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O processo de envelhecimento populacional ocorre de forma natural, mas com etapas diferentes e que levam tempo. Envelhecer não é algo tão simples, pois envolve:
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melhoria na qualidade de vida;
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previdência;
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aposentadoria;
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plano de saúde, entre outros.
Tais fatores fazem com que o ato de envelhecer seja uma preocupação social, perpassando todos os setores de políticas públicas.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Causas do envelhecimento populacional
- 2 - Principais consequências do envelhecimento populacional
- 3 - Envelhecimento populacional no mundo
- 4 - Envelhecimento populacional no Brasil
- 5 - Resoluções para o envelhecimento populacional
- 6 - Exercícios resolvidos
Causas do envelhecimento populacional
O ato de envelhecer é natural, mas, para que ele ocorra, são necessários alguns fatores artificiais. É preciso também entendermos como alguns países atingem índices tão altos de populações idosas em seus territórios, algo conhecido como “transição demográfica” na Geografia Populacional.
Essa transição ocorre em etapas e depende de como se avalia a questão.
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Primeira fase: as taxas de mortalidade e natalidade/fecundidade são elevadas quase na mesma proporção, sendo a primeira muito comum na população adulta. Essa fase era bem comum quando a medicina era menos evoluída e tínhamos péssimas condições sanitárias, com a rápida proliferação de doenças.
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Segunda fase: as taxas de mortalidade sofrem leve queda, mas natalidade e fecundidade ainda continuam em alta, o que aumenta o número de crianças e a sobrevida da população jovem e adulta.
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Terceira fase: todas as taxas (mortalidade, natalidade e fecundidade) diminuem, e a população adulta (consequentemente, a idosa) cresce a médios e longos prazos. Quando há a terceira fase, significa que melhores condições de vida foram instauradas: cidades planejadas, saneamento básico, investimentos em saúde e educação são alguns dos fatores que levam a essa fase.
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Quarta fase: está concentrada no Hemisfério Norte do planeta, sendo experimentada por países pioneiros na industrialização. Essa fase traz preocupação, pois ocorre quando há um pequeno aumento da taxa de mortalidade em comparação à natalidade e fecundidade, mesmo com as três taxas sofrendo queda. Isso faz com que o crescimento populacional seja negativo, algo perigoso se pensarmos na população jovem e adulta como mão de obra integrante da População Economicamente Ativa (PEA), que sustenta os países.
Principais consequências do envelhecimento populacional
A população idosa necessita de cuidados mais específicos. Ao envelhecermos, nosso corpo não possui a mesma energia de antes, nem os órgãos funcionam com a mesma eficiência. Com isso, são necessárias políticas de saúde para esse segmento da população.
Os gestores da área da saúde devem pensar em estratégias e locais próprios para a população de idade avançada. Doenças crônicas, como as cardiovasculares e diabetes, e/ou deficiências que aparecem em virtude da faixa etária devem ser tratadas em ambientes especializados.
Além da saúde, há a questão previdenciária. Muitos países adotam o sistema de aposentadoria para quem atinge o status de idoso, que é algo extremamente importante para pessoas nessa fase da vida. No entanto, a aposentadoria gera gastos inevitáveis para o poder público com pagamentos de pensionistas e aposentados, o que preocupa as lideranças governamentais.
Nas cidades, o planejamento urbano também deve levar em consideração essa faixa populacional. Ruas e calçadas acessíveis, sinaleiros com maior tempo de travessia para pedestres são algumas soluções urbanas necessárias.
Veja também: Países com altos índices de desenvolvimento humano
Envelhecimento populacional no mundo
Há muito tempo o processo do envelhecimento era algo restrito e quase um privilégio, dadas as condições de subsistência. Desde as primeiras décadas do século XX, com avanços medicinais, planejamentos urbanos, saneamento básico, melhor nutrição e erradicação de algumas doenças, a população mundial passou a viver mais, em todos os cantos do planeta.
Todavia, alguns países experimentaram um aumento da população idosa de forma pioneira, como os países do Hemisfério Norte, nos quais o processo de urbanização e melhoria das cidades aconteceu ainda no século XIX.
Como exemplo, podemos citar a esperança de vida ao nascer, também conhecida como expectativa de vida, de algumas regiões do mundo. Esse conceito está associado a quanto uma pessoa pode viver desde o ano em que nasceu. Para chegar a um número, alguns quesitos são analisados, como:
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acesso à saúde;
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níveis de vacinação;
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infraestrutura nas localidades analisadas, entre outros.
