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Os 15 maiores erros de redação que apontamos a seguir são muito comuns durante a escrita de textos narrativos, descritivos ou argumentativos. Muitos deles estão relacionados à estrutura textual e à questão gramatical. Alguns exemplos são o uso equivocado do tipo textual ou a fuga ao tema, além de erros de acentuação, de ortografia, de regência e de concordância.
Leia também: Afinal, como fazer uma boa redação?
Tópicos deste artigo
Quais são os maiores erros de redação?
1. Uso equivocado do tipo textual
Os principais tipos textuais são: narrativo, descritivo e argumentativo. O tipo argumentativo é o mais cobrado em provas oficiais, como a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), por exemplo. Aliás, se o(a) participante do Enem escrever uma redação diferente do tipo dissertativo-argumentativo, ela é zerada, você sabia?
Pois é, esse erro é muito comum, já que há pessoas que não conseguem diferenciar os tipos de texto. Então, se lhe for proposto escrever um texto argumentativo, aquele que usa argumentos na defesa de ideias, não se pode contar uma história (texto narrativo) nem fazer uma longa descrição das pessoas, dos objetos, do ambiente ou da paisagem (texto descritivo).
2. Não utilizar a estrutura correta
Outro erro comum é fazer uma redação que não segue a estrutura correta. Que estrutura é essa? Toda redação precisa ter introdução, desenvolvimento e conclusão. O autor da redação não pode começar seu texto no desenvolvimento ou na conclusão, pois é preciso fazer uma introdução. Agora, se ele colocar introdução, desenvolvimento e esquecer a conclusão, a redação fica incompleta.
3. Modalidade de escrita inadequada
As modalidades formal e informal de escrita devem ser utilizadas no contexto adequado. A modalidade informal é aquela em que se usa linguagem coloquial, como em um bilhete para um amigo, por exemplo. Por sua vez, a modalidade formal exige um texto que siga as regras da gramática normativa. Redações escolares, de concursos e vestibulares exigem a modalidade formal.
4. Fugir ao tema
O tema da redação é o assunto sobre o qual devemos escrever o texto. É preciso ter muita atenção para não desviar do assunto. Se você começa a falar de determinado tema e, em algum momento do texto, você muda de assunto, está cometendo um grave erro. Tanto isso é verdade que a fuga total ao tema é um motivo para zerar a redação do Enem.
5. Argumentação superficial
Para uma boa argumentação, é preciso amparar seus argumentos em informações, conceitos e opiniões relevantes. Dizer apenas que “acha isso” ou “acha aquilo” torna seu texto superficial. Assim, é preciso dizer por que você pensa dessa ou daquela forma e colocar informações que possam dar credibilidade a seus argumentos.
6. Erro de acentuação
Entre os erros gramaticais ocorridos na escrita de uma redação, o erro de acentuação é o mais comum. Portanto, é preciso conhecer as regras de acentuação da língua portuguesa. O erro está em acentuar errado, mas também no fato de não acentuar uma palavra que deveria ser acentuada.
7. Erro de ortografia
Os erros mais comuns de ortografia são o uso incorreto de “x” e “ch”, “g” e “j”, “s” e “z”, “e” e “i”, “o” e “u”. Portanto, é preciso estudar as regras ortográficas e também ficar atento(a) à escrita das palavras caso você tenha o saudável hábito da leitura.
Acesse também: 10 dicas importantes para evitar erros comuns de português
8. Erro de translineação
“Translineação” é como chamamos ao ato de passar de uma linha para a outra na escrita de um texto, de forma que a última palavra da linha de cima é dividida e continuada na linha de baixo. Quando isso acontece, é preciso colocar um hífen de acordo com as regras de divisão silábica. Não colocar corretamente esse hífen é considerado um erro.
Por exemplo:
Os dias estavam bastante quentes quando Sandoval te-
ve aquele ataque de nervos. Ele não suportava mais tan-
ta pressão, e o desconforto climático só agravava a situ-
ação.
Perceba que, no fim da linha, colocamos um hífen para marcar a divisão silábica ocorrida na translineação.
Agora vamos ver esse mesmo exemplo, mas com erro de translineação:
Os dias estavam bastante quentes quando Sandoval te
ve aquele ataque de nervos. Ele não suportava mais ta-
nta pressão, e o desconforto climático só agravava a sit-
uação.
Na primeira linha, não foi colocado o hífen para indicar a separação silábica. Já nas outras duas linhas, a sílaba foi separada incorretamente, pois o correto é “tan-ta” e “si-tu-a-ção”.
Veja também: Quais são as regras para fazer separação silábica adequadamente?
9. Erro de regência
O erro de regência pode estar relacionado à regência verbal ou à regência nominal. A regência verbal é um fenômeno linguístico relativo ao uso ou ao não uso de preposição após o verbo. Por sua vez, a regência nominal está relacionada ao uso ou ao não uso de preposição após o nome (substantivo, adjetivo ou advérbio). Se você está utilizando a modalidade formal, é preciso seguir as regras referentes à regência.
Um erro comum de regência verbal, por exemplo, está relacionado ao uso do verbo “assistir”. Escrevemos “assistir ao jogo de futebol” e não, como a maioria das pessoas costuma escrever, “assistir o jogo de futebol”, que é um erro de regência. Por sua vez, comete erro de regência nominal quem escreve “Júlio era contrário o movimento social” quando quer dizer que “Júlio era contrário ao movimento social”.
