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As causas da Revolução Francesa foram, principalmente, econômicas, sociais, políticas e intelectuais. Evento que marcou o início da Idade Contemporânea, a Revolução Francesa teve como antecedentes décadas de tensões políticas, econômicas e sociais na França. Sob o Antigo Regime, a estrutura social desigual e os privilégios aristocráticos exacerbaram o descontentamento popular. O Iluminismo disseminou ideias de liberdade e igualdade, alimentando o desejo por reformas políticas e sociais. A crise financeira, agravada pela participação na Guerra de Independência dos Estados Unidos, e a falta de reformas fiscais aumentaram as tensões. A convocação dos Estados Gerais em 1789 foi um marco crucial, evidenciando a insatisfação generalizada.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Antecedentes históricos da Revolução Francesa
- 2 - Principais causas da Revolução Francesa
- 3 - Curiosidades sobre a Revolução Francesa
- 4 - Exercícios resolvidos sobre as causas da Revolução Francesa
Antecedentes históricos da Revolução Francesa
A Revolução Francesa foi um dos eventos mais significativos da história e marcou o início da Idade Contemporânea. Seus antecedentes remontam a vários fatores políticos, econômicos, sociais e intelectuais que se desenvolveram ao longo de séculos. No século XVIII, a França era uma monarquia absoluta, onde o rei tinha controle total sobre o governo e a sociedade. No entanto, o poder absoluto da monarquia estava tornando-se cada vez mais insustentável devido a diversas pressões internas e externas.
O Antigo Regime, caracterizado pela estrutura social rígida e desigual, estava em crise. A sociedade francesa era dividida em três Estados: o Primeiro Estado (clero), o Segundo Estado (nobreza) e o Terceiro Estado (burguesia, camponeses e trabalhadores urbanos). Os privilégios da nobreza e do clero, que estavam isentos de muitos impostos, contrastavam fortemente com a carga tributária pesada sobre o Terceiro Estado, que sustentava financeiramente o país.
A situação econômica da França estava em declínio há décadas, agravada pelas despesas excessivas da monarquia, incluindo a participação francesa na Guerra de Independência dos Estados Unidos. O déficit financeiro levou o governo a contrair enormes dívidas, o que resultou em uma crise fiscal. As tentativas de reforma fiscal foram repetidamente bloqueadas pela nobreza, que resistia a qualquer medida que pudesse reduzir seus privilégios.
Paralelamente, o Iluminismo estava ganhando terreno na França. Filósofos como Voltaire, Montesquieu e Rousseau questionavam a autoridade do rei e da Igreja, promovendo ideias de igualdade, liberdade e democracia. Essas ideias se espalharam amplamente entre a burguesia educada, que começou a exigir reformas políticas e sociais.
Além disso, o fracasso das reformas agrárias e a crise de fome que assolou a França no final dos anos 1780 exacerbaram o descontentamento popular. As más colheitas de 1788 e 1789 levaram a uma escassez de alimentos e ao aumento dos preços do pão, o que desencadeou revoltas e tumultos entre os camponeses e os trabalhadores urbanos.
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Principais causas da Revolução Francesa
A Revolução Francesa teve várias causas inter-relacionadas que culminaram na queda da monarquia e na transformação radical da sociedade francesa. Entre essas causas, destacam-se as econômicas, sociais, políticas e intelectuais.
Economicamente, a França estava à beira da falência. A participação na Guerra de Independência dos Estados Unidos agravou ainda mais a já precária situação financeira do país. O governo enfrentava um enorme déficit, e as tentativas de reforma fiscal foram continuamente bloqueadas pela nobreza. A incapacidade de resolver a crise financeira levou à convocação dos Estados Gerais em 1789, um evento que não ocorria desde 1614, demonstrando a profundidade da crise.
