PUBLICIDADE
O Diretório foi um órgão executivo que governou a França entre 1795 e 1799, estabelecido após o colapso do governo jacobino e do período do Terror durante a Revolução Francesa. Surgiu em um contexto de profunda instabilidade política, econômica e social, marcado pela tentativa de estabelecer um governo republicano mais moderado e evitar o autoritarismo.
Leia também: O que foram as Guerras Napoleônicas e quais eram seus objetivos?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre o Diretório
- 2 - O que foi o Diretório?
- 3 - Contexto histórico do Diretório
- 4 - Como funcionava o Diretório na Revolução Francesa?
- 5 - Fim do Diretório
- 6 - Exercícios resolvidos sobre o Diretório
Resumo sobre o Diretório
-
O Diretório foi um órgão executivo que surgiu em meio à Revolução Francesa.
-
Esse órgão governou a França de 1795 a 1799, após o colapso do governo jacobino.
-
Era formado por cinco diretores executivos e dois conselhos legislativos: o Conselho dos Quinhentos e o Conselho dos Anciãos.
-
Essa estrutura buscava evitar o autoritarismo e concentrar o poder, com o objetivo de estabelecer um governo mais moderado e republicano na França.
-
O Diretório enfrentou crises econômicas e insurreições internas, além de continuar a guerra contra a Segunda Coalizão europeia.
-
O fim do Diretório ocorreu em 1799 devido a um golpe liderado por Napoleão Bonaparte.
-
Napoleão dissolveu o governo e estabeleceu o Consulado, marcando a transição para o regime imperial na França.
O que foi o Diretório?
O Diretório foi um órgão executivo de cinco membros que governou a França de 1795 a 1799, durante a fase intermediária da Revolução Francesa. Foi estabelecido pela Constituição do Ano III (1795) após o colapso do governo jacobino liderado por Maximilien Robespierre e o fim do Terror, um período caracterizado pela repressão violenta contra os supostos inimigos da Revolução. O Diretório marcou uma tentativa de estabilizar a França e trazer uma forma de governo mais moderada e menos radical em comparação aos anos precedentes.
Contexto histórico do Diretório
O Diretório emergiu de uma França que havia passado por anos de turbulência política, social e econômica. A Revolução Francesa, iniciada em 1789, tinha como objetivo derrubar o antigo regime absolutista e criar uma nova ordem baseada nos princípios de liberdade, igualdade e fraternidade. No entanto, a Revolução rapidamente se radicalizou, culminando no Reino do Terror, em que milhares de pessoas foram executadas.
O colapso do Terror e a execução de Robespierre em julho de 1794 abriram caminho para uma reação termidoriana, que procurou eliminar os excessos revolucionários e estabilizar o país. Em meio a essa transição, a Convenção Nacional, que governava a França, redigiu a Constituição do Ano III. Essa nova constituição refletia um desejo de afastar-se tanto do absolutismo monárquico quanto do radicalismo jacobino, buscando uma forma de governo republicana mais equilibrada e menos suscetível a abusos de poder.
Além das turbulências internas, a França estava em guerra com várias potências europeias desde 1792, um conflito que havia levado a nação à beira do colapso financeiro e social. Portanto, o estabelecimento do Diretório também visava à criação de um governo capaz de consolidar as vitórias militares, assegurar a paz interna e reconstruir a economia do país.
Veja também: Queda da Bastilha — o início da Revolução na França
Como funcionava o Diretório na Revolução Francesa?
→ Estrutura do Diretório
O Diretório, formalmente estabelecido em 26 de outubro de 1795, consistia em dois órgãos principais:
-
o Conselho dos Quinhentos;
-
o Conselho dos Anciãos
Além dos conselhos, cinco diretores compunham o Executivo. O Conselho dos Quinhentos era responsável por propor leis, enquanto o Conselho dos Anciãos as aprovava ou rejeitava. Os membros do Diretório eram escolhidos pelo Conselho dos Anciãos por meio de uma lista de nomes fornecida pelo Conselho dos Quinhentos.
A estrutura do Diretório foi desenhada para prevenir a concentração de poder em uma única pessoa ou órgão, refletindo o medo do retorno à tirania, seja na forma de um monarca absoluto ou de um líder revolucionário autoritário. Cada diretor tinha um mandato de cinco anos, com um deles sendo substituído anualmente, garantindo assim uma rotação regular no poder.
→ Como foi o governo do Diretório
Apesar de sua intenção de proporcionar estabilidade, o Diretório enfrentou inúmeros desafios. Internamente, a França estava dividida entre vários grupos políticos: realistas, que queriam restaurar a monarquia; jacobinos, que desejavam retornar ao radicalismo revolucionário; e diversos grupos republicanos com diferentes visões para o futuro do país. As insurreições eram frequentes, e o Diretório frequentemente tinha que recorrer ao exército para manter a ordem.
No campo econômico, a França estava devastada pela inflação, escassez de alimentos e uma dívida pública gigantesca. O governo do Diretório tentou várias reformas econômicas, como a criação do franco, uma nova moeda para substituir o depreciado assignat, e a reestruturação da dívida pública. No entanto, essas medidas muitas vezes foram insuficientes para resolver os problemas profundos da economia francesa.
