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Império Otomano

O Império Otomano foi um poderoso império que existiu entre o final do século XIII e o início do século XX. Estendeu-se sobre territórios de parte da Europa, Ásia e África.

Brasão do Império Otomano.
Brasão do Império Otomano.
Crédito da Imagem: Shutterstock
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O Império Otomano foi um vasto e poderoso império que existiu entre o final do século XIII e o início do século XX, abrangendo partes da Europa, Ásia e África, influenciando significativamente a política, economia, cultura e sociedade global durante mais de 600 anos. O termo “otomano” deriva do nome de Osman I, o fundador do império, e refere-se aos seus seguidores. Originado das tribos turcomanas na Anatólia, o império expandiu-se rapidamente, consolidando seu poder com a conquista de Constantinopla, em 1453.

Leia também: Império Bizantino — origem, reinados, características e declínio

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Império Otomano

  • O Império Otomano foi um vasto e poderoso império que abrangeu partes da Europa, da Ásia e da África.
  • Existiu entre o final do século XIII e o início do século XX, durando mais de 600 anos.
  • Osman I foi o fundador do império, e a palavra “otomano” deriva do seu nome.
  • O império surgiu das pequenas tribos turcomanas na Anatólia.
  • Seu auge ocorreu durante os séculos XVI e XVII.
  • Vários países modernos, como Bulgária, Sérvia, Turquia, Síria, Egito, Líbia e partes da Grécia, fizeram parte do império durante o seu auge.
  • A economia otomana era baseada na agricultura, no comércio e em tributações.
  • O islã era a religião oficial do império.
  • A sociedade otomana era composta por várias etnias e religiões, mas havia uma distinção clara entre muçulmanos e não muçulmanos.
  • O Império Otomano era uma monarquia absoluta.
  • A cultura otomana era uma fusão de elementos turcos, persas, árabes e bizantinos.
  • O declínio do império deu-se por perda de territórios, corrupção, má administração, pressão de potências europeias e movimentos nacionalistas internos.
  • O império acabou após a Primeira Guerra Mundial.
  • Em 1923, a República da Turquia foi proclamada, marcando o término do domínio imperial na região.

O que foi o Império Otomano?

O Império Otomano foi um dos maiores e mais duradouros impérios da história mundial, existindo entre o final do século XIII e o início do século XX. Ele se destacou por sua vasta extensão territorial, abrangendo partes da Europa, Ásia e África, e por sua influência significativa na política, economia, cultura e sociedade global durante mais de 600 anos.

O Império Otomano foi fundado pelos turcos otomanos e se expandiu rapidamente sob uma série de sultões dinâmicos e competentes. A capital do império, Constantinopla (atual Istambul), tornou-se um centro cultural e econômico vital. O império foi um ponto de encontro de diversas culturas, religiões e etnias, o que contribuiu para a sua riqueza e complexidade. Sua queda, em 1922, marcou o fim do domínio imperial na região e o surgimento da moderna República da Turquia.

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Contexto histórico do Império Otomano

→ O que significa o termo “otomano”?

O termo “otomano” deriva do nome Osman I, o fundador do império. Em árabe, ele é chamado de Uthman, e seus seguidores ficaram conhecidos como Osmânlılar, em turco, que se translitera para “otomanos”, em português. Osman I era um líder tribal turco que, no final do século XIII, estabeleceu um pequeno principado na Anatólia Ocidental, região que se tornaria o núcleo do futuro império.

→ Origem do Império Otomano

O Império Otomano teve suas origens nas pequenas tribos turcomanas que habitavam a Anatólia. No final do século XIII, sob a liderança de Osman I, essas tribos começaram a se expandir e a consolidar seu poder. A localização estratégica da Anatólia, entre a Europa e a Ásia, facilitou a expansão territorial e a integração de diversas culturas e povos.

A conquista de Constantinopla, em 1453, por Mehmed II, foi um marco significativo que estabeleceu o Império Otomano como uma potência dominante na região.

Veja também: Afinal, qual é a diferença entre árabes e muçulmanos?

