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Projeções cartográficas são sistemas de coordenadas geográficas, constituídos por meridianos (semicírculo imaginário traçado de um polo da Terra a outro) paralelos (linhas imaginárias paralelas à Linha do Equador), sobre os quais pode ser representada a superfície esférica da Terra.
Isso quer dizer que a superfície esférica do planeta é, portanto, planificada por meio de desenho, dando origem a um mapa. A construção desse sistema é feita mediante relações matemáticas e geométricas. As projeções cartográficas mais conhecidas são:
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Projeção cilíndrica
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Projeção azimutal
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Projeção cônica
Leia também: O que são paralelos e meridianos?
Tópicos deste artigo
- 1 - Principais projeções cartográficas
- 2 - Tipos de projeções cartográficas
- 3 - Exemplos de projeções cartográficas
- 4 - Por que as projeções cartográficas apresentam distorções?
- 5 - Curiosidades sobre as projeções cartográficas
- 6 - Exercícios resolvidos
Principais projeções cartográficas
Segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, as mais conhecidas classificações de projeção cartográfica são aquelas que utilizam as superfícies de um cone, plano ou cilindro, a fim de planificar a área esférica da Terra.
→ Projeção cilíndrica
A projeção cilíndrica refere-se à representação da superfície esférica da Terra em um plano utilizando como base um cilindro que envolve todo o globo. Nessa projeção as coordenadas geográficas (paralelos e meridianos) são representadas por linhas retas que se encontram em ângulos retos.
Há nela conservação da forma, direções e ângulos, mas a proporção da superfície é distorcida. É comum escolher esse tipo de projeção para mapas-múndi. À medida que se aproxima dos polos, as deformações aumentam, sendo assim, as regiões polares são normalmente exageradas em sua apresentação.
→ Projeção cônica
A projeção cônica refere-se à representação da superfície esférica da Terra projetada sobre um cone. As coordenadas geográficas originam-se de um único ponto. Os meridianos convergem para as regiões polares, e os paralelos formam arcos concêntricos. As áreas que se encontram mais afastadas do paralelo em contato com o cone apresentam maiores deformações. Normalmente esse tipo de projeção é utilizado para representar regiões de latitudes intermediárias.
→ Projeção azimutal
A projeção azimutal, também chamada de projeção plana, refere-se à representação da superfície esférica da Terra sobre uma superfície plana tocante ao globo. As coordenadas geográficas nesse tipo de projeção formam círculos concêntricos. É utilizada para representar qualquer ponto da Terra, sendo mais comum a representação das regiões polares, ou seja, áreas menores do globo. É classificada em três tipos: polar, equatorial e oblíqua.
Tipos de projeções cartográficas
Existem diversas representações aproximadas da superfície esférica da Terra em um plano. Elas podem ser classificadas quando à superfície de projeção (que são as mais comuns e já foram mencionadas anteriormente); quanto ao tipo de contato com a superfície; quanto às propriedades; quanto ao método de elaboração do traçado; ou quanto à situação do ponto de vista.|1| As mais conhecidas são:
→ Superfície de contato
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Tangente: superfície de projeção encontra-se tangente à superfície de referência.
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Secante: superfície de projeção divide em partes (secciona) a superfície de referência.
→ Propriedade
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Equidistante: projeção cartográfica que não apresenta deformação linear, e sim a conservação da escala real em uma determinada direção. Há nela deformação da área e dos ângulos, conservando as distâncias.
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Conforme: projeção cartográfica em que há conservação dos ângulos e deformação das áreas, especialmente de pequenas regiões. Há nela o cruzamento entre as coordenadas geográficas em ângulo reto.
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Equivalente: projeção cartográfica que não apresenta deformação das áreas, ou seja, a proporção com a área real é conservada. Contudo, há distorção dos ângulos, provocando deformidades ao redor de um ponto, devido à variação da escala.
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Afilática: projeção cartográfica que não conserva ângulo, área ou comprimento, portanto, não há conservação das propriedades. Contudo, há o mínimo de deformação possível em conjunto.
→ Posição da superfície de projeção
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Policônica: projeção cuja superfície de representação é um cone apresentando deformações ao centro que aumentam à medida que a área afasta-se da região central. Utilizada especialmente em representações de áreas extensas de norte a sul.
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Transversa: projeção em que as coordenadas geográficas não se apresentam em linha reta (exceto a Linha do Equador), utilizada principalmente para representar áreas extensas de norte a sul.
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Normal: projeção em que os paralelos apresentam-se como círculos e os meridianos como linhas retas, apresentando baixo nível de deformação. Utilizada especialmente em representações de áreas extensas de oeste a leste.
→ Método de elaboração do traçado
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Geométrica: projeção representada segundo princípios geométricos, sendo dividida em: gnomônica (ponto de vista no centro da Terra), estereográfica (ponto de vista no plano contrário à tangência do plano da projeção) ou ortográfica (ponto de vista no infinito).
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Analítica: projeções representadas segundo formulações matemáticas (cálculos, tabelas, ábacos).
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Convencional: projeções representadas por meio de cálculos e tabelas.
Saiba também: Mapa do Brasil: estados, capitais e regiões
Exemplos de projeções cartográficas
Há diversos tipos de projeções segundo os critérios já citados, mas algumas delas são bastante conhecidas quando o assunto é representação do mapa-múndi. Conheça três delas:
→ Projeção de Mercator
A projeção de Mercator, elaborada em 1569 pelo cartógrafo Gerhard Mercator, é do tipo cilíndrica e uma das mais conhecidas no mundo todo. As coordenadas geográficas são traçadas em linhas retas que se cruzam formando ângulos retos. Nesse tipo de projeção, há conservação dos ângulos e deformação das áreas. As regiões nas altas latitudes apresentam-se de forma exagerada.
