Notificações
Você não tem notificações no momento.
Novo canal do Brasil Escola no
WhatsApp!
Siga agora!
Whatsapp icon Whatsapp
Copy icon

Noite das Garrafadas

Noite das Garrafadas foi uma revolta ocorrida no Rio de Janeiro, em 1831, entre portugueses apoiadores de Dom Pedro I e brasileiros que faziam oposição ao imperador.

Dom Pedro I, primeiro imperador brasileiro, foi alvo de protestos como a Noite das Garradas, em 1831.
Dom Pedro I, primeiro imperador brasileiro, foi alvo de protestos como a Noite das Garradas, em 1831.
Imprimir
Texto:
A+
A-
Ouça o texto abaixo!

PUBLICIDADE

A Noite das Garrafadas foi uma revolta que aconteceu no Rio de Janeiro, em 1831, envolvendo portugueses partidários do imperador Dom Pedro I e brasileiros que lhe faziam oposição. Recebeu esse nome devido ao fato de que foram utilizadas garrafas pelos revoltosos. Essa revolta marcou a crise do Primeiro Reinado e o acirramento entre os dois grupos revoltosos.

Os brasileiros eram contrários ao autoritarismo do imperador enquanto os portugueses o defendiam. A consequência da Noite das Garrafadas foi a abdicação de Dom Pedro do trono brasileiro, em 7 de abril de 1831.

Veja também: O que foi o Dia do Fico?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre a Noite das Garrafadas

  • Foi uma revolta ocorrida em 1831, no Rio de Janeiro, entre portugueses que apoiavam o imperador Dom Pedro I e brasileiros que lhe faziam oposição.

  • Sua causa foi a impopularidade e o modo autoritário de governar de Dom Pedro em contraste ao apoio português, que esperava a recolonização do Brasil.

  • Seu nome se refere aos meios utilizados pelos revoltosos, que atiraram garrafas, paus e objetos de vidros em seus oponentes.

  • Sua consequência foi o aumento da insatisfação dos brasileiros com Dom Pedro I e o aprofundamento da crise que o levou a abdicar do trono pouco tempo depois.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Causas da Noite das Garrafadas

Logo após a independência do Brasil, em 1822, Dom Pedro I se tornou imperador do Brasil com apoio dos brasileiros, que aguardavam, além da separação política com Portugal, a formação de uma nova nação independente. Porém, com o passar dos anos, Dom Pedro I se tornou um imperador autoritário, não tolerando divergência e usando de meios violentos para conter as ações oposicionistas ao seu governo.

Um dos principais exemplos dessa forma autoritária de governar do imperador foi o fechamento da Assembleia Constituinte de 1823, convocada para elaborar a primeira Constituição do Brasil. Dom Pedro I ordenou o fechamento da assembleia quando os constituintes decidiram incluir na Carta limites aos poderes imperiais.

No ano seguinte, Dom Pedro outorgou, ou seja, impôs uma Constituição que, entre outras medidas, garantia-lhe maiores poderes com a criação do Poder Moderador, exercido somente pelo imperador. Essa forma autoritária causou reações como a Confederação do Equador, revolta que aconteceu na província de Pernambuco, em 1824, e defendia regime republicano no Brasil.

A Guerra da Cisplatina, em 1825, foi outro fato que arruinou a popularidade de Dom Pedro. O aumento das despesas com gastos militares fez com que o império elevasse a cobrança dos impostos, e a crise econômica em que muitas províncias viviam à época provocou reações contra o imperador. A derrota brasileira na Guerra da Cisplatina e a perda da província da Cisplatina, que se transformou na República Oriental do Uruguai, mostraram a inabilidade de Dom Pedro no comando do Brasil.

Mesmo livre da dependência política de Portugal, o Brasil enfrentava a interferência portuguesa nos campos político e econômico. Os antigos colonos tinham força política e se fortaleceram quando Dom Pedro I se aproximou deles oferecendo cargos no império. Isso desagradou aos brasileiros, pois viram nesse gesto uma possível recolonização e o desprestígio brasileiro perante o governo.

Além dessa disputa pelo poder, brasileiros e portugueses conflitavam no âmbito econômico. Logo após a independência, os brasileiros queriam expulsar os portugueses que comandavam o comércio em território brasileiro.

A imprensa teve um papel importante no Primeiro Reinado, e em várias localidades do Brasil havia jornais e panfletos em circulação. Essas publicações foram utilizadas por críticos para atacar Dom Pedro I e divulgar os ideais que não eram aceitos pelo governo, como a república e as ideias defendidas por revoltosos.

Um desses jornalistas que atuavam na linha de frente contra o imperador foi Líbero Badaró. Em 20 de novembro de 1830, o jornalista Badaró foi assassinado e a causa da morte foi atribuída a Dom Pedro I. Isso gerou comoção no país e aumento da já crescente insatisfação com o imperador.

Saiba mais: Absolutismo — a teoria do poder absoluto do rei sobre toda a nação como forma de governo

Noite das Garrafadas

Em busca da recuperação da popularidade e do apoio brasileiro, Dom Pedro I saiu do Rio de Janeiro e seguiu para a cidade mineira de Ouro Preto. Ao chegar lá, o imperador foi recebido com hostilidade pelos moradores e políticos locais. Nas sacadas dos casarões históricos, foram colocadas faixas pretas representando luto em protesto contra as ações autoritárias do imperador.

