A linguagem não literária é o que permite que um texto seja considerado funcional ou utilitário. Ela é denotativa, objetiva e não apresenta ficcionalidade. Em contraposição, a linguagem literária é conotativa, subjetiva, não utilitária e apresenta caráter ficcional. O texto não literário possui linguagem não literária.
Leia também: Afinal, o que é literatura?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre linguagem não literária
- 2 - O que é a linguagem não literária?
- 3 - Características da linguagem não literária
- 4 - Exemplos de linguagem não literária
- 5 - Diferenças entre linguagem não literária e linguagem literária
- 6 - Linguagem não literária e texto não literário
- 7 - Exercícios resolvidos sobre linguagem não literária
Resumo sobre linguagem não literária
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A linguagem não literária é usada em textos utilitários.
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Ela apresenta denotação, objetividade e caráter funcional.
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A linguagem literária é conotativa, subjetiva e artística.
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Textos não literários apresentam linguagem não literária.
O que é a linguagem não literária?
A linguagem não literária é a linguagem usada em textos utilitários. Ela possui características que compõem um texto funcional, ou seja, que apresenta utilidade. Ela é denotativa, objetiva e não apresenta ficcionalidade. Portanto, ela se afasta de uma linguagem artística ou plurissignificativa.
Características da linguagem não literária
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Função utilitária.
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Caráter objetivo.
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Denotação.
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Mensagem clara e direta.
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Ausência de ficcionalidade.
Veja também: Qual a diferença entre denotação e conotação?
Exemplos de linguagem não literária
Vários gêneros de texto utilizam a linguagem não literária, como, por exemplo:
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manual de instruções;
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bula de remédio;
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receita;
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notícia;
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editorial;
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resenha;
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ensaio ou artigo científico;
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reportagem.
Veja, a seguir, um trecho de uma bula de remédio. Observe que a linguagem do texto é objetiva e denotativa, já que tem a função de informar, ao usuário do remédio, as características da medicação:
[...]
INFORMAÇÕES AO PACIENTE
1. PARA QUE ESTE MEDICAMENTO É INDICADO?
Este medicamento é um anti-histamínico (medicamentos que tratam alergias) destinado ao tratamento das manifestações alérgicas, tais como rinite alérgica e urticária (erupção na pele, geralmente de origem alérgica, que causa coceira).
2. COMO ESTE MEDICAMENTO FUNCIONA?
ALLEGRA é um produto com ação anti-histamínica utilizado no tratamento sintomático de manifestações alérgicas.
Tempo médio de ação:
Demonstrou-se que ALLEGRA apresenta efeito anti-histamínico, iniciando-se dentro de 1 hora e alcançando seu efeito máximo dentro de 2 a 3 horas, prolongando-se por 12 horas no mínimo, após dose única e doses de duas vezes ao dia, via oral.
3. QUANDO NÃO DEVO USAR ESTE MEDICAMENTO?
ALLEGRA não deve ser utilizado em pacientes com alergia a qualquer componente da fórmula.
[...]
ALLEGRA: cloridrato de fexofenadina. Farmacêutica responsável Silvia Regina Brollo. São Paulo: Sanofi-Aventis, 2016. Bula de remédio.
A objetividade e o caráter utilitário ou informativo também caracterizam a linguagem desta resenha:
A obra intitulada Produção textual na universidade, de Désirée Motta-Roth e Gabriela Rabuske Hendges, publicada pela editora Parábola, em 2010, é fruto da experiência das autoras no trabalho tanto com a pesquisa sobre gêneros acadêmicos quanto com o ensino de produção textual na universidade. Tal trajetória as autoriza a empreender trabalhos do porte desta obra, o que se reflete no caráter teoricamente claro e eficazmente didático do livro. Com base em pesquisas próprias, realizadas principalmente a partir da teoria sociorretórica de Jonh Swales, e de outros autores reconhecidos na área, as docentes e pesquisadoras abordam gêneros centrais do contexto universitário, quais sejam: resenha, projeto de pesquisa, artigo científico e abstract.
[...]
Além dos apontamentos feitos ao longo da apresentação, pode-se afirmar que, de modo geral, a obra se configura num material rico para os que objetivam estudar os gêneros acadêmicos. Um ponto positivo é a quantidade de exemplos que de fato circulam no meio acadêmico e a qualidade da análise deles, feita ponto a ponto e com recursos didáticos eficientes, que dão à obra um caráter ainda mais profícuo ao que se propõe. As atividades sugeridas ao final de cada capítulo também são um ponto positivo relevante, já que tornam a obra um material eficiente no dia a dia do ensino de produção textual na academia. Enfim, sendo bem-sucedido no alinhamento entre uma base teórica reconhecida e produtiva no estudo dos gêneros acadêmicos e uma estratégia de prática didática consistente, o livro consegue, “com dinamismo e leveza”, contribuir para que estudantes de graduação e pós-graduação enfrentem e vençam as dificuldades de produção textual na academia.
