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Independência dos Estados Unidos

A Independência dos EUA foi anunciada no dia 4 de julho de 1776, no 2º Congresso Continental da Filadélfia. Os ingleses somente reconheceram a independência americana em 1783.

Declaração de Independência dos Estados Unidos sobre a bandeira do país.
A Declaração de Independência dos Estados Unidos foi assinada no dia 4 de julho de 1776.
Crédito da Imagem: shutterstock
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A Independência dos Estados Unidos foi declarada no dia 4 de julho de 1776 e colocou fim ao vínculo colonial que existia entre as Treze Colônias (nome pelo qual a região era conhecida nesse período) e a Inglaterra. Com essa conquista, os Estados Unidos transformaram-se na primeira nação do continente americano a ter sua independência.

A nova nação que surgiu foi construída em um modelo republicano e federalista e inspirada pelos ideais iluministas que defendiam as liberdades individuais e o livre comércio, por exemplo. De toda forma, a Independência dos EUA foi encabeçada pela elite colonial, insatisfeita com a forma como a Inglaterra tratava os colonos.

A Independência dos EUA e o modelo de nação desenvolvido pelos norte-americanos no século XVIII serviram de inspiração para outras nações do continente americano. A República instaurada no Brasil, a partir de 1889, por exemplo, inspirou-se claramente no modelo norte-americano.

Acesse também: Entenda o funcionamento do sistema eleitoral americano

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Tópicos deste artigo

Causas da Independência dos Estados Unidos

A Independência dos EUA foi resultado direto da divergência de interesses que existia entre a metrópole (Inglaterra) e as Treze Colônias. Na segunda metade do século XVIII, a política da Inglaterra em relação às Treze Colônias alterou-se drasticamente, e isso desagradou aos colonos, motivando-os a rebelarem-se contra a Inglaterra.

O primeiro ponto relevante a ser abordado é que, durante o século XVII, a Inglaterra havia deixado de ser uma monarquia absolutista, tornando-se uma monarquia parlamentar constitucionalista, na qual a burguesia, por meio do Parlamento, controlava o país. Com o advento da Revolução Industrial, essa burguesia tinha interesse na expansão da indústria e por isso buscava novas fontes de matérias-primas e novos mercados consumidores.

As colônias da Inglaterra, naturalmente, foram enxergadas como “fontes para alimentar o processo industrial inglês”, conforme definiu o historiador Leandro Karnal.|1| Além disso, ao longo do século XVIII, a Inglaterra envolveu-se em uma série de conflitos que aumentaram o peso dos impostos para os colonos.

Ao longo do século XVIII, a Inglaterra envolveu-se nas seguintes guerras: Guerra da Liga de Augsburgo, Guerra da Secessão Espanhola, Guerra daOrelha de Jenkins”, Guerra do Rei Jorge, Guerra Franco-Índia e Guerra dos Sete Anos. A soma desses conflitos, para a Inglaterra, foi positiva, pois esses contribuíram para enfraquecer a França na América e aumentaram as posses territoriais dos ingleses.

Mapa Mental: Revolução Americana

Mapa Mental: Revolução Americana

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Com a ocorrência de tantas guerras, a Inglaterra optou por manter um exército permanente nas Treze Colônias, o que representava um custo de 400 mil libras anuais para os colonos.|2| Isso aumentou o impacto financeiro para esse últimos, criando um desgaste na relação. Esse desgaste foi ampliado quando o rei Jorge III proibiu os colonos de ocuparem as novas terras conquistadas que ficavam entre os Montes Apalaches e o Rio Mississippi. A medida do rei visava impedir que novos conflitos de colonos com indígenas acontecessem.

A reação entre colônia e metrópole realmente começou a ficar ruim quando a política da Coroa inglesa, em relação a suas colônias, modificou-se. Até então, a colonização inglesa tinha sido pautada pela autonomia das Treze Colônias e pela pouca interferência da Coroa nos assuntos internos. Karnal estabelece que o ano de 1763 é o ponto de partida para a modificação dessa postura.|3|

Essa transformação da política inglesa em relação às Treze Colônias (mediante todo o cenário apresentado de necessidade de expansão industrial e aumento de gastos com as guerras e com as tropas permanentes) concretizou-se, basicamente, em aumentos de impostos. A partir da década de 1760, uma série de leis foi decretada, pela Inglaterra, com o objetivo de aumentar a arrecadação das Treze Colônias.

