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Pompeia foi uma cidade romana que ficou notabilizada por ter sido palco de uma grande erupção vulcânica, que aconteceu no Monte Vesúvio e foi responsável pela destruição da cidade, bem como pela dizimação de sua população. Os restos arqueológicos da cidade foram encontrados no século XVIII e, desde então, estudos têm sido realizados para reconstituir os fatos da vida cotidiana da cidade e sua destruição.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Origens de Pompeia
- 2 - A cidade de Pompeia antes da destruição
- 3 - O que aconteceu com a cidade de Pompeia?
- 4 - A redescoberta de Pompeia
- 5 - Geografia do Monte Vesúvio
- 6 - A química envolvida na destruição de Pompeia
Origens de Pompeia
A cidade de Pompeia ficava localizada aos pés do Monte Vesúvio, nas proximidades da atual cidade de Nápoles, em uma região da Itália conhecida como Campânia. Os historiadores apontam que a região de Pompeia começou a ser habitada por volta da Idade do Bronze (entre 3.000 e 1.200 a.C.). O nome original e quem iniciou a ocupação daquela localidade ainda não são conhecidos.
De toda forma, os historiadores sabem que, antes dos romanos, a cidade de Pompeia foi ocupada pelos oscos (um povo que habitava a Campânia), gregos, etruscos e samnitas, antes de finalmente ser conquistada pelos romanos. A influência romana sobre Pompeia se deu após as Guerras Samnitas (século IV a.C.), conflitos travados pelos romanos contra os samnitas que lhes renderam uma série de territórios na Península Itálica.
Após as Guerras Samnitas, a cidade de Pompeia ficou sob influência romana, mas possuía certa autonomia. Essa autonomia teve fim em 80 a.C., quando Sila ordenou o cerco à cidade em represália à participação de Pompeia em uma rebelião contra a autoridade romana. Como resultado disso, aproximadamente cinco mil soldados foram instalados na cidade. Com a conquista romana, iniciou-se o período de maior prosperidade de Pompeia.
A cidade de Pompeia antes da destruição
Antes da erupção que destruiu e soterrou Pompeia, a cidade vivia o auge da sua prosperidade. Ela ficava às margens do Mar Mediterrâneo, portanto era utilizada pelos romanos para realizar o transporte de diversas mercadorias. Durante o século I d.C., Pompeia possuía aproximadamente 12 mil habitantes nos meios urbanos e 24 mil habitantes na zona rural.
Da costa de Pompeia eram exportadas as mercadorias produzidas nas cidades vizinhas e itens como azeitonas, azeite de oliva, repolhos, figos, sal e nozes. Entre as mercadorias importadas, estavam a seda, escravos, temperos etc. Apesar de sua importância comercial, Pompeia é vista como uma cidade provinciana.
Pompeia possuía muralhas em suas extremidades e seu interior era formado por diversas construções, tais como lojas, templos, tavernas (local onde se vendiam bebidas alcoólicas), banheiros públicos, arenas — onde ocorriam lutas de gladiadores —, casas de banho, residências simples e luxuosas, etc.
Em Pompeia, veneravam-se os deuses tradicionais da religião romana, como apontam as descobertas arqueológicas que aconteceram do século XVIII em diante. Existiam diversos templos aos deuses romanos na cidade, bem como pequenos santuários nas residências. Os arqueólogos também descobriram afrescos na cidade que retratam questões relativas à religião, como um afresco na Vila dos Mistérios que, de acordo com os historiadores, trata-se de um provável culto dionisíaco (conhecido como Baco pelos romanos).
Pompeia e a região costeira da Campânia recebiam frequentemente parte da aristocracia romana em casas de verão próximas ao mar. Há registros que até o imperador Nero (reinou entre 54 e 68 d.C.) tenha visitado a cidade durante a realização de uma competição de gladiadores em 66 d.C.
Diferentemente da imagem popular que se construiu a respeito dos romanos e, principalmente, sobre os habitantes de Pompeia, a cidade não era marcada pela devassidão e imoralidade. A religião romana, conforme os habitantes acreditavam, trazia uma perspectiva bem moralizada da vida e, portanto, essa ideia de Pompeia como local de devassidão não é aceita pelos historiadores.
