em quase todos os conflitos, os números de mortos nas Cruzadas variam, mas giram na casa dos milhões. Outra consequência das Cruzadas foi o enfraquecimento dos senhores feudais e o fortalecimento da burguesia e do poder real. O comércio entre o Oriente e o Ocidente floresceu após as Cruzadas, assim como o intercâmbio cultural entre árabes e europeus.

As execuções realizadas pelo Tribunal da Santa Inquisição também são uma das consequências da Igreja Medieval. O número dos executados pelo Tribunal da Santa Inquisição também varia muito, mas a maioria dos historiadores apontam entre 30 mil e 300 mil, com alguns deles falando em milhões. Vale lembrar que durante o período da Inquisição existiram outros tribunais não eclesiásticos e que também julgaram pessoas consideradas hereges. No ano 2000, o Papa João Paulo II reconheceu os crimes cometidos pela Igreja Católica durante o período do Tribunal da Santa Inquisição, pedindo perdão em nome da Igreja.

Fim da hegemonia da Igreja Medieval

A autoridade da Igreja Medieval passou a ser questionada no século XIV, ainda na Idade Média. Isto porque o século XIV foi um século marcado por uma grave crise econômica, política e pela Peste Negra, que matou um terço dos europeus. Mas foi no início do século XVI, já na Idade Moderna, quando Martinho Lutero divulgou suas 95 teses, que a hegemonia da Igreja Católica começou a ruir. Lutero deu início à Reforma Protestante, fenômeno que se espalhou para diversos países, como Alemanha, Holanda, Inglaterra, Noruega, Suécia, Suíça e diversos outros.

Como resposta à reforma, a Igreja Católica fez sua própria reforma, a Contrarreforma, modificando seus cultos, fortalecendo o Tribunal do Santo Ofício e criando a Companhia de Jesus. Estes últimos tinham como principal objetivo levar o catolicismo para as regiões recém-descobertas, como a América, África e Ásia.

Importante: Apesar da Reforma Protestante e das inúmeras críticas, a Igreja Católica continua como uma das principais Igrejas do mundo. Atualmente cerca de 1 bilhão de pessoas são católicas em todo o planeta. Ainda hoje a Igreja Católica é uma das instituições mais ricas do mundo, sendo uma das maiores proprietárias de terra.

Fontes

GOFF, Jaques Le. O Deus da Idade Média. Editora Record, São Paulo, 2006.

GOFF, Jaques Le. Em busca da Idade Média. Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2016.

Escritor do artigo
Escrito por: Jair Messias Ferreira Junior Pós-graduado em História pela Unicamp e professor da Educação Básica há mais de 20 anos. Também é formador de professores e produtor de materiais didáticos há mais de 10 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

JUNIOR, Jair Messias Ferreira. "Igreja Medieval"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/igreja-medieval.htm. Acesso em 27 de abril de 2024.

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