Socialmente, a estrutura rígida e desigual da sociedade francesa gerava enorme descontentamento. O Terceiro Estado, que constituía a vasta maioria da população, estava sobrecarregado de impostos e privado de direitos políticos. A nobreza e o clero gozavam de vastos privilégios, exacerbando a desigualdade e o ressentimento. As más colheitas e a consequente fome aumentaram o sofrimento e a frustração das classes mais baixas.
Politicamente, a monarquia absoluta de Luís XVI estava em declínio. A falta de habilidade do rei para lidar com a crise econômica e social, junto com sua relutância em implementar reformas significativas, minou sua autoridade. A convocação dos Estados Gerais, que se transformou na Assembleia Nacional, deu uma plataforma aos representantes do Terceiro Estado para expressar suas queixas e exigir mudanças.
Intelectualmente, o Iluminismo forneceu o combustível ideológico para a revolução. As ideias de liberdade, igualdade e fraternidade, promovidas por filósofos como Voltaire, Montesquieu e Rousseau, inspiraram a burguesia e outros setores do Terceiro Estado a lutar por uma sociedade mais justa e racional. Esses ideais se tornaram a base da Revolução Francesa, influenciando suas demandas e ações.
Curiosidades sobre a Revolução Francesa
A Revolução Francesa é rica em eventos e personagens, muitos dos quais ainda intrigam historiadores e curiosos. Abaixo estão algumas curiosidades interessantes sobre esse período tumultuado:
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Queda da Bastilha: a Tomada da Bastilha em 14 de julho de 1789 é um dos eventos mais emblemáticos da Revolução Francesa. Curiosamente, a Bastilha, uma antiga fortaleza que servia como prisão, continha apenas sete prisioneiros no momento de sua queda. No entanto, a Bastilha era um símbolo do despotismo real, e sua tomada foi um ato de grande significado simbólico, marcando o início da Revolução Francesa.
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Papel das mulheres: as mulheres desempenharam papéis cruciais durante a Revolução Francesa. Em outubro de 1789, uma marcha de mulheres para Versalhes forçou o rei Luís XVI e sua família a se mudarem para Paris, onde poderiam ser mais facilmente vigiados pelos revolucionários. Além disso, figuras como Olympe de Gouges, autora da “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã”, defenderam os direitos das mulheres e a igualdade de gênero.
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Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão: a Assembleia Nacional Constituinte adotou esse documento fundamental em 26 de agosto de 1789. Inspirada pelos ideais iluministas, a declaração proclamou a igualdade de todos os homens perante a lei, a liberdade de expressão e a proteção contra a opressão. Ela se tornou uma referência para futuras declarações de direitos humanos em todo o mundo.
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Calendário revolucionário: em um esforço para romper com o passado monárquico e religioso, os revolucionários franceses introduziram um novo calendário em 1793. O calendário revolucionário francês tinha 12 meses de 30 dias, cada um dividido em três semanas de 10 dias. O objetivo era descristianizar a França e criar uma nova ordem secular. No entanto, o calendário foi abandonado em 1806 por Napoleão Bonaparte.
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Realeza disfarçada: após a fuga malsucedida para Varennes em junho de 1791, o rei Luís XVI e sua família foram capturados e trazidos de volta a Paris. Disfarçados, tentaram escapar da vigilância dos revolucionários, mas foram reconhecidos em Varennes, levando à sua prisão. Esse episódio minou ainda mais a confiança do povo no rei e acelerou a abolição da monarquia.
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Terror: o período conhecido como o Terror, de 1793 a 1794, foi marcado por execuções em massa e repressão violenta de qualquer oposição à Revolução. Liderado por Robespierre e o Comitê de Salvação Pública, o Terror resultou na execução de milhares de pessoas, incluindo a rainha Maria Antonieta e muitos líderes revolucionários acusados de traição.
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Bandeira tricolor: a bandeira tricolor da França, com suas faixas verticais azul, branca e vermelha, foi adotada como símbolo da Revolução. Cada cor tem um significado: azul e vermelho representam Paris, enquanto o branco simboliza a monarquia. Juntas, elas representam a união do povo francês com a monarquia constitucional.
