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Cocaína

A cocaína pode ser consumida de diversas formas: por aspiração, injeção, fumo ou via oral. O uso prolongado dessa droga pode acarretar inúmeros riscos à saúde.

Pacote de plástico com cocaína; ao lado, duas linhas e pilha de cocaína em fundo preto.
A cocaína é utilizada como droga ilícita, sendo frequentemente consumida na forma de pó.
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A cocaína é um alcaloide extraído das folhas de plantas pertencentes ao gênero Erythroxylum, conhecido por seus efeitos psicoativos no sistema nervoso central. Essa substância é utilizada como droga ilícita, sendo geralmente consumida em pó e por aspiração.

 Os efeitos iniciais da cocaína incluem sensações de euforia, aumento de energia e alerta, que eventualmente se transformam em sintomas como fadiga, irritabilidade, impulsividade e flutuações no humor à medida que o efeito da substância se dissipa. Com alto potencial de causar dependência, o uso prolongado dessa droga pode resultar em vários riscos à saúde, incluindo overdose.

Leia também: Crack — droga produzida com base na cocaína

Tópicos deste artigo

Resumo sobre cocaína

  • A cocaína é um alcaloide extraído das folhas de coca, uma planta nativa da América do Sul.
  • Essa substância é utilizada como droga ilícita, sendo consumida por aspiração nasal (em pó), injeção intravenosa (pó diluído em água), fumo (crack, pasta de coca ou merla) ou via oral (chá ou hábito de mascar a folha).
  • Quando consumida, a cocaína proporciona uma sensação de euforia, aumento de energia e do estado de alerta.
  • O uso de cocaína está associado a diversos riscos de saúde, incluindo problemas cardíacos, neurológicos e comportamentais.
  • A cocaína possui alto potencial de dependência.
  • A posse e a venda de cocaína são ilegais em muitos países devido aos seus efeitos prejudiciais.

O que é a cocaína?

A cocaína é um alcaloide natural extraído das folhas de, pelo menos, 17 espécies de planta do gênero Erythroxylum. Elas são nativas da América do Sul, e seu arbusto é predominantemente encontrado no leste dos Andes e nas áreas acima da Bacia Amazônica.

A espécie Erythroxylum coca, popularmente conhecida como coca, é uma das principais fontes de cocaína para uso ilícito, sendo proibida em diversos países.

Plantação de Erythroxylum coca, espécie utilizada para a produção de cocaína.
A Erythroxylum coca é a principal espécie utilizada para obtenção da cocaína.

Características da cocaína

A cocaína é popularmente conhecida como “pó”, “branquinha” ou “neve” devido a sua principal forma de uso em sal solúvel (cloridrato de cocaína). Ela também pode ser encontrada na forma de base, conhecida como crack e merla. Geralmente sob a forma de pequenas pedras, o crack e a merla são pouco solúveis em água, mas são voláteis quando aquecidos.

A cocaína ainda é encontrada na forma de pasta de coca, um produto obtido das primeiras fases de extração de cocaína das folhas da planta, quando tratadas com solventes orgânicos (como querosene ou gasolina) e ácido sulfúrico, contendo muitas impurezas tóxicas. A cocaína também pode ser obtida, em baixa quantidade, do chá da folha de coca, sendo assim legal em alguns países, como Peru e Bolívia.

Essa substância afeta o sistema nervoso central e é conhecida por seus efeitos psicoativos, como o aumento temporário da sensação de euforia, energia e estado de alerta. No entanto, também possui alto potencial de dependência, associado a uma série de efeitos colaterais prejudiciais à saúde, como ansiedade, paranóia e ataque cardíaco.

Atualmente, a cocaína é uma das substâncias ilícitas mais difundidas e controladas do mundo, trazendo à tona importantes questões de saúde pública no Brasil e em escala global devido a seus impactos sociais, econômicos e na saúde.

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Usos da cocaína

Devido às diferentes formas em que a cocaína pode ser encontrada, ela também pode ser consumida de maneiras distintas:

- Aspiração: também conhecida como “cheirar pó” ou “sniff”, essa forma de consumo envolve a inalação da cocaína em pó pelas vias nasais. O pó é absorvido pelas mucosas do nariz e entra na corrente sanguínea. Seu efeito tem uma duração aproximada de 30 a 45 minutos.

- Injeção: a cocaína na forma de sal pode ser dissolvida em água e consumida por via intravenosa, indo diretamente para a corrente sanguínea. Isso proporciona um efeito rápido e intenso, mas é uma forma perigosa devido ao alto risco de problemas vasculares, overdose e infecções, especialmente quando agulhas são compartilhadas. Seu efeito dura cerca de 20 minutos no organismo.

- Fumada: na forma de crack, merla ou pasta de coca, os usuários aquecem e fumam a substância em cachimbos ou cigarros (“brasucos”, no caso da pasta de coca, ou misturados com tabaco e maconha, no caso do crack). O crack possui um efeito intenso, porém de curta duração (5 a 10 minutos) e quase imediato, uma vez que é altamente absorvido pela extensa e altamente vascularizada superfície pulmonar, tendo um alto potencial de causar dependência.

- Via oral: a cocaína também pode ser ingerida na forma de chá ou ao mascar-se as folhas da planta. No entanto, uma baixa concentração de cocaína é ingerida dessas formas, e, após a ingestão, parte da substância ainda é metabolizada no organismo antes de atingir o cérebro.

Leia também: Maconha — a droga ilícita mais utilizada no mundo

Efeitos da cocaína

A cocaína atua no sistema nervoso central. Na sinapse, várias substâncias são liberadas e absorvidas, como a dopamina, um neurotransmissor que atua no sistema de recompensa cerebral. Quando experimentamos prazer, a dopamina é liberada, preenchendo a sinapse, penetrando nos receptores do neurônio seguinte e transmitindo a sensação de prazer.

