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Síndrome de Haff é um problema de saúde que se caracteriza por dor muscular intensa que se inicia de maneira abrupta em menos de 24 horas após a ingestão de pescado. É uma síndrome clínica rara e que apresenta um prognóstico bom quando o paciente é rapidamente diagnosticado e tratado adequadamente. Acredita-se que a síndrome ocorra em decorrência de uma toxina presente nos peixes, porém, até o momento, ela não foi identificada.
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Tópicos deste artigo
- 1 - O que é a síndrome de Haff?
- 2 - Histórico da síndrome de Haff
- 3 - Sintomas da síndrome de Haff
- 4 - Diagnóstico da síndrome de Haff
- 5 - Tratamento da síndrome de Haff
O que é a síndrome de Haff?
A síndrome de Haff, também chamada de doença de Haff, pode ser definida como uma síndrome que consiste em rabdomiólise sem explicação. Por rabdomiólise entende-se uma situação em que há lesão do músculo esquelético, desencadeando a liberação de componentes intracelulares na circulação, como proteínas sarcoplasmáticas e mioglobina.
A síndrome de Haff inicia-se após a ingestão de pescado e se caracteriza por provocar dores musculares (mialgia) que se iniciam abruptamente e estão associadas a níveis elevados da enzima CPK (creatinofosfoquinase). Pessoas com a síndrome podem apresentar mioglobinúria, condição em que se observa uma urina com coloração vermelho-amarronzada, devido à presença de mioglobina, e evolução para insuficiência renal. A coloração escura da urina em pacientes com a síndrome fez com que ela ficasse conhecida também como “síndrome da urina preta”.
Histórico da síndrome de Haff
Em 1924, médicos que trabalhavam na região litorânea de Königsberg Haff, próximo da costa do mar Báltico, observaram o surto de uma doença que se caracterizava pelo surgimento de rigidez muscular grave frequentemente acompanhada de eliminação de urina escura. Alguns dos indivíduos com a doença morreram, enquanto outros tiveram recuperação rápida.
Nos anos seguintes, surtos similares ao observado em 1924 ocorreram. Entre os que adoeceram, um fator em comum era percebido: a ingestão de peixe, geralmente cozido. Acredita-se que a doença tenha relação com a presença de alguma toxina, a qual não possui sabor ou odor característico. A toxina também pode ser termoestável, uma vez que muitas pessoas que tiveram a síndrome comeram peixes cozidos.
A síndrome já foi relatada em várias partes do mundo, incluindo o Brasil. Um dos casos mais recentes ocorreu em 2021, quando uma veterinária de 31 anos foi internada, em Recife (PE), com sintomas dessa síndrome rara. A vítima começou a se sentir mal após ingerir um peixe em um almoço em família. Ela apresentou dores e rigidez muscular e foi internada, porém não sobreviveu.
A síndrome é rara e, portanto, de difícil diagnóstico. Assim sendo, é importante estar atento ao surgimento de sintomas como vômito, náuseas, diarreia e dor muscular após a ingestão de peixes.
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Sintomas da síndrome de Haff
A síndrome de Haff apresenta sintomas menos de 24 horas após a ingestão de pescado. Sintomas como dor muscular difusa, rigidez muscular, dormência, perda da força em todo corpo, urina de coloração escura e falta de ar após a ingestão de pescado podem indicar um caso da síndrome. Os pacientes com a síndrome de Haff, em geral, não apresentam febre nem aumento do fígado e baço. A maioria dos pacientes com a síndrome se recupera rapidamente.
Diagnóstico da síndrome de Haff
Como não se sabe ao certo o que causa a síndrome de Haff, não existem exames específicos para diagnosticar o problema. O diagnóstico baseia-se, portanto, na análise dos sintomas e no histórico do paciente a fim de descobrir se houve a ingestão de pescado. Dores e rigidez muscular e a eliminação de urina escura, após a ingestão desses alimentos, podem indicar a síndrome de Haff.
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Tratamento da síndrome de Haff
A síndrome de Haff não apresenta um tratamento específico, sendo ele voltado para os danos que a síndrome pode causar. O médico utilizará técnicas e medicamentos para aliviar, por exemplo, dores e falta de ar bem como auxiliar o funcionamento dos rins quando eles forem comprometidos. Em alguns casos, o paciente não necessita de nenhuma intervenção.
Por Vanessa Sardinha dos Santos
Professora de Biologia