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A Revolução Iraniana de 1979 foi um marco histórico que derrubou a monarquia do xá Reza Pahlavi e instaurou uma república islâmica liderada pelo aiatolá Khomeini, resultando em um governo teocrático. O contexto que precedeu a revolução incluiu décadas de repressão política, intervenções estrangeiras e uma ocidentalização imposta que gerou descontentamento popular. A queda do xá ocorreu após intensos protestos e greves, forçando sua fuga e abrindo espaço para a liderança de Khomeini.
As causas do movimento revolucionário envolveram a insatisfação com a repressão política, as desigualdades sociais e a crescente influência ocidental, somadas à oposição religiosa do clero xiita. Antes da revolução, o Irã era um país autocrático, com uma modernização que alienava setores mais tradicionais da sociedade.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a Revolução Iraniana
- 2 - O que foi a Revolução Iraniana?
- 3 - Contexto histórico da Revolução Iraniana
- 4 - Queda do xá da Pérsia
- 5 - Causas da Revolução Iraniana
- 6 - Como era o Irã antes da Revolução Iraniana?
- 7 - Como ocorreu a Revolução Iraniana?
- 8 - Consequências da Revolução Iraniana
- 9 - O que é aiatolá?
- 10 - Irã na atualidade
- 11 - Exercícios resolvidos sobre a Revolução Iraniana
Resumo sobre a Revolução Iraniana
- A Revolução Iraniana de 1979 derrubou a monarquia do xá Reza Pahlavi e instaurou a república islâmica sob a liderança do aiatolá Khomeini, marcando a transição para um governo teocrático.
- O contexto histórico da Revolução Iraniana incluiu décadas de repressão política, intervenção estrangeira e ocidentalização forçada, que culminaram em descontentamento popular e movimentos de oposição ao regime do xá.
- A queda do xá da Pérsia ocorreu em 1979, após anos de insatisfação popular, intensificados por protestos e greves, levando Reza Pahlavi a fugir do país e deixando o caminho aberto para a liderança de Khomeini.
- As causas da Revolução Iraniana incluíram a repressão política, as desigualdades sociais, a influência ocidental no regime do xá e a oposição religiosa liderada pelo clero xiita, insatisfeito com a modernização ocidentalizante do país.
- Antes da Revolução Iraniana, o Irã era governado por uma monarquia autocrática sob o xá Reza Pahlavi, com um forte processo de modernização e ocidentalização que alienou os setores mais tradicionais e religiosos da sociedade.
- A Revolução Iraniana ocorreu por meio de greves e protestos que paralisaram o país em 1978 e 1979.
- Suas consequências foram a criação de uma teocracia islâmica, o rompimento das relações diplomáticas com o Ocidente, a influência sobre movimentos islâmicos globais e a crise dos reféns americanos em 1979.
- Na atualidade, o Irã é uma república islâmica governada pelo clero xiita, enfrentando sanções econômicas e tensões internas, mas mantendo forte influência no Oriente Médio.
O que foi a Revolução Iraniana?
A Revolução Iraniana, ocorrida em 1979, foi um marco histórico que derrubou a monarquia do xá Reza Pahlavi e estabeleceu a República Islâmica do Irã, sob a liderança do aiatolá Ruhollah Khomeini. Esse evento resultou de uma série de protestos massivos, greves e mobilizações populares que reuniram diferentes setores da sociedade iraniana, como estudantes, religiosos e trabalhadores, que estavam insatisfeitos com o regime autocrático e pró-Ocidente do xá.
A revolução é frequentemente vista como uma revolução islâmica, pois resultou na implementação de um sistema de governo teocrático, baseado na interpretação xiita do Islã.
Contexto histórico da Revolução Iraniana
O Irã, no início do século XX, era um país marcado por sucessivos golpes de Estado, intervenção estrangeira e tentativas de modernização autoritária. Reza Pahlavi, pai do xá deposto, subiu ao poder em 1925 e iniciou um processo de modernização inspirado em países ocidentais, o que incluiu reformas educacionais, econômicas e sociais. No entanto, essa modernização foi acompanhada de repressão política e centralização do poder.
Após a Segunda Guerra Mundial, o Irã tornou-se um ponto de interesse estratégico para os Estados Unidos e a União Soviética. A nacionalização do petróleo iraniano, em 1951, sob o governo de Mohammad Mossadegh, levou a uma intervenção direta dos EUA e Reino Unido, resultando no golpe que restaurou o poder do xá Reza Pahlavi em 1953.
