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Apóstrofe é uma figura de linguagem, mais precisamente uma figura de pensamento, que consiste em uma interpelação ou invocação. Ela é um vocativo mais expressivo, usado em textos literários principalmente, e não deve ser confundida com o apóstrofo [ ‘ ], um sinal gráfico. Além da apóstrofe, existem outras figuras de pensamento, como: hipérbole, litotes, eufemismo, ironia, prosopopeia, antítese, paradoxo e gradação.
Leia também: Denotação e conotação — qual a diferença?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre apóstrofe
- 2 - O que é apóstrofe?
- 3 - Exemplos de apóstrofe
- 4 - Quais são as diferenças entre apóstrofe e vocativo?
- 5 - Apóstrofe na literatura
- 6 - Quais são as diferenças entre apóstrofe e apóstrofo?
- 7 - Figuras de linguagem
- 8 - Exercícios resolvidos sobre apóstrofe
Resumo sobre apóstrofe
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A apóstrofe é uma figura de pensamento caracterizada como um chamamento ou uma invocação.
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Ela é um vocativo mais expressivo, associado a textos nos quais predomina a conotação.
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Poemas épicos e líricos podem apresentar apóstrofe, bem como textos em prosa de caráter sentimental.
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Não devemos confundir apóstrofe (figura de linguagem) com apóstrofo (sinal gráfico).
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As figuras de linguagem podem ser de palavras ou semântica, de pensamento, de sintaxe ou construção, e de som ou harmonia.
O que é apóstrofe?
Apóstrofe é uma figura de pensamento que consiste na interrupção da fala ou escrita, para fazer uma interpelação ou invocação.
Exemplos de apóstrofe
Não podia suportar, ó Deus!, tanta injustiça.
Não sabes, mulher, o poder que tens.
Por que não veio, ó Lucas, quando te chamei!?
A incompreensão, vasto mundo, está em ti.
Quais são as diferenças entre apóstrofe e vocativo?
O vocativo é um chamamento, uma interpelação, uma invocação. É um termo independente da oração, pois não faz parte de sua estrutura. Ele aparece sempre separado por vírgula. Portanto, a apóstrofe é um vocativo que assume a função de figura de linguagem quando extrapola sua função denotativa para dar mais expressividade à frase.
Por exemplo:
Maria, preciso que me entregue o orçamento até amanhã.
Nesse caso, o vocativo “Maria” é apenas uma invocação em um enunciado denotativo, ou seja, que apresenta apenas um sentido. Agora, observe este enunciado:
Preciso que me entregue, ó Maria!, o meu coração.
Note que existe um caráter emotivo nesse enunciado, de forma a dar maior ênfase ao vocativo. Assim, percebemos que a relação entre o enunciador da frase e Maria possui sutilezas não explícitas, mas apenas sugeridas. Portanto, o contexto indicará se o vocativo é também uma apóstrofe, isto é, se está sendo ou não empregado como uma figura de linguagem.
Apóstrofe na literatura
O uso da apóstrofe na literatura ocorre, principalmente, em poemas, tanto épicos quanto líricos:
Isto tudo lhe houvera a diligência
De Monçaide fiel, que também leva,
Que, inspirado de Angélica influência,
Quer no livro de Cristo que se escreva.
Oh, ditoso Africano, que a clemência
Divina assi tirou de escura treva,
E tão longe da pátria achou maneira
Pera subir à pátria verdadeira!
[...]
Que o grão Senhor e Fados, que destinam,
Como lhe bem parece, o baixo mundo,
Famas, mores que nunca, determinam
De dar a estes barões no mar profundo.
Aqui vereis, ó Deuses, como ensinam
O mal também a Deuses; que, a segundo
Se vê, ninguém já tem menos valia
Que quem com mais razão valer devia
[...]
CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas. Disponível aqui.
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais, inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador.
Mas que vejo eu ali... Que quadro de amarguras!
É canto funeral!... Que tétricas figuras!...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!
CASTRO ALVES. O navio negreiro: tragédia no mar. In: RIMOGRAFIA, Slim. O navio negreiro. São Paulo: Panda Books, 2011.