10. Erro de concordância
Existem regras referentes à concordância verbal e à concordância nominal. A mais comum diz que o verbo concorda com o sujeito. Portanto, se o sujeito está no singular, o verbo está no singular; se o sujeito está no plural, o verbo está no plural:
Ela é muito tolerante.
Nós somos muito tolerantes.
Seria erro de concordância:
Nós é muito tolerante.
Já na concordância nominal, o artigo e o adjetivo, por exemplo, concordam com o substantivo:
A menina inteligente levantou o dedo e fez uma observação.
Temos erro de concordância em:
As menina inteligente levantou o dedo e fez uma observação.
As meninas inteligente levantaram o dedo e fizeram uma observação.
11. Não usar hífen quando necessário
Na língua portuguesa, utilizamos hífen em algumas palavras. No entanto, há pessoas que, ao escrever, nunca utilizam o hífen quando necessário, e isso se configura em um erro gramatical. É preciso conhecer as regras de uso do hífen. De forma geral, esse sinal gráfico é usado em substantivos compostos sem um elemento de ligação, como, por exemplo, “terça-feira”, “conta-gotas” etc.
Confira também: Quais são as regras de uso do hífen?
12. Uso incorreto ou não uso do acento grave indicador de crase
Outro erro muito comum é o uso equivocado do acento grave indicador de crase ou mesmo o não uso desse acento quando necessário. Ao corrigir redações, vemos até o uso do acento agudo no lugar do acento grave. O acento grave [ ` ] e o acento agudo [ ´ ] apontam para lados opostos. É preciso conhecer as regras de uso da crase para não cometer erros como estes:
Fomos á festa ontem.
Chegou a festa ontem.
No primeiro caso, foi usado o acento agudo em vez do grave. Já no segundo enunciado, não se usou o acento grave para indicar a crase, o que gerou ambiguidade, pois, em vez de indicar que alguém chegou à festa, a frase dá a entender que a festa chegou.
13. Falta de coesão e de coerência
A coesão e a coerência são muito importantes em um texto. A coesão textual está relacionada à articulação entre elementos do texto. Para exemplificar, analisemos este enunciado:
Conseguiu um emprego na loja, o qual era de meio período.
Perceba que o pronome “o qual” retoma o substantivo “emprego”, de forma a tornar o texto coeso. Portanto, a coesão é um dos elementos que dão coerência ou sentido ao texto. Conectores, como preposição e conjunção, também contribuem para a coesão e coerência.
Veja só o mesmo enunciado, mas sem coesão:
Conseguiu um emprego na loja, cujo era de meio período.
O pronome “cujo” estabelece uma ideia de posse, o que não faz sentido na frase acima.
14. Uso incorreto de verbo impessoal
O uso incorreto dos verbos impessoais “haver” e “fazer” também é um erro comum em redação. O verbo “haver”, no sentido de “existir”, fica sempre na terceira pessoa do singular:
Havia dois carros na garagem.
E não:
Haviam dois carros na garagem.
O verbo “fazer”, no sentido de tempo decorrido, também fica sempre na terceira pessoa do singular:
Faz cinco anos que não viajo.
E não:
Fazem cinco anos que não viajo.
15. Erro de colocação pronominal
O pronome oblíquo átono pode aparecer antes, no meio ou depois do verbo. Se houver algum termo que atraia o pronome, como, por exemplo, um advérbio de negação, temos a próclise:
Não o comprei porque eu estava atrasado.
Caso não haja termo que atraia o pronome, temos a ênclise:
Comprei-o porque eu não estava atrasado.
Se não houver termo que atraia o pronome e o verbo estiver no futuro, ocorre a mesóclise:
Comprá-lo-ia se eu não estivesse atrasado.
Assim, segundo as regras da gramática normativa, estas construções estão incorretas:
Não comprei-o porque eu estava atrasado.
O comprei porque eu não estava atrasado.
O compraria se eu não estivesse atrasado.
Compraria-o se eu não estivesse atrasado.
Vale lembrar que estamos falando de redação escolar, de concurso ou de vestibular. Quando falamos de outros tipos de escrita, como a literária, por exemplo, ou mesmo conteúdos da internet, a colocação pronominal nem sempre segue rigidamente as regras. Além disso, o uso da mesóclise, apesar de ainda estar presente nas gramáticas normativas, vem caindo em desuso. Para saber mais detalhes sobre a colocação pronominal, clique aqui.
Fontes
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
BITTENCOURT, Solange Torres. Tipologias de texto e redação. Educar em Revista, Curitiba, v. 8, dez. 1989.
BLIKSTEIN, Izidoro. Técnicas de comunicação escrita. 20. ed. São Paulo: Ática, 2001.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 49. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.
GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. 4. ed. São Paulo: Scipione, 2005.
MOTA, Márcia da et al. Erros de escrita no contexto: uma análise na abordagem do processamento da informação. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 13, n. 1, 2000.
NICOLA, José de; INFANTE, Ulisses. Gramática contemporânea da língua portuguesa. 15. ed. São Paulo: Scipione, 1999.