SOARES, Vanessa Arlésia Souza Ferretti. Resenha. Ilha do Desterro, Florianópolis, v. 69, n. 3, dez. 2016.
Diferenças entre linguagem não literária e linguagem literária
A linguagem não literária é utilitária, objetiva, denotativa e não possui elementos relacionados à ficção. Ela é usada em textos funcionais, como, por exemplo, uma receita de bolo. Já a linguagem literária não é utilitária, pois é subjetiva, conotativa e possui elementos de caráter ficcional. Ela é usada em textos artísticos, como, por exemplo, poesia, romance, novela e conto. Para saber mais sobre esse tema, clique aqui.
Linguagem não literária e texto não literário
O texto não literário é aquele que apresenta linguagem não literária. Portanto, o caráter literário ou não literário de um texto é definido pela sua linguagem. Desse modo, um texto com linguagem objetiva e denotativa é um texto funcional, já que não é literário ou artístico.
Saiba mais: Função referencial — função da linguagem predominante em textos não literários
Exercícios resolvidos sobre linguagem não literária
Questão 1
TEXTO I
Os membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS), responsável pela organização do Oscar, já iniciaram a votação preliminar para a edição de 2025. Entre as diversas categorias em disputa, destaca-se a de Melhor Filme Internacional, na qual o Brasil está concorrendo com o longa “Ainda Estou Aqui”.
A votação, iniciada nesta segunda-feira (9) e com término previsto para sexta-feira (13), abrange categorias como Melhor Curta-Metragem em Live-Action, Melhor Documentário e Melhor Curta-Documental.
O processo resultará na divulgação de uma lista preliminar de candidatos, que será revelada no dia 17 de dezembro.
[...]
Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/entretenimento/oscar-2025-votacao-preliminar-ja-comecou-conheca-os-candidatos-brasileiros/.
TEXTO II
Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.
Que ninguém se engane, só consigo a simplicidade através de muito trabalho.
Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos — sou eu que escrevo o que estou escrevendo. Deus é o mundo. A verdade é sempre um contato interior inexplicável. A minha vida a mais verdadeira é irreconhecível, extremamente interior e não tem uma só palavra que a signifique. Meu coração se esvaziou de todo desejo e reduz-se ao próprio último ou primeiro pulsar. A dor de dentes que perpassa esta história deu uma fisgada funda em plena boca nossa. Então eu canto alto agudo uma melodia sincopada e estridente — é a minha própria dor, eu que carrego o mundo e há falta de felicidade. Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes.
[...]
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
Sobre os textos, é correto afirmar:
A) O texto I é literário, já o texto II é não literário.
B) Tanto o texto I quanto o texto II são literários.
C) Tanto o texto I quanto o texto II são não literários.
D) O texto II é literário, já o texto I é não literário.
E) O texto I apresenta elementos literários e não literários.
Resolução:
Alternativa D.
O texto I apresenta linguagem não literária, pois é uma notícia objetiva. Já o texto II apresenta linguagem literária, pois é uma narrativa subjetiva. Assim, o texto I é não literário, enquanto o texto II é literário.
Questão 2
TEXTO I

TEXTO II

Sobre os textos, é correto afirmar:
A) O texto I é utilitário e apresenta linguagem não literária.
B) O texto II é utilitário e apresenta linguagem literária.
C) O texto I é plurissignificativo e apresenta linguagem literária.
D) O texto II é plurissignificativo e apresenta linguagem não literária.
E) Tanto o texto I quanto o texto II são subjetivos e literários.
Resolução:
Alternativa A.
O texto I é utilitário, pois se configura em uma campanha publicitária em prol da doação de órgãos. Portanto, apresenta linguagem objetiva e não literária. Já o texto II é artístico e não utilitário, pois é uma tirinha que apresenta subjetividade e conotação típicas da linguagem literária.
Fontes
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2021.
GOULART, Audemaro Taranto; SILVA, Oscar Vieira da. Introdução ao estudo da literatura. Belo Horizonte: Lê, 1994.
SILVA FILHO, Sergio Mendes. A construção da memória no poema “Versos à boca da noite”, de Carlos Drummond de Andrade. 2023. TCC (Licenciatura em Letras) – Universidade Federal de Alagoas, Arapiraca, 2023.