Dentre essa série, podem ser destacadas:

  • Lei do Açúcar: aumentava os impostos sobre o açúcar e outros artigos, como vinho, café e seda;

  • Lei da Moeda: proibia a emissão de papéis de crédito nas Treze Colônias;

  • Lei do Selo: estipulava que em publicações como contratos, jornais e documentos públicos, em geral, deveria constar um selo que era pago à Coroa;

  • Lei da Hospedagem: determinava que os colonos deveriam abrigar os soldados enviados pela Coroa.

  • Atos Townshed: aumentava impostos sobre vidros, corantes e chá.

O impacto da maioria dessas leis sobre os colonos foi grande e gerou muita insatisfação. Muitos colonos começaram a boicotar as mercadorias inglesas, e protestos aconteciam em diferentes partes das Treze Colônias. Algumas leis, como a Lei do Selo, precisaram ser revogadas, tamanha insatisfação que causaram.

O estopim para a revolta geral dos colonos aconteceu quando os ingleses decretaram a Lei do Chá, que determinava que o chá nas Treze Colônias somente seria vendido pela Companhia das Índias Orientais. A insatisfação com a lei levou 150 colonos, disfarçados de índios, a invadirem o porto de Boston durante a madrugada, atacarem três navios e jogarem ao mar 340 caixas de chá.|4| Esse acontecimento ficou conhecido como Festa do Chá de Boston.

Selo retratando a festa do Chá de Boston, um dos estopins para a revolta dos colonos.
A Festa do Chá de Boston foi uma demonstração da insatisfação dos colonos com a metrópole.[1]

A rebeldia dos colonos resultou em medidas duras decretadas pela Inglaterra. As medidas determinadas pela Coroa ficaram conhecidas como Leis Intoleráveis. Entre as medidas das Leis Intoleráveis, estão as seguintes:

  • O porto de Boston foi fechado até que os prejuízos fossem ressarcidos.

  • O direito de reuniões foi suspenso.

  • A colônia de Massachusetts foi ocupada por tropas britânicas.

  • Os colonos foram obrigados a abrigar e alimentar as tropas inglesas que dominaram a região.

As medidas deixaram claro para os colonos que havia uma grande divergência de interesses entre colônia e metrópole. Assim, os colonos, que até então eram reticentes quanto à possibilidade de separação, começaram a cogitar a independência. Essa ideia ainda era muito tímida, e isso ficou claro quando foi organizado o Primeiro Congresso Continental da Filadélfia.

Nesse congresso, os representantes das Treze Colônias (exceto da Geórgia) reuniram-se para redigir um documento ao rei inglês declarando sua lealdade, mas protestando contra as medidas determinadas pelas Leis Intoleráveis. A reação do rei, no entanto, motivou mais insatisfação, pois foi determinado que o número de soldados na colônia aumentasse. Com essa medida, os primeiros conflitos armados entre colonos e tropas inglesas aconteceram.

Declaração de Independência dos Estados Unidos

Local no qual foi realizado o Segundo Congresso Continental da Filadélfia.**
Local no qual foi realizado o Segundo Congresso Continental da Filadélfia.[2]

Em seguida, foi realizado o Segundo Congresso Continental da Filadélfia que, dessa vez, contou com representantes de todas as colônias. Nesse congresso, os colonos chegaram à conclusão de que não era mais possível manterem-se sob o domínio colonial inglês, uma vez que consideravam que as ações da metrópole eram um desrespeito aos interesses dos colonos. Desse congresso, elaborou-se a Declaração de Independência dos Estados Unidos, publicada no dia 4 de julho de 1776.

Os colonos, reunidos no congresso, estabeleceram 27 causas que explicam a Declaração de Independência, e os motivos pelos quais os colonos entendiam a situação são resumidos por Leandro Karnal:

[…] as leis mercantilistas, as guerras que prejudicavam os interesses dos colonos, a existência de tropas inglesas que os colonos deviam sustentar etc. A paciência dos colonos, sua calma e ponderação são destacadas em oposição à posição intransigente e autoritária do rei da Inglaterra, no caso, Jorge III.|5|

A Declaração de Independência dos Estados Unidos foi escrita por Thomas Jefferson. Com a independência, foi iniciada a Guerra de Independência, na qual os colonos lutaram, durante cinco anos, contra as tropas inglesas.

Guerra de Independência dos Estados Unidos

A Guerra da Independência dos Estados Unidos estendeu-se durante cinco anos. Os colonos defenderam sua independência por meio do Exército Continental, força criada logo após a declaração. Após o rompimento com a colônia, desenvolveu-se nos Estados Unidos um dispositivo legal que permitia aos cidadãos armarem-se. Essa ideia fez com que o porte de armas nos Estados Unidos fosse incluído na Constituição do país.

