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O que foi a marcha para o oeste nos Estados Unidos?

A marcha para o oeste nos Estados Unidos foi um processo no qual os EUA, após sua independência, iniciaram a conquista e a ocupação das terras a oeste das Treze Colônias.

Imagem explicando o que foi a marcha para o oeste nos Estados Unidos.
A marcha para o oeste nos Estados Unidos foi um evento que mudou a configuração territorial do país.
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Você sabe o que foi a marcha para o oeste nos Estados Unidos? A marcha para o oeste nos Estados Unidos foi um processo no qual os EUA, após sua independência, iniciaram a conquista e a ocupação das terras a oeste das Treze Colônias. Essa conquista e ocupação foi realizada por meio de compra ou conquista militar e foi legitimada pelo Destino Manifesto, que proclamava que os estadunidenses seriam um povo predestinado a tais conquistas.

Durante a expansão para o oeste, o exército dos Estados Unidos entrou em conflitos com diversos povos indígenas e com o México. A principal consequência disso foi a formação de um país com amplas extensões territoriais.

Leia também: Como foi o processo de independência dos Estados Unidos?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre a marcha para o oeste nos Estados Unidos

  • A marcha para o oeste nos Estados Unidos foi um processo no qual os EUA, após sua independência, iniciaram a conquista e a ocupação das terras a oeste das Treze Colônias.
  • A marcha levou à conquista de diversos territórios que transformaram o país no terceiro maior em extensão no mundo.
  • A conquista de terras indígenas e mexicanas foi legitimada por meio do Destino Manifesto.
  • Homestead Act ou Leis de Povoamento foram leis criadas com o objetivo de acelerar a conquista do oeste e estimular a imigração.
  • Conforme a expansão territorial ocorria, eram construídas ferrovias e redes telegráficas em direção ao oeste.
  • A conquista do oeste foi quase completa após a vitória dos Estados Unidos contra o México na Guerra Mexicano-Americana.
  • Após a conquista continental, os Estados Unidos aumentaram seu território por meio da compra do Alaska e conquista do Havai.
  • Algumas das consequências da marcha foram a formação de um país com ampla extensão territorial e o extermínio de diversos povos indígenas, além da expulsão de outros de suas terras originárias.

Contexto histórico da marcha para o oeste nos Estados Unidos

Pintura de Emanuel Gottlieb Leutze representando a marcha para o oeste nos Estados Unidos.
Pintura de Emanuel Gottlieb Leutze, encomendada pelo governo dos Estados Unidos, representando a conquista do oeste.

Desde o Tratado de Paris, de 1763, assinado entre a França e a Inglaterra após a vitória inglesa na Guerra dos Sete Anos, as terras entre os Apalaches e o Rio Mississipi faziam parte do território britânico. Após a independência, esse território passou para o controle dos Estados Unidos, que iniciaram a conquista e colonização da região, iniciando a marcha para o oeste. O primeiro presidente estadunidense, George Washington, estimulou a conquista dos territórios do oeste, e esse estímulo continuou nos mandatos dos seus sucessores por todo século XIX.

A descoberta de ouro na Califórnia, em 1848, provocou uma grande migração para o oeste. Em 1862, foram aprovadas um conjunto de leis conhecidas como Homestead Act ou Leis de Povoamento. Essas leis garantiam a posse da terra para qualquer colono que se estabelecesse e produzisse nela por cinco anos. Milhões de imigrantes chegaram aos Estados Unidos com a garantia de que teriam sua própria terra.

A conquista do oeste foi realizada de duas formas principais, pela compra de terras de outros países e pela guerra. Em 1803, os Estados Unidos compraram da França o território da Lousiana. A França era governada por Napoleão e este precisava de recursos para suas campanhas militares. A compra dobrou o território do país.

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Em 1812, ocorreu uma guerra entre os Estados Unidos e a Inglaterra, e os espanhóis da Flórida deram apoio logístico aos ingleses. Após o fim da guerra, ocorreram conflitos entre espanhóis e os estadunidenses no nordeste da Flórida. Em 1819 a Espanha vendeu o território para os Estados Unidos, que passaram a administrá-lo em 1821.

O Oregon passou a fazer parte dos territórios norte-americanos após um acordo com os ingleses, em 1846.

A partir de 1830, os Estados Unidos passaram a povoar territórios mexicanos e conflitos começaram a ocorrer entre colonos e o Estado mexicano. Entre 1835 e 1836, ocorreu a Revolução do Texas, que culminou com a anexação do Texas pelos Estados Unidos.

O México não aceitou a perda, as negociações entre os dois países não surtiram efeito, e uma guerra entre as nações se iniciou. Após a derrota mexicana na Guerra Mexicano-Americana (1846-1848), quase metade do território do país latino passou para a posse dos Estados Unidos.

A conquista do oeste foi quase completa após a vitória contra o México. Os Estados Unidos passaram então a expandir seu território para fora do que é chamado de território continental. Em 1867, o Alaska foi comprado da Rússia. No final do século XIX, os Estados Unidos invadiram o Havai, que passou a fazer parte do seu território em 1900.

