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As 20 mulheres negras inspiradoras citadas neste artigo são apenas algumas das inúmeras que, por suas lutas políticas, realizações no esporte, na ciência, defesa do meio ambiente e diversos outros motivos, nos levam à reflexão e nos inspiram na luta por um mundo mais justo, igualitário e sustentável. São elas:
- Angela Davis
- Antonieta de Barros
- Aretha Franklin
- Carolina Maria de Jesus
- Chimamanda Ngozi Adichie
- Enedina Marques
- Harriet Tubman
- Josephine Baker
- Kamala Harris
- Mae Jemison
- Maria Firmina dos Reis
- Marli Coragem
- Nzinga
- Ona Judge
- Rosa Parks
- Ruby Bridges
- Sônia Guimarães
- Tia Ciata
- Tereza de Benguela
- Wangari Maathai
Leia também: 16 personalidades negras que mudaram a história do Brasil e do mundo
Tópicos deste artigo
Quem são as mulheres negras que marcaram a história?
Durante muito tempo, as mulheres negras foram excluídas da história oficial de muitos países, inclusive do Brasil. Contudo, nos últimos anos, diversos movimentos sociais, principalmente o movimento negro e o movimento feminista, assim como diversos intelectuais do mundo resgatam as histórias das mulheres negras do Brasil e do mundo. A seguir, você conhecerá 20 mulheres negras inspiradoras do Brasil e do mundo.
1. Angela Davis
Angela Davis é uma filósofa e ativista dos Estados Unidos, nascida em 26 de janeiro de 1944, no Alabama. Quando Angela nasceu, vigorava nos Estados Unidos as Leis Jim Crow, conjunto de leis segregacionistas e racistas que eram válidas em diversos estados do país.
Durante a década de 1960, foi militante do Partido Comunista, do movimento Black Power e do grupo Panteras Negras. Em 1970, foi ré em um dos maiores julgamentos dos Estados Unidos por suposto envolvimento na Tomada do Centro Cívico do Condado de Marin. Algumas armas utilizadas na invasão estavam no nome de Davis, que, no fim do julgamento, foi inocentada.
Ela foi professora da Universidade da Califórnia e escreveu diversas obras sobre gênero, racismo, classes sociais, entre diversos outros temas. Para saber mais sobre Angela Davis, clique aqui.
2. Antonieta de Barros
Antonieta de Barros nasceu na atual Florianópolis, em 1901, sua mãe foi escravizada e não existem registros sobre seu pai. A mãe de Antonieta de Barros foi lavadeira e dona de uma pensão para estudantes, que provavelmente alfabetizaram Antonieta. Esta se tornou professora, especializando-se na alfabetização de adultos e utilizando-se do próprio método para isso. Exerceu essa profissão até se tornar deputada.
Antonieta de Barros foi uma das primeiras mulheres eleitas no Brasil, onde elas só puderam votar e se candidatar a partir de 1932. Antonieta de Barros foi eleita, em 1934, como deputada estadual de Santa Catarina.
Antonieta defendia que a educação era o melhor caminho para melhorar a vida da população brasileira. Partiu da deputada a criação do Dia do Professor, comemorado em 15 de outubro. Sua proposta foi aprovada em Santa Catarina em 1948, e, anos depois, a data foi estendida para todo o Brasil. Em 2023, Antonieta de Barros passou a fazer parte do Livro de Heróis e Heroínas da Pátria.
3. Aretha Franklin
Aretha Franklin foi uma cantora estadunidense que nasceu em Memphis, no Tennessee, em 1942, momento no qual as Leis Jim Crow vigoravam e ocorria a Segunda Guerra Mundial. É considerada um dos ícones da música negra. Em 1967, ela lançou o seu maior sucesso, a música “Respect”, em que uma mulher pede respeito para um homem. A música alcançou o primeiro lugar na Billboard e se tornou uma das músicas-símbolos do movimento negro e feminista. A cantora faleceu em agosto de 2018, aos 76 anos, devido a um câncer no pâncreas.
4. Carolina Maria de Jesus
Carolina Maria de Jesus foi uma escritora brasileira que nasceu em 14 de março de 1914, em Sacramento-MG. Filha de país agricultores não alfabetizados, frequentou a escola por pouco tempo, o suficiente para se alfabetizar.
