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Blaise Pascal

Blaise Pascal, filósofo, matemático, físico e inventor francês, foi um dos mais importantes pensadores da Era Moderna, tendo produzido uma complexa teoria filosófica.

Blaise Pascal, filósofo, matemático e inventor francês.
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“O coração tem razões que a própria razão desconhece.” Blaise Pascal, autor dessa frase, foi um filósofo, matemático, físico e inventor francês moderno. O sentido da frase é pouco discutido e muitas vezes retirado do seu contexto original (falaremos disso mais adiante), mas marca a compreensão de boa parte da obra desse pensador: um cristão que não se enquadra no racionalismo nem no empirismo, duas correntes filosóficas muito discutidas em sua época.

Leia também: Patrística – período filosófico de transição entre a Antiguidade e o Medievo

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Biografia de Blaise Pascal

Blaise Pascal nasceu em 19 de junho de 1623, na cidade de Clemont-Ferrand, na França. Filho do chefe fiscal (e matemático) Étienne Pascal, e de Antoinette Begon, junto a duas irmãs, Blaise se destacou desde cedo pela predisposição ao estudo de matemática, ciências naturais e pela formação escolástica (referência à formação medieval de tradição tomista aristotélica). Algo que não é muito comentado sobre Pascal: além de matemático e filósofo, ele era físico e inventor.

A primeira formação de Blaise ficou a cargo de seu pai, que, desde cedo, notou a aptidão de seu filho para a física e para a matemática. Suas aptidões foram extremamente precoces: antes de atingir a maioridade, o prodígio francês teria estudado de maneira profunda (para os padrões atuais) física e matemática, tendo escrito um pequeno tratado de mecânica do som em 1634, além de estudar exaustivamente a geometria euclidiana.

Em 1640, Pascal publicou Ensaio sobre as cônicas, com apenas 16 anos de idade, obra em que o matemático e filósofo formulou o teorema de Pascal. A história da matemática e da física não deixou Pascal passar desapercebido, pois ele deixou contribuições para os estudos de geometria e de noções físicas, como a pressão e o vácuo, o que certamente influenciou os trabalhos posteriores. Pascal deixou as bases para que Newton e Leibniz dessem início à mecânica clássica nos estudos de física moderna.

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Pascal teceu estudos práticos sobre pressão e vácuo, além de ter criado uma máquina, La Pascaline, uma espécie de calculadora rudimentar. Sua experiência com a filosofia cristã começou em 1646, quando a sua família se converteu a uma doutrina essencialmente cristã, o jansenismo.

Acontece que, após a morte de seu pai, Pascal recorreu de maneira dogmática ao jansenismo como modo de vida, abandonando boa parte de sua visão cientificista de mundo. Inimigos declarados dos jansenistas na produção intelectual católica europeia eram os jesuítas, de tradição bastante escolástica. Seria possível relacionar o jansenismo a uma visão menos racionalista e mais despregada da visão tradicional tomista aristotélica de mundo, pois esta estaria mais ligada aos jesuítas.

Sua última produção intelectual foi mais voltada para a filosofia cristã justamente pela proximidade com o jansenismo. Foi nesse momento que Pascal escreveu as Cartas provinciais (cartas em defesa de Antoine Arnauld) e sua célebre obra filosófica, Pensamentos. Esta última teve publicação póstuma. A obra filosófica de Pascal é altamente apologética, fazendo apologias cristãs pela visão jansenista.

Blaise Pascal morreu aos 39 anos de idade, em 19 de agosto de 1662.

Leia também: Immanuel Kant – um dos filósofos mais célebres da Modernidade

Videoaula sobre Blaise Pascal

Contribuições de Pascal para a matemática

Blaise Pascal dedicou a maior parte de sua vida à matemática e à física, o que o fez ser mais notório nessas áreas do conhecimento do que na filosofia. O filósofo e matemático francês foi responsável por parte do avanço dos estudos de geometria. Seus estudos do antigo matemático Euclides fizeram surgir uma nova percepção da geometria.