Mapa do Império Otomano

O Império Otomano, no seu auge, durante os séculos XVI e XVII, estendia-se por três continentes:

  • Na Europa: incluía a região dos Bálcãs, partes da Grécia, Hungria, e estendia-se até a Áustria.
  • Na Ásia: cobria a Anatólia, a Mesopotâmia (atual Iraque), partes do Cáucaso e a Península Arábica.
  • Na África: incluía o Egito, a Líbia, a Tunísia e a Argélia. Esse vasto território foi governado com base na capital, Constantinopla, que se tornou um centro crucial para o comércio, cultura e política do império.
Mapa da extensão máxima do Império Otomano.
Mapa da extensão máxima do Império Otomano.[1]

Principais características do Império Otomano

→ Economia do Império Otomano

A economia otomana era diversificada e complexa, baseada principalmente na agricultura, no comércio e nas tributações. As rotas comerciais que atravessavam o império conectavam o Oriente e o Ocidente, facilitando o comércio de especiarias, seda, cerâmica e outros bens de luxo.

As cidades otomanas, como Istambul, Bursa e Edirne, tornaram-se centros comerciais importantes. O sistema econômico também era sustentado por um sistema de impostos eficaz e por terras distribuídas sob o sistema de timar, que concedia propriedades a oficiais militares e civis em troca de serviços.

Moeda otomana com a face de Mohamed II, o Conquistador.
Mohamed II em moeda do Império Otomano.

→ Religião do Império Otomano

O islã era a religião oficial do Império Otomano, e o sultão era o califa, o líder dos muçulmanos. No entanto, o império era notável por sua relativa tolerância religiosa, especialmente durante seus primeiros séculos. Cristãos e judeus eram considerados “povos do livro” e gozavam de certa autonomia religiosa e comunitária sob o sistema de millets, que permitia a esses grupos manterem suas próprias leis e costumes em troca de lealdade ao sultão e pagamento de impostos específicos.

→ Sociedade do Império Otomano

A sociedade otomana era hierárquica e composta por diversas etnias e religiões. A elite incluía a classe governante otomana, composta por burocratas, militares e a família real. Abaixo deles estavam os comerciantes, artesãos e agricultores. O sistema de millets permitia a coexistência de diferentes grupos étnicos e religiosos, com uma organização social que respeitava a diversidade dentro do império. No entanto, havia uma clara distinção entre muçulmanos e não muçulmanos, sendo os primeiros favorecidos em termos de direitos e oportunidades.

→ Política do Império Otomano

O Império Otomano era uma monarquia absoluta em que o sultão tinha poder supremo. Ele era auxiliado por um corpo de ministros e conselheiros, conhecido como Divã Imperial, que incluía o grão-vizir, o principal conselheiro e executivo. O sistema político otomano era altamente centralizado mas também utilizava a administração local para governar as vastas e diversas regiões do império. A lealdade ao sultão era mantida por meio de um eficiente sistema de patronato e recompensas.

→ Cultura do Império Otomano

A cultura otomana era uma fusão de elementos turcos, persas, árabes e bizantinos, refletindo a diversidade do império. A literatura otomana floresceu, com poetas e escritores produzindo obras em turco, persa e árabe. A música e a dança também eram importantes, com influências de várias regiões do império.

A Mesquita Azul, em Istambul, na Turquia, é uma magnífica construção do Império Otomano.
A Mesquita Azul, em Istambul, na Turquia, é uma magnífica construção do Império Otomano.

A arquitetura otomana é especialmente notável, com mesquitas, palácios e outros edifícios magníficos, como a Mesquita Azul e o Palácio de Topkapi, em Istambul.

→ Arte do Império Otomano

A arte otomana era rica e variada, incluindo cerâmica, têxteis, caligrafia e pintura de miniaturas. A cerâmica de Iznik, com seus desenhos intrincados e cores vibrantes, é um exemplo proeminente. A caligrafia era altamente valorizada, especialmente a caligrafia árabe, utilizada em documentos religiosos e governamentais. A arte de miniaturas, influenciada por tradições persas e bizantinas, retratava cenas da vida cotidiana, eventos históricos e contos literários.

