UOL - O melhor conteúdo

O que é aposto?

O aposto, termo acessório da oração, tem a função de explicar, enumerar, recapitular, comparar, distribuir, apontar circunstância, especificar, comentar ou resumir.

Conceito de aposto em fundo verde.
Definição de aposto.
Imprimir
A+
A-
Escutar texto
Compartilhar
Facebook
X
WhatsApp
Play
Ouça o texto abaixo!
1x
PUBLICIDADE

O aposto é um termo acessório da oração e tem a função de explicar, enumerar, recapitular, comparar, distribuir, indicar circunstância, especificar, comentar ou resumir. E são tais funções que definem cada tipo de aposto. Ele se diferencia do vocativo, o qual é um termo independente que consiste em um chamamento ou invocação.

Leia também: O que é o sujeito?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre o aposto

  • O aposto é um termo acessório da oração.

  • Existem os seguintes tipos de aposto:

    • explicativo;

    • enumerativo;

    • recapitulativo;

    • comparativo;

    • distributivo;

    • circunstancial;

    • especificativo;

    • da oração.

  • O vocativo é um termo independente e consiste em um chamamento.

Videoaula sobre o aposto

Tipos de aposto

TIPO

FUNÇÃO

EXEMPLO

Explicativo

Explicar, identificar, esclarecer.

Brasília, capital do Brasil, foi inaugurada em 1960.

Enumerativo

Enumerar, listar, indicar.

Considero duas atitudes irritantes: atraso e desatenção.

Recapitulativo

Resumir, sintetizar.

Os livros e os cadernos, tudo foi colocado na mochila.

Comparativo

Comparar implicitamente.

O corpo, máquina frágil, precisa de constante manutenção.

Distributivo

Distribuir elementos da oração.

São dois pastéis: um para mim e outro para você.

Circunstancial|1|

Apontar circunstância ou situação.

Morto, não tinha mais o que desejar.

Especificativo

Especificar, delimitar um termo genérico.

A tia Eunice chegou ontem.

Da oração

Comentar ou resumir oração.

Descumpriu todas as leis de trânsito, sinal de sua irresponsabilidade.

Descumpriu todas as leis de trânsito, o que mostra sua irresponsabilidade.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Como identificar o aposto em uma frase?

É preciso localizar, na frase, uma palavra ou expressão que exerça certa função relacionada a um substantivo, pronome, verbo ou a uma oração. Com exceção do aposto especificativo, os outros tipos de aposto são acompanhados de vírgula, dois-pontos ou travessão.

A seguir, vamos identificar cada um dos tipos de aposto existentes.

  • Aposto explicativo

Brasília, capital do Brasil, foi inaugurada em 1960.

A expressão “capital do Brasil”, separada por vírgulas, exerce a função de explicar o que é o substantivo “Brasília”.

  • Aposto enumerativo

Considero duas atitudes irritantes: atraso e desatenção.

A expressão “atraso e desatenção”, após dois-pontos, exerce a função de enumerar ou listar o substantivo “atitudes”, que são duas.

  • Aposto recapitulativo

Os livros e os cadernos, tudo foi colocado na mochila.

A palavra “tudo”, após vírgula, exerce a função de resumir, ou seja, conter, em uma só palavra, os substantivos mencionados anteriormente. Portanto, “tudo” é o mesmo que “os livros e os cadernos”.

  • Aposto comparativo

O corpo, máquina frágil, precisa de constante manutenção.

Ela, luz na escuridão, entrou na minha vida.

A expressão “máquina frágil”, separada por vírgulas, exerce função comparativa. Assim, o substantivo “corpo” é implicitamente (já que há ausência de conjunção) comparado com uma “máquina frágil”. Também a expressão “luz na escuridão”, separada por vírgulas, exerce função comparativa. Portanto, o pronome “ela” é implicitamente comparado com a “luz na escuridão”.

  • Aposto distributivo

São dois pastéis: um para mim e outro para você.

A expressão “um para mim e outro para você”, após dois-pontos, exerce a função de distribuir os itens referentes ao substantivo “pastéis”, que são dois.

  • Aposto circunstancial

Morto, não tinha mais o que desejar.

A palavra “morto”, separada por vírgula, exerce a função de apontar uma circunstância referente às orações “não tinha mais o que desejar”. Desse modo, “estando morto” é a situação apontada.

  • Aposto especificativo

A tia Eunice chegou ontem.

A palavra “Eunice” exerce a função de especificar um termo genérico, isto é, o substantivo comum “tia”. Observe que, nesse caso, não há nenhum tipo de pontuação separando os dois termos.

  • Aposto da oração

Descumpriu todas as leis de trânsito, sinal de sua irresponsabilidade.

Descumpriu todas as leis de trânsito, o que mostra sua irresponsabilidade.

A expressão “sinal de sua irresponsabilidade”, após a vírgula, exerce a função de comentar a oração “descumpriu todas as leis de trânsito”. Já o termo “o”, após a vírgula, exerce a função de resumir a oração “descumpriu todas as leis de trânsito”, isto é, “o” retoma a oração anterior.

Diferenças entre aposto e vocativo

APOSTO

VOCATIVO

Termo acessório da oração.

Termo independente.

Tem a função de explicar, enumerar, recapitular, comparar, distribuir, apontar circunstância, especificar, comentar ou resumir. Portanto, existem vários tipos de aposto.

Tem a função de chamar, invocar.

Aparece entre vírgulas ou depois de vírgula, dois-pontos ou travessão, com exceção do aposto especificativo.

Aparece entre vírgulas. Também pode ser precedido ou seguido de vírgula. Ocasionalmente, é seguido de exclamação.

EXEMPLO

EXEMPLOS

O rio Sena fica na França.

A aposto especificativo “Sena” especifica o substantivo comum “rio”.

Senna, você é um campeão.

Você é um campeão, Senna.

Você, Senna, é um campeão.

Senna! você é um campeão.

O vocativo “Senna” é um chamamento e indica que alguém está conversando com o piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna.

Esquema ilustrativo traz exemplos que diferenciam o aposto do vocativo.

20 frases com aposto

O cinema, uma luneta mágica, mistura realidade e ilusão.

[comparativo]

A liberdade, águia no infinito, é sempre alvo de repressão.

[comparativo]

Alice Guy-Blaché, pioneira do cinema francês, nasceu em 1873.

[explicativo]

Leonardo da Vinci, cientista e artista, era vegetariano.

[explicativo]

Há um bairro Tiradentes na cidade de Lisboa?

[especificativo]

O teatro Colón fica na Argentina.

[especificativo]

O filme apresenta três qualidades: ótima interpretação, fotografia insuperável e reflexão existencial.

[enumerativo]

Tinha dois desejos: dinheiro e fama.

[enumerativo]

Avós, tios e primos, todos chegaram tarde.

[recapitulativo]

Tosse, gritos, música, tudo me irritava.

[recapitulativo]

Tenho dois livros infantis — um para Amanda, e outro para Augusto.

[distributivo]

Pode me dar três pães: para mim, minha mãe e minha irmã.

[distributivo]

Em criança, só tecia sonhos e ilusões.

[circunstancial]

Os autores românticos idealizam a realidade, indício de sua inadaptação.

[da oração]

A vida é cheia de surpresas, o que a faz assustadora.

[da oração]

Ela e eu, amigos inseparáveis, fomos à festa ontem.

[explicativo]

Cantar, uso artístico da voz, é um talento invejável.

[explicativo]

Quero isto: dormir e sonhar.

[enumerativo]

Nós, páginas em branco, queremos aprender.

[comparativo]

Fernanda Torres, atriz brasileira, ganhou o Globo de Ouro de melhor atriz.

[explicativo]

Leia também: Termos constituintes da oração: conceitos, exemplos e diferenças

Exercícios sobre aposto

Questão 1 (UFLA)

As mil e uma noites

1º fragmento

“Traído por sua esposa, um sultão resolve punir todas as mulheres do seu reino pelo crime de uma só. E passa a ser lei que a cada noite desposará uma nova mulher, para matá-la na manhã seguinte. A filha do vizir, Sherazade, elabora um plano para botar um fim no massacre. Oferece-se para casar com o sultão, e na noite de núpcias começa a contar-lhe uma história, deixando-a inacabada ao amanhecer. Curioso para saber o desfecho, o sultão permite que a moça viva mais um dia para terminar a história. E assim Sherazade continua

suas narrativas, parando sempre ao amanhecer num momento de suspense, para que o sempre curioso sultão lhe conceda mais um dia de vida. Ao final das 1001 noites de histórias, o sultão já tem três filhos com Sherazade e está apaixonado pela esposa. Decide acabar com a sua vingança e abolir a lei das esposas, e como em qualquer conto de fadas que se preze, vivem todos felizes para sempre.”

