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A competência 3 do Enem é responsável por avaliar a capacidade de argumentação e defesa do ponto de vista do candidato. Para atingir a nota máxima nessa competência é preciso desenvolver um projeto de texto que compreenda a tese e selecione adequadamente os argumentos necessários para a sua defesa.
Além da competência 3, o Enem avalia o candidato em outros quatro critérios, sendo que desses, as competências 2 e 4 possuem conexões diretas com a competência 3. Em outros termos, para garantir uma boa nota na competência 3, é preciso compreender e saber atender às expectativas das competências 2 e 4, respectivamente.
Leia também: Quais são as cinco competências avaliadas na redação do Enem?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a competência 3 da redação do Enem
- 2 - Videoaula sobre a competência 3 da redação do Enem
- 3 - O que se avalia na competência 3 da redação do Enem
- 4 - 5 dicas para tirar a nota máxima da competência 3 da redação do Enem
- 5 - Quais são as 5 competências da redação do Enem?
Resumo sobre a competência 3 da redação do Enem
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A competência 3 avalia a capacidade de argumentação e de defesa de um ponto de vista no texto dissertativo-argumentativo.
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Para atingir a nota máxima na competência 3 é preciso “apresentar informações, fatos e opiniões relacionados ao tema proposto, de forma consistente e organizada, configurando autoria, em defesa de um ponto de vista”.
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O projeto de texto é fundamental para um texto com uma tese bem fundamentada e consistente.
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A redação do Enem é avaliada em cinco competências.
Videoaula sobre a competência 3 da redação do Enem
O que se avalia na competência 3 da redação do Enem
A competência 3 é a responsável por avaliar a construção do planejamento do texto — o chamado projeto de texto — a partir do desenvolvimento dos argumentos utilizados na redação. Abaixo, apresentamos a matriz de referência com a avaliação em cada um dos níveis.
Nível |
Competência 3 Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista |
0 |
Apresenta informações, fatos e opiniões não relacionados ao tema e sem defesa de um ponto de vista. |
1 |
Apresenta informações, fatos e opiniões pouco relacionados ao tema ou incoerentes e sem defesa de um ponto de vista. |
2 |
Apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema, mas desorganizados ou contraditórios e limitados aos argumentos dos textos motivadores, em defesa de um ponto de vista. |
3 |
Apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema, limitados aos argumentos dos textos motivadores e pouco organizados, em defesa de um ponto de vista. |
4 |
Apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema, de forma organizada, com indícios de autoria, em defesa de um ponto de vista. |
5 |
Apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema proposto, de forma consistente e organizada, configurando autoria, em defesa de um ponto de vista. |
Assim, a competência 3 identifica se o seu texto:
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aborda adequadamente o tema (conexão com a competência 2);
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conecta devidamente as informações apresentadas (uso dos operadores discursivos — conexão com a competência 4);
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possui informações, fatos e opiniões devidamente organizados no texto.
Para melhor esclarecer o funcionamento da competência 3, vejamos a redação a seguir, escrita por Lucas Felpi, nota 1000 em 2018 (tema: “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”).
No livro 1984 de George Orwell, é retratado um futuro distópico em que um Estado totalitário controla e manipula toda forma de registro histórico e contemporâneo, a fim de moldar a opinião pública a favor dos governantes. Nesse sentido, a narrativa foca na trajetória de Winston, um funcionário do contraditório Ministério da Verdade que diariamente analisa e altera notícias e conteúdos midiáticos para favorecer a imagem do Partido e formar a população através de tal ótica. Fora da ficção, é fato que a realidade apresentada por Orwell pode ser relacionada ao mundo cibernético do século XXI: gradativamente, os algoritmos e sistemas de inteligência artificial corroboram para a restrição de informações disponíveis e para a influência comportamental do público, preso em uma grande bolha sociocultural. Em primeiro lugar, é importante destacar que, em função das novas tecnologias, internautas são cada vez mais expostos a uma gama limitada de dados e conteúdos na internet, consequência do desenvolvimento de mecanismos filtradores de informações a partir do uso diário individual. De acordo com o filósofo Zygmunt Bauman, vive-se atualmente um período de liberdade ilusória, já que o mundo