→ Ciência e tecnologia do Império Otomano

O Império Otomano fez contribuições significativas para a ciência e a tecnologia, particularmente nos campos da medicina, astronomia e engenharia. Médicos otomanos, como Şerafeddin Sabuncuoğlu, fizeram avanços na cirurgia e na medicina geral.

A astronomia também era altamente desenvolvida, com observatórios em Istambul contribuindo para o conhecimento astronômico da época. A engenharia otomana é evidente em suas impressionantes obras de infraestrutura, como aquedutos, pontes e sistemas de irrigação.

Quais países faziam parte do Império Otomano?

O Império Otomano, em seu auge, abrangia territórios que hoje correspondem a vários países modernos.

  • Na Europa:
    • Bulgária;
    • Macedônia;
    • Sérvia;
    • Bósnia e Herzegovina;
    • Albânia;
    • Montenegro;
    • Romênia;
    • Hungria;
    • partes da Grécia.
  • Na Ásia:
    • Turquia;
    • Síria;
    • Líbano;
    • Israel;
    • Palestina;
    • Jordânia;
    • Iraque;
    • Kuwait;
    • Arábia Saudita;
    • Iêmen;
    • Omã;
    • partes dos Emirados Árabes Unidos.
  • Na África:
    • Egito;
    • Líbia;
    • Tunísia;
    • Argélia;
    • Sudão.

Batalhas do Império Otomano

O Império Otomano esteve envolvido em inúmeras batalhas e guerras durante sua existência, tanto em sua expansão quanto na defesa de seus territórios. Algumas das batalhas mais notáveis foram:

  • Batalha de Nicópolis (1396): uma vitória significativa sobre uma coalizão europeia que consolidou o controle otomano sobre os Bálcãs.
  • Conquista de Constantinopla (1453): uma das vitórias mais importantes, liderada por Mehmed II, que marcou o fim do Império Bizantino e a transformação de Constantinopla na capital otomana.
  • Batalha de Chaldiran (1514): uma vitória crucial sobre o Império Safávida, que garantiu o controle otomano sobre a Anatólia Oriental.
  • Cerco de Viena (1529): uma tentativa fracassada de capturar Viena que marcou o limite da expansão otomana na Europa Central.
  • Batalha de Lepanto (1571): uma derrota naval significativa contra uma coalizão cristã que, no entanto, não resultou em perda substancial de territórios.
  • Batalha de Viena (1683): outra tentativa fracassada de capturar Viena, marcou o início do declínio territorial otomano.

Como foi o declínio do Império Otomano

O declínio do Império Otomano foi um processo gradual que se estendeu por vários séculos. Diversos fatores contribuíram para esse declínio. Ao longo dos séculos XVII e XVIII, o império começou a perder territórios para potências europeias emergentes, como a Áustria, a Rússia e a França.

Problemas como corrupção, má administração e falta de reformas significativas enfraqueceram a estrutura interna do império. Movimentos nacionalistas nas províncias balcânicas e árabes enfraqueceram o controle central. Guerras frequentes com a Rússia, a Áustria e outras potências europeias exauriram os recursos otomanos.

Outro fator importante foi a incapacidade de modernizar as forças armadas e a administração pública, o que deixou o império em desvantagem frente às potências europeias industrializadas.

Fim do Império Otomano

Bandeira do Império Otomano, semelhante à bandeira da atual Turquia.
Bandeira do Império Otomano, semelhante à bandeira da atual Turquia.

O fim do Império Otomano foi formalmente selado após a Primeira Guerra Mundial. O império entrou na guerra ao lado das Potências Centrais (Alemanha e Áustria-Hungria), e sua derrota resultou na ocupação de grande parte de seu território pelos Aliados. O Tratado de Sèvres, assinado em 1920, desmantelou oficialmente o império, dividindo seus territórios entre as potências vencedoras.

A resistência turca, liderada por Mustafa Kemal Atatürk, resultou na Guerra de Independência Turca e na abolição do sultanato, em 1922. No ano seguinte, a República da Turquia foi proclamada, marcando o fim definitivo do Império Otomano e o início de uma nova era na região.

