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Vírus Epstein-Barr

O vírus Esptein-Barr é muito conhecido por provocar a “doença do beijo”, mas também está relacionado com o desenvolvimento de alguns tipos de câncer.

Vírus Epstein-Barr.
O vírus Epstein-Barr apresenta capacidade de permanecer em latência no organismo.
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O Epstein-Barr é um vírus da família Herpesviridae conhecido, principalmente, por desencadear a mononucleose infecciosa, popularmente conhecida como doença do beijo. O vírus, no entanto, não está relacionado apenas com essa doença, estando associado a outros problemas de saúde, incluindo alguns tipos de câncer, em especial do sistema linfático e de cabeça e pescoço.

O vírus Epstein-Barr destaca-se por possuir um genoma formado por uma molécula de DNA, que se encontra dentro de um nucleocapsídeo, o qual está, por sua vez, envolto por um envelope viral. O vírus apresenta capacidade de se manter em latência no organismo e não é responsável por epidemias.

Leia também: Rotavírus — vírus bastante conhecido por acometer crianças

Tópicos deste artigo

Resumo sobre o vírus Epstein-Barr

  • O Epstein-Barr é um vírus da família Herpesviridae que apresenta entre 120 e 180 nanômetros e possui DNA dupla fita.

  • Fica latente no organismo, permanecendo no corpo mesmo após o fim dos sintomas da doença.

  • É conhecido por causar mononucleose infecciosa, porém também está relacionado com outros problemas de saúde.

  • Existem dois tipos de vírus Epstein-Barr, os quais são classificados em 1 e 2 ou A e B.

O que é o vírus Epstein-Barr?

O Epstein-Barr (EBV), descoberto em 1964, é um vírus da família Herpesviridae. Formalmente esse vírus é denominado de herpes vírus 4 (HHV-4) e é conhecido principalmente por causar mononucleose infecciosa, apesar de se relacionar com outros problemas de saúde, como a rara síndrome de Alice no País das Maravilhas, encefalite e síndrome de Guillain-Barré.

É importante destacar que o EBV apresenta também uma relação forte com o desenvolvimento de diferentes tipos de câncer, especialmente aqueles do sistema linfático e de cabeça e pescoço. Além disso, recentemente o vírus foi associado com o desenvolvimento de esclerose múltipla.

O vírus não provoca epidemias e estima-se que infecta mais de 90% da população mundial. Estudos sugerem que esse vírus encontra-se de maneira latente em cerca de 90% a 95% dos adultos e cerca de 40% da população infantil.

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Características do vírus Epstein-Barr

O vírus Epstein-Barr apresenta entre 120 e 180 nanômetros e destaca-se por possuir um nucleocapsídeo hexagonal que é envolvido por um envelope com estrutura complexa de proteínas. O material genético desse vírus é uma molécula de DNA de dupla fita, que possui cerca de 184.000 pares de bases.

O vírus, assim como outros vírus da família Herpesviridae, destaca-se por permanecer no organismo mesmo após o desaparecimento do quadro clínico por ele causado. O vírus permanece, portanto, latente em nosso corpo.

Estrutura do vírus Epstein-Barr
O vírus Epstein-Barr apresenta um nucleocapsídeo hexagonal, que é envolvido por um envelope.

Existem dois tipos de vírus Epstein-Barr, os quais são classificados em 1 e 2 ou A e B. Esses vírus se diferenciam em alguns alelos.

O EBV-1 destaca-se por ser o mais comum e apresentar distribuição mundial. Quando analisada a forma de infectar linfócitos B in vitro, esse vírus consegue afetá-los mais rapidamente. O EBV-2, por sua vez, ocorre principalmente na África Equatorial e em indivíduos que apresentam infecção pelo HIV. Esse tipo de EBV afeta os linfócitos B mais lentamente e com menor eficiência do que o EBV do tipo 1.

Leia também: Adenovírus — um grupo de vírus capaz de afetar diferentes animais

Mononucleose infecciosa

A mononucleose infecciosa é uma doença contagiosa provocada pelo EBV. Trata-se de uma doença febril, de baixa letalidade e que pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, apesar de acometer, principalmente, jovens e adultos com idade entre 15 e 25 anos. Caracteriza-se pela ocorrência da tríade: febre, faringite e linfadenomegalia (aumento dos gânglios linfáticos).

A transmissão da mononucleose infecciosa ocorre por via oral-oral, por meio do contato íntimo com a saliva do indivíduo doente. Por esse motivo, a mononucleose é também conhecida como doença do beijo. No caso das crianças, a transmissão associa-se com o fato de que elas geralmente levam com frequência objetos à boca, os quais podem estar contaminados com saliva. Raramente a transmissão da mononucleose ocorre por meio de contato sexual ou transfusão de sangue.

Epstein-Barr e a esclerose múltipla

A esclerose múltipla é uma doença crônica e autoimune que afeta o sistema nervoso central. Nessa doença, as células de defesa atacam uma capa de gordura que reveste os axônios dos neurônios, a chamada bainha de mielina. Dentre os sintomas da doença, podemos destacar fadiga, fraqueza muscular, problemas na coordenação e equilíbrio, problemas no trato urinário e intestinal.

A causa da esclerose múltipla não é conhecida até o momento, entretanto acredita-se que a doença seja desencadeada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Alguns estudos sugerem que agentes infecciosos podem estar associados ao desenvolvimento de esclerose múltipla, sendo o EVB um deles.

Em artigo publicado na revista Science, em janeiro de 2022, e intitulado "Longitudinal analysis reveals high prevalence of Epstein-Barr virus associated with multiple sclerosis”, pesquisadores afirmam que o risco de esclerose múltipla “aumentou 32 vezes após a infecção pelo EBV, mas não aumentou após a infecção por outros vírus, incluindo o citomegalovírus, transmitido de forma semelhante”. Ainda segundo os autores, os achados após as análises não podem ser explicados por nenhum fator de risco conhecido para esclerose múltipla (EM) e sugerem o EBV como a principal causa de EM.

É importante destacar, no entanto, que, como salientado por Robinson e Steinman em um artigo de comentário que acompanha o estudo, “quase todos estão infectados com EBV, mas apenas uma pequena fração desenvolve EM. Assim, outros fatores, como a suscetibilidade genética, são importantes na patogênese da EM”. Isso significa que uma pessoa que foi infectada por EBV não desenvolverá necessariamente a esclerose múltipla, sendo fundamental compreender por que nem todos desenvolvem o problema.

 

Por Vanessa Sardinha dos Santos
Professora de Biologia

Escritor do artigo
Escrito por: Vanessa Sardinha dos Santos Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Goiás (2008) e mestrado em Biodiversidade Vegetal pela Universidade Federal de Goiás (2013). Atua como professora de Ciências e Biologia da Educação Básica desde 2008.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SANTOS, Vanessa Sardinha dos. "Vírus Epstein-Barr"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/virus-epstein-barr.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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