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Nós sabemos que um texto nada mais é do que um conjunto de palavras que formam sentidos, desde que essas palavras estejam relacionadas com um determinado contexto. O texto é um tecido — daí o nome — cujos fios são as palavras. Quando harmonicamente entrelaçadas, elas podem produzir efeitos de sentido e de significação.
Os textos podem ser divididos em dois grandes grupos: os textos literários e os textos não literários. Enquanto a linguagem literária não apresenta um compromisso com a transparência de significados, provocando assim uma multiplicidade de interpretações de acordo com nossas emoções e experiências culturais, a linguagem não literária tem seus sentidos restritos, muito embora esteja vulnerável aos problemas de compreensão e interpretação por parte do leitor. Ainda assim, a linguagem não literária apresenta características delimitadas, e seu principal objetivo é a criação de um discurso cuja principal preocupação é o objeto linguístico.
Para que você perceba as diferenças na elaboração dos textos literários e não literários, observe dois exemplos que ilustram bem as características de cada tipo de linguagem:
Descuidar do lixo é sujeira
Diariamente, duas horas antes da chegada do caminhão da prefeitura, a gerência de uma das filiais do McDonald’s deposita na calçada dezenas de sacos plásticos recheados de papelão, isopor, restos de sanduíches. Isso acaba propiciando um lamentável banquete de mendigos. Dezenas deles vão ali revirar o material e acabam deixando os restos espalhados pelo calçadão.
(Veja São Paulo, 23-29/12/92)
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(Manuel Bandeira. Em Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro: J. Olympio/MEC, 1971, p.145)
O primeiro texto, uma reportagem publicada em uma revista de grande circulação, é um exemplo de linguagem não literária, cuja informação é transmitida de maneira clara e objetiva. O discurso não literário tem por principal função informar, portanto, figuras de linguagem e outras subjetividades não são bem-vindas. O segundo texto, um poema de Manuel Bandeira, trata de uma temática que dialoga com aquela desenvolvida no primeiro texto, no entanto, são utilizados recursos próprios da linguagem literária, que permitem a subversão de aspectos semânticos e emprego de elementos que conferem maior expressividade a um texto.
As notícias, os artigos jornalísticos, os textos didáticos, os verbetes de dicionários e enciclopédias, as propagandas publicitárias, os textos científicos, receitas culinárias e manuais são exemplos de linguagem não literária. No discurso não literário deve predominar uma linguagem objetiva, clara e concisa a fim de que a informação seja repassada de maneira eficiente, livre de possíveis dificuldades que prejudiquem o entendimento do texto.
Por Luana Castro
Graduada em Letras