→ Projeção de Peters
A projeção de Peters, elaborada em 1973 pelo historiador alemão Arno Peters, é do tipo cilíndrica equivalente. Os paralelos são apresentados em intervalos que decrescem a partir da Linha do Equador. Ao contrário da projeção de Mercator, a projeção de Peters apresenta com maior exagero a região dos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Na direção leste-oeste, há achatamento, enquanto na direção norte-sul, há alongamento. A principal característica desse modelo é a conservação das áreas e a deformação dos ângulos e das formas.
→ Projeção de Robinson
A projeção de Robinson, elaborada em 1961 pelo geógrafo Arthur H. Robinson, é do tipo afilática e pseudocilíndrica. Nesse tipo de projeção, os paralelos são representados em linha reta e os meridianos em forma de arcos concêntricos. O mapa elaborado apresenta deformação mínima das áreas e das formas, conservando os ângulos. É considerada a melhor projeção cartográfica para representar as massas continentais.
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Por que as projeções cartográficas apresentam distorções?
Devido à grande dificuldade de representar algo esférico em uma superfície plana, as projeções cartográficas costumam apresentar distorções, sejam elas na área, na forma ou no ângulo. Assim, cada projeção, entre as centenas existentes, prioriza algum aspecto em sua representação e nunca estará livre de distorções, portanto, não representará fielmente a superfície.
Pode-se dizer então que não há uma projeção cartográfica ideal. A escolha de cada uma estará relacionada com o propósito daquilo que se quer representar. A representação que apresenta menos problemas quanto às alterações, e mais se aproxima da realidade, é o globo.
Curiosidades sobre as projeções cartográficas
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Segundo o IBGE, a representação do Brasil é feita por meio de projeção cilíndrica equatorial de Mercator e policônica. O mapeamento oficial do território brasileiro é elaborado na projeção policônica, que visa diminuir a deformação dos meridianos à medida que eles convergem.
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O emblema da Organização das Nações Unidas é um exemplo de projeção azimutal ou plana. Essa projeção é centrada no Polo Norte, estendendo-se a 60° de latitude sul.
Leia também: Legenda e simbologia dos mapas
Exercícios resolvidos
1) (UESC) Os conhecimentos sobre projeções cartográficas e uso de mapas possibilitam afirmar:
a) A projeção azimutal fornece uma visão eurocêntrica do mundo e, por isso, não é mais utilizada.
b) As distorções da representação, nas projeções cilíndricas, são maiores no Equador e menores nos polos.
c) A projeção de Peters é a única que não pretende privilegiar nenhum continente, porque ela reproduz rigorosamente a realidade.
d) A projeção cônica só pode ser utilizada para representar grandes regiões, porque as distorções são pequenas entre os trópicos, não representando, portanto, a realidade das áreas mapeadas.
e) As projeções cartográficas permitem que, na construção dos mapas temáticos, os meridianos e os paralelos terrestres sejam transformados de uma realidade tridimensional para uma realidade bidimensional.
Letra E
O principal objetivo das projeções cartográficas é representar uma área tridimensional de forma bidimensional. A escolha do tipo de projeção dependerá do propósito do mapa.
2) (FGV/2017) Considerando a cartografia enquanto um conjunto de técnicas, temos nas projeções cartográficas o desafio de representar em um plano o formato geoide do planeta Terra. Quanto ao tipo de superfície de projeção, aquela cujas distorções aumentam conforme nos afastamos da linha do Equador denomina-se projeção
a) polissuperficial.
b) cônica.
c) cilíndrica.
d) azimutal.
e) poliédrica.
Letra C
Na projeção cilíndrica, à medida que se afasta do Equador e aproxima-se dos polos, a deformação da área aumenta, e por isso os polos são apresentados com exagero.
3) (UEL-PR/2015) Com o objetivo de representar, o mais próximo possível do real, o espaço geográfico, os cientistas usaram as projeções cartográficas. As mais utilizadas são as de Mercator e Peters. Com base nos conhecimentos sobre projeções cartográficas, assinale a alternativa correta.
a) Na projeção de Peters, o plano da superfície de projeção é tangente à esfera terrestre (projeção azimutal); já na projeção de Mercator, o plano da superfície de projeção é um cone (projeção cônica) envolvendo a esfera terrestre.
b) Na projeção de Mercator, o espaçamento entre os paralelos diminui da Linha do Equador para os polos, enquanto o espaçamento entre os meridianos aumenta a partir do meridiano central.
c) Na elaboração de uma projeção cartográfica, o planisfério de Peters mantém as distâncias proporcionais entre os elementos do mapa, aumentando o comprimento do meridiano central.
d) A projeção de Mercator é desenvolvida em um cilindro, sendo mantida a propriedade da forma. Essa projeção mostra uma visão de mundo eurocêntrica.
e) Na projeção de Peters, o espaçamento entre os paralelos aumenta da Linha do Equador para os polos, enquanto o espaçamento entre os meridianos diminui a partir do meridiano central.
Letra D
As projeções de Peters e Mercator são cilíndricas. Enquanto Peters apresenta exagero nas regiões subdesenvolvidas, Mercator apresenta uma visão eurocêntrica aumentando a área dos países nas maiores latitudes.
Fontes
IBGE. Projeções cartográficas. Disponível em: https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-que-e-cartografia/as-projec-o-es-cartogra-ficas.html.
USP. Introdução à cartografia. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2612791/mod_resource/content/2/5%20Projecoes_cartograficas.pdf.
Notas
|1| Projeções cartográficas. Para acessar, clique aqui.
Por Rafaela Souza
Professora de Geografia