Saiba mais: Guerra dos Bálcãs — disputa pela posse dos territórios remanescentes do Império Otomano

Exercícios resolvidos sobre Império Otomano

1. A tolerância relativa do império às diversas culturas e religiões foi um dos fatores que contribuíram para a sua longevidade e estabilidade. Como o sistema de millets contribuiu para a estabilidade e a longevidade do Império Otomano?

A) Facilitando a conversão forçada das minorias ao islã, consolidando a unidade religiosa do império.

B) Promovendo a integração completa das minorias na sociedade otomana, eliminando diferenças culturais e religiosas.

C) Permitindo que diferentes grupos étnicos e religiosos mantivessem suas próprias leis e costumes, em troca de lealdade e impostos.

D) Estabelecendo um governo democrático em que todas as etnias e religiões tinham representação igualitária.

E) Criando um sistema de castas rígido que segregava as diversas etnias e religiões, prevenindo conflitos internos.

Resposta: C

O sistema de millets foi crucial para a estabilidade do Império Otomano porque permitia que diferentes grupos étnicos e religiosos mantivessem suas próprias leis e costumes, promovendo uma convivência pacífica e a lealdade ao sultão. Esse sistema ajudou a evitar revoltas e conflitos internos, contribuindo para a longevidade do império.

2. Durante séculos, o Império Otomano foi uma potência militar, cultural e econômica significativa. A conquista de Constantinopla, em 1453, marcou um ponto de virada, transformando-a na capital do império e num centro importante de comércio e cultura. Quais foram alguns dos principais fatores que contribuíram para o declínio do Império Otomano a partir do século XVII?

A) A conquista de Constantinopla, o que isolou o império de suas rotas comerciais.

B) A falta de liderança militar capaz de manter o controle sobre os territórios conquistados.

C) A combinação de corrupção interna, má administração, pressão externa de potências europeias e movimentos nacionalistas.

D) A superação tecnológica de seus vizinhos asiáticos, que dominaram as rotas comerciais marítimas.

E) A epidemia de peste bubônica, que dizimou a população e enfraqueceu a economia do império.

Resposta: C

O declínio do Império Otomano foi resultado de uma série de fatores interligados. A corrupção e a má administração enfraqueceram a estrutura interna do império, enquanto a pressão externa de potências europeias e os movimentos nacionalistas internos desafiaram seu controle territorial. Esses fatores, combinados, contribuíram para a gradual desintegração do império.

Crédito da imagem

[1] Wikimedia Commons

Fontes

QUATAERT, J. O Império Otomano: das Origens ao Século XX. Edições 70: 2008.

TÜRKÇELIK, E. El Imperio Otomano y la política de alianzas: las relaciones francootomanas en el tránsito del siglo XVI al XVII. Hispania, [S. l.], v. 75, n. 249, p. 39–68, 2015. DOI: 10.3989/hispania.2015.002. Disponível em: https://hispania.revistas.csic.es/index.php/hispania/article/view/447.

Escritor do artigo
Escrito por: Tiago Soares Campos Bacharel, licenciado e doutorando em História pela USP. Bacharel em Direito e pós-graduado em Direito pela PUC. É professor de História e autor de materiais didáticos há mais de 15 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

CAMPOS, Tiago Soares. "Império Otomano"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historia/imperio-turco-otomano.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

O Império Otomano é reconhecido como o maior império muçulmano da história, tendo surgido no final do século XIII e acabado na primeira metade do século XX. Os otomanos ficaram historicamente muito conhecidos por terem realizado, no século XV, a conquista de uma importante cidade fundada pelos romanos. Estamos nos referindo a:

a) Éfeso

b) Alexandria

c) Roma

d) Cápua

e) Constantinopla

Exercício 2

O Império Otomano teve participação destacada na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) atuando como aliado dos alemães. Durante os anos desse conflito, os otomanos ficaram historicamente marcados por conduzirem um genocídio de uma minoria que habitava seu território. Esse genocídio foi realizado contra:

a) palestinos

b) armênios

c) curdos

d) drusos

e) pachtuns

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