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Partilha da África

A partilha da África foi um processo de divisão e colonização do continente africano, feito pelas potências europeias, no final do século XIX e início do século XX.

Charge ilustrando líderes europeus cortando uma abóbora do Congo, em alusão à partilha da África.
A partilha da África foi motivada por interesses econômicos das nações europeias.
Crédito da Imagem: Commons
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A partilha da África foi o processo de colonização e divisão do continente africano pelas potências europeias, no final do século XIX e início do século XX. Foi marcado pela exploração econômica, ocupação militar, e imposição de fronteiras artificiais sem considerar as divisões étnicas e culturais dos povos africanos.

Foi motivado por interesses econômicos, como a busca por matérias-primas e novos mercados; por rivalidades políticas entre as potências europeias; e por ideologias racistas que supostamente justificavam a colonização sob a pretensa missão civilizatória e superioridade europeia.

A partilha aconteceu por meio de exploração inicial feita por missionários e comerciantes, seguido de conquistas militares que subjugaram as populações locais e de negociações diplomáticas entre as potências europeias para definir fronteiras e esferas de influência no continente.

Leia também: Imperialismo — política de expansão que resultou na colonização da África, da Ásia e da Oceania

Tópicos deste artigo

Resumo sobre partilha da África

  • A partilha da África foi a colonização e a divisão do continente africano, feitas pelas potências europeias, no final do século XIX e início do século XX.

  • Foi um período de exploração econômica, ocupação militar e imposição de fronteiras artificiais no continente.

  • Suas causas foram a busca por matérias-primas e novos mercados, as rivalidades políticas entre as potências europeias e as ideologias racistas.

  • A Conferência de Berlim, realizada entre 1884 e 1885, reuniu representantes de 14 países europeus e dos Estados Unidos para regular a colonização da África.

  • O Princípio da Ocupação Efetiva dividiu o continente em esferas de influência colonial sem considerar as realidades locais.

  • Resultou na criação de Estados coloniais com fronteiras artificiais, conflitos pós-independência, exploração econômica que beneficiou as metrópoles, e mudanças culturais e sociais impostas aos africanos.

  • Legados de racismo, violência e instabilidade política perduram até hoje.

O que foi a partilha da África?

A partilha da África, também conhecida como a corrida pela África, refere-se ao processo de colonização, ocupação e divisão do continente africano feito pelas potências europeias no final do século XIX e início do século XX. Esse processo culminou em uma série de tratados e acordos que dividiram a África em colônias, administradas por diferentes países europeus, sem considerar as fronteiras étnicas, culturais ou linguísticas existentes entre os povos africanos.

A partilha da África foi motivada por interesses econômicos, políticos e estratégicos das nações europeias, que buscavam expandir seus impérios e explorar os vastos recursos naturais do continente africano, como ouro, diamantes, petróleo, marfim e borracha.

Além disso, a partilha foi marcada por um sentimento de superioridade racial e cultural dos europeus, que justificavam a dominação sobre os africanos como uma missão civilizatória, pretendendo “civilizar” os povos considerados “atrasados”.

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Quais as causas da partilha da África?

As causas da partilha da África podem ser entendidas por uma combinação de fatores econômicos, políticos, sociais e ideológicos que influenciaram as potências europeias a buscarem a colonização do continente africano.

No final do século XIX, a Revolução Industrial havia transformado as economias europeias, aumentando a demanda por matérias-primas e novos mercados para produtos manufaturados. A África oferecia um vasto potencial de recursos naturais, como minerais preciosos e produtos agrícolas, além de ser um mercado inexplorado para a venda de bens europeus.

As potências europeias estavam em intensa competição pela hegemonia global. A aquisição de colônias na África era vista como uma maneira de aumentar o prestígio nacional e o poder geopolítico. Além disso, controlar territórios estratégicos na África permitia às nações europeias fortalecerem suas posições em rotas comerciais importantes e garantirem pontos de apoio para suas marinhas.

O racismo e a ideologia da superioridade europeia desempenharam um papel crucial na “justificativa” da colonização. A chamada “missão civilizatória” foi uma narrativa utilizada pelos europeus para legitimar a dominação, apresentando-se como benfeitores que traziam progresso e civilização aos povos africanos. O darwinismo social, uma interpretação errônea das teorias de Charles Darwin, foi utilizado para basear a dominação racial e a exploração.

