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Eva Perón, também conhecida como Evita, foi uma atriz e política argentina que é considerada uma das mulheres mais importantes da história argentina. Começou sua carreira como atriz e ganhou notoriedade como intérprete de radionovelas.
Na década de 1940, conheceu Juan Perón, com quem se casou, e tornou-se defensora dos princípios do peronismo, um projeto político iniciado por seu esposo. Era muito querida pelo povo e teve papel fundamental no aumento da popularidade de seu marido.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Eva Perón
- 2 - Juventude de Eva Perón
- 3 - Vida adulta de Eva Perón
- 4 - Ingresso de Eva Perón na política
- 5 - Eva Perón como primeira-dama da Argentina
- 6 - Fundação Eva Perón
- 7 - Morte de Eva Perón
Resumo sobre Eva Perón
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Eva Perón é uma das personalidades mais conhecidas da história argentina.
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Foi um dos grandes símbolos do peronismo, projeto político iniciado por Juan Perón na década de 1940.
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Conheceu Perón na década de 1940, casando-se com ele e atuando diretamente para que fosse eleito presidente.
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Ao tornar-se primeira-dama da Argentina, Eva Perón teve importante papel na aprovação do sufrágio feminino no país. Além disso, atuou diretamente com os sindicatos.
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Realizou inúmeras ações de caridade por meio da Fundação Eva Perón, o que fez com que ela recebesse o apelido de “dama da esperança”.
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Faleceu em 1952, quando tinha apenas 33 anos, vítima de um câncer no colo do útero.
Juventude de Eva Perón
Eva María Duarte nasceu em 7 de maio de 1919, e seu local de nascimento é alvo de questionamentos, porque o documento de registro civil diz que ela nasceu em Junín, mas alguns autores apontam que ela, na verdade, nasceu em Los Toldos (as duas cidades são bem próximas).
Conhecida na história argentina como Eva Perón, ela nasceu de uma relação extraconjugal de Juan Duarte, um rico fazendeiro, e Juana Ibarguren. Eva teve quatro irmãos desse casal. A situação da família de Eva ficou muito delicada quando seu pai abandonou a mãe e partiu para ficar com sua primeira família.
Sua infância foi marcada pela pobreza, e ela, sua mãe e seus irmãos ficaram sem acesso a qualquer posse de Juan Duarte depois que ele faleceu, porque eram considerados parentes ilegítimos do ponto de vista da lei argentina. Durante sua educação, Eva teve contato com o teatro, e isso a motivou a se tornar atriz.
Vida adulta de Eva Perón
Aos 15 anos, Eva decidiu se mudar para Buenos Aires e procurou seguir carreira como atriz. Logo ela conseguiu papéis em peças de teatro, sendo que sua primeira peça se chamava La Señora Pérez. A carreira dela como atriz seguiu em crescimento, e Eva participou de filmes com orçamento reduzido e fez uma turnê com uma companhia de teatro.
No começo da década de 1940, Eva Perón alcançou certa estabilidade financeira ao se estabelecer como narradora de radionovelas. Um dos locais em que ela trabalhou foi a Rádio Belgrano. Lá, atuou em diversos papéis de diferentes radionovelas. Além de uma boa condição financeira, o trabalho nas radionovelas rendeu a Eva popularidade em Buenos Aires.
Ingresso de Eva Perón na política
Em 1944, um evento beneficente foi organizado por Juan Perón, secretário do Trabalho da Argentina, em prol das vítimas de um terremoto que havia atingido o país naquele ano. O evento foi realizado em Buenos Aires e ficou marcado como a ocasião em que Eva e Juan Perón se conheceram.
A partir daí, um caso amoroso se iniciou entre os dois, e isso também marcou o envolvimento de Eva com a política argentina. Ela passou a atuar em um sindicato e participou de uma radionovela que ressaltava todos os feitos de Juan Perón. O parceiro de Eva tornava-se cada vez mais uma pessoa influente na Argentina.
Perón tornou-se vice-presidente argentino. Ele atuava mantendo uma relação muito forte com os sindicatos e defendia o combate à pobreza por meio da justiça social e da distribuição de renda. Por conta dessa popularidade de Perón, uma conspiração foi realizada, e ele foi preso em 1945. Eva mobilizou sindicalistas e trabalhadores para protestarem contra a prisão.
A mobilização deu certo, e, no dia 17 de outubro, milhares de trabalhadores se reuniram na Plaza de Mayo para exigir a libertação de Juan Perón. Ele foi liberto, e, no dia seguinte, Juan e Eva casaram-se, fazendo com que a jovem atriz passasse a se chamar Eva Perón.
Eva Perón como primeira-dama da Argentina
A popularidade de Juan Perón fez com que ele fosse eleito presidente da Argentina, com 52% dos votos. A ascensão de Juan Perón ao poder deu início ao que chamamos de peronismo. Durante esse período, Eva Perón consolidou sua imagem como uma das mulheres mais importantes da história argentina.
