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O imperialismo na África foi um impulso neocolonialista que resultou na colonização do continente africano (com exceção da Etiópia e Libéria) por parte dos europeus. A colonização implantou mecanismos de exploração intensa no continente africano e esse processo gerou inúmeras consequências para a África que são sentidas até hoje.
Tópicos deste artigo
Europa no século XIX
No século XIX, a Europa passou por intensas transformações tecnológicas durante o que ficou conhecido como Segunda Revolução Industrial. Novas fontes de energia passaram a ser utilizadas em larga escala, como a energia elétrica e o uso do petróleo nos motores à combustão. Além disso, aconteceram avanços na indústria de metais pesados, na química e nos meios de transporte.
Esse processo resultou no início de uma nova fase do capitalismo, que estipulava o impulso colonialista como uma “necessidade”. Os objetivos desse impulso colonialista eram a obtenção de matérias-primas para suprir o avanço industrial das potências industrializadas e a conquista de novos mercados consumidores para as mercadorias produzidas por esses países ocidentais.
Com os processos de independência ocorridos no continente americano, o impulso (neo)colonialista dos países europeus voltou-se para a África, Ásia e Oceania. Os três continentes possuíam vasta riqueza em recursos e sua conquista estava acessível aos países europeus. A partir disso, iniciou-se o processo de ocupação desses três continentes.
Corrida da África
O termo “Corrida da África” refere-se à ocupação desenfreada que o continente sofreu a partir, principalmente, da segunda metade do século XIX. As potências europeias passaram a promover a ocupação do continente de maneira sistemática, com esse processo alcançando o ápice durante a Conferência de Berlim, realizada em 1884 e 1885.
Durante esse processo de conquista, os países europeus justificavam sua ação por meio de um discurso civilizatório. Eles alegavam que a dominação do continente africano visava levar o modo de vida “desenvolvido” do ocidente, com o advento das tecnologias que haviam surgido. Além desse argumento, os europeus utilizaram a difusão do cristianismo como pretexto. No entanto, essas justificativas foram utilizadas para esconder o real interesse puramente econômico na região.
Também foram formuladas teorias baseadas em preconceito racial e étnico para justificar essa dominação. Isso era conhecido como “darwinismo social”, que partia de uma leitura equivocada da teoria da evolução das espécies de Darwin e defendia a falsa tese da existência da superioridade natural de determinados grupos humanos em relação a outros.
A conquista do continente africano pelos europeus foi relativamente fácil, pois, segundo os historiadores, as potências europeias já possuíam conhecimento desse continente por causa das atividades missionárias desenvolvidas nele e das expedições dos exploradores que mapearam o território. Isso permitiu que os europeus tivessem conhecimento dos povos e reinos existentes na África, principalmente de suas fraquezas.
Segundo o professor Valter Roberto Silvério, o impulso colonialista no continente africano acabou ganhando força a partir de três ações. A primeira foi decorrente do interesse do rei belga, Leopoldo II, em implantar uma colônia no continente africano. O rei belga manifestou sua intenção na Conferência Geográfica de Bruxelas que lançou as bases para a exploração do Congo. A segunda ação foi realizada por Portugal ao ampliar o seu domínio sobre Moçambique; e terceira e última foi por causa das ações francesas no continente, sobretudo no Egito|1|.
A presença europeia, naturalmente, motivou movimentos de resistência em diferentes partes da África e isso acabou resultando em uma resposta militar dos países europeus. Isso intensificou o processo de conquista, pois os países europeus possuíam exércitos profissionais e tecnologia militar superior.
Conferência de Berlim
Como a ocupação do continente africano pelas potências europeias aconteceu de maneira intensa e desordenada, uma série de conflitos diplomáticos por questões territoriais ocorreu, sobretudo na questão que envolvia o Congo ocupado pelos belgas. Então, foi sugerida por Portugal uma conferência internacional que debatesse essas questões.
Essa ideia foi levada à frente por Otto von Bismarck, que realizou na Alemanha, entre 1884 e 1885, a chamada Conferência de Berlim com o intuito de organizar a divisão e ocupação do continente africano. Ao todo, participaram treze nações: Alemanha, Reino Unido, França, Portugal, Espanha, Bélgica, Holanda, Suécia, Áustria-Hungria, Itália, Dinamarca, Estados Unidos e Império Otomano.
Essa conferência, portanto, determinou a divisão territorial da África entre os países europeus. Mais de 90% do continente foi dominado pelos europeus, e, desse processo colonizatório, foi implantada uma exploração predatória da África que resultou na morte de milhões de pessoas.
Um dos resultados da ocupação desenfreada do continente africano foi o crescimento das rivalidades e divergências entre as potências europeias, o que foi um dos motivos a levar à deflagração da Primeira Guerra Mundial alguns anos depois.
|1| SILVÉRIO, Valter Roberto. Síntese da coleção História Geral da África: século XVI ao século XX. Brasília: UNESCO, MEC, UFSCar, 2013, p. 341.
Por Daniel Neves
Graduado em História