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Revolução Iraniana

A Revolução Iraniana de 1979 foi um marco histórico que derrubou a monarquia do xá Reza Pahlavi e instaurou uma república islâmica liderada pelo aiatolá Khomeini.

Manifestações contra o governo de Reza Pahlavi, no Irã, no contexto que antecedeu a Revolução Iraniana de 1979.
Manifestações contra o governo de Reza Pahlavi, no Irã, no contexto que antecedeu a Revolução Iraniana de 1979.
Crédito da Imagem: Commons
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A Revolução Iraniana de 1979 foi um marco histórico que derrubou a monarquia do xá Reza Pahlavi e instaurou uma república islâmica liderada pelo aiatolá Khomeini, resultando em um governo teocrático. O contexto que precedeu a revolução incluiu décadas de repressão política, intervenções estrangeiras e uma ocidentalização imposta que gerou descontentamento popular. A queda do xá ocorreu após intensos protestos e greves, forçando sua fuga e abrindo espaço para a liderança de Khomeini.

As causas do movimento revolucionário envolveram a insatisfação com a repressão política, as desigualdades sociais e a crescente influência ocidental, somadas à oposição religiosa do clero xiita. Antes da revolução, o Irã era um país autocrático, com uma modernização que alienava setores mais tradicionais da sociedade.

Leia também: Diferenças entre sunitas e xiitas

Tópicos deste artigo

Resumo sobre a Revolução Iraniana

  • A Revolução Iraniana de 1979 derrubou a monarquia do xá Reza Pahlavi e instaurou a república islâmica sob a liderança do aiatolá Khomeini, marcando a transição para um governo teocrático.
  • O contexto histórico da Revolução Iraniana incluiu décadas de repressão política, intervenção estrangeira e ocidentalização forçada, que culminaram em descontentamento popular e movimentos de oposição ao regime do xá.
  • A queda do xá da Pérsia ocorreu em 1979, após anos de insatisfação popular, intensificados por protestos e greves, levando Reza Pahlavi a fugir do país e deixando o caminho aberto para a liderança de Khomeini.
  • As causas da Revolução Iraniana incluíram a repressão política, as desigualdades sociais, a influência ocidental no regime do xá e a oposição religiosa liderada pelo clero xiita, insatisfeito com a modernização ocidentalizante do país.
  • Antes da Revolução Iraniana, o Irã era governado por uma monarquia autocrática sob o xá Reza Pahlavi, com um forte processo de modernização e ocidentalização que alienou os setores mais tradicionais e religiosos da sociedade.
  • A Revolução Iraniana ocorreu por meio de greves e protestos que paralisaram o país em 1978 e 1979.
  • Suas consequências foram a criação de uma teocracia islâmica, o rompimento das relações diplomáticas com o Ocidente, a influência sobre movimentos islâmicos globais e a crise dos reféns americanos em 1979.
  • Na atualidade, o Irã é uma república islâmica governada pelo clero xiita, enfrentando sanções econômicas e tensões internas, mas mantendo forte influência no Oriente Médio.

O que foi a Revolução Iraniana?

O aiatolá Khomeini, o líder da Revolução Iraniana.
O aiatolá Khomeini, o líder da Revolução Iraniana.

A Revolução Iraniana, ocorrida em 1979, foi um marco histórico que derrubou a monarquia do xá Reza Pahlavi e estabeleceu a República Islâmica do Irã, sob a liderança do aiatolá Ruhollah Khomeini. Esse evento resultou de uma série de protestos massivos, greves e mobilizações populares que reuniram diferentes setores da sociedade iraniana, como estudantes, religiosos e trabalhadores, que estavam insatisfeitos com o regime autocrático e pró-Ocidente do xá.

A revolução é frequentemente vista como uma revolução islâmica, pois resultou na implementação de um sistema de governo teocrático, baseado na interpretação xiita do Islã.

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Contexto histórico da Revolução Iraniana

O Irã, no início do século XX, era um país marcado por sucessivos golpes de Estado, intervenção estrangeira e tentativas de modernização autoritária. Reza Pahlavi, pai do xá deposto, subiu ao poder em 1925 e iniciou um processo de modernização inspirado em países ocidentais, o que incluiu reformas educacionais, econômicas e sociais. No entanto, essa modernização foi acompanhada de repressão política e centralização do poder.

Após a Segunda Guerra Mundial, o Irã tornou-se um ponto de interesse estratégico para os Estados Unidos e a União Soviética. A nacionalização do petróleo iraniano, em 1951, sob o governo de Mohammad Mossadegh, levou a uma intervenção direta dos EUA e Reino Unido, resultando no golpe que restaurou o poder do xá Reza Pahlavi em 1953.

O regime do xá foi cada vez mais autocrático e dependente do apoio ocidental, o que gerou forte resistência de setores religiosos e nacionalistas. A Revolução Iraniana, nesse sentido, foi uma resposta ao descontentamento com as décadas de repressão política, desigualdade social e intervenção estrangeira.