Como um estudioso da geometria e também da álgebra, Pascal se mostrou um célebre estudioso da filosofia da matemática e da metodologia matemática. Ele distinguiu algumas noções caras para a compreensão lógica do mundo hoje, como a noção de definição e a de forma, diferente do conceito de forma aristotélico.

Pascal também desenvolveu o triângulo de Pascal e deixou contribuições para o cálculo infinitesimal do filósofo e matemático racionalista Gottfried Wilhelm Leibniz. Também podemos atribuir ao pensador o desenvolvimento da teoria da probabilidade.

Contribuições de Pascal para a física

Ilustração de pistão ou êmbolo
Os estudos de Pascal sobre fluidos permitiram a confecção de mecanismos como macacos hidráulicos, que usam pistões e cilindros com fluidos e pressão.

Blaise Pascal também deixou importantes contribuições para a física em estudos sobre a pressão e sobre a mecânica dos fluidos. Por conta de suas contribuições, o pensador foi homenageado com seu nome atribuído à unidade de medida de pressão reconhecida pelo Sistema Internacional de Unidades, além de ser reconhecido pela lei de Pascal, um princípio dos estudos de mecânica dos fluidos.

Invenções de Pascal

Além de um pensador completo, que caminhou pela filosofia, pela teologia, pela física e pela matemática, Blaise Pascal deixou uma importante invenção para a humanidade: a primeira calculadora. O matemático chamou sua obra de máquina de aritmética. Posteriormente, o objeto recebeu o nome de roda pascalina e, finalmente, pascalina.

Sua biografia aponta que a motivação para a criação da máquina foi a intenção de ajudar seu pai a calcular a coleta de impostos em seu ofício público.

Ilustração de uma pascalina, a máquina de calcular de Pascal.
Ilustração de uma pascalina, a máquina de calcular de Pascal.

Contribuições de Pascal para a filosofia

No campo da filosofia, Blaise Pascal se destacou por uma obra apologética intensa com sua profunda defesa do cristianismo pelo viés jansenista. A Igreja Católica experienciou algumas cisões internas, entre elas a cisão provocada pela visão de Cornélius Jansenius, que despertou a crítica dos membros da ordem jesuíta. Pascal não adotou a visão escolástica tomista aristotélica dos jesuítas, tampouco seguiu os passos de tantos filósofos e cientistas racionalistas de sua época que enveredaram para o ateísmo e para o ceticismo. Pascal se manteve sempre cristão.

A filosofia de Pascal, expressa principalmente em sua obra Pensamentos (publicada postumamente), consiste num complexo conjunto de demonstrações e tentativas de provas racionais da existência de Deus. Pascal formulou nesse livro a teoria da aposta, que, com uma argumentação fortemente ancorada na lógica, conclui que há mais benefício em apostar na existência de Deus do que no contrário.

Também está nesse livro a tão divulgada frase “o coração tem razões que a própria razão desconhece”. Uma frase tirada de seu contexto pode dar a entender algo avesso ao seu significado original, e foi isso que aconteceu com a frase em questão. Aparentemente ela se remete ao amor humano e à desrazão que pode acometer um coração apaixonado. No entanto, Pascal está se referindo à relação entre o ser humano e Deus.

Pascal antecipa uma visão que seria mais discutida no século XIX: a observância da pequenez do ser humano frente ao Universo. Em sua defesa do cristianismo, o filósofo faz questão de deixar claro que nós somos seres microscópicos perto do que é a grandiosidade de Deus.

Frases de Blaise Pascal

  • “As ilusões sustentam o homem como as asas sustentam o pássaro.”

  • “O Universo é uma esfera cujo centro está em todas as partes e a circunferência em nenhuma.”

  • “É mais fácil suportar a morte sem pensar nela.”

  • “A nossa natureza é o movimento; o completo repouso é a morte.”

  • “A justiça sem a força é impotente, a força sem justiça é tirania.”

 

Por Francisco Porfírio
Professor de Filosofia

Escritor do artigo
Escrito por: Francisco Porfírio Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PORFíRIO, Francisco. "Blaise Pascal"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/blaise-pascal.htm. Acesso em 27 de abril de 2024.

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