Vista aérea da cidade de Ouro Preto, Minas Gerais.
Ao visitar a cidade mineira de Ouro Preto, Dom Pedro I foi recebido com hostilidade e faixas pretas nas sacadas dos casarões representando luto.[1]

Para compensar a visita hostil em Minas Gerais, os portugueses simpáticos ao imperador organizaram uma recepção calorosa no Rio de Janeiro para recebê-lo. Isso causou indignação entre os brasileiros contrários ao governo, e o confronto entre os dois grupos ocorreu na noite de 11 de março de 1831. A Noite das Garrafas tem esse nome numa referência aos objetos usados pelos revoltosos.

Entre paus, garrafas e outros objetos de vidro, brasileiros e portugueses se enfrentaram nas ruas do Rio de Janeiro por três dias. Ressalta-se que os brasileiros saíram vitoriosos do confronto contra os portugueses por estarem em maior quantidade, e assim houve a continuidade dos protestos a Dom Pedro.

Consequência da Noite das Garrafadas

Percebendo a gravidade da crise política, Dom Pedro I abdicou do trono brasileiro em 7 de abril de 1831, poucos anos após a declaração da independência, em favor do seu filho Pedro de Alcântara, que, na ocasião, tinha apenas cinco anos de idade.

Devido à pouca idade do príncipe herdeiro, o Brasil entrou no Período Regencial, no qual foi governado por regentes até o golpe da maioridade, que foi a antecipação da coroação de Dom Pedro II como o novo imperador do Brasil, cargo que ele passou a ocupar aos 13 anos e que deu início ao Segundo Reinado.

Exercícios resolvidos sobre a Noite das Garrafadas

Questão 1

(Enem) Após o retorno de uma viagem a Minas Gerais, onde Pedro I fora recebido com grande frieza, seus partidários prepararam uma série de manifestações a favor do imperador no Rio de Janeiro, armando fogueiras e luminárias na cidade. Contudo, na noite de 11 de março, tiveram início os conflitos que ficaram conhecidos como a Noite das Garrafadas, durante os quais os “brasileiros” apagavam as fogueiras “portuguesas” e atacavam as casas iluminadas, sendo respondidos com cacos de garrafas jogadas das janelas.

VAINFAS, R. (Org.). Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008 (adaptado).

Os anos finais do I Reinado (1822-1831) se caracterizaram pelo aumento da tensão política. Nesse sentido, a análise dos episódios descritos em Minas Gerais e no Rio de Janeiro revela

A) estímulos ao racismo.

B) apoio ao xenofobismo.

C) críticas ao federalismo.

D) repúdio ao republicanismo.

E) questionamentos ao autoritarismo.

Resolução:

Alternativa E

A forma autoritária com que Dom Pedro I governou o Brasil durante o Primeiro Reinado foi a principal causa da Noite das Garrafadas, em 1831.

Questão 2

(Mackenzie) “A cena de uma rua é, a um só tempo, a mesma de todo o quarteirão. Os pés de chumbo (portugueses) deixam que a cabralhada (brasileiros) se aproxime o mais possível. E inesperadamente, de todas as portas, chovem garrafas inteiras e aos pedaços sobre os invasores. O sangue espirra, testas, cabeças, canelas... Gritos, gemidos, uivos, guinchos.

É inverossímil.

E a raça toda, de cacete em punho, vai malhando... E os corpos a cair ensanguentados sobre os cacos navalhantes das garrafas.”

(Correia, V.,1933, p.42)

O episódio, descrito acima, relata o enfrentamento entre portugueses e brasileiros, em 13/03/1831, no Rio de Janeiro, conhecido como Noite das Garrafadas. Essa manifestação assemelhava-se às lutas liberais travadas na Europa, após as decisões tomadas pelo Congresso de Viena. A respeito dessa insatisfação popular, presente tanto na Europa, após 1815, quanto nos conflitos nacionais, durante o I Reinado, é correto afirmar que

A) D. Pedro II adota a mesma política praticada por monarcas europeus; quando, ao outorgar uma carta constitucional, contrariou os interesses, tanto da classe oligárquica, fiel ao trono, quanto das classes populares, as quais permaneceram sem direito ao voto.

B) O governo brasileiro também se utilizou de empréstimos com a Inglaterra, aumentando a dívida externa e fortalecendo a economia inglesa, a fim de sanar o déficit orçamentário e suprir os gastos militares em campanhas contra os levantes populares.

C) D. Pedro I, buscando recuperar sua popularidade, iniciou uma série de visitas às províncias revoltosas do país, adotando a mesma estratégia diplomática que alguns regentes europeus, nessa época, praticaram, sem, contudo, lograrem nenhum sucesso político.

D) As guerras travadas contra o exército napoleônico, na Europa, e o envolvimento do Brasil, na Guerra da Cisplatina, provocaram, em ambos os casos, a enorme insatisfação popular e revolta, diante do elevado número de combatentes mortos.

E) A retomada de políticas absolutistas, como o estabelecimento do Poder Moderador, no Brasil, dando plenos poderes a D. Pedro I e, na Europa, a dura repressão contra as ideias liberais, deflagradas pela Revolução Francesa, ocasionaram uma enorme insatisfação popular.

Resolução:

Alternativa E

A Constituição de 1824, imposta por Dom Pedro I, conferiu-lhe o Poder Moderador, que só poderia ser exercido pelo imperador, e mostrou que o Primeiro Reinado adotaria políticas absolutistas e não seria tolerante com ideais liberais.

Crédito de imagem

[1] Luis War / Shutterstock

 

Por Carlos César Higa
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Carlos César Higa Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

HIGA, Carlos César. "Noite das Garrafadas"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/a-noite-das-garrafadas.htm. Acesso em 02 de novembro de 2024.

De estudante para estudante