Os ingleses enviaram uma série de comandantes importantes para liderarem suas tropas na América. Além disso, contaram com muitos colonos traidores que lhes forneceram informações importantes. Os colonos, por sua vez, uniram-se contra os ingleses motivados, principalmente, pela violência com que eram tratados durante a guerra.

Nisso, franceses e espanhóis entraram no conflito fornecendo apoio vital aos americanos. Os dois primeiros tinham interesses em enfraquecer os ingleses no continente americano e viram, no apoio à Independência dos Estados Unidos, uma forma de atingi-los. A vitória final dos colonos americanos aconteceu após a Batalha de Yorktown, que correu em 19 de outubro de 1781. Os ingleses reconheceram a Independência dos EUA, com a assinatura do Tratado de Paris, em 1783.

  • Por que a França ajudou na Independência dos EUA?

O envolvimento francês na Guerra de Independência dos Estados Unidos aconteceu porque os franceses tinham o interesse em enfraquecer os britânicos na América. Lembrando que, durante o século XVIII, as duas nações haviam entrado em combate durante a Guerra dos Sete Anos, na qual os franceses, derrotados, foram obrigados a ceder uma série de territórios.

A Guerra de Independência dos EUA era vista pelos franceses também como uma possibilidade de recuperarem tais territórios perdidos. Com a derrota, os ingleses foram obrigados a devolver Senegal, algumas ilhas no Atlântico e algumas terras na América, para os franceses.

Os espanhóis, que também lutaram ao lado dos colonos, receberam de volta Minorca, uma ilha no Mediterrâneo, e territórios na Flórida.

Acesse também: Entenda a história do conflito que dividiu os Estados Unidos durante o século XIX

Consequências da Independência dos Estados Unidos

A Independência dos Estados Unidos também é conhecida como Revolução Americana. Desse processo, as principais consequências que podem ser destacadas são:

  • Consolidação dos Estados Unidos enquanto nação independente.

  • Os ideais iluministas defendidos pelos americanos inspiraram movimentos de independência em outras partes da América, inclusive no Brasil.

  • Republicanismo consolidou-se como alternativa política. No século XIX, as colônias espanholas, por exemplo, converteram-se em repúblicas, após conquistarem suas independências.

  • Declínio do domínio colonial da Inglaterra na América continental.

  • França e Espanha recuperaram parte de seus territórios na América, após a derrota inglesa na guerra;

  • Deu-se início ao processo de expansão territorial dos EUA, após a Inglaterra ceder as terras entre os Montes Apalaches e o Rio Mississippi.

Fontes

KARNAL, Leandro (org.) História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2008.

LONGLEY, Robert. Brief History of Declaration of Independence. Disponível em: https://www.thoughtco.com/declaration-of-independence-brief-history-3320098.

HICKMAN, Kennedy. An Introduction to the American Revolutionary War. Disponível em: https://www.thoughtco.com/american-revolution-101-2360660.

Notas

|1| KARNAL, Leandro. A Formação da Nação. In.: KARNAL, Leandro (org.). História dos Estados Unidos. São Paulo: Contexto, 2008, p. 75.

|2| Idem, p. 75.

|3| Idem, p. 76.

|4| Idem, p. 79.

|5| Idem, p. 88.

Créditos de imagem

[1] Chrisdorney e Shutterstock

[2] Warasit Phothisuk e Shutterstock

 

Por Daniel Neves Silva
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Independência dos Estados Unidos"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/independencia-estados-unidos.htm. Acesso em 12 de outubro de 2024.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

(Fuvest-SP) "O puritanismo era uma teoria quase tanto quanto uma doutrina religiosa. Por isso, mal tinham desembarcado naquela costa inóspita [...J o primeiro cuidado dos imigrantes (puritanos) foi o de se organizar em sociedade."

Essa passagem de A democracia na América, de A. de Tocqueville, diz respeito à tentativa:

a) malograda dos puritanos franceses de fundarem no Brasil uma nova sociedade, a chamada França Antártida.

b) malograda dos puritanos franceses de fundarem uma nova sociedade no Canadá.

c) bem-sucedida dos puritanos ingleses de fundarem uma nova sociedade no Sul dos Estados Unidos.

d) bem-sucedida dos puritanos ingleses de fundarem uma nova sociedade no Norte dos Estados Unidos, na chamada Nova Inglaterra.

e) bem-sucedida dos puritanos ingleses, responsáveis pela criação de todas as colônias inglesas na América.

Exercício 2

Descreva a postura da Inglaterra em relação às colônias situadas na América do Norte, dando especial destaque à prática da “negligência salutar”.