Veja também: Como foi a resistência dos africanos à chegada dos exploradores europeus

Como aconteceu a partilha da África?

Mapa da partilha da África em colônias europeias.
Mapa da África com antigas fronteiras coloniais.[1]

A partilha da África ocorreu por um processo gradual de exploração, negociação e ocupação militar por parte das potências europeias. Esse processo pode ser dividido em algumas fases principais:

  • Exploração inicial: no início do século XIX, exploradores europeus, missionários e comerciantes começaram a penetrar no interior do continente africano, mapeando territórios e estabelecendo contatos com líderes locais. Essas expedições revelaram a riqueza e o potencial econômico da África, despertando o interesse das potências europeias.

  • Conquista militar: em muitos casos, a colonização foi acompanhada de campanhas militares para subjugar as populações locais e estabelecer o controle europeu. As resistências africanas foram diversas e intensas, mas, geralmente, as potências europeias possuíam superioridade tecnológica e militar, o que facilitou a imposição do domínio colonial.

  • Negociações diplomáticas: à medida que as potências europeias aumentavam suas áreas de influência na África, conflitos e disputas territoriais tornaram-se frequentes. Para evitar guerras entre si, as nações europeias começaram a negociar e a estabelecer tratados para definir esferas de influência e fronteiras coloniais.

Partilha da África na Conferência de Berlim

Otto von Bismarck, chanceler alemão que convocou a Conferência de Berlim, onde foi regularizada a partilha da África.
Otto von Bismarck, chanceler alemão que convocou a Conferência de Berlim, onde foi regularizada a partilha da África.

A Conferência de Berlim, realizada entre 1884 e 1885, foi um marco crucial na partilha da África. Convocada pelo chanceler alemão Otto von Bismarck, a conferência reuniu representantes de 14 países europeus, além dos Estados Unidos, com o objetivo de regular a colonização e o comércio na África e evitar conflitos entre as potências coloniais.

Um dos principais resultados da Conferência de Berlim foi a formulação do Princípio da Ocupação Efetiva, que estabelecia que as potências coloniais deveriam demonstrar uma ocupação efetiva e administrativa dos territórios que reivindicavam, em vez de apenas reivindicações simbólicas. Isso incentivou uma corrida ainda mais intensa pela ocupação e colonização do interior do continente africano.

Além disso, a conferência delineou regras para a livre navegação nos rios Congo e Níger e proibiu o tráfico de escravos, embora essas medidas, muitas vezes, não fossem efetivamente implementadas.

A Conferência de Berlim teve um impacto profundo no mapa político da África, resultando na criação de fronteiras artificiais que ignoravam as divisões étnicas e culturais existentes, gerando conflitos e tensões que perduram até hoje. Para saber mais sobre a Conferência de Berlim, clique aqui.

Videoaula sobre a partilha da África na Conferência de Berlim

Quais as consequências da partilha da África?

As consequências da partilha da África foram profundas e duradouras, afetando todos os aspectos da vida das populações africanas e moldando o desenvolvimento político, econômico e social do continente até os dias atuais.

A partilha da África resultou na criação de Estados coloniais que, muitas vezes, não refletiam as realidades étnicas e culturais locais. As fronteiras coloniais arbitrárias impuseram unidades políticas que reuniam grupos étnicos diversos e frequentemente rivais, plantando as sementes para conflitos e guerras civis pós-independência.

A economia colonial foi estruturada para beneficiar as metrópoles europeias. As colônias foram exploradas por seus recursos naturais, muitas vezes à custa do bem-estar das populações locais. A infraestrutura desenvolvida pelos colonizadores era voltada para a extração e exportação de recursos, ao invés de promover o desenvolvimento econômico autossustentável das regiões africanas.

A colonização impôs mudanças culturais significativas, incluindo a introdução de línguas europeias e de sistemas educacionais e religiosos ocidentais. As estruturas sociais tradicionais foram desestabilizadas, e muitos africanos foram forçados a abandonarem suas terras e modos de vida tradicionais.

O racismo institucionalizado e a violência colonial tiveram efeitos devastadores na autoestima e identidade dos povos africanos. A opressão e a marginalização deixaram cicatrizes profundas, impactando a percepção que muitos africanos têm de si mesmos e de suas culturas.

A colonização também provocou movimentos populacionais forçados, como a migração de trabalhadores para áreas de mineração e plantações. Além disso, a resistência à colonização e a repressão violenta pelos colonizadores resultaram em mortes em massa e deslocamentos populacionais.

