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Transição demográfica é uma teoria populacional criada pelo demógrafo Frank Notestein no ano de 1929. Diferentemente de suas antecessoras, a teoria da transição demográfica defende que o crescimento de uma população passa por um momento de explosão demográfica e, depois, tende a decrescer, até atingir um estado de equilíbrio populacional. A transição demográfica acontece por meio de quatro fases distintas. Enquanto muitos países desenvolvidos já concluíram a sua transição demográfica, existem países subdesenvolvidos nas primeiras etapas desse processo.
Leia também: Quais fatores contribuem para o crescimento populacional?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre transição demográfica
- 2 - O que é transição demográfica?
- 3 - Causas da transição demográfica
- 4 - Quais são as fases da transição demográfica?
- 5 - Consequências da transição demográfica
- 6 - Transição demográfica no Brasil
- 7 - Exercícios resolvidos sobre transição demográfica
Resumo sobre transição demográfica
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Transição demográfica é uma teoria desenvolvida em 1929 pelo demógrafo Frank Notestein.
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Defende que a população não cresce de maneira uniforme e contínua, e que a explosão demográfica é um fenômeno momentâneo.
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Fatores que alteram as taxas de natalidade e de mortalidade de uma população são as causas da transição demográfica.
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A transição demográfica transcorre em quatro fases:
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Primeira fase: pré-transição, quando mortalidade e natalidade estão elevadas.
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Segunda fase: explosão demográfica, quando há queda da mortalidade e elevada natalidade, resultando no acentuado crescimento populacional.
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Terceira fase: desaceleração do crescimento populacional com queda da natalidade e baixa mortalidade.
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Quarta fase: estabilização do crescimento da população, com baixas taxas de natalidade e de mortalidade.
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O envelhecimento populacional é uma das consequências da transição demográfica.
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No Brasil, esse processo começou entre as décadas de 1940 e 1950. Atualmente se observa um declínio da taxa de crescimento populacional no país, caracterizando-se, assim, a terceira fase da transição demográfica.
O que é transição demográfica?
Transição demográfica é uma teoria populacional desenvolvida no ano de 1929 pelo demógrafo estadunidense Frank Notestein (1902-1983). Essa é a teoria mais utilizada atualmente para se explicar a evolução de uma população no decorrer do tempo, levando em consideração as taxas de natalidade e mortalidade, principalmente, e a influência de fatores externos, como o desenvolvimento socioeconômico e a urbanização, na transformação desses indicadores.
A teoria da transição demográfica entende que o crescimento de uma população não acontece de maneira constante nem infinitamente. Além disso, diferentemente do que acreditavam teorias anteriores, a explosão demográfica não era uma realidade duradoura, e sim momentânea.
Segundo a teoria da transição demográfica, o processo de evolução populacional se dá, na verdade, por meio de quatro diferentes etapas (ou fases), que podem ser identificadas em diferentes momentos em todos os países e territórios. A transição termina da mesma forma em todos eles: com a estabilização da taxa de crescimento populacional.
Causas da transição demográfica
A transição demográfica é um fenômeno associado às transformações estruturais que acontecem em um território e na sua sociedade. Uma delas diz respeito ao avanço científico e tecnológico que permite o surgimento de inovações no campo da medicina, como tratamentos de doenças, o advento de melhores métodos contraceptivos e novas vacinas, e também a implementação de melhorias no sistema de saúde, beneficiando principalmente a parcela da população de mais idade (acima de 60 anos), as mulheres e as gestantes. Tais mudanças afetam tanto a mortalidade quanto a natalidade de uma população.
A ampliação da infraestrutura social e urbana de um território pode ser apontada como uma das causas da transição demográfica, em especial quando se trata do aumento das redes de saneamento básico e do maior acesso à água potável. Todos esses fatores estão relacionados ao aumento da expectativa de vida da população e, por conseguinte, à redução das taxas de mortalidade.
Outro fator que está associado à dinâmica de uma população é a urbanização, processo que impacta a rotina das famílias, eleva o custo de vida e resulta em transformações de ordem socioeconômica e cultural. Com isso, há uma tendência de redução no número de nascimentos e, consequentemente, menor taxa de natalidade.
Quais são as fases da transição demográfica?
