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“Armadilhas” que implicam na qualidade textual

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O assunto que ora se propõe discutir, remete-nos à noção elementar do que realmente vem a ser um texto. A começar por seus traços originários, uma vez que este é oriundo do latim textum, cujo significado se relaciona a tecido, trama, entrelaçamento. 

Nesse “entrelaçar” podemos dizer que distintos elementos corroboram para que toda a tessitura, ao final, materialize-se de forma plausível, perfeita, à compreensão do interlocutor. Nesse ínterim, a competência linguística do emissor (conhecimento das regras que regem todo o sistema linguístico dominante) e o conhecimento de mundo do emissor funcionam como elementos de extrema relevância.

Contudo, na falta de tal competência, alguns “obstáculos” indubitavelmente tendem a se manifestar, interferindo, portanto, na estética textual como um todo. Dessa feita, temos que a falta da competência linguística implica tão somente na ausência de clareza da linguagem, ofuscando todo o brilho, força e magia contidos nela.

Nesse sentido, nós, enquanto enunciadores de um discurso, devemos estar atentos a esse fato, de forma a nos dedicar sempre a uma boa leitura, alargando novos horizontes, edificando nosso léxico e aprimorando a cada instante nossa busca pelo conhecimento. Dessa forma, algumas considerações se encontram demarcadas a seguir, com vista a enfatizar, sobretudo, os já mencionados “entraves”, os quais representam o que denominamos de desvios linguísticos. Assim, de forma a evitá-los, analisemos:

# Ambiguidade – Consiste na falta de clareza expressa pelo discurso, uma vez que a falta de ordenação do pensamento resulta na duplicidade de sentido expresso pela linguagem, materializando-se assim numa má interpretação por parte do receptor. São exemplos:

A mãe pediu para o filho dirigir seu carro.

Nesse caso não identificamos quem é realmente o proprietário do carro, se é a mãe ou o filho. Assim, reformulando a mensagem, obteríamos:

A mãe pediu que o filho dirigisse o carro dela.


# Barbarismo: Caracteriza-se por empregar um vocábulo de forma inadequada, tendo em vista fatores relacionados à grafia, pronúncia, morfologia e semântica. Assim representados:

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bandeija, em vez de bandeja

gratuíto, em vez de gratuito

cidadões, em vez de cidadãos

tráfico de veículos, em vez de tráfego.


# Cacofonia – ocorrência manifestada pelo encontro ou repetição de fonemas os quais resultam num desagradável efeito sonoro.

Admiro a boca dela.

Vou-me já, pois anoiteceu.


# Colisão e hiato – representa um efeito sonoro desagradável produzido pela repetição de fonemas consonantais idênticos.

Cansamos de salientar sobre isso na semana passada.


# Eco – consiste também num som desagradável, manifestado pela sequência de palavras constituídas pela mesma terminação.

Tivemos uma decepção em virtude de sua péssima atuação, revelada pela sua má preparação.


# Estrangeirismo – consiste no emprego de palavras pertencentes a outras línguas. De acordo com a origem recebem a
denominação de galicismo, anglicismo, italianismo, germanismo, entre outros.

pedigree, em vez de raça

happy hour, em vez de final de tarde

démodé, em vez de fora de moda

site, em vez de sítio


# Plebeísmo – é o uso de gírias, chavões cristalizados pela convivência em sociedade. Materializados por determinadas expressões relacionadas a “tipo assim”, “ninguém merece”, “a nível de”, entre outras.


# Prolixidade – representa um acúmulo de palavras desnecessárias, ou melhor, utilizando uma expressão coloquial bem conhecida, “enchendo linguiça sem nada dizer.”


# Pleonasmo vicioso – materializa-se pelo uso de expressões desnecessárias, uma vez inferidas mediante a falta de conhecimento do interlocutor.

descer para baixo

subir para cima

entrar para dentro


# Solecismo – representa um desvio em relação à sintaxe, infringindo, assim, as normas de regência, colocação e concordância.

Solecismo de regência – Assistimos o espetáculo, em vez de assistimos ao espetáculo.

Solecismo de concordância – Haviam muitos alunos na sala, em vez de havia, dada a impessoalidade do verbo.

Solecismo de colocação – Falarei-te aos ouvidos, em vez de falar-te-ei aos ouvidos.

Por Vânia Duarte
Graduada em Letras

Escritor do artigo
Escrito por: Vânia Maria do Nascimento Duarte Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

DUARTE, Vânia Maria do Nascimento. "“Armadilhas” que implicam na qualidade textual"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/redacao/defeitos-um-texto.htm. Acesso em 30 de dezembro de 2024.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

(FEI – SP)Identifique a alternativa em que ocorre um pleonasmo vicioso:

a) Ouvi com meus próprios ouvidos.

b) A casa, já não há quem a limpe.

c) Para abrir a embalagem, levante a alavanca para cima.

d) Bondade excessiva, não a tenho.

e) n.d.a.

Exercício 2

Acerca dos enunciados que seguem, sua tarefa consistirá em analisá-los, cujo intuito é atestar qual o vício de linguagem queneles se faz presente, justificando, pois, a razão de sua escolha:

a – Assim que Marcos encontrou João, falou sobre  sua aprovação no concurso.

b –Quando viram o perigo, todos entraram para dentro imediatamente.

c –Ao caminhar pela praça revitalizada, o que se via era mendingos pedindo esmolas.

d –Já estava muito acostumado a fazer a rúbrica, pois assinava todos os documentos que eram despachados no expediente de trabalho.

e –Falta imagens no texto.

f –Você precisa obedecer os seus pais.

g –Relembrarei-o do cumprimento das datas previstas.

h –Não vi ela passando por aqui.