globalizado não só possibilitou novas formas de interação com o conhecimento, mas também abriu portas para a manipulação e alienação semelhantes vistas em “1984”. Assim, os usuários são inconscientemente analisados pelos sistemas e lhes é apresentado apenas o mais atrativo para o consumo pessoal. Por conseguinte, presencia-se um forte poder de influência desses algoritmos no comportamento da coletividade cibernética: ao observar somente o que lhe interessa e o que foi escolhido para ele, o indivíduo tende a continuar consumindo as mesmas coisas e fechar os olhos para a diversidade de opções disponíveis. Em um episódio da série televisiva Black Mirror, por exemplo, um aplicativo pareava pessoas para relacionamentos com base em estatísticas e restringia as possibilidades para apenas as que a máquina indicava — tornando o usuário passivo na escolha. Paralelamente, esse é o objetivo da indústria cultural para os pensadores da Escola de Frankfurt: produzir conteúdos a partir do padrão de gosto do público, para direcioná-lo, torná-lo homogêneo e, logo, facilmente atingível. Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Para a conscientização da população brasileira a respeito do problema, urge que o Ministério de Educação e Cultura (MEC) crie, por meio de verbas governamentais, campanhas publicitárias nas redes sociais que detalhem o funcionamento dos algoritmos inteligentes nessas ferramentas e advirtam os internautas do perigo da alienação, sugerindo ao interlocutor criar o hábito de buscar informações de fontes variadas e manter em mente o filtro a que ele é submetido. Somente assim, será possível combater a passividade de muitos dos que utilizam a internet no país e, ademais, estourar a bolha que, da mesma forma que o Ministério da Verdade construiu em Winston de “1984”, as novas tecnologias estão construindo nos cidadãos do século XXI. |
A redação acima é um exemplo de como utilizar adequadamente as “informações, opiniões e dados relacionados ao tema proposto em defesa de um ponto de vista”. O autor, em primeiro lugar, utiliza como referência a obra literária de George Orwell, mais especificamente a questão da “manipulação da verdade”. Com essa informação, o autor consegue fazer um paralelo entre a obra e os argumentos defendidos: o controle de dados nas redes “corrobora para a restrição de informações disponíveis” e é capaz de “influenciar o comportamento do público”.
Nos parágrafos 3, 4, 5 e 6, o autor desenvolve cada um dos seus argumentos (1 - restrição da informação; 2 - influência ao comportamento do público) com informações, dados e opiniões, tais como a tese de Bauman, sobre a ideia de “liberdade ilusória”, e o episódio da série Black Mirror, com a ideia de pareamento de pessoas e a aproximação com a Escola de Frankfurt.
Todo esse processo só foi possível graças a um planejamento, isto é, um projeto de texto feito pelo autor que possibilitou fazer com que todas essas informações funcionassem de forma produtiva no texto.
Leia também: Cinco hábitos para melhorar sua redação
5 dicas para tirar a nota máxima da competência 3 da redação do Enem
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Primeira dica: entender a estrutura do texto dissertativo-argumentativo
O primeiro passo para destacar-se na competência 3 é compreender o todo que é o texto dissertativo-argumentativo. Entender sua estrutura, características e limitações é fundamental para dominar o gênero.
Assim, é preciso saber que o texto dissertativo-argumentativo discute um tema de relevância social direcionado a um leitor universal. Nesse texto, o autor deve defender um ponto de vista visando convencer quem o lê. Em termos estruturais, ele divide-se em introdução, desenvolvimento e conclusão.
Na introdução, é necessário apresentar o tema e a tese a ser defendida, sem rodeios. Essas informações iniciais são necessárias e devem ser retomadas ao decorrer do texto, evitando fuga do tema.
No desenvolvimento, o autor precisa discorrer sobre seu ponto de vista apresentando os argumentos juntamente de dados, informações e demais recursos para reforçar suas ideias. A utilização de argumentos de autoridade (advindos de especialistas) é importante para conferir credibilidade a seu texto.
Por fim, na conclusão, é necessária uma proposta que vise a resolução do problema. O autor precisa dizer quem deve atuar (população, governo, mídia etc), o que deve ser feito, como e por que se deve fazer algo e detalhar um dos elementos a seu leitor.
O conhecimento amplo do texto dissertativo-argumentativo é fundamental para a competência 3, visto que nela analisa-se a produção de forma ampla, além de conectar-se diretamente com as competências 2 e 4.
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Segunda dica: Leitura da proposta de redação
É fundamental uma leitura atenta e compreensão do tema da redação. Apesar de a adequação ao tema ser analisada na competência 2, caso haja fuga do tema, você será penalizado na competência 3 e não passará do nível 1.