Mas a apóstrofe também pode estar presente na prosa, principalmente na romântica:
— Calai-vos, malditos! a imortalidade da alma? pobres doidos! e porque a alma é bela, porque não concebeis que esse ideal possa tornar-se em lodo e podridão, como as faces belas da virgem morta, não podeis crer que ele morra? Doidos! nunca velada levastes porventura uma noite a cabeceira de um cadáver? E então não duvidastes que ele não era morto, que aquele peito e aquela fronte iam palpitar de novo, aquelas pálpebras iam abrir-se, que era apenas o ópio do sono que emudecia aquele homem? Imortalidade da alma! e por que também não sonhar a das flores, a das brisas, a dos perfumes? Oh! não mil vezes! a alma não é, como a lua, sempre moça, nua e bela em sua virgindade eterna! a vida não é mais que a reunião ao acaso das moléculas atraídas: o que era um corpo de mulher vai porventura transformar-se num cipreste ou numa nuvem de miasmas; o que era um corpo do verme vai alvejar-se no cálice da flor ou na fronte da criança mais loira e bela. [...]
ÁLVARES DE AZEVEDO. Noite na taverna. Disponível aqui.
Quais são as diferenças entre apóstrofe e apóstrofo?
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Apóstrofe: é uma figura de linguagem que expressa um chamamento ou interpelação.
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Apóstrofo: é um sinal gráfico [ ’ ]. Ele indica a supressão de uma ou mais letras, como nestes exemplos: d’água (de água), d’honra (de honra), c’roa (coroa) etc.
Figuras de linguagem
As figuras de linguagem são responsáveis pela plurissignificação nos textos, ou seja, apresentam sentido conotativo. As figuras podem ser:
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comparação;
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metáfora;
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metonímia;
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catacrese;
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perífrase ou antonomásia;
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sinestesia.
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hipérbole;
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litotes;
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eufemismo;
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ironia;
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prosopopeia;
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antítese;
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paradoxo ou oximoro;
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apóstrofe;
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gradação.
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elipse;
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zeugma;
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anáfora;
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pleonasmo;
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anacoluto;
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silepse;
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hipérbato;
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polissíndeto.
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aliteração;
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assonância;
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onomatopeia;
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paronomásia.
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Veja também: Quais são as funções da linguagem?
Exercícios resolvidos sobre apóstrofe
Questão 1
(Ufla)
Ó mar salgado, quanto de teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
(Fernando Pessoa — fragmento)
Fundamentando-se nos versos do poema de Fernando Pessoa, marque a alternativa CORRETA.
A) O emprego da vírgula no primeiro verso justifica-se por separar uma expressão explicativa.
B) Se o pronome de tratamento escolhido fosse lhe, a forma dos verbos não sofreria alteração.
C) O vocativo “Ó mar salgado, [...]” (verso 1) corresponde à figura de linguagem chamada apóstrofe.
D) Quanto à forma, o poema obedece rigidamente às normas métricas usadas por Camões.
E) Ao dirigir-se ao mar, o eu-lírico acusa-o de culpado pelas mortes ocorridas.
Resolução:
Alternativa C
A vírgula, no primeiro verso, tem a função de separar o vocativo ou a apóstrofe. Já no terceiro verso, se fosse utilizado “lhe” em vez de “te”, o último verso seria assim escrito: “Para que fosse nosso, ó mar!”. No mais, os versos não possuem o mesmo número de sílabas, de forma que o poema não apresenta decassílabos em todos os versos, como é comum nos poemas camonianos. Por fim, as lágrimas a que se refere o poema dizem respeito ao sofrimento da despedida, não necessariamente à morte, e, mesmo que fosse o caso, não seria uma acusação, e sim apenas uma constatação.
Questão 2
As alternativas a seguir contêm versos do poeta romântico Álvares de Azevedo, retirados de seu livro Lira dos vinte anos. A única que NÃO apresenta uma apóstrofe é a alternativa:
A) “Donzela! Se tu quiseras/ Ser a flor das primaveras/ Que tenho no coração:”
B) “Dorme, ó anjo de amor! no teu silêncio/ O meu peito se afoga de ternura...”
C) “Meu Deus! por que não morri?/ Por que no sono acordei?”
D) “Deus sabe se te amei!... Não te maldigo,/ Maldigo o meu amor!...”
E) “Dorme, meu coração! Em paz esquece/ Tudo, tudo que amaste neste mundo!”
Resolução:
Alternativa D
São apóstrofes: “Donzela!” (alternativa A), “ó anjo de amor!” (alternativa B), “Meu Deus!” (alternativa C) e “meu coração!” (alternativa E).
Por Warley Souza
Professor de Português