O processo de transição demográfica pode ser analisado por meio de quatro fases. O gráfico a seguir retrata cada uma dessas fases, mostrando o comportamento dos principais indicadores demográficos que afetam o crescimento vegetativo de uma população: a natalidade e a mortalidade.
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Primeira fase: pré-transição demográfica
A primeira fase da transição demográfica é também descrita como sendo a pré-transição. Essa fase é caracterizada por elevadas taxas de natalidade e de mortalidade, isto é, por um grande número de nascimentos e também de mortes. Trata-se de uma fase longa em que a população de um país vive majoritariamente no campo, e hoje se processa em algumas das nações consideradas subdesenvolvidas. Nos países desenvolvidos, essa fase perdurou até a chegada da Revolução Industrial.
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Segunda fase: explosão demográfica
A segunda fase da transição demográfica é caracterizada pela manutenção da natalidade em alta e por queda da taxa de mortalidade. A grande diferença que se estabelece entre o número de nascimentos e o número de mortes ocasiona um crescimento vegetativo (ou natural) acentuado, o que faz com que essa etapa seja conhecida como a da explosão demográfica.
Essa fase aconteceu nos países desenvolvidos a partir do século XVIII, com a Revolução Industrial e as transformações no modo e no ritmo de vida da população, que passou a se concentrar nos centros urbanos. Nos países emergentes, como o Brasil, a explosão demográfica se deu a partir de meados do século XX. Registra-se, atualmente, o andamento dessa segunda etapa da transição demográfica em países subdesenvolvidos como Níger, Sudão do Sul, Burundi e Síria, sendo este último o país com maior taxa de crescimento do mundo (6,39% ao ano).
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Terceira fase: desaceleração do crescimento populacional
A terceira fase da transição demográfica é caracterizada pela queda acentuada da taxa de natalidade e pela manutenção da redução do número de mortes, embora de forma mais lenta do que na etapa precedente. Com isso, embora o crescimento vegetativo continue acontecendo, ele se dá num ritmo cada vez mais desacelerado.
Fatores como o avanço da urbanização, melhorias na saúde, maior oferta de métodos contraceptivos e a presença cada vez maior da mulher no mercado de trabalho estão relacionados ao menor número de nascimentos nessa terceira etapa. Observa-se o transcorrer da terceira fase da transição demográfica na maioria dos países emergentes ou em desenvolvimento.
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Quarta fase: estabilização da população
A quarta e última fase proposta pela teoria transição demográfica pode ser descrita como o período de estabilização do crescimento populacional de determinado território. Tanto os nascimentos quanto as mortes chegaram a um patamar muito baixo e estável. As variações, se ocorrem, são insignificantes para o quadro geral. Por conseguinte, o crescimento vegetativo da população é pouco expressivo. Considera-se que muitos países europeus já passaram por essa etapa da transição demográfica, e adentram no que seria uma quinta fase, que abordaremos a seguir.
Confira em nosso podcast: O que é preciso saber sobre teorias demográficas
Consequências da transição demográfica
Ao final das quatro etapas da transição demográfica, a principal consequência é a estabilização do crescimento da população. Isso significa que nascimentos e mortes continuam ocorrendo, mas a taxas quase iguais que não provocam nenhuma variação significativa no tamanho da população. No entanto, tem-se observado uma tendência demográfica nos países desenvolvidos, que, em tese, já terminaram a sua transição demográfica: o envelhecimento populacional.
O envelhecimento populacional acontece quando o número de nascimentos decai e se torna inferior ao número de mortes, ao mesmo tempo em que a parcela idosa se torna maior comparativamente à parcela mais jovem dessa população. Em muitos casos, há o decréscimo da população, isto é, a população do país tem diminuído. Essa tendência é observada em muitos países europeus, como Portugal, Mônaco, Finlândia, Noruega, Hungria, Itália e Grécia.
Transição demográfica no Brasil
A transição demográfica teve início no Brasil a partir da segunda metade do século XX, em conjunto com os demais países emergentes, que passaram pelo que ficou conhecido como industrialização tardia. Confira, a seguir, o desenrolar da transição demográfica no Brasil.
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Primeira fase: podemos dizer que a primeira fase da transição demográfica, ou a pré-transição, ocorreu até aproximadamente a década de 1940, quando o país tinha uma população essencialmente rural e composta por 41,1 milhões de habitantes. A urbanização brasileira, que se intensificou com a maior presença das indústrias no território nacional, contribuiu para o início da segunda fase da transição demográfica.