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Guilhotina: a guilhotina, inventada como um meio de execução mais humano e igualitário, tornou-se um símbolo da Revolução Francesa. Ela foi utilizada extensivamente durante o Terror, e seu uso disseminado refletia o fervor revolucionário por justiça rápida e implacável. A última execução por guilhotina na França ocorreu em 1977, e a pena de morte foi abolida em 1981.
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Impacto internacional: a Revolução Francesa teve um impacto global, inspirando movimentos revolucionários em outras partes do mundo. Suas ideias de liberdade e igualdade influenciaram as lutas pela independência na América Latina e os movimentos democráticos na Europa e além.
Veja também: Maria Antonieta — detalhes sobre a vida da rainha da França guilhotinada durante a Revolução Francesa
Exercícios resolvidos sobre as causas da Revolução Francesa
Questão 1
Durante o século XVIII, a França enfrentava uma série de crises que culminaram na Revolução Francesa. Essas crises estavam relacionadas a fatores econômicos, sociais, políticos e intelectuais que moldaram o ambiente pré-revolucionário. As ideias do Iluminismo, que promoviam a igualdade e a liberdade, exerceram uma influência significativa sobre a sociedade francesa da época. Além disso, a estrutura social do Antigo Regime contribuiu para a insatisfação popular, especialmente entre o Terceiro Estado. Considerando essas informações, qual das alternativas abaixo melhor reflete uma das causas fundamentais da Revolução Francesa?
A) A resistência da nobreza em pagar impostos, exacerbando a crise financeira da monarquia.
B) O aumento dos preços do pão devido às más colheitas, levando a revoltas populares.
C) A abolição da monarquia absoluta por meio da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
D) A fundação do Comitê de Salvação Pública, responsável pelo período do Terror.
E) A proclamação do calendário revolucionário, simbolizando a ruptura com o Antigo Regime.
Resolução:
Alternativa A.
A nobreza e o clero tinham isenções fiscais significativas, enquanto o Terceiro Estado, composto principalmente por camponeses, burguesia e trabalhadores urbanos, suportava o peso da carga tributária. Isso contribuiu diretamente para a crise financeira do governo francês e aumentou a insatisfação popular, desempenhando um papel crucial no desencadeamento da Revolução Francesa.
Questão 2
Durante a Revolução Francesa, diversos eventos marcaram o período revolucionário e se tornaram símbolos de suas diferentes fases e ideologias. A tomada da Bastilha, em 14 de julho de 1789, foi um desses eventos icônicos, simbolizando a queda do Antigo Regime. Além disso, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, adotada em agosto de 1789, proclamou princípios fundamentais de liberdade, igualdade e fraternidade. Considerando essas informações, qual dos eventos abaixo é considerado um símbolo da descrença popular na monarquia absoluta?
A) A proclamação do calendário revolucionário, buscando marcar a mudança de uma França monárquica para uma França republicana.
B) A execução da rainha Maria Antonieta, que simbolizava a resistência aristocrática às mudanças políticas.
C) A fundação do Comitê de Salvação Pública, responsável por supervisionar o Terror Revolucionário.
D) A marcha das mulheres para Versalhes, exigindo a redução do preço do pão e um retorno do rei a Paris.
E) A assinatura do Tratado de Tilsit, que encerrou as guerras revolucionárias francesas com a Rússia.
Resolução:
Alternativa D.
A marcha das mulheres para Versalhes em outubro de 1789 simboliza a descrença popular na monarquia absoluta, demonstrando o descontentamento com a fome e a pobreza crescentes, bem como a resistência do rei Luís XVI em aceitar as mudanças exigidas pelos revolucionários. A marcha resultou na transferência do rei e de sua família de Versalhes para Paris, marcando um ponto de virada na Revolução Francesa.
Fontes
GRESPAN, Jorge. Revolução Francesa e Iluminismo. São Paulo: Contexto, 2003.
HOBSBAWN, Eric. A Era das Revoluções. São Paulo: Paz e Terra, 2008.