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Movimentos de resistência ao neocolonialismo na África

O processo de neocolonialismo iniciou uma violenta ocupação do continente africano, o que foi respondido por movimentos de resistência surgidos em toda a África.

Com a chegada dos europeus, movimentos de resistência surgiram em diversas partes do continente africano
Com a chegada dos europeus, movimentos de resistência surgiram em diversas partes do continente africano
Crédito da Imagem: Shutterstock
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A partir da segunda metade do século XIX, iniciou-se o neocolonialismo, no qual as nações industrializadas da Europa passaram a ocupar e dominar o continente africano, implantando um grande processo de exploração da África. Esse processo – que está relacionado com o desenvolvimento do capitalismo – encontrou grande resistência em todo o continente africano.

Contexto

Na segunda metade do século XIX, a Europa sofreu intensas transformações que resultaram em grandes avanços tecnológicos. A indústria europeia passou por um crescimento agudo em decorrência da utilização de novas fontes de energia. Houve avanços também na química, na tecnologia de comunicação, nos meios de transporte etc. Esse desenvolvimento tecnológico ficou conhecido como Segunda Revolução Industrial.

O desenvolvimento industrial desse período contribuiu para o crescimento e fortalecimento do capitalismo. Uma consequência direta desse processo foi o neocolonialismo, no qual as nações europeias, para dar suporte ao seu crescimento industrial, partiram para a ocupação dos continentes africano e asiático para obter fontes de matérias-primas e novos mercados consumidores.

Assim, foi iniciada uma verdadeira corrida pela ocupação do território africano. Essa ocupação foi justificada pelas nações europeias como uma missão civilizatória, no entanto, esse discurso tinha como objetivo mascarar o real objetivo, que era impor uma intensa exploração econômica na África.

Uma das consequências desse interesse pelo território africano foi a realização da Conferência de Berlim, reunião que impôs as regras de ocupação e determinou algumas questões relativas ao domínio belga sobre o Congo e sobre a navegação dos rios Congo e Níger. Após a Conferência de Berlim, quase todo o continente africano havia sido ocupado (com exceção de Libéria e Etiópia).

Movimentos de resistência

A ocupação do continente africano pelas nações europeias não aconteceu pacificamente. Em todo o continente, explodiram movimentos de resistência que enfrentaram a dominação europeia. A vitória dos europeus sobre esses movimentos africanos ocorreu, principalmente, em decorrência de sua tecnologia superior, que lhe permitiram facilidades de comunicação e armamentos mais modernos.

A seguir, destacamos algumas informações sobre os movimentos de resistência em diferentes partes do continente africano.

  • Egito

Na década de 1880, o Egito possuía um governo alinhado com os interesses otomanos (turcos) e britânicos. O governo liderado pelo quediva (governante instituído pelos otomanos) Tawfik enfrentou, a partir de 1881, uma revolução encabeçada pelo exército que visava libertar o Egito da crescente influência britânica. A chamada Revolução Urabista foi liderada pelo coronel Ahmad Urabi.

Esse movimento conseguiu destituir o quediva Tawfik. No entanto, Urabi não sabia que Tawfik havia solicitado ajuda aos britânicos. Pouco tempo depois, os britânicos invadiram o Egito (a invasão aconteceu em 1882), atacaram a cidade de Alexandria e derrotaram o movimento liderado por Urabi. A partir dessa derrota, a resistência egípcia foi enfraquecida e o Egito foi ocupado pelos britânicos até a década de 1950.

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  • Somália

A Somália passou a ser disputada por Reino Unido, França e, posteriormente, Itália na segunda metade do século XIX. O interesse pelo país era, principalmente, pela sua proximidade com a Índia e outras regiões importantes da Ásia. Os chefes somalis realizaram uma série de acordos com os europeus com o objetivo de reduzir a influência europeia, no entanto, essa estratégia fracassou e os países europeus estenderam seu domínio sobre o interior da Somália.

Tempos depois, um movimento de resistência relacionado com o conceito de Jihad (guerra santa do Islã) surgiu sob a liderança de Sayyid Muhammad Abdullah Hassan. A luta de Hassan pela libertação da Somália do domínio europeu permaneceu até sua morte, em 1920, e serviu de inspiração patriótica para movimentos de independência que ocorreram mais tarde.

  • Líbia

Segundo Valter Roberto Silvério|1|, na Líbia, o movimento de resistência contra a presença europeia teve maior duração. Esse país estava ocupado pelos otomanos quando foi repentinamente invadido pelos italianos em 1911. Os italianos exerceram um domínio precário sobre algumas cidades líbias e enfrentavam grande resistência no interior. O controle da Itália sobre a Líbia somente foi completamente estabelecido em 1932, durante o governo fascista de Benito Mussolini.

  • Madagáscar

O Reino de Madagáscar era independente até a década de 1880 e, liderado pelo primeiro-ministro Rainilaiarivony, passava por um processo de modernização. A intenção de Rainilaiarivony era garantir a independência e a soberania de Madagáscar ao transformá-la em um Estado “civilizado” aos moldes ocidentais.

Contudo, os interesses franceses sobre a ilha e a procura por eliminar a influência britânica na região levaram o governo francês a optar por invadir Madagáscar em 1883. O governo de Rainilaiarivony e o processo de modernização do país foram desmantelados pela colonização francesa. As intensas transformações que a sociedade malgaxe enfrentava acabaram por facilitar o domínio francês sobre esse território.

Madagáscar tentou garantir sua independência em duas guerras travadas contra os franceses, porém foi derrotada. Movimentos de resistência pipocaram na sociedade malgaxe constantemente até a década de 1920. A independência de Madagáscar só foi obtida oficialmente em 1960.

|1| SILVÉRIO, Valter Roberto. Síntese da coleção História Geral da África: século XVI ao século XX. Brasília: UNESCO, MEC, UFSCar, 2013, p. 349-350.


Por Daniel Neves
Graduado em História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Movimentos de resistência ao neocolonialismo na África"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/movimentos-resistencia-ao-neocolonialismo-na-africa.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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