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Segunda fase: entre 1950 e 1960, a população saltou de 51,9 milhões de habitantes para 70 milhões. Esse foi o intervalo de tempo em que o país mais cresceu em termos populacionais: a taxa anual de crescimento era de 3% aproximadamente. Nota-se que a taxa de fecundidade (número de filhos por mulher) aumentou nesse período, junto da taxa de natalidade. A mortalidade, entretanto, caiu de 19,7 mortes/1000 habitantes para 15 entre 1950 e 1960. O crescimento populacional se manteve até a década de 1970.
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Terceira fase: o início da terceira fase da transição demográfica no Brasil pode ser identificado entre 1970 e 1980, quando a natalidade passou de 37,7 nascidos vivos para cada mil habitantes em 1970 para 31,8 mais tarde. A mortalidade continuou a decrescer, e a taxa de crescimento vegetativo da população, na década indicada, passou de 2,9% para 2,5% ao ano.|1|
A tendência de estabilização do crescimento é o que caracteriza a população brasileira atualmente. Os dados do IBGE mostram que, de 0,88% ao ano em 2010, a população do Brasil passou a crescer somente 0,77% ao ano em 2020, taxa essa que caiu para 0,71% em 2022. A taxa de fecundidade é de 1,75 filho por mulher, bem abaixo do valor de 2,1, considerado a taxa de reposição. Entre 2010 e 2020, é possível perceber, ainda, certo equilíbrio nas taxas de mortalidade e de natalidade.
Embora uma análise mais assertiva só possa ser feita após a divulgação dos dados finais do Censo Demográfico de 2022, acredita-se que o Brasil já tenha ingressado na sua quarta fase de transição demográfica.
Exercícios resolvidos sobre transição demográfica
Questão 1
(Enem) Os países industriais adotaram uma concepção diferente das relações familiares e do lugar da fecundidade na vida familiar e social. A preocupação de garantir uma transmissão integral das vantagens econômicas e sociais adquiridas tem como resultado uma ação voluntária de limitação do número de nascimentos.
GEORGE, P. Panorama do mundo atual. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1968 (adaptado).
Em meados do século XX, o fenômeno social descrito contribuiu para o processo europeu de:
a) estabilização da pirâmide etária.
b) conclusão da transição demográfica.
c) contenção da entrada de imigrantes.
d) elevação do crescimento vegetativo.
e) formação de espaços superpovoados.
Resolução: Alternativa B. A redução dos nascimentos implica uma menor taxa de natalidade. Esse fato, somado à menor mortalidade, acelerou o processo de conclusão da transição demográfica na Europa.
Questão 2
(Uneb) A partir da análise do gráfico, aliada aos conhecimentos acerca da dinâmica demográfica mundial e brasileira, é correto afirmar:
a) A geração baby boom é um exemplo de transição demográfica característica, nos dias atuais, dos países desenvolvidos e emergentes.
b) O lento crescimento verificado na Fase 1 ocorreu em virtude das baixas taxas de natalidade e de mortalidade.
c) O rápido crescimento vegetativo, na Fase 2, resultou da grande imigração europeia no período pós-Segunda Guerra Mundial.
d) A Fase 3 se caracteriza pela queda brusca da mortalidade, devido à maior oferta de alimentos e às melhores condições sanitárias.
e) O Brasil, na Fase 4, já apresenta uma taxa de fecundidade abaixo da taxa de reposição populacional, que é de 2,1 filhos por mulher.
Resolução: Alternativa E. Algumas análises já consideram que o Brasil tenha ingressado na fase 4 da transição demográfica a partir da década de 2010. Uma das características dessa nova etapa é a queda da fecundidade para níveis inferiores aos da taxa de reposição, que é de 2,1 filhos por mulher.
Nota
|1| Dados da segunda e da terceira fase da transição brasileira retirados de: VASCONCELOS, Ana Maria Nogales; GOMES, Marília Miranda Forte. Transição demográfica: a experiência brasileira. Epidemiologia e Serviços de Saúde, Brasília, v.21, n.4, dez. 2012. Disponível em: http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-49742012000400003.
Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia