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Entre os sinais de pontuação, certamente a vírgula é o que provoca mais dúvidas entre os falantes da língua portuguesa. Uma vírgula mal colocada ou omitida pode causar sérios prejuízos para o entendimento do texto, especialmente quando o assunto é a modalidade escrita, já que na fala sabemos quando fazer as pausas necessárias para que o nosso interlocutor compreenda adequadamente a mensagem. Veja só um exemplo da importância desse sinal de pontuação:
Não queremos você aqui!
Não, queremos você aqui!
Duas frases idênticas, a única diferença diz respeito à pontuação. Embora parecidas, seus significados são completamente diferentes por causa da vírgula. Como saber qual foi a intenção do autor? Ele quer ou não quer que a pessoa permaneça lá? Complicado saber, né? Pois é, tudo por causa da vírgula da discórdia, elemento que, quando mal empregado, pode causar ambiguidade, entre outros problemas de interpretação.
Hoje vamos falar sobre três mitos que circulam por aí sobre o uso da vírgula, mitos que de tão disseminados e repetidos acabaram ganhando status de verdade absoluta. Vamos aprender mais? Boa leitura e bons estudos!
Três mitos sobre o uso da vírgula que você precisa conhecer
Mito 1: A vírgula é sinônimo de pausa.
Sim, nós sabemos que você aprendeu na escola que a vírgula existe para marcar pausas, e provavelmente seus pais e seus avós aprenderam da mesma maneira. Esse é um mito antigo, que teve origem na Idade Média, época em que a leitura silenciosa não era hábito comum porque as pessoas costumavam ler seus textos em voz alta e, para marcar as pausas e as entonações, faziam uso dos sinais de pontuação. Baseado nesse mito, muitas pessoas acabam separando o sujeito do predicado com a vírgula por acreditarem que ali existe uma pausa. Veja um exemplo:
Os alunos da faculdade de Letras, voltaram de um intercâmbio no Canadá. (errado)
Os alunos da faculdade de Letras voltaram de um intercâmbio no Canadá. (certo)
Mito 2: Fica expressamente proibido o uso da vírgula entre o sujeito e o predicado:
Entre as regras para o uso correto da vírgula talvez essa seja a mais lembrada. Mas sentimos em lhe dizer que nem sempre o uso da vírgula entre o sujeito e o predicado está errado. Como todos os sinais de pontuação, a vírgula serve para orientar a leitura e assim auxiliar o leitor na interpretação do texto. Recomenda-se que ela seja utilizada apenas nos locais em que o leitor precise ser alertado de que algo diferente está acontecendo, o que facilitará o entendimento da mensagem. Observe alguns exemplos em que o uso da vírgula entre sujeito e o predicado não só é permitido como necessário:
Quem perde a alegria de viver, perde tudo.
Quem lê pouco, mal escreve, mal entende.
Mito 3: Nunca coloque uma vírgula antes do “e”:
Outro mito bastante difundido é o de que antes do “e” a vírgula é proibida. Não é bem assim... Conheça algumas situações em que o uso da vírgula antes do “e” é permitido:
● Quando o “e” integra a expressão “e sim”:
Ele não era um bom aluno, e sim um mau exemplo. (Ele não era um bom aluno, mas sim um mau exemplo).
● Quando o “e” introduz uma sequência de várias orações ou termos:
Ela pedia, e implorava, e chorava, e argumentava, mas nem assim convenceu os policiais.
● Quando o “e” liga duas orações cujos sujeitos são diferentes:
Eu fui para a escola, e Laura foi para o trabalho.
Por Luana Castro
Graduada em Letras