O regime do xá foi cada vez mais autocrático e dependente do apoio ocidental, o que gerou forte resistência de setores religiosos e nacionalistas. A Revolução Iraniana, nesse sentido, foi uma resposta ao descontentamento com as décadas de repressão política, desigualdade social e intervenção estrangeira.
Queda do xá da Pérsia
A queda do xá Reza Pahlavi foi o ponto culminante de anos de crescente insatisfação popular. Durante os anos 1970, o regime se tornou cada vez mais repressivo, utilizando a Savak, a polícia secreta, para perseguir opositores e silenciar dissidentes. Ao mesmo tempo, o país passou por um rápido processo de ocidentalização, impulsionado pela renda petrolífera, mas que acentuou as desigualdades sociais e culturais.
Em 1978, grandes protestos eclodiram em várias cidades iranianas, com diferentes grupos sociais exigindo mudanças. A economia estava em crise, o desemprego aumentava, e a classe média urbana, que inicialmente apoiou o xá, se voltou contra ele. Os religiosos, liderados por Khomeini, desempenharam um papel central, fornecendo uma ideologia unificadora para o movimento. Em janeiro de 1979, o xá fugiu do Irã, e, em fevereiro, Khomeini retornou do exílio na França, assumindo o controle do país.
Causas da Revolução Iraniana
A Revolução Iraniana foi causada por uma combinação de fatores políticos, econômicos, sociais e religiosos. Um dos principais fatores foi a repressão política exercida pelo regime do xá, que suprimiu a oposição e impediu a liberdade de expressão e de organização. Além disso, as desigualdades sociais e a concentração de riqueza nas mãos de uma elite próxima ao regime também geraram descontentamento.
Outro fator foi a crescente ocidentalização do Irã, que alienou grande parte da população, especialmente o clero xiita e os setores mais tradicionais da sociedade, que viam as reformas do xá como uma ameaça aos valores islâmicos. O clero, liderado por Khomeini, também se opôs ao apoio dos Estados Unidos ao regime do xá, o que reforçou o sentimento anti-imperialista e antiocidental entre a população.
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Como era o Irã antes da Revolução Iraniana?
Antes da Revolução Iraniana, o Irã era governado por uma monarquia sob o xá Reza Pahlavi. O regime buscava modernizar o país por meio de reformas ocidentalizantes, promovendo a industrialização, a educação e a secularização. No entanto, esse processo de modernização foi acompanhado por uma forte repressão política. O xá utilizou a Savak para controlar a oposição, e a liberdade de expressão e de organização política era severamente limitada.
Culturalmente, o país também estava dividido. Nas grandes cidades, especialmente em Teerã, houve uma rápida ocidentalização dos costumes, enquanto, nas áreas rurais e entre os setores mais tradicionais da sociedade, o islã continuava a ser uma força central. Esse choque entre a modernidade imposta pelo Estado e os valores religiosos e culturais tradicionais foi uma das raízes do descontentamento que culminaria na revolução.
Como ocorreu a Revolução Iraniana?
A Revolução Iraniana ocorreu ao longo de 1978 e 1979, com uma série de protestos e greves massivas que paralisaram o país. O movimento ganhou força ao longo de 1978, quando, em setembro, ocorreu o que ficou conhecido como a Sexta-Feira Negra, em que as forças de segurança do regime abriram fogo contra manifestantes em Teerã, matando dezenas de pessoas. Esse evento aumentou a resistência contra o regime.
Durante esse período, os religiosos, liderados por Khomeini, conseguiram mobilizar grande parte da população, especialmente os setores mais pobres e a classe média urbana, em torno de uma ideologia islâmica e antiocidental.
Em janeiro de 1979, o xá deixou o país, e Khomeini retornou triunfalmente ao Irã em fevereiro. No final de 1979, foi proclamada a República Islâmica do Irã, e uma nova Constituição foi adotada, estabelecendo o governo teocrático sob a liderança dos aiatolás.
Consequências da Revolução Iraniana
A Revolução Iraniana teve profundas consequências para o Irã e para a política internacional. Internamente, a revolução levou à criação de uma teocracia islâmica, na qual o clero xiita detém o poder político e religioso. O novo regime eliminou a influência ocidental, especialmente dos Estados Unidos, e estabeleceu um sistema de governo baseado na interpretação xiita da lei islâmica (Sharia).
No plano internacional, o Irã passou a ser visto como uma ameaça por muitos países ocidentais, especialmente pelos Estados Unidos, que perderam um importante aliado estratégico na região. A revolução também influenciou movimentos islâmicos em todo o mundo, sendo vista como um exemplo de que uma revolução islâmica era possível.
