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Sedentarização

Sedentarização foi um processo que ocorreu na história das sociedades humanas, caracterizado pelo abandono do estilo de vida nômade para a permanência em um local específico.

Reconstrução de habitações de uma aldeia neolítica em texto sobre sedentarização.
Reconstrução de habitações de uma aldeia neolítica, um resultado do processo de sedentarização. [1]
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Sedentarização é o processo pelo qual as sociedades humanas abandonam o nomadismo em favor da permanência em um local específico por longos períodos de tempo. Impulsionada pela descoberta e domesticação de plantas e animais, a sedentarização permite o desenvolvimento da agricultura e da pecuária, bem como avanços tecnológicos, como a construção de estruturas permanentes e técnicas de armazenamento de alimentos.

Caracteriza-se pela permanência em um local definido, com a construção de habitações permanentes, especialização do trabalho e formação de laços sociais mais complexos.

Leia também: Período Neolítico — fase de maior transformação entre os hominídeos durante a Pré-História

Tópicos deste artigo

Resumo sobre sedentarização

  • Sedentarização é o processo no qual sociedades humanas deixam de ser nômades para se fixar em um local específico por longos períodos de tempo.
  • É caracterizada pela permanência em um território definido.
  • Teve início com o surgimento de comunidades agrícolas em áreas férteis, como o Crescente Fértil e o vale do rio Nilo, e evoluindo para o estabelecimento de civilizações complexas com cidades e impérios.
  • Foi impulsionada pela descoberta e domesticação de plantas e animais, que possibilitou o desenvolvimento da agricultura e da pecuária.
  • Uma das principais mudanças causadas pela sedentarização foi a transição de uma economia de subsistência baseada na caça, coleta e pesca para uma economia agrícola.
  • Uma implicação social da sedentarização foi o crescimento populacional, que resultou na formação de hierarquias sociais e desigualdades.
  • A sedentarização tornou a sociedade mais propensa a doenças epidêmicas e provocou impactos ambientais negativos.
  • Sedentarização e nomadismo são conceitos que se diferem: o primeiro envolve a permanência em um local específico; o segundo, o deslocamento sazonal em busca de recursos naturais.

O que é sedentarização?

A sedentarização é um processo pelo qual as sociedades humanas passam, abandonando o nomadismo em favor da permanência em um local específico por longos períodos de tempo. Esse conceito está intrinsecamente ligado à transição de um estilo de vida nômade, no qual as comunidades se deslocam em busca de recursos sazonais, para uma forma de vida mais estável e permanente, caracterizada pela fixação em determinado território.

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Causas da sedentarização

Diversos fatores contribuem para a sedentarização das comunidades humanas ao longo da história. Um dos principais motivos é a descoberta e domesticação de plantas e animais, o que permitiu o desenvolvimento da agricultura e da pecuária. A prática da agricultura possibilitou o cultivo de alimentos de forma regular e previsível, reduzindo a necessidade de movimentação constante em busca de recursos alimentares.

Além disso, a sedentarização também está relacionada com o surgimento de assentamentos urbanos, com a formação de vilas e cidades como centros de comércio, política e cultura.

Outros fatores que contribuíram para a sedentarização incluem avanços tecnológicos, como a domesticação de animais de carga para transporte de mercadorias e a construção de estruturas permanentes, como casas e armazéns. O desenvolvimento de técnicas de armazenamento de alimentos também foi crucial, pois permitiu que as comunidades acumulassem excedentes durante períodos de abundância para consumo posterior.

Veja também: Evolução das cidades — da Antiguidade aos dias atuais

Características da sedentarização

A sedentarização é caracterizada pela estabilidade e permanência das comunidades em um local específico. Isso implica a construção de habitações permanentes, como casas e edifícios, e a criação de estruturas de suporte à vida em sociedade, como escolas, mercados e sistemas de governo. Além disso, a sedentarização está associada ao desenvolvimento de atividades especializadas e à divisão do trabalho, uma vez que as comunidades podem se dedicar a diferentes ocupações além da simples busca por alimentos.

Outra característica importante da sedentarização é a formação de laços sociais mais duradouros e complexos. À medida que as pessoas passam mais tempo juntas em um mesmo local, desenvolvem-se relações interpessoais mais profundas e sistemas de parentesco mais elaborados. Isso contribui para o surgimento de culturas distintas e identidades coletivas mais fortes.

Como foi o processo de sedentarização dos seres humanos?

O processo de sedentarização dos seres humanos foi gradual e ocorreu ao longo de milhares de anos, em diferentes regiões do mundo. Uma das primeiras formas de sedentarização foi o estabelecimento de comunidades agrícolas, que surgiram em áreas férteis como o Crescente Fértil, no Oriente Médio, e o vale do rio Nilo, no Egito, por volta de 10.000 a.C. Nessas regiões, as populações começaram a cultivar plantas como trigo, cevada e arroz, e a domesticar animais como ovelhas, cabras e gado bovino.