Portanto, é importante analisar bem o tema e saber distinguir entre tema e assunto. O tema de 2017, por exemplo, foi “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. O tema é formado pelas seguintes palavras-chave: desafio, formação educacional de surdos e Brasil. Caso o texto dissertativo aborde apenas o desafio dos surdos sem inseri-lo no contexto educacional, falou-se de um assunto, o desafio dos surdos, e não do tema, o desafio dos surdos na educação no Brasil.
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Terceira dica: definição da tese
A tese é a “alma” do texto dissertativo-argumentativo. Uma tese ruim consequentemente produzirá argumentos ruins, e o produto final não terá boa qualidade. Portanto, é preciso definir uma boa tese. Mas, o que é uma tese?
A tese nada mais é do que o ponto de vista do autor. Com base nisso, você deve responder à seguinte pergunta: “Qual é a minha opinião sobre o tema?”. Em termos práticos, qual é a sua opinião sobre as dificuldades da população surda no processo educativo? Qual é a sua opinião sobre a manipulação de dados nas redes?
É evidente que a primeira resposta para as perguntas acima possam ser um pouco vagas ou incompletas, mas elas já indicam o caminho a ser percorrido na organização do texto e, consequentemente, em um bom projeto textual.
Se dissermos, ao responder às perguntas formuladas anteriormente, que “a falta de políticas públicas inclusivas” é um problema para a formação educacional dos surdos, temos os princípios formuladores de um ponto de vista. Se também for dito que, sobre a manipulação de dados, “o problema é o excesso de poder que as empresas possuem para fazer o que quiserem com os dados dos usuários”, temos a formulação de outro ponto de vista.
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Quarta dica: selecionar ideias para a defesa do ponto de vista
Quais ideias deve-se selecionar e relacionar com a tese de que “a falta de políticas públicas inclusivas” é um problema para a formação educacional dos surdos? Essa pergunta é importante, pois dentre todas as informações de que dispomos, nem todas se encaixam na defesa desse argumento.
Na redação modelo que exibimos anteriormente, as referências sobre a Escola de Frankfurt e sobre a tese de Bauman acerca da liberdade dificilmente se encaixariam na presente discussão. Assim, selecionar ideias ou informações significa escolher exatamente os elementos necessários que dialogam de forma produtiva e funcional com o ponto de vista defendido.
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Quinta dica: esquema de construção do projeto de texto
Antes de iniciar o texto, é aconselhável construir um esquema com perguntas essenciais. Suas respostas devem ajudar diretamente na construção do projeto de texto e, posteriormente, no texto dissertativo-argumentativo em si.
Assim, as perguntas, organizadas de forma esquemática, são:
a) Qual é o tema da redação?
b) Qual é a tese a ser defendida? (Qual é o seu ponto de vista acerca do assunto?)
c) Qual é o primeiro argumento em defesa da sua tese? (Causa-causa, causa-consequência etc.)
d) Qual é o segundo argumento em defesa de sua tese? (Causa-causa, causa-consequência etc.)
e) Quais dados, informações e opiniões podem ajudar na construção do argumento? (Você pode se valer de filmes, séries, livros, filósofos, estatísticas etc).
f) Proposta de intervenção (solução para o problema):
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Quem vai agir na solução?
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O que será feito?
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Por que será feito?
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Como será feito?
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De que modo será feito?
Ao se obter todas as informações acima, tem-se o que convencionamos chamar de projeto de texto.
Quais são as 5 competências da redação do Enem?
Apesar de falarmos especificamente da competência 3, o Enem possui outras quatro que vão avaliar o estudante. Abaixo, veja um resumo com todas as competências avaliativas da redação do Enem.
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Competência 1 — Avalia o domínio da escrita formal da Língua Portuguesa, isto é, a ortografia, a acentuação, a separação de sílabas, a concordância, o uso da crase, a regência, o paralelismo e o uso dos pronomes.
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Competência 2 — Avalia dois aspectos: a adequação ao tema e o uso de repertório sociocultural na construção do texto dissertativo-argumentativo.
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Competência 3 — Como já mencionado, nessa competência avalia-se se o projeto de texto está em um conjunto coeso.
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Competência 4 — Analisa a presença de elementos coesivos, também conhecidos como estrutura superficial do texto (conectivos intraparágrafos e interparágrafos).
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Competência 5 — É responsável por avaliar a proposta de intervenção (solução) para o problema discutido.
Por Rafael Camargo de Oliveira
Professor de Redação