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O Brasil, a despeito das eventuais secas que ocorrem em algumas regiões, é o país onde as chuvas são mais frequentes, com uma média de 15.200 km³/ano. O Canadá, por exemplo, que possui um território maior do que o do nosso país, apresenta apenas um terço dessa média anual de precipitação. Tal fator deve-se, principalmente, à existência da Amazônia, a maior floresta tropical do planeta.
A relação entre a Amazônia e as chuvas no Brasil ocorre em razão da existência dos Rios Voadores, que, basicamente, consistem na umidade do ar gerada pela Floresta Amazônica e disseminada para várias outras partes do país e do continente sul-americano. São essas chuvas, inclusive, que garantem a sobrevivência da própria floresta e dos recursos hídricos de boa parte das bacias hidrográficas brasileiras.
De acordo com o Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA) e a Expedição Rios Voadores*, a Amazônia é uma floresta que faz chover. De acordo com os pesquisadores, a floresta emite vapores orgânicos para o ar por meio da evapotranspiração, provocando o condensamento e a formação das chuvas. O ar úmido que também é gerado pode precipitar-se e deslocar-se para outras regiões, incluindo o Centro-Oeste do país, o Sudeste e também o Sul.
É válido mencionar que a taxa de evaporação da água na floresta é maior que em outras áreas, sobretudo aquelas que foram desmatadas. A título de comparação, podemos citar que a evapotranspiração na Amazônia ocorre em um ritmo de 3,6 a 4,2 mm por dia, ao passo em que nas áreas de pastagem essa média passa para 1 ou 2 mm diários em épocas chuvosas.
Portanto, os regimes de chuvas no Brasil dependem muito da Floresta Amazônica, pois é ela que emite a maior parte do ar úmido que se condensa em forma de chuva em outras regiões do país. Alguns estudiosos estimam que as secas ocorridas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil no ano de 2014 ocorreram, em grande parte, em razão dos sucessivos desmatamentos da Amazônia ao longo dos últimos tempos. No entanto, existem discordâncias com relação a essa conclusão, uma vez que não existem dados definitivos que comprovem essa tese.
De toda forma, é importante perceber que, caso o processo de destruição da floresta amazônica continue ocorrendo, haverá um grande impacto nas chuvas do Brasil, gerando alterações climáticas de todas as ordens, como o aumento das temperaturas e a ocorrência mais frequente de secas rigorosas. A questão da água no Brasil depende, portanto, da conservação de suas vegetações.
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* Projeto Rios Voadores. Os rios voadores, a Amazônia e o clima brasileiro. Caderno do Professor. São Paulo: Editora Horizonte, s/d. p.11.
Por Me. Rodolfo Alves Pena