Externamente, o Diretório continuou a lutar contra as coalizões de países europeus que se opunham à Revolução Francesa. Embora os exércitos franceses tenham conseguido várias vitórias significativas, a guerra contínua exauria os recursos da nação e aumentava a pressão sobre o governo.
Uma das figuras militares emergentes desse período foi Napoleão Bonaparte, cujas campanhas na Itália e no Egito não só trouxeram vitórias militares para a França, mas também aumentaram seu próprio prestígio e influência política.
Fim do Diretório
O fim do Diretório foi precipitado por uma série de fatores interligados que minaram sua legitimidade e funcionalidade. Internamente, a corrupção endêmica e a instabilidade política contínua enfraqueceram o apoio popular ao governo. Além disso, as constantes crises econômicas e a inflação crescente exacerbaram o descontentamento social.
Um fator crucial foi o papel crescente do exército na política francesa. O Diretório frequentemente dependia dos militares para reprimir insurreições e manter a ordem, o que inadvertidamente fortaleceu a posição dos generais. Entre eles, Napoleão Bonaparte se destacou não só por suas vitórias militares, mas também por sua habilidade política e ambição.
Em 1799, a situação chegou a um ponto de crise. A guerra contra a Segunda Coalizão, uma aliança de potências europeias que incluía a Grã-Bretanha, a Áustria e a Rússia, estava tornando-se cada vez mais difícil de sustentar. Em meio a essa pressão, Napoleão retornou do Egito e, com o apoio de alguns membros do Diretório e do exército, organizou um golpe de Estado em 9 de novembro de 1799 (18 de Brumário, no calendário revolucionário).
O golpe de Estado foi relativamente rápido e encontrou pouca resistência significativa. Napoleão e seus aliados dissolveram o Diretório e estabeleceram o Consulado, com Napoleão assumindo o papel de primeiro cônsul, essencialmente se tornando o líder de fato da França. Esse evento marcou o fim do Diretório e a transição para uma nova fase na história francesa, em que Napoleão Bonaparte eventualmente se proclamaria imperador em 1804, inaugurando o período do Primeiro Império.
O Diretório, apesar de seus esforços para estabilizar a França pós-Revolução, foi incapaz de resolver as profundas crises políticas, sociais e econômicas que afligiam o país. Seu colapso e a ascensão de Napoleão refletem tanto as limitações do sistema político instituído em 1795 quanto as dinâmicas complexas e fluidas da Revolução Francesa.
Saiba mais: É verdade que Napoleão Bonaparte coroou a si mesmo?
Exercícios resolvidos sobre o Diretório
1. Durante a Revolução Francesa, o Diretório desempenhou um papel crucial na tentativa de estabilizar a França pós-Terror. Estabelecido pela Constituição do Ano III em 1795, o Diretório foi composto por cinco diretores executivos e dois conselhos legislativos. Esse período foi marcado por desafios internos, como a grave crise econômica e as insurreições populares, além da guerra contra as potências europeias. No entanto, o fim do Diretório ocorreu devido a um evento específico que mudou o curso político da França. Qual foi esse evento?
A) A execução de Robespierre em 1794.
B) O golpe de Estado liderado por Napoleão Bonaparte em 1799.
C) A abolição da monarquia em 1792.
D) A adoção do calendário revolucionário em 1793.
E) A promulgação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão em 1789.
Resposta correta: B) O golpe de Estado de Napoleão Bonaparte, em 9 de novembro de 1799 (18 de Brumário, no calendário revolucionário), foi o evento que precipitou o fim do Diretório. Napoleão dissolveu o governo e estabeleceu o Consulado, marcando o início do período do Primeiro Império na França.
2. Durante o governo do Diretório na Revolução Francesa, diversas medidas foram tomadas para tentar estabilizar o país após o período turbulento do Terror. Além da criação de um governo republicano moderado, o Diretório enfrentou desafios significativos, como a guerra contra a Segunda Coalizão europeia e problemas econômicos internos. Uma das características principais desse período foi a estrutura política do Diretório, que incluía cinco diretores e dois conselhos legislativos. Como eram chamados esses dois conselhos legislativos?
A) Conselho dos Quatro e Conselho dos Sessenta.
B) Conselho dos Quinhentos e Conselho dos Anciãos.
C) Conselho dos Duzentos e Conselho dos Velhos.
D) Conselho dos Deputados e Conselho dos Sábios.
E) Conselho dos Cem e Conselho dos Patriotas.
Resposta correta: B) O Diretório era composto por dois conselhos legislativos: o Conselho dos Quinhentos, responsável por propor leis, e o Conselho dos Anciãos, que as aprovava ou rejeitava. Esse sistema foi estabelecido para evitar a concentração de poder e garantir um governo mais equilibrado durante a Revolução Francesa.
Fontes
HOBSBAWN, Eric. A Era das Revoluções. São Paulo: Cia das Letras, 2009.
HORNE, Alastair. A Era de Napoleão. São Paulo: Objetiva, 2010.