Além disso, a revolução levou ao rompimento das relações diplomáticas com muitos países ocidentais, especialmente após a crise dos reféns americanos em 1979, quando estudantes iranianos tomaram a embaixada dos EUA em Teerã e mantiveram 52 diplomatas como reféns por 444 dias.
O que é aiatolá?
Aiatolá é um título honorífico dado a clérigos xiitas de alto nível dentro do islamismo. No Irã, o título é conferido a estudiosos e líderes religiosos que alcançam um grau elevado de conhecimento na jurisprudência islâmica e na teologia xiita. Os aiatolás desempenham um papel fundamental no sistema de governo do Irã desde a Revolução de 1979, sendo o líder supremo do país.
Irã na atualidade
Na atualidade, o Irã continua a ser uma república islâmica governada pelo clero xiita, com o aiatolá Ali Khamenei exercendo o cargo de líder supremo desde 1989. O país tem uma estrutura política complexa, que combina elementos democráticos, como eleições para o Parlamento (Majlis), com um sistema teocrático, em que o líder supremo e o Conselho dos Guardiões detêm poderes significativos.
O Irã tem enfrentado sanções econômicas severas devido ao seu programa nuclear, o que tem impactado negativamente sua economia. No entanto, o país mantém uma posição estratégica no Oriente Médio, influenciando diretamente a política da região, especialmente em países como o Iraque, o Líbano e a Síria, por meio de grupos e milícias apoiadas por Teerã.
O país também enfrenta tensões internas, com protestos esporádicos contra a repressão política e as condições econômicas. Movimentos feministas e estudantis têm desafiado o regime, especialmente no que diz respeito aos direitos das mulheres e à liberdade de expressão, mas o governo continua a responder com repressão.
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Exercícios resolvidos sobre a Revolução Iraniana
1. A Revolução Iraniana de 1979 marcou uma transformação significativa na estrutura política e social do Irã. Ela pode ser compreendida como resultado da confluência de vários fatores, entre eles:
A) o apoio irrestrito da população à modernização ocidental promovida pelo xá, que fortaleceu o regime monárquico no Irã.
B) a revolta das elites empresariais e industriais, que se opuseram ao aiatolá Khomeini por conta de suas políticas contra a modernização do país.
C) o descontentamento popular com a ocidentalização forçada, a repressão política e o abandono dos valores islâmicos, além do impacto das desigualdades sociais.
D) a intervenção militar soviética no Irã que depôs o regime do xá e facilitou o retorno de Khomeini do exílio.
E) o fortalecimento dos laços entre o Irã e países ocidentais após a revolução, com foco no alinhamento aos valores do mercado capitalista.
Resposta: C
A Revolução Iraniana foi impulsionada pelo descontentamento popular com a política de ocidentalização forçada promovida pelo xá, pela repressão política do regime e pelo abandono dos valores islâmicos, em um contexto de acentuada desigualdade social. O clero xiita, liderado por Khomeini, capitalizou esse descontentamento, culminando na queda do xá e no estabelecimento de uma república islâmica teocrática.
2. Após a Revolução Iraniana de 1979, o novo regime liderado pelo aiatolá Ruhollah Khomeini implementou mudanças profundas no sistema de governo do país. Quais foram as principais consequências da Revolução Iraniana de 1979 para o Irã e sua posição internacional?
A) O fortalecimento das relações diplomáticas e comerciais entre o Irã e os países ocidentais, especialmente os Estados Unidos, após a revolução.
B) A criação de uma teocracia islâmica no Irã, a intensificação da influência do clero xiita sobre a política, e o rompimento com potências ocidentais, como os Estados Unidos.
C) A retomada do regime monárquico pouco depois da revolução, devido à instabilidade econômica causada pela ausência de apoio popular ao governo de Khomeini.
D) A adoção de um sistema democrático secular no Irã, com o clero ocupando apenas um papel consultivo em questões religiosas.
E) A abertura da economia iraniana ao mercado global e a rápida recuperação econômica devido à restauração das relações com o Ocidente.
Resposta: B
A Revolução Iraniana resultou na criação de uma teocracia islâmica no país, sob a liderança do aiatolá Khomeini, na qual o clero xiita assumiu o controle das instituições políticas. Além disso, houve um rompimento significativo com potências ocidentais, especialmente com os Estados Unidos, gerando crises diplomáticas e sanções econômicas que afetam o Irã até os dias atuais.
Fontes
COGGIOLA, Osvaldo. A Revolução Iraniana. 1. ed. São Paulo: Editora Unesp, 2008. (Revoluções do século XX).
ADGHIRNI, Samy. Os iranianos. São Paulo: Contexto, 2014. 224 p.