Importante: Atualmente Porto Rico é um dos principais candidatos a se tornar o 51º estado norte-americano. Um plebiscito realizado em 2017 aprovou a integração do país aos Estados Unidos. Porto Rico é hoje considerado um território não incorporado dos Estados Unidos. Existem projetos de lei no Congresso americano para que esse processo se consolide.

Objetivos da marcha para o oeste nos Estados Unidos

A marcha para o oeste nos Estados Unidos foi estimulada e financiada, pelo governo dos Estados Unidos, por fatores econômicos, políticos e ideológicos.

Os governos do país defendiam que a conquista de um grande território, com muitos recursos naturais, possibilitaria que os Estados Unidos se tornassem uma potência global, o que de fato veio a ocorrer. As planícies centrais também possibilitaram grande produção agrícola e o assentamento de milhões de pessoas. De forma concomitante com a marcha para o oeste, uma rede de ferrovias, de cabos telegráficos e de cidades foi construída, fortalecendo a economia.

Para legitimar e estimular a conquista do oeste, foi largamente utilizada a ideia do Destino Manifesto, crença na qual os norte-americanos seriam uma espécie de povo escolhido e destinado a conquistar terras até o pacífico.

Guerra Mexicano-Americana

Mapa mostrando o território cedido pelo México aos Estados Unidos no contexto da marcha para o oeste nos Estados Unidos.
Na imagem, está destacado, em vermelho, o território cedido pelo México aos Estados Unidos após a derrota na Guerra Mexicano-Americana em 1848.[1]

A Guerra Mexicano-Americana ocorreu entre 1846 e 1848. Após a Revolução do Texas, o México não reconheceu a posse dos estadunidenses sobre o Texas. O presidente estadunidense James K. Polk era defensor do Destino Manifesto e defendia que o Texas e a região da Califórnia deveriam ser dos Estados Unidos. Em 1846 ele enviou uma pequena tropa para o México que foi combatida pelos mexicanos. O fato fez com que o Congresso dos EUA aprovasse a guerra contra o México em 25 de abril de 1846.

Mesmo com tropas menores, os Estados Unidos conseguiram diversas vitórias sobre as tropas mexicanas, menos treinadas e equipadas do que seus inimigos. Em 1848, a guerra terminou com a vitória dos Estados Unidos e com o México assinando o Tratado de Guadalupe Hidalgo. Pelo tratado, o México cedeu a Califórnia, Utah e Nevada; além de partes do que são hoje o Colorado, Arizona, Wyoming e Novo México. A conquista do Texas também foi formalizada no tratado. Para saber mais detalhes sobre a Guerra Mexicano-Americana, clique aqui.

Destino Manifesto

Pintura de John Gast representando a ideia do Destino Manifesto em relação à marcha para o oeste nos Estados Unidos.
Pintura de John Gast representando a ideia do Destino Manifesto em relação à marcha para o oeste nos Estados Unidos.

O termo Destino Manifesto passou a ser utilizado a partir de 1845, quando o jornalista Louis O’Sullivan cunhou o termo. De acordo com o Destino Manifesto, os estadunidenses seriam um povo superior, escolhido por Deus e destinado a dominar o território do Atlântico até o Pacífico, isto é, de leste a oeste.

No século XIX, os principais jornais dos Estados Unidos divulgavam que mexicanos estavam sendo libertados da opressão dos seus governantes e que a democracia, o republicanismo, o verdadeiro cristianismo e o desenvolvimento tecnológico estavam sendo levados para eles. O mesmo discurso foi largamente utilizado para legitimar o extermínio dos povos indígenas.

O Destino Manifesto da segunda metade do século XIX continha diversos elementos presentes no ideário do período, como o darwinismo social, o romantismo e o nacionalismo. Existia a crença de que, assim como os animais na natureza, as nações competiam umas com as outras por território e recursos. Nesse processo, as nações fracas seriam subjugadas pelas mais fortes, por esse motivo, os Estados Unidos deveriam aumentar seu território. Para saber mais detalhes sobre o Destino Manifesto, clique aqui.

Consequências da marcha para o oeste nos Estados Unidos

A primeira consequência da marcha para o oeste foi a formação de um enorme país que vai do Oceano Atlântico até o Oceano Pacífico. O território era rico em recursos naturais, com grandes rios, vastas planícies férteis e de recursos minerais, e com grandes jazidas de ouro principalmente.

Por outro lado, México perdeu quase metade do seu território para os estadunidenses durante a marcha. Entre as terras perdidas estava a Califórnia, maior região mineradora da época.

Outra consequência da marcha para o oeste foi o grande crescimento demográfico. A oferta de terras atraiu milhões de imigrantes para o país. O aumento populacional levou à criação de um grande mercado consumidor, além de mão de obra para as atividades agropastoris e industriais.

Outra consequência da marcha foi o extermínio de diversos povos indígenas e a expulsão de outros de suas terras originárias. O Homestead Act, também chamado de Lei de Povoamento, garantia a posse da terra para os colonos que nela produzissem por cinco anos. Contudo, essas terras já eram povoadas por povos indígenas há milhares de anos.