Japão, Austrália e Nova Zelândia registravam, em 2000, uma esperança de vida ao nascer de mais de 76 anos. Em contrapartida, no continente africano, tal índice era de apenas 65 anos.
Na atualidade, os maiores índices de esperança ao nascer estão em países desenvolvidos, como:
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Coreia do Sul (82,6 anos);
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Canadá (82,2 anos);
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Hong Kong (84,7 anos) – a maior do mundo.
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Envelhecimento populacional na Europa
O continente europeu é uma das localidades do globo em que a quarta fase da transição demográfica acontece. Nos últimos anos, a Europa tem vivenciado um grande aumento da população adulta e idosa, bem como um leve declínio do percentual de jovens e crianças.
Desenvolvimento, urbanização e bons níveis de escolarização trazem significativas melhorias na qualidade de vida, o que torna o continente uma das regiões do planeta em que há os maiores índices de esperança de vida ao nascer.
Entre os 10 países com os melhores dados, 5 são europeus. Segundo dados do Banco Mundial (World Bank), Suíça (83,6 anos), Espanha (83,3 anos), Itália (83,2 anos), Luxemburgo (82,7 anos) e França (82,5 anos) detêm as melhores expectativas do continente, estando entre as 10 maiores do mundo.
A média da esperança de vida ao nascer de todo o continente também é alta: 77,7 anos em 2016, número muito superior ao de alguns países africanos, como Chade (53,7 anos), Lesoto (52,9 anos) e República Centro-Africana (52,2 anos), a menor do mundo.
Todavia, essa alta esperança de vida europeia traz algumas consequências negativas, como:
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crises econômicas com gastos previdenciários;
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baixa reposição da População Economicamente Ativa (PEA);
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aumento de doenças crônicas na população;
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gasto do Estado com saúde pública.
De qualquer forma, apesar desses pontos, quando a população vive mais, é sinal de evolução social em todos os sentidos, algo que deve ser comemorado e, também, planejado.
Acesse também: Crescimento demográfico e escassez de recursos naturais
Envelhecimento populacional no Brasil
Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2060, 25% da população brasileira terá 60 anos ou mais, percentual que será maior do que a população de crianças (pouco mais de 14% para o ano citado). Esse dado vem evoluindo nas últimas décadas. Em 2010, data do último censo do IBGE, o percentual de idosos na população brasileira era de 7,38. Dez anos antes, em 2000, o percentual era de 5,85.
Em comparação com países desenvolvidos, ainda temos um longo caminho a percorrer para tratar como prioridades as políticas relacionadas à população idosa. Tomando como base a transição demográfica, podemos perceber que, atualmente, estamos na terceira fase, com reduções significativas nas taxas de mortalidade (as pessoas estão vivendo mais) e fecundidade/natalidade (baixos índices de filhos/mulher e, consequentemente, baixos índices de nascimentos/mil habitantes).
Tais reduções são consequências de diversos fatores. Em primeiro lugar, podemos citar a emancipação feminina nas últimas décadas, como a conquista ao direito ao voto, maior participação no mercado de trabalho, entre outros. Essas ações contribuíram para a diminuição da taxa de fecundidade. Para comprovar, veja a evolução da taxa de fecundidade brasileira nas últimas décadas:
Década |
Taxa de fecundidade |
1960 |
6,06 |
1970 |
4,97 |
1980 |
4,04 |
1990 |
2,9 |
2000 |
2,3 |
2010 |
1,87 |
2015 |
1,72 |
Dessa forma, com as diminuições das taxas de fecundidade, há o aumento da população jovem e adulta, corroborando a terceira fase da transição demográfica. Assim, o envelhecimento populacional no Brasil é um fator inevitável, o que deve ser visto com atenção e cautela pelo Estado. Ainda de acordo com o IBGE, a esperança de vida ao nascer dos brasileiros em 2015 era de 75,4 anos, um leve aumento comparado com o ano 2000, em que a esperança de vida ao nascer era de 69,8 anos.
Outro fator que explica a redução das taxas de natalidade e fecundidade é o encarecimento da vida urbana. A sobrevivência na selva de pedra é cara, o que faz com que a população trabalhe de 8 a 12 horas/dia para um sustento digno e satisfatório. Alguns até têm mais de um emprego, algo normal nas médias e grandes cidades.