A dopamina restante na sinapse é reabsorvida pelos receptores na membrana do neurônio que emitiu o sinal, fazendo com que a sensação de prazer desapareça. No entanto, o uso de cocaína obstrui os receptores responsáveis por reabsorver a dopamina, prolongando sua permanência na sinapse e perpetuando a sensação de prazer.

Esquema ilustrativo da ação da cocaína no organismo.
A cocaína obstrui os receptores responsáveis por reabsorver a dopamina.

Imediatamente após o uso da cocaína, uma série de efeitos é desencadeada, incluindo:

            - intensa sensação de euforia;

            - hiperatividade;

            - aumento da autoconfiança e prazer;

            - maior estado de alerta;

            - dilatação da pupila;

            - elevação da temperatura corporal;

            - aumento da frequência cardíaca e respiratória;

            - sudorese.

À medida que o efeito da droga diminui, o usuário geralmente experimenta sintomas como fadiga, irritabilidade, aumento da impulsividade e variações no humor.

Riscos da cocaína à saúde

O uso contínuo da cocaína está associado a diversos efeitos colaterais e riscos significativos para a saúde, que incluem:

- Problemas cardiovasculares: o uso da cocaína envolve aumento da pressão arterial e maior risco de ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais. Estes últimos representam algumas das principais causas de morte relacionadas ao uso de cocaína.

- Perda de apetite: a cocaína age como um inibidor de apetite, e seu uso continuado leva a uma significativa perda de peso, que pode resultar em desnutrição e fraqueza.

- Danos nas vias nasais: o consumo de cocaína pela via nasal pode resultar em danos ao revestimento do nariz e do trato respiratório. Isso inclui prejuízos na irrigação sanguínea nasal, podendo levar à necrose do local e, como consequência, a úlceras no septo nasal.

- Efeitos neuropsiquiátricos: o uso de cocaína pode desencadear ansiedade, depressão, paranoia, alucinações e agressividade, além de causar danos neuronais. As crises paranoicas podem aumentar o risco de acidentes e expor o usuário a situações de violência.

Leia também: Metanfetamina — droga de alto potencial psicoativo que é produzida em laboratório

Dependência e overdose de cocaína

A cocaína é uma droga com um alto potencial de dependência. O uso continuado dessa substância leva a uma tolerância crescente aos seus efeitos, tornando-se mais efêmeros e rápidos, o que exige doses cada vez maiores para atingir a mesma sensação de prazer no cérebro.

A dependência resulta na perda do interesse pelas atividades diárias, provocando mudanças no humor e no ânimo, enquanto a pessoa concentra seus pensamentos na droga. Além disso, também contribui para o aumento dos danos na saúde ligados ao consumo de cocaína. A abstinência pode desencadear diversos sintomas, incluindo ânsia, depressão, apatia, ansiedade e fadiga.

A overdose é uma situação médica grave causada pelo consumo de uma dose excessiva da droga, que pode resultar em efeitos tóxicos potencialmente fatais. Os sintomas podem variar em gravidade e geralmente incluem arritmias cardíacas, ataques cardíacos, hipertermia, alucinações, convulsões, aumento da agressividade e elevação significativa da pressão arterial.

A overdose de cocaína é considerada uma emergência médica. Portanto, se você suspeitar que alguém está sofrendo uma overdose de cocaína, é importante buscar imediatamente ajuda médica ligando para um serviço de emergência (192 no Brasil). O tratamento de uma overdose geralmente envolve a administração de medicamentos para controlar os sintomas, como o ritmo cardíaco e a pressão arterial, bem como a prestação de suporte psicológico ao paciente.

Importante: Atualmente, a dependência química é classificada como um transtorno mental, uma vez que envolve componentes biológicos e genéticos que contribuem para a perda de controle do uso da substância. Essa classificação ajuda a reduzir o estigma associado à dependência química, eliminando a ideia de que as pessoas que sofrem desse transtorno são fracas, têm pouca força de vontade ou falta de bom senso. Normalmente, os indivíduos nessa situação necessitam de tratamento médico apropriado para lidar com a dependência da substância.

Fontes

BAHLS, F.C. & BAHLS, S.C. 2002. Cocaína: origem, passado e presente. Interação em Psicologia. 6(2): 177-181.

CEBRID - UNIFESP. Cocaína. Disponível em: https://www2.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/quest_drogas/cocaina.htm.

FERIGOLO, M. & SIGNOR, L. 2007. Cocaína - Versão 1.0. Disponível em: https://www1.ibb.unesp.br/Home/UnidadesAuxiliares/CentrodeAssistenciaToxicologica-CEATOX/cocaina.pdf.

NATIONAL INSTITUTE ON DRUG ABUSE. Cocaine Drug Facts. Disponível em: https://nida.nih.gov/publications/drugfacts/cocaine.

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Drogas - Informações Gerais - Tipos: Cocaína - Disciplina - Química. Disponível em: http://www.quimica.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=262#:~:text=A%20coca.

VARELLA, D. Cocaína e Crack - Entrevista. In: Site Drauzio Varella. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/entrevistas-2/cocaina-e-crack-entrevista/.    

Escritor do artigo
Escrito por: Heloísa Fernandes Flores Bacharela, licenciada e mestre em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo. Atualmente, é doutoranda em Entomologia e cursa uma especialização em Gestão Escolar na mesma instituição. Desenvolve pesquisas com análise de conteúdo de livro didático e evolução de insetos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

FLORES, Heloísa Fernandes. "Cocaína"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/drogas/cocaina.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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