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Crise dos mísseis de Cuba

Crise dos mísseis de Cuba se iniciou em 1962, quando a inteligência norte-americana reuniu fotos que mostraram a construção de uma base de mísseis soviéticos em Cuba.

Avião e embarcação norte-americanos escoltando um cargueiro soviético retirando os mísseis de Cuba em 1962.
Avião e embarcação norte-americanos escoltando um cargueiro soviético retirando os mísseis de Cuba em 1962.
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A crise dos mísseis de Cuba se iniciou em outubro de 1962 e ficou marcada por ser um período de grande tensão diplomática entre Estados Unidos e União Soviética. O estresse se deu por conta da descoberta de uma base de mísseis soviéticos que estava em construção em Cuba. Depois de semanas de negociação, os soviéticos retiraram seus mísseis da ilha.

Leia mais: Tsar Bomb de fabricação soviética, foi a bomba mais potente da história, detonada em 1961

Tópicos deste artigo

Resumo sobre crise dos mísseis de Cuba

  • União Soviética e Estados Unidos travavam na década de 1960 a disputa político-ideológica conhecida como Guerra Fria.

  • Cuba havia passado por uma revolução nacionalista em 1961 e aliou-se aos soviéticos por conta do boicote norte-americano.

  • Em outubro de 1942, aviões-espiões dos Estados Unidos tiraram fotos de uma base de mísseis soviéticos em construção em Cuba.

  • O governo norte-americano exigiu a retirada dos mísseis de Cuba e impôs um bloqueio ao país caribenho.

  • No final de novembro, Nikita Khrushchov decidiu retirar os mísseis de Cuba em troca de algumas contrapartidas oferecidas pelos Estados Unidos.

Contexto sobre a crise dos mísseis de Cuba

A crise dos mísseis é reconhecida como um dos momentos mais tensos da Guerra Fria, a disputa político-ideológica travada por Estados Unidos e União Soviética ao longo da segunda metade do século XX. Essa disputa levou os dois países a buscarem a primazia política, econômica, militar, tecnológica, esportiva, cultural etc.

A Guerra Fria contribuiu para a polarização do planeta e a criação de polos aliados com Estados Unidos ou União Soviética em específico. Além disso, o conflito contribuiu para uma intensa disputa tecnológica e militar, em que as duas nações procuravam inovar e acumular os maiores avanços possíveis nessas áreas.

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No campo tecnológico, isso se manifestou na questão da corrida espacial, por exemplo, e também chegou aos meios militares, uma vez que uma verdadeira corrida armamentista se iniciou na década de 1950, sobretudo no que se referia às armas nucleares. Um sinal disso foram os testes atômicos realizados pelas duas nações no período mencionado.

A questão do poderio militar, sobretudo das bombas nucleares, fez o presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy anunciar, em fevereiro de 1962, que seu país possuía poderio nuclear para revidar ataques realizados por qualquer país. Além disso, Kennedy autorizou uma série de testes nucleares em resposta aos testes conduzidos pelos soviéticos.|1|

  • A questão de Cuba

Além disso, os dois países tiveram uma pequena escalada de tensão entre si por conta de Cuba, pequena ilha no Caribe. Em 1959, Cuba passou por uma revolução nacionalista, conduzida por um grupo guerrilheiro liderado por Fidel Castro. Essa revolução levou a uma série de reações contrarrevolucionárias dos Estados Unidos, insatisfeitos com os rumos de Cuba após a revolução.

Os EUA procuraram sufocar a economia cubana depois que o país promoveu algumas reformas que iam contra os interesses econômicos norte-americanos na ilha. Posteriormente, os Estados Unidos passaram a treinar grupos contrarrevolucionários para tentarem derrubar o governo cubano, e isso resultou em uma tentativa fracassada de invasão do território cubano.

O isolamento de Cuba causado pela pressão norte-americana fez com que o governo cubano buscasse abrigo em uma aliança com os soviéticos. Essa aproximação de Cuba com a União Soviética se deu em 1961, ano da fracassada invasão da Baía dos Porcos. Foi exatamente essa aproximação de soviéticos e cubanos que levou ao momento de maior tensão em toda a Guerra Fria.

Crise dos Mísseis de Cuba

Selo comemorativo do ex-presidente norte-americano John F. Kennedy
O presidente norte-americano John F. Kennedy foi informado sobre os mísseis soviéticos em Cuba no dia 16 de outubro de 1962.[1]

Em 10 de outubro de 1962, aviões-espiões dos Estados Unidos sobrevoavam o território cubano e identificaram que construções de grande proporção estavam em curso em um ponto isolado da ilha. Quatro dias depois, novas fotos obtidas por esses aviões identificaram uma grande quantidade de mísseis sendo instalados em Cuba.