Eva Perón atuou fortemente para garantir a vitória de seu marido e usou o espaço que ela possuía na rádio para discursar a favor de Juan Perón. Uma das primeiras ações de Eva Perón enquanto primeira-dama foi realizar uma viagem de dois meses pela Europa. Durante esse tour europeu, Eva Perón esteve na Espanha, Itália, França e Suíça. A viagem de Eva Perón chegou a ser acompanhada pela revista Time.
Politicamente falando, Eva Perón ou Evita, como era chamada pela população argentina, foi fundamental para o sucesso do peronismo. Eva ficou muito conhecida por mobilizar as mulheres em prol do governo de Juan Perón e tinha forte relação com a população pobre, realizando inúmeras ações de caridade.
Durante o primeiro governo de Juan Perón, Evita atuou fortemente para conseguir a aprovação de uma lei que determinasse o sufrágio universal, isto é, que homens e mulheres tivessem direito ao voto. Até então, as mulheres não votavam na Argentina, mas por meio da Lei 13.010 foram estabelecidos o sufrágio feminino e a igualdade dos direitos políticos entre homens e mulheres.
O papel de Eva Perón em defesa do sufrágio feminino foi transformado em apoio político para Juan Perón, por isso, quando tentou se reeleger, uma grande quantidade de votos femininos foram para Perón: 64% das mulheres votaram nele|1|. Essa tentativa de reeleição aconteceu em 1951, e Perón foi reeleito com 63% dos votos.
Além disso, Eva Perón criou o Partido Peronista Feminino, cujo objetivo era reforçar os laços das mulheres com o peronismo. Ela também atuou em sindicatos argentinos, procurando negociar os conflitos entre patrões e trabalhadores.
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Fundação Eva Perón
Em 1948, Eva Perón decidiu criar a Fundação Eva Perón, que tinha finalidade filantrópica. Alguns historiadores apontam que o surgimento dessa fundação pode ter sido uma represália da primeira-dama argentina à rejeição que ela sofreu por parte do mais tradicional grupo de caridade de Buenos Aires: a Sociedad de Beneficencia.
Esse grupo de caridade tinha a tradição de nomear a primeira-dama argentina como sua presidente, mas isso não aconteceu com Eva Perón, isso porque ela não era bem-vista por, especula-se, ter tido um passado como pobre. Assim, ela decidiu criar sua própria fundação de caridade, doando 10 mil pesos para iniciar os trabalhos.
Em pouco tempo, a Fundação Eva Perón assumiu uma grande importância, realizando inúmeras ações de caridade. A respeito dessa fundação, o historiador Luis Alberto Romero afirma o seguinte|2|:
Financiada com fundos públicos e contribuições particulares mais ou menos voluntárias, a fundação realizou obras de grande magnitude: criou escolas, lares para idosos e órfãos, e centros médicos; distribuiu alimentos e presentes de Natal; estimulou o turismo e os esportes, por meio de campeonatos infantis ou juvenis de dimensão nacional, batizados com os nomes do casal de governantes. Principalmente, praticou a ação direta. As unidades básicas — organizações celulares do partido — identificavam casos específicos de carência e necessidade e transmitiam os pedidos à fundação onde a própria Eva Perón costumava receber, sem demonstrar cansaço, uma caravana permanente de pessoas que conseguiam uma máquina de costura, um leito no hospital, uma bicicleta, um emprego ou talvez uma pensão, sempre um consolo.
Por meio da ação de Evita, o atendimento médico foi levado para os cantos mais isolados da Argentina, possibilitando a assistência a milhares de pessoas. Além disso, inúmeras vagas escolares foram criadas para atender às crianças argentinas.
Isso fez de Eva Perón uma mulher muito popular, recebendo o apelido de “dama da esperança”. Além disso, cogitou-se que ela seria candidata a vice-presidente da Argentina na eleição de 1951 (em que seu marido concorreu à reeleição a presidente), mas isso não avançou.
Morte de Eva Perón
No começo da década de 1950, a saúde de Eva Perón começou a dar sinais de que algo não estava bem. Ela passou a ter episódios de desmaio e sangramentos vaginais, e hoje sabe-se que ela tinha câncer no colo do útero. O estado de saúde dela estava tão deteriorado que ela pesava apenas 36 quilos quando faleceu em 26 de julho de 1952, quando tinha apenas 33 anos.
O velório de Eva Perón se estendeu por 13 dias. Estima-se que dois milhões de pessoas tenham comparecido para prestar os últimos respeitos à primeira-dama argentina. O corpo de Eva Perón foi colocado em um mausoléu, mas um golpe militar contra Perón, em 1955, fez com que os restos mortais de Evita fossem enviados para a Europa, sendo trazidos novamente para a Argentina somente na década de 1970.
Notas
|1| Há 68 anos falecia Evita Perón, uma mulher símbolo da Argentina. Para acessar, clique aqui.
|2| ROMERO, Luis Alberto. História contemporânea da Argentina. Rio de Janeiro: Zahar, 2006, p.104-105.
Créditos de imagem
[1] FGV/CPDOC
Por Daniel Neves Silva
Professor de História