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Armas biológicas são armas que transportam organismos, como vírus e bactérias, capazes de causar danos à população, outros animais e plantas. A utilização dessas armas provoca a disseminação de doenças que podem colocar em risco uma população inteira e até mesmo desencadear pandemias.
Desde o início da história humana, o homem utiliza micro-organismos como forma de se defender e também para atacar seus inimigos. Com o avanço no estudo de microbiologia e engenharia genética, essas armas se tornaram cada vez mais eficazes e perigosas.
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Tópicos deste artigo
- 1 - O que são armas biológicas?
- 2 - Tipos de armas biológicas
- 3 - Agentes utilizados na fabricação de armas biológicas
- 4 - Armas biológicas usadas na história
O que são armas biológicas?
Armas biológicas são armas que transportam micro-organismos patogênicos capazes de provocar doenças e morte em seres humanos, outros animais e plantas. Além de provocar doença e mortes, as armas biológicas são usadas com o objetivo de causar medo em uma população, disseminando insegurança e pânico, o que pode gerar grande prejuízo às pessoas que vivem em uma determinada área, impactando negativamente até mesmo na sua economia.
As armas biológicas são extremamente perigosas, e, apesar de não destruírem a estrutura física de uma região, como as bombas atômicas, as doenças liberadas por elas podem provocar epidemias e até mesmo pandemias, atingindo diferentes regiões geográficas.
Além disso, por não provocarem grandes explosões, como mísseis e bombas, as armas biológicas são um perigo silencioso, pois são liberadas no ambiente sem que as pessoas percebam. Isso faz com que uma grande quantidade de pessoas seja contaminada antes mesmo da ameaça ter sido identificada. Portanto, é importante que os sistemas de saúde estejam sempre preparados para lidar com essas situações, respondendo rapidamente a surtos de doenças já conhecidas e também a agentes novos.
Tipos de armas biológicas
Existem diferentes tipos de armas biológicas, as quais se diferenciam, por exemplo, pelo agente utilizado em sua fabricação. Alguns dos micro-organismos já utilizados na fabricação de armas biológicas são as bactérias Yersinia pestis e Bacillus anthracis. As armas biológicas diferenciam-se também pela forma como são utilizadas, ou seja, como o micro-organismo será disseminado. Na literatura encontram-se relatos de armas simples, como estacas contaminadas, até mísseis capazes de disseminar um agente biológico.
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Agentes utilizados na fabricação de armas biológicas
Diferentes agentes podem ser utilizados na fabricação de armas biológicas, tais como bactérias, vírus e fungos. Teoricamente qualquer agente biológico pode ser usado como uma arma biológica, entretanto, esses micro-organismos devem contar com uma série de características importantes, como serem capazes de resistir à manipulação e ao armazenamento, serem passíveis de produção em larga escala, e serem capazes de se disseminar em condições adversas para que possam ser utilizados, por exemplo, como armas em guerras.
Atualmente, os avanços na engenharia genética constituem uma grande ameaça quando o assunto é armas biológicas, uma vez que é possível, por meio dessas técnicas, modificar micro-organismos, tornando-os mais eficientes na sua capacidade de causar doenças e mais resistentes à ação de medicamentos.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) classifica os agentes biológicos em três categorias: Categoria A, Categoria B e Categoria C.
A Categoria A é composta por agentes de alta prioridade, que incluem organismos que apresentam grande risco à segurança nacional devido ao fato de serem disseminados facilmente ou serem transmitidos de uma pessoa para outra, possuírem altas taxas de mortalidade, causarem pânico e perturbação social, e requererem ação especial para a preparação da saúde pública. Nessa categoria incluem-se os agentes causadores de varíola, tularemia, peste, botulismo e antraz, por exemplo.
Na Categoria B estão os agentes de segunda prioridade, os quais se destacam por serem moderadamente fáceis de se disseminar, possuírem taxas moderadas de morbidades e baixas taxas de mortalidade, e requererem aperfeiçoamento na capacidade de diagnóstico e vigilância epidemiológica. Nesse grupo, incluem-se organismos causadores da febre do tifo, encefalite viral, brucelose e que ameaçam a segurança da água, como o Vibrio cholerae, agente causador da cólera.
Por fim, na Categoria C, estão os patógenos emergentes que poderiam ser projetados para disseminação em massa no futuro devido à facilidade de serem obtidos e disseminados e ao potencial que apresentam para altas taxas de mortalidade e morbidade, o que causaria grande impacto na saúde. Nesse caso, incluem-se agentes causadores de doenças infecciosas emergentes, como o vírus Nipah e hantavírus.
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Armas biológicas usadas na história
O uso de armas biológicas não é uma novidade na história humana, sendo observada essa prática desde a Antiguidade. O homem de Neanderthal, por exemplo, contaminava suas flechas com o uso de fezes de animais. Os romanos, por sua vez, contaminavam os poços de seus inimigos lançando, em seu interior, carcaças de animais. Essas armas, no entanto, eram bastante simples, sendo poucos agentes infecciosos selecionados e a forma de aplicação nem sempre efetiva.
O desenvolvimento de armas biológicas ganhou força com o avanço nos estudos de microbiologia. Com a maior compreensão sobre os micro-organismos patogênicos, tornou-se possível criar armas elaboradas, com uma elevada capacidade de infectar um grande número de pessoas.
Durante a Primeira Guerra Mundial, os alemães desenvolveram diversas armas biológicas, entretanto, o impacto delas é desconhecido. Na Segunda Guerra Mundial, a produção de armas biológicas foi também observada. Até onde se sabe, apenas os japoneses, durante a ocupação da China, empregaram armas biológicas em grande escala. Na ocasião, as tropas japonesas liberaram pulgas contaminadas pela peste (Yersinia pestis) na região da China ocupada pelo Império Japonês.
A antiga União Soviética possuía um complexo industrial, criado em 1973, voltado para a fabricação de armas biológicas, o qual continuou a fabricação dessas armas mesmo com a Convenção para a Proibição de Armas Bacteriológicas (Biológicas) e Toxinas e sua Destruição (CPAB), estabelecida em 1972.
Essa continuidade de fabricação foi observada devido a uma epidemia de antraz na cidade russa de Sverdlovsk, em 1979, que culminou em várias mortes de pessoas e outros animais. Acredita-se que esses esporos foram acidentalmente liberados no ambiente durante a transferência de Bacillus anthracis para dentro de contentores.
Um caso bastante conhecido de uso de armas biológicas ocorreu em 2001, quando terroristas disseminaram esporos de antraz por meio do sistema postal americano. Esse incidente resultou na morte de cinco pessoas.