Regiões no globo terrestre onde ocorreu sedentarização
No globo, o vermelho marca os locais onde ocorreu sedentarização no Período Neolítico.[2]

Com o tempo, essas comunidades agrícolas cresceram e se desenvolveram em civilizações complexas, como as sumérias, egípcias e mesopotâmicas. O surgimento de cidades e impérios levou a uma maior sedentarização da população, com a construção de infraestruturas urbanas e a especialização do trabalho.

Em paralelo, outras regiões do mundo também passaram pelo processo de sedentarização, adaptando-se às condições ambientais locais e desenvolvendo suas próprias formas de organização social e econômica.

Mudanças causadas pelo processo de sedentarização dos seres humanos

A sedentarização dos seres humanos causou uma série de mudanças significativas em suas vidas e sociedades. Uma das transformações mais marcantes foi a transição de uma economia de subsistência baseada na caça, coleta e pesca para uma economia agrícola, na qual as comunidades passaram a depender principalmente da agricultura para obter alimentos.

Gravura egípcia mostrando dois efeitos da sedentarização: cultivo de plantas e domesticação de animais.
Gravura egípcia mostrando dois efeitos da sedentarização: cultivo de plantas e domesticação de animais.

Essa mudança teve importantes implicações sociais, como o surgimento de hierarquias e desigualdades de classe, uma vez que o controle sobre os recursos agrícolas se tornou uma fonte de poder. Além disso, a sedentarização levou ao aumento da densidade populacional em certas áreas, o que por sua vez gerou novos desafios relacionados à gestão de recursos naturais, saneamento básico e saúde pública.

Outra consequência da sedentarização foi o desenvolvimento de tecnologias e técnicas agrícolas mais avançadas, como a irrigação, a rotação de culturas e o arado. Isso permitiu que as comunidades aumentassem sua produtividade e criassem excedentes alimentares, que por sua vez possibilitaram o crescimento de populações urbanas e o surgimento de civilizações complexas.

Saiba mais: Idade dos Metais — fatos que marcaram a última fase da Pré-História

Consequências da sedentarização dos seres humanos

Apesar dos benefícios econômicos e sociais associados à sedentarização, também houve consequências negativas para as sociedades humanas. Uma delas foi a maior propensão a doenças infecciosas e epidemias, devido à concentração de pessoas em áreas urbanas densamente povoadas e à falta de saneamento básico adequado.

Além disso, a sedentarização contribuiu para o aumento da desigualdade social, uma vez que certos grupos detinham o controle sobre os recursos agrícolas e exerciam poder sobre os demais membros da comunidade. Isso resultou em conflitos territoriais e guerras por recursos, que foram uma característica recorrente das sociedades agrícolas e urbanas ao longo da história.

Outra consequência da sedentarização foi a maior pressão sobre o meio ambiente, devido à intensificação da agricultura e à expansão das áreas urbanas. O desmatamento, a erosão do solo e a poluição ambiental tornaram-se problemas cada vez mais graves, afetando não apenas as comunidades humanas, mas também a fauna e a flora nativas.

Diferenças entre sedentarização e nomadismo

A sedentarização e o nomadismo representam duas formas distintas de organização social e econômica, cada uma com suas próprias características e desafios. Enquanto a sedentarização envolve a permanência em um local específico por longos períodos de tempo, o nomadismo é caracterizado pelo deslocamento sazonal em busca de recursos naturais, como água, pastagens e alimentos.

Uma das principais diferenças entre sedentarização e nomadismo é a relação com o meio ambiente. Enquanto as sociedades sedentárias tendem a modificar o ambiente para se adaptar às suas necessidades, construindo infraestruturas permanentes e alterando a paisagem natural, as comunidades nômades dependem da natureza em seu estado natural e têm um impacto menor sobre o meio ambiente.

Ruínas de um assentamento neolítico feito de pedras.
Ruínas de um assentamento neolítico feito de pedras.[3]

Além disso, a sedentarização está associada a uma maior complexidade social e econômica, com o surgimento de hierarquias sociais, divisão do trabalho e especialização de funções. Por outro lado, o nomadismo tende a ser mais igualitário, com uma distribuição mais equitativa de recursos e responsabilidades entre os membros da comunidade.

Em termos de mobilidade e flexibilidade, o nomadismo oferece vantagens significativas, permitindo que as comunidades se adaptem rapidamente a mudanças ambientais e climáticas. No entanto, a sedentarização proporciona estabilidade e segurança a longo prazo, possibilitando o desenvolvimento de atividades econômicas mais complexas e o crescimento das comunidades urbanas.

Créditos das imagens

[1] Wikimedia Commons

[2] Pedro P. Palazzo/ Wikimedia Commons

[3] Wikimedia Commons

Fontes

GOSDE, Chris. Pré-História. São Paulo: L&PM, 2012

CHILDE, Gordon. A Evolução Cultural do Homem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1981.

Escritor do artigo
Escrito por: Tiago Soares Campos Bacharel, licenciado e doutorando em História pela USP. Bacharel em Direito e pós-graduado em Direito pela PUC. É professor de História e autor de materiais didáticos há mais de 15 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

CAMPOS, Tiago Soares. "Sedentarização"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/sedentarizacao.htm. Acesso em 30 de abril de 2024.

De estudante para estudante


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