A independência das nações africanas, que começou a ocorrer em meados do século XX, não eliminou imediatamente as consequências da colonização. Muitas nações enfrentaram desafios significativos na construção de Estados estáveis e democráticos, frequentemente herdando sistemas políticos e econômicos que perpetuavam a desigualdade e a instabilidade.

Saiba mais: Como as tensões na Europa imperialista resultaram na Primeira Guerra Mundial

Exercícios resolvidos sobre partilha da África

1. O final do século XIX e o início do século XX foram marcados pela corrida pela África, período em que as potências europeias dividiram e colonizaram o continente africano. Esse processo foi motivado por uma combinação de fatores econômicos, políticos e ideológicos, como a busca por matérias-primas, a rivalidade entre nações e a ideologia da superioridade racial europeia. A Conferência de Berlim, realizada entre 1884 e 1885, desempenhou um papel crucial nesse processo, estabelecendo regras para a ocupação colonial e dividindo a África em esferas de influência europeia. As consequências dessa partilha foram profundas, resultando em fronteiras artificiais que ignoraram as divisões étnicas e culturais, levando a conflitos e instabilidade que persistem até hoje. Com base no texto, é correto afirmar que a Conferência de Berlim:

a) proibiu a colonização da África pelas potências europeias, preservando a integridade dos territórios africanos.

b) incentivou a criação de Estados africanos independentes, respeitando as fronteiras étnicas e culturais existentes.

c) estabeleceu o Princípio da Ocupação Efetiva, incentivando a corrida pela ocupação e colonização do interior da África.

d) promoveu a integração econômica das colônias africanas com as economias locais, beneficiando diretamente as populações africanas.

e) implementou políticas de proteção ambiental e preservação cultural para as comunidades africanas.

Resposta: C

A Conferência de Berlim foi um marco na partilha da África, estabelecendo regras para a ocupação colonial, incluindo o Princípio da Ocupação Efetiva, que exigia das potências coloniais uma ocupação efetiva e administrativa dos territórios que reivindicavam, acelerando a colonização do continente.

2. A partilha da África foi um processo intenso de colonização e divisão do continente africano pelas potências europeias, ocorrido principalmente no final do século XIX. Esse processo teve causas diversas, incluindo a busca por recursos naturais e novos mercados, a rivalidade entre as potências europeias e a ideologia da superioridade europeia. As consequências dessa partilha foram significativas, resultando em fronteiras arbitrárias que desconsideraram as realidades étnicas e culturais dos povos africanos, o que gerou conflitos e instabilidade política e social que se estendem até os dias atuais. Considerando o contexto da partilha da África, analise as alternativas abaixo e assinale a correta:

a) A partilha da África ocorreu de forma pacífica, com pleno consentimento dos líderes africanos, que participaram das negociações.

b) A criação de fronteiras artificiais pelos colonizadores europeus respeitou as divisões étnicas e culturais, promovendo a estabilidade nas regiões colonizadas.

c) A Conferência de Berlim teve como um de seus resultados a promoção de tratados que asseguravam a livre navegação nos rios Congo e Níger.

d) As potências europeias adotaram políticas de desenvolvimento econômico inclusivo, beneficiando as populações locais nas colônias africanas.

e) A ideologia da superioridade europeia não teve influência na justificativa para a colonização da África, motivada apenas por interesses econômicos.

Resposta: C

A Conferência de Berlim, além de estabelecer regras para a colonização e o Princípio da Ocupação Efetiva, promoveu tratados que asseguravam a livre navegação nos principais rios da África, como o Congo e o Níger, facilitando a exploração e o comércio para as potências coloniais.

Créditos da imagem

[1]Erica Gaba - Sting/ Wikimedia Commons

Fontes

BOAHEN, A. A. História geral da África, vol. VII - África sob dominação colonial, 1880-1935. São Paulo: Cortez Editora, 2020.

MACEDO, J. R. História da África. São Paulo: Contexto, 2014.   

Escritor do artigo
Escrito por: Tiago Soares Campos Bacharel, licenciado e doutorando em História pela USP. Bacharel em Direito e pós-graduado em Direito pela PUC. É professor de História e autor de materiais didáticos há mais de 15 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

CAMPOS, Tiago Soares. "Partilha da África"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/partilha-da-africa.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

De estudante para estudante


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