Países desenvolvidos já passaram por essa terceira fase, melhorando as condições de vida dos idosos ao longo das etapas anteriores. Entretanto, no Brasil, o que vemos é a intensa má distribuição de renda — agravando as desigualdades sociais —, dificuldades de aposentadoria e muitas políticas em que o idoso não é prioridade.
Resoluções para o envelhecimento populacional
Como já vimos, envelhecer está cada vez mais comum em todos os cantos da Terra. Esse processo, que já foi tido como doloroso para muitos, hoje é associado a progresso e desenvolvimento. Países que possuem alto número de idosos possuem essas duas palavras em suas políticas públicas e em toda a sociedade.
Porém, apesar de ser um processo comum pelo mundo, nem todas as nações estão preparadas para o aumento da população idosa. Saúde, economia e acessibilidade estão entre os assuntos mais preocupantes com relação ao envelhecimento.
Priorizar a etapa final da vida é um ato digno de quem valoriza quem tanto lutou pelo seu país. Muitas ações para tornar a velhice um prazer passam por essa valorização. Cidades mais acessíveis, saúde pública eficiente e respeitáveis valores de aposentadoria são alguns dos inúmeros exemplos que tornarão o envelhecimento populacional prazeroso e satisfatório.
Veja também: Quais são os países com deficit demográfico?
Exercícios resolvidos
Questão 1 – (UFRR/2017) De acordo com os dados levantados pelo Censo Demográfico, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira totalizava 190.755.799 habitantes em 2010.
Com relação às fases do crescimento demográfico brasileiro, podemos afirmar, EXCETO:
A) Projeções demográficas apontam que em 2050 a população brasileira apresentará declínio.
B) A partir da década de 1990 nota-se um menor crescimento e maior envelhecimento da população.
C) Entre 1940 e 1980 observa-se um maior crescimento da população, em função da elevada taxa de natalidade e baixa taxa de mortalidade.
D) Entre 1900 e 1940 o crescimento da população brasileira ocorreu em função da queda na taxa de mortalidade, devido às melhorias nas condições sanitárias do país.
E) Entre 1872 e 1940 houve um crescimento lento, em função das altas taxas de mortalidade.
Resolução
Alternativa D. O exercício pede a alternativa errada em relação à demografia brasileira. No caso, o crescimento populacional cresce após o período citado, quando há o ápice no processo de urbanização após 1930, período de intensa industrialização.
Questão 2 - (UFPR/2017)
O Brasil tem 206,08 milhões de habitantes, segundo dados divulgados nesta terça-feira (30) [agosto, 2016] pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estimativas publicadas no Diário Oficial da União indicam que o país tinha, em 1º de julho deste ano, 206.081.432 habitantes. No ano passado, a população era de 204.450.649, ou seja, o crescimento da população foi de 0,8%.
(Disponível em: . Acessado em 31.08.2016.)
Com base nas informações do texto e nos conhecimentos em geografia da população, assinale a alternativa correta.
A) O percentual de crescimento populacional indicado mostra que a teoria malthusiana tinha razão, isto é, que a população está crescendo em progressão geométrica e a de alimentos, em ritmo aritmético.
B) A taxa de natalidade caiu de forma significativa nas últimas duas décadas e a percentagem de crescimento atual é explicada pela vinda de migrantes e refugiados de outros países.
C) Em termos absolutos, a expressiva diferença no montante da população entre um ano e outro indica que as políticas públicas de controle de natalidade da última década não conseguiram diminuir o crescimento populacional.
D) O aumento da densidade demográfica nas regiões Norte e Centro-Oeste, que equilibrou a distribuição da população nacional, tem sido um fator relevante no crescimento populacional.
E) Embora apresente essa taxa de crescimento, há uma tendência de diminuição da representatividade da população jovem no Brasil em relação à população em processo de
envelhecimento, confirmando a mudança da estrutura etária brasileira.
Resolução
Alternativa E. Com as taxas de natalidade e fecundidade sendo reduzidas, a participação de crianças e jovens na composição da população brasileira será menor do que a de adultos e idosos nas próximas décadas.
Crédito das imagens
[1] Gwoeii / Shutterstock
[2] ldphotoro / Shutterstock
Por Átila Matias
Professor de Geografia