A fauna da América do Norte também foi drasticamente afetada pela marcha para o oeste, principalmente os bisões. A pele do animal era muito valorizada, sua carne era consumida e seus ossos eram utilizados na fabricação de fertilizantes. No início do século XX, existiam poucos bisões selvagens nos Estados Unidos.

Fotografia mostrando um monte feito por crânios de bisões, no contexto da marcha para o oeste nos Estados Unidos.
Fotografia de 1870 mostrando um monte feito por crânios de bisões. Os crânios desses animais eram destinados à produção de fertilizantes.

Exercícios resolvidos sobre marcha para o oeste nos Estados Unidos

Questão 1

(UFV) Leia os trechos de notícias de jornais publicados nos Estados Unidos no século XIX:

I) (...) um espírito de interferência hostil [de outras nações] para conosco, com o objetivo confesso de deformar nossa política e prejudicar nosso poder, limitando nossa grandeza e impedindo a realização de nosso Destino Manifesto, que é estendermo-nos sobre o continente que a Providência fixou para o livre desenvolvimento de nossos milhões de habitantes, que ano após ano se multiplicam. (Democratic Review)

II) A universal nação ianque pode regenerar e libertar o povo do México em poucos anos; e cremos que é parte de nosso destino civilizar esse belo país e capacitar seus habitantes para apreciar algumas das numerosas vantagens e bênçãos de que dispõem. (New York Herald)

Citados por AQUINO, R.S.L. et al. História das sociedades americanas. Rio de Janeiro: Livraria Eu e Você, 1981. p.140 e 141.

Quanto à história do expansionismo norte-americano no século XIX, pode-se afirmar que:

A) na época, os Estados Unidos apossaram-se de várias áreas do território mexicano sem o pagamento de indenizações e, da mesma forma, apropriaram-se de colônias da França, da Inglaterra e da Rússia, orientados por seu Destino Manifesto.

B) as ações expansionistas dos Estados Unidos pretendiam empurrar suas fronteiras até o Oceano Pacífico e excluir a região sul do país porque nela predominava uma economia agrário-exportadora que impedia o avanço da industrialização.

C) o expansionismo norte-americano sobre as colônias espanholas contou com o apoio da Santa Aliança porque ela pretendia ver instauradas repúblicas, livres e democráticas, nas metrópoles europeias e em suas colônias.

D) por força de seu Destino Manifesto, a descoberta do ouro nas colinas californianas estreitou as relações entre mexicanos e americanos, evitando novos conflitos e disputas nas fronteiras, o que permitiu o acesso dos Estados Unidos ao Oceano Pacífico.

E) a imprensa dos Estados Unidos, na época, acreditava que eles tinham uma predestinação: a missão de civilizar povos inferiores do continente americano por causa de seu Destino Manifesto, ou seja, o seu domínio representava a vontade de Deus.

Resolução:

Alternativa E

As duas notícias publicadas expressam o Destino Manifesto, crença de que os norte-americanos seriam um povo superior, escolhido por Deus e destinado a conquistar terras até o Oceano Pacífico.

Questão 2

(Mackenzie)

A população que, em 1790, era de quase 4 milhões de habitantes passou para cerca de 31 milhões em 1860. Dez anos depois, alcançava os 40 milhões. Boa parte desse contingente era formado por estrangeiros: entre 1830 e 1860 entraram no país quase 5 milhões de imigrantes europeus.

José Robson de A. Arruda e Nelson Piletti. A História dos Estados Unidos da América.

No que diz respeito à fase do expansionismo interno e à ocupação e ao povoamento do atual território norte-americano, teve como justificativa a Doutrina do Destino Manifesto, sobre a qual é INCORRETO afirmar que:

A) explicitava uma visão racista que agia como alimento moral para o desenvolvimento da nação.

B) seus objetivos nunca foram utilizados para legitimar invasões, intervenções ou conquistas territoriais em países do continente americano.

C) baseava-se em um sentimento de superioridade do imigrante europeu branco, diante dos índios e dos mexicanos.

D) contém elementos inspirados no darwinismo social, no qual as relações sociais destacam a sobrevivência dos mais capazes.

E) os norte-americanos tinham sido predestinados por Deus à conquista dos territórios situados entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

Resolução:

Alternativa B

É incorreto que os Estados Unidos não utilizaram o Destino Manifesto para legitimar suas invasões, intervenções e conquistas territoriais. Pelo contrário, ele foi utilizado como discurso legitimador de todas essas ações do Estado norte-americano.

Crédito de imagem

[1]Kballen / Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

IZECKSHON, Vitor. Estados Unidos: uma história. Editora Contexto, São Paulo, 2021.

KARNAL, Leandro. A história dos Estados Unidos. Editora Contexto, São Paulo, 2007.

Escritor do artigo
Escrito por: Jair Messias Ferreira Junior Pós-graduado em História pela Unicamp e professor da Educação Básica há mais de 20 anos. Também é formador de professores e produtor de materiais didáticos há mais de 10 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

JUNIOR, Jair Messias Ferreira. "O que foi a marcha para o oeste nos Estados Unidos?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-foi-marcha-para-oeste-nos-estados-unidos.htm. Acesso em 27 de abril de 2024.

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