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O que aconteceu com a cidade de Pompeia?
A destruição da cidade de Pompeia aconteceu em 79 d.C. O relato de Plínio, o Jovem, aponta o dia 24 de agosto de 79 d.C., mas alguns historiadores sugerem que a destruição da cidade aconteceu no final de setembro. Essa cidade foi destruída em uma erupção vulcânica de grandes proporções, que soterrou a cidade em material vulcânico e dizimou toda a população que não havia fugido da área. Antes da erupção vulcânica, Pompeia havia sofrido uma destruição parcial, em 62 d.C., por conta de um terremoto.
Pompeia foi atingida por uma chuva de pedras (muitas gigantescas) expelidas de dentro do Monte Vesúvio. Além disso, no dia seguinte, a cidade foi atingida por gases tóxicos, que mataram os habitantes que haviam sobrevivido à chuva de pedras do dia anterior. Um relato sobre a erupção vulcânica foi realizado 25 anos depois do ocorrido por um romano chamado Plínio, o Jovem.
A erupção do Vesúvio não atingiu somente Pompeia, mas também foi responsável pela destruição de outras cidades.
A redescoberta de Pompeia
A cidade de Pompeia ficou praticamente esquecida durante os séculos seguintes. Sua redescoberta aconteceu no século XVIII, quando escavações ordenadas pelo rei espanhol Carlos III (na época, o sul da Itália era dominado pelos espanhóis) descobriram os restos arqueológicos daquilo que um dia havia sido Pompeia.
A identificação da cidade só foi possível graças às inscrições encontradas, que nomeavam a cidade como Pompeia. A cidade foi encontrada abaixo de dezenas de camadas de material vulcânico, que se acumulou após a erupção e com o passar do tempo. Pelo fato de ter ficado soterrada, os historiadores conseguiram encontrar artefatos muito bem preservados, que foram muito importantes na reconstituição do cotidiano da cidade.
Em 1997, a cidade foi transformada em Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco e atualmente é um importante local de visitação, recebendo cerca de 2.5 milhões de turistas anualmente. Há, no entanto, denúncias de que todo o acervo de Pompeia não esteja recebendo a atenção necessária e, por isso, as instalações estão se deteriorando ano a ano.
Geografia do Monte Vesúvio
Vulcões são estruturas geológicas geralmente com formato montanhoso e cônico que constituem uma abertura na crosta terrestre capaz de lançar à superfície material magmático, gases e cinzas. Na região sul da Itália, na Baía de Nápoles, encontra-se um famoso vulcão: o chamado Monte Vesúvio.
O Vesúvio é um vulcão atualmente adormecido, mas que apresentou intensa atividade ao longo da história. Mais corretamente chamado de Somma-Vesúvio (por crescer no interior do que restou do vulcão Monte Somma), é um vulcão bastante conhecido devido às suas frequentes erupções. Por se localizar numa região habitada, sua atividade pôde ser observada ao longo de muitos anos e algumas erupções tiveram consequências catastróficas.
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→ Características geológicas do Monte Vesúvio
Vesúvio é um estratovulcão com 1.281 metros de altura e aproximadamente 400.000 anos, de acordo com as datações de amostras de material magmático. Um vulcão pode apresentar quatro tipos diferentes de erupção.
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Erupção estromboliana: erupção geralmente explosiva que ejeta cinzas acompanhadas por “bombas vulcânicas”. Ela também produz lavas.
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Erupção estromboliana do tipo havaiana: não é tão destrutiva ou violenta. Não ejeta gases e há presença de magma basáltico e, consequentemente, fluxo de lava.
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Erupção pliniana: apresenta violentas explosões, ocasionadas pelo magma e o conteúdo gasoso. O material magmático é ejetado em direção ao ar violentamente e cria uma longa pluma eruptiva. Nas redondezas é derramado o tefra (material vulcânico não consolidado). Nesse tipo de erupção, também pode ocorrer fluxo de lava com alta velocidade. Foi esse tipo de erupção que ocasionou o soterramento da cidade de Pompeia. O nome “pliniana” foi dado quando alguns estudiosos comprovaram que um romano chamado Plínio havia descrito corretamente e com riqueza de detalhes a erupção catastrófica que soterrou as cidades de Pompeia e Herculano.