Queda do xá da Pérsia

Mohammad Reza Pahlavi, o governante deposto com a Revolução Islâmica.
Mohammad Reza Pahlavi, o governante deposto com a Revolução Islâmica.

A queda do xá Reza Pahlavi foi o ponto culminante de anos de crescente insatisfação popular. Durante os anos 1970, o regime se tornou cada vez mais repressivo, utilizando a Savak, a polícia secreta, para perseguir opositores e silenciar dissidentes. Ao mesmo tempo, o país passou por um rápido processo de ocidentalização, impulsionado pela renda petrolífera, mas que acentuou as desigualdades sociais e culturais.

Em 1978, grandes protestos eclodiram em várias cidades iranianas, com diferentes grupos sociais exigindo mudanças. A economia estava em crise, o desemprego aumentava, e a classe média urbana, que inicialmente apoiou o xá, se voltou contra ele. Os religiosos, liderados por Khomeini, desempenharam um papel central, fornecendo uma ideologia unificadora para o movimento. Em janeiro de 1979, o xá fugiu do Irã, e, em fevereiro, Khomeini retornou do exílio na França, assumindo o controle do país.

Aiatolá Khomeini voltando do exílio no contexto da Revolução Islâmica do Irã.
Aiatolá Khomeini voltando do exílio no contexto da Revolução Islâmica do Irã.

Causas da Revolução Iraniana

A Revolução Iraniana foi causada por uma combinação de fatores políticos, econômicos, sociais e religiosos. Um dos principais fatores foi a repressão política exercida pelo regime do xá, que suprimiu a oposição e impediu a liberdade de expressão e de organização. Além disso, as desigualdades sociais e a concentração de riqueza nas mãos de uma elite próxima ao regime também geraram descontentamento.

Outro fator foi a crescente ocidentalização do Irã, que alienou grande parte da população, especialmente o clero xiita e os setores mais tradicionais da sociedade, que viam as reformas do xá como uma ameaça aos valores islâmicos. O clero, liderado por Khomeini, também se opôs ao apoio dos Estados Unidos ao regime do xá, o que reforçou o sentimento anti-imperialista e antiocidental entre a população.

Leia também: Talibã — a organização fundamentalista islâmica que surgiu no Afeganistão

Como era o Irã antes da Revolução Iraniana?

Antes da Revolução Iraniana, o Irã era governado por uma monarquia sob o xá Reza Pahlavi. O regime buscava modernizar o país por meio de reformas ocidentalizantes, promovendo a industrialização, a educação e a secularização. No entanto, esse processo de modernização foi acompanhado por uma forte repressão política. O xá utilizou a Savak para controlar a oposição, e a liberdade de expressão e de organização política era severamente limitada.

Culturalmente, o país também estava dividido. Nas grandes cidades, especialmente em Teerã, houve uma rápida ocidentalização dos costumes, enquanto, nas áreas rurais e entre os setores mais tradicionais da sociedade, o islã continuava a ser uma força central. Esse choque entre a modernidade imposta pelo Estado e os valores religiosos e culturais tradicionais foi uma das raízes do descontentamento que culminaria na revolução.

Como ocorreu a Revolução Iraniana?

A Revolução Iraniana ocorreu ao longo de 1978 e 1979, com uma série de protestos e greves massivas que paralisaram o país. O movimento ganhou força ao longo de 1978, quando, em setembro, ocorreu o que ficou conhecido como a Sexta-Feira Negra, em que as forças de segurança do regime abriram fogo contra manifestantes em Teerã, matando dezenas de pessoas. Esse evento aumentou a resistência contra o regime.

Durante esse período, os religiosos, liderados por Khomeini, conseguiram mobilizar grande parte da população, especialmente os setores mais pobres e a classe média urbana, em torno de uma ideologia islâmica e antiocidental.

Em janeiro de 1979, o xá deixou o país, e Khomeini retornou triunfalmente ao Irã em fevereiro. No final de 1979, foi proclamada a República Islâmica do Irã, e uma nova Constituição foi adotada, estabelecendo o governo teocrático sob a liderança dos aiatolás.

Consequências da Revolução Iraniana

A Revolução Iraniana teve profundas consequências para o Irã e para a política internacional. Internamente, a revolução levou à criação de uma teocracia islâmica, na qual o clero xiita detém o poder político e religioso. O novo regime eliminou a influência ocidental, especialmente dos Estados Unidos, e estabeleceu um sistema de governo baseado na interpretação xiita da lei islâmica (Sharia).

No plano internacional, o Irã passou a ser visto como uma ameaça por muitos países ocidentais, especialmente pelos Estados Unidos, que perderam um importante aliado estratégico na região. A revolução também influenciou movimentos islâmicos em todo o mundo, sendo vista como um exemplo de que uma revolução islâmica era possível.

Além disso, a revolução levou ao rompimento das relações diplomáticas com muitos países ocidentais, especialmente após a crise dos reféns americanos em 1979, quando estudantes iranianos tomaram a embaixada dos EUA em Teerã e mantiveram 52 diplomatas como reféns por 444 dias.