O serviço de inteligência norte-americano identificou que se tratava de mísseis de 1600 km de alcance, e isso colocava grande parte da costa leste dos EUA sob forte ameaça. Foi identificado também que os mísseis estavam chegando por mar e por meio de embarcações soviéticas. Além disso, as imagens norte-americanas identificaram bombardeiros soviéticos pousados em Cuba, os quais eram capazes de carregar bombas nucleares.

O presidente norte-americano Jonh F. Kennedy foi informado disso em 16 de outubro de 1962, e a situação levou à convocação de uma reunião de emergência. Kennedy foi orientado que atacar ou invadir o território cubano, nesse cenário, poderia desencadear uma guerra nuclear com os soviéticos.

Ele então foi orientado a fazer um bloqueio naval sobre Cuba, o qual foi chamado de “quarentena”. A decisão final só foi tomada pelo presidente norte-americano no dia 22 de outubro, e, no mesmo dia, ele anunciou para toda a população norte-americana, por meio da televisão, sobre o que estava acontecendo.

A quarentena imposta pelos Estados Unidos a Cuba funcionaria da seguinte maneira: toda embarcação soviética a caminho de Cuba seria revistada por forças militares norte-americanas, e as que não tivessem armamentos seriam liberadas e as que contivessem mísseis ou materiais relativos à construção das bases seriam impedidas de passar.

Os Estados Unidos demonstraram estar dispostos a atacarem as embarcações soviéticas que furassem o bloqueio, e Moscou anunciou que isso era uma afronta à soberania cubana. O bloqueio norte-americano foi iniciado em 24 de outubro, e, a partir daí, as embarcações soviéticas carregadas de armamentos evitaram ir para Cuba a fim de driblar toda essa tensão.

O momento mais alto da tensão na crise dos mísseis se deu em 27 de outubro, quando um dos aviões norte-americanos que tiravam as fotos aéreas do território cubano foi abatido. O avião foi destruído e seu piloto foi morto. Essa escalada de tensões deixou todo o mundo apreensível acerca da possibilidade de uma guerra nuclear.

Leia mais: Guerra do Afeganistão de 1979 — travada entre URSS e as forças rebeldes afegãs conhecidas como mujahidin

Negociações entre URSS e EUA na crise dos mísseis de Cuba

Toda essa crise ficou marcada por comunicados entre os dois governos a fim de proporem uma solução pacífica à crise. As negociações entre as duas nações também contaram com a mediação da Organização das Nações Unidas, a ONU.

Imagem aérea de região em Cuba onde estavam os mísseis soviéticos
Foi por meio de monitoramento aéreo que os Estados Unidos descobriram que mísseis soviéticos estavam sendo instalados em Cuba.

O governo soviético, na época governado por Nikita Khrushchov, propôs retirar os mísseis de Cuba se o governo norte-americano se comprometesse a não tentar mais invadir o território cubano. Posteriormente, a União Soviética complementou sua proposta anunciando que desmontaria as bases e aceitaria a presença da ONU caso os Estados Unidos se comprometessem a desmontar bases de mísseis que possuíam na Turquia.

Em 28 de outubro de 1962, Nikita Khrushchov anunciou que a União Soviética recuaria e desmontaria suas bases de mísseis no território cubano. O governo soviético também permitiu que militares norte-americanos revistassem as embarcações soviéticas que saíam de Cuba para confirmar que os mísseis estavam sendo retirados do país.

Os norte-americanos anunciaram publicamente que se comprometeriam a não mais tentar invadir Cuba. Secretamente, o governo norte-americano também aceitou retirar seus mísseis de uma base que havia sido instalada na Turquia.

Poucos dias depois, 42 mísseis soviéticos foram retirados de Cuba, e o bloqueio norte-americano foi encerrado em 22 de novembro, quando os bombardeiros soviéticos foram retirados da ilha. Encerrava-se assim a maior crise diplomática que norte-americanos e soviéticos tiveram ao longo da Guerra Fria.

  • Videoaula sobre Guerra Fria

Nota

|1| GILBERT, Martin. A história do século XX. São Paulo: Planeta, 2016. p. 463.

Créditos da imagem

[1] Olga Popova e Shutterstock

 

Por Daniel Neves
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Crise dos mísseis de Cuba"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/crise-dos-misseis.htm. Acesso em 19 de março de 2024.

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