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Erupções subplinianas: assemelham-se às erupções plinianas, porém apresentam menos intensidade, portanto são menos destrutivas.
→ A erupção pliniana que soterrou Pompeia
A região compreendida pela cidade de Pompeia apresentava bastante atividades sísmicas. Uma delas antecedeu a tragédia que assolaria a cidade: um terremoto abalou a região 17 anos antes e destruiu toda a área do Golfo de Nápoles.
Os habitantes da área não tinham conhecimento de que o Monte Vesúvio era um vulcão, portanto não imaginavam o perigo iminente. A erupção com cerca de 4 km³ de cinzas e rochas enterrou a cidade, e aproximadamente 2000 habitantes sucumbiram sob várias camadas piroclásticas (conjunto de gás quente, material vulcânico, cinzas e fragmentos de rochas). A cinza espalhou-se por Pompeia, petrificando-a e conservando os corpos.
→ O Vesúvio pode entrar em atividade novamente?
Registros datam atividades vulcânicas do Vesúvio entre 1631 e 1944. A última erupção ocorreu no ano de 1944 e, desde então, o vulcão permanece adormecido. Por não ter muitos anos desde a sua última atividade, não se pode considerá-lo extinto. Isso significa que ele pode, sim, voltar à atividade. Por esse motivo, a cidade de Pompeia é monitorada, e o governo incentiva que os habitantes que atualmente vivem na área se mudem, a fim de evitar outra tragédia.
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A química envolvida na destruição de Pompeia
→ Composição química do magma do vulcão Vesúvio
O magma do vulcão Vesúvio é considerado ácido, por apresentar uma grande concentração de óxidos ácidos, como o dióxido de carbono e o dióxido de enxofre, além de uma elevada quantidade — cerca de 70% — de dióxido de silício (SiO2).
A presença da sílica e dos gases mencionados fazem com que o magma desse vulcão apresente uma viscosidade muito grande, o que não permite que ele escorra com grande velocidade. Outros óxidos, porém de origem básica, também compõem o magma, como o óxido de cálcio (CaO), óxido de potássio (K2O), óxido de sódio (N2O), entre outros.
→ Composição química da fumaça expelida pelo vulcão Vesúvio
A fumaça expelida pelo vulcão Vesúvio durante e após a erupção matou diversos habitantes de Pompeia pelo fato de ser composta por três gases tóxicos:
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dióxido de carbono (sigla CO2);
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ácido sulfídrico (H2S);
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dióxido de enxofre (SO2).
Esses gases apresentam uma densidade maior que o oxigênio e o nitrogênio, logo permanecem em ambientes mais próximos do solo (onde as pessoas estavam). Além disso, por serem invisíveis, as pessoas os inalam sem saber. Veja os efeitos no organismo de cada um desses gases.
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Dióxido de enxofre: ao ser inalado, provoca irritação e corrosão no sistema respiratório.
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Dióxido de carbono: promove asfixia, por competir com o gás oxigênio pela hemoglobina das hemácias.
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Ácido sulfídrico: ao ser inalado, impede a realização da respiração celular nas mitocôndrias, ou seja, impede a produção de energia pelas células.
→ Petrificação de alguns habitantes de Pompeia
Como o magma do Vesúvio é muito viscoso, com o tempo ele se solidifica no interior do próprio vulcão. Por isso, no dia da erupção que destruiu Pompeia, houve grandes explosões, o que favoreceu a queda de uma grande nuvem de detritos e cinzas sobre muitos moradores.
Os moradores que não foram desintegrados pelo calor proveniente do vulcão morreram em decorrência dos gases tóxicos, além de serem cobertos por uma nuvem de sílica e óxido de cálcio (CaO).
A sílica e o óxido de cálcio, ao interagirem com o vapor de água do ar em meio ao calor, formaram uma espécie de cimento (de caráter bem rígido), que envolveu o corpo das pessoas. Esse cimento preservou os corpos de muitos habitantes de Pompeia, marcando o momento em que morreram.
Por Daniel Neves
Professor de História
Rafaela Sousa
Professora de Geografia e
Diogo Lopes
Professor de Química