Estudantes iranianos invadindo a embaixada dos Estados Unidos no contexto da Revolução Islâmica.
Estudantes iranianos invadindo a embaixada dos Estados Unidos no contexto da Revolução Islâmica.

O que é aiatolá?

Aiatolá é um título honorífico dado a clérigos xiitas de alto nível dentro do islamismo. No Irã, o título é conferido a estudiosos e líderes religiosos que alcançam um grau elevado de conhecimento na jurisprudência islâmica e na teologia xiita. Os aiatolás desempenham um papel fundamental no sistema de governo do Irã desde a Revolução de 1979, sendo o líder supremo do país.

Irã na atualidade

Na atualidade, o Irã continua a ser uma república islâmica governada pelo clero xiita, com o aiatolá Ali Khamenei exercendo o cargo de líder supremo desde 1989. O país tem uma estrutura política complexa, que combina elementos democráticos, como eleições para o Parlamento (Majlis), com um sistema teocrático, em que o líder supremo e o Conselho dos Guardiões detêm poderes significativos.

O Irã tem enfrentado sanções econômicas severas devido ao seu programa nuclear, o que tem impactado negativamente sua economia. No entanto, o país mantém uma posição estratégica no Oriente Médio, influenciando diretamente a política da região, especialmente em países como o Iraque, o Líbano e a Síria, por meio de grupos e milícias apoiadas por Teerã.

O país também enfrenta tensões internas, com protestos esporádicos contra a repressão política e as condições econômicas. Movimentos feministas e estudantis têm desafiado o regime, especialmente no que diz respeito aos direitos das mulheres e à liberdade de expressão, mas o governo continua a responder com repressão.

Leia também: Hezbollah — grupo paramilitar islâmico que tem apoio do Irã

Exercícios resolvidos sobre a Revolução Iraniana

1. A Revolução Iraniana de 1979 marcou uma transformação significativa na estrutura política e social do Irã. Ela pode ser compreendida como resultado da confluência de vários fatores, entre eles:

A) o apoio irrestrito da população à modernização ocidental promovida pelo xá, que fortaleceu o regime monárquico no Irã.
B) a revolta das elites empresariais e industriais, que se opuseram ao aiatolá Khomeini por conta de suas políticas contra a modernização do país.
C) o descontentamento popular com a ocidentalização forçada, a repressão política e o abandono dos valores islâmicos, além do impacto das desigualdades sociais.
D) a intervenção militar soviética no Irã que depôs o regime do xá e facilitou o retorno de Khomeini do exílio.
E) o fortalecimento dos laços entre o Irã e países ocidentais após a revolução, com foco no alinhamento aos valores do mercado capitalista.

Resposta: C

A Revolução Iraniana foi impulsionada pelo descontentamento popular com a política de ocidentalização forçada promovida pelo xá, pela repressão política do regime e pelo abandono dos valores islâmicos, em um contexto de acentuada desigualdade social. O clero xiita, liderado por Khomeini, capitalizou esse descontentamento, culminando na queda do xá e no estabelecimento de uma república islâmica teocrática.

2. Após a Revolução Iraniana de 1979, o novo regime liderado pelo aiatolá Ruhollah Khomeini implementou mudanças profundas no sistema de governo do país. Quais foram as principais consequências da Revolução Iraniana de 1979 para o Irã e sua posição internacional?

A) O fortalecimento das relações diplomáticas e comerciais entre o Irã e os países ocidentais, especialmente os Estados Unidos, após a revolução.
B) A criação de uma teocracia islâmica no Irã, a intensificação da influência do clero xiita sobre a política, e o rompimento com potências ocidentais, como os Estados Unidos.
C) A retomada do regime monárquico pouco depois da revolução, devido à instabilidade econômica causada pela ausência de apoio popular ao governo de Khomeini.
D) A adoção de um sistema democrático secular no Irã, com o clero ocupando apenas um papel consultivo em questões religiosas.
E) A abertura da economia iraniana ao mercado global e a rápida recuperação econômica devido à restauração das relações com o Ocidente.

Resposta: B

A Revolução Iraniana resultou na criação de uma teocracia islâmica no país, sob a liderança do aiatolá Khomeini, na qual o clero xiita assumiu o controle das instituições políticas. Além disso, houve um rompimento significativo com potências ocidentais, especialmente com os Estados Unidos, gerando crises diplomáticas e sanções econômicas que afetam o Irã até os dias atuais.

Fontes

COGGIOLA, Osvaldo. A Revolução Iraniana. 1. ed. São Paulo: Editora Unesp, 2008. (Revoluções do século XX).

ADGHIRNI, Samy. Os iranianos. São Paulo: Contexto, 2014. 224 p.

Escritor do artigo
Escrito por: Tiago Soares Campos Bacharel, licenciado e doutorando em História pela USP. Bacharel em Direito e pós-graduado em Direito pela PUC. É professor de História e autor de materiais didáticos há mais de 15 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

CAMPOS, Tiago Soares. "Revolução Iraniana"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/as-transformacoes-politicas-no-ira-revolucao-islamica.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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