Copyright 2001-2005 Nemo Nox.

“A filha do vizir, Sherazade, elabora um plano para botar um fim no massacre.”

O emprego da vírgula nesse trecho justifica-se CORRETAMENTE na seguinte alternativa:

A) separar o vocativo.

B) separar o termo deslocado.

C) separar uma intercalação.

D) separar o aposto.

Resolução:

Alternativa D.

O aposto explicativo “Sherazade” deve estar entre vírgulas.

Questão 2 (Unesp)

Curupira

Na teogonia* tupi, o anhangá, gênio andante, espírito andejo ou vagabundo, destinava-se a proteger a caça do campo. Era imaginado, segundo a tradição colhida pelo Dr. Couto de Magalhães, sob a figura de um veado branco, com olhos de fogo.

Todo aquele que perseguisse um animal que estivesse amamentando corria o risco de ver Anhangá e a visão determinava logo a febre e, às vezes, a loucura. O caapora é o mesmo tipo mítico encontrado nas regiões central e meridional e aí representado por um homem enorme coberto de pelos negros por todo o rosto e por todo o corpo, ao qual se confiou a proteção da caça do mato. Tristonho e taciturno, anda sempre montado em um porco de grandes dimensões, dando de quando em vez um grito para impelir a vara. Quem o encontra adquire logo a certeza de ficar infeliz e de ser malsucedido em tudo que intentar. Dele se originaram as expressões portuguesas caipora e caiporismo, como sinônimo de má sorte, infelicidade, desdita nos negócios. Bilac assim o descreve: “Companheiro do curupira, ou sua duplicata, é o Caapora, ora gigante, ora anão, montado num caititu, e cavalgando à frente de varas de porcos do mato, fumando cachimbo ou cigarro, pedindo fogo aos viajores; à frente dele voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando o caminho”.

[...]

O Brasil no folclore, 1970.

* Teogonia, s.f.: 1. Filos. Doutrina mística relativa ao nascimento dos deuses, e que frequentemente se relaciona com a formação do mundo. 2. Conjunto de divindades cujo culto forma o sistema religioso dum povo politeísta. (Dicionário Aurélio Eletrônico — Século XXI.)

“[...] à frente dele voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando o caminho.”

Eliminando-se o aposto, a frase em destaque apresentará, de acordo com a norma-padrão, a seguinte forma:

A) à frente voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando o caminho.

B) à frente dele voam os vaga-lumes batedores, alumiando o caminho.

C) à frente dele voam seus batedores, alumiando o caminho.

D) à frente dele voam os vaga-lumes, alumiando o caminho.

E) à frente dele voam os vaga-lumes, seus batedores, alumiando.

Resolução:

Alternativa D.

Ao eliminar o aposto explicativo “seus batedores”, a frase fica assim: “[...] à frente dele voam os vaga-lumes, alumiando o caminho”.

Nota

|1| Não há consenso, nos estudos linguísticos, acerca da existência do aposto circunstancial. Esse tipo de aposto expressaria circunstância, ou seja, tempo, causa, concessão etc. No entanto, alguns estudiosos, segundo a doutora Márcia Teixeira Nogueira, “preferem analisar tal expressão como orações adverbiais com verbo elíptico, ou mesmo como adjuntos adverbiais” ou como “predicativos circunstanciais de orações adverbiais com predicado nominal”.

Fontes:

BECHARA, Evanildo. Lições de Português pela análise sintática. 19. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2018.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 49. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.

NOGUEIRA, Márcia Teixeira. Indeterminações de fronteira da aposição: o chamado aposto circunstancial. Disponível em: https://simelp.fflch.usp.br/sites/simelp.fflch.usp.br/files/inline-files/S701.pdf.

OLIVEIRA, Lilian Manes de. Três assuntos de sintaxe. Disponível em: http://www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno14-18.html.

SANTOS, Márcia Angélica dos. Aprenda análise sintática. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.  

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "O que é aposto?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/portugues/o-que-e-aposto.htm. Acesso em 13 de abril de 2025.

De estudante para estudante


Videoaulas