Na década de 1930, Carolina de Jesus passou a viver em São Paulo, na Favela do Canindé. Trabalhou como empregada na casa de um renomado médico de São Paulo, mas perdeu emprego e passou a ser catadora de papelão e metais. Enquanto era catadora, ela registrou a vida na favela e seu cotidiano em um diário, que se tornou o livro Quarto de despejo: diário de uma favelada, publicado em 1960. O livro foi muito bem recebido pela crítica e pela população em geral, tornado Carolina de Jesus famosa.
Ela morou em Osasco no início da década de 1960 e defendeu a emancipação da cidade, o que acabou acontecendo em 1962. Faleceu em fevereiro de 1977, em decorrência de insuficiência respiratória, no município de São Paulo. Saiba mais sobre a vida e as obras de Carolina Maria de Jesus clicando aqui.
5. Chimamanda Ngozi Adichie
Chimamanda Ngozi Adichie é uma escritora e feminista nigeriana nascida em Enugu, em 15 de setembro de 1977. Cursou Comunicação e Ciências Políticas na Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, é mestra em escrita criativa pela Universidade Johns Hopkins, e pela Universidade de Yale, em arte africana. Tornou-se mundialmente famosa após sua palestra O Perigo das Histórias Únicas, no TED, em 2009. Outra palestra muito popular de Adichie é Sejamos todos Feministas. É autora de vários romances e de livros que explicam a importância do feminismo.
6. Enedina Marques
Enedina Marques nasceu em Curitiba, em 13 de janeiro 1913. Sua primeira profissão foi como professora, uma das poucas em que as mulheres atuavam no período.
Em 1940, ela iniciou seus estudos na Faculdade de Engenharia do Paraná, formando-se engenheira civil em 1945. Foi a primeira engenheira negra do Brasil. Trabalhou como engenheira em diversas obras do governo estadual do Paraná. Aposentou-se em 1962, e o governador do estado, Ney Braga, garantiu uma pensão vitalícia para Enedina no mesmo valor de um salário de juiz, em agradecimento aos serviços prestados por ela à população do Paraná. Ela faleceu em agosto de 1981, aos 68 anos, vítima de um infarto.
7. Harriet Tubman
Harriet Tubman nasceu escravizada em 1822, em Maryland, nos Estados Unidos. Aos 27 anos, fugiu de seus senhores para a Filadélfia, mas, anos depois, retornou a Maryland, com o objetivo de auxiliar alguns parentes a também fugirem da escravidão, o que de fato fez.
Com o tempo, ela passou a libertar diversos escravizados, e, a partir de 1850, ela ajudou centenas deles a fugirem do Sul para o Norte por meio da Undergroud Railroad, uma rede clandestina de caminhos que contavam com bases de apoio e por onde milhares de escravizados fugiram para o Norte. Harriet Tubman foi um importante nome no combate à escravidão nos Estados Unidos.
Durante a Guerra Civil, ela atuou como espiã para o exército da União, também foi voluntária na guerra exercendo a função de cozinheira e de enfermeira. Na última década da sua vida, ela passou a atuar no movimento feminista, este, na época, tinha por principal bandeira o voto feminino. Tubman faleceu de causas naturais, em 1913.
Atualmente existe um projeto de lei no Congresso dos Estados Unidos que quer estampar o rosto de Tubman na nota de 20 dólares. Para saber mais sobre Harriet Tubman, clique aqui.
8. Josephine Baker
Josephine Baker foi uma cantora, dançarina e atriz estadunidense que nasceu em Saint Louis, no Missouri, em 3 de junho 1906. Na década de 1920, atuou em algumas produções da Brodway, com papéis secundários. Mudou-se para a França, onde começou a ganhar grande fama a partir de 1925. Ela pode ser considerada a primeira atriz negra com fama mundial.
Na França, Baker se naturalizou francesa em 1937, e, durante a ocupação nazista, atuou como membro da resistência, principalmente como espiã. Como artista, ela tinha autorização para visitar países neutros, como Espanha e Portugal. Neles, ela se encontrou por diversas vezes com agentes Aliados. Após a guerra, recebeu diversas condecorações do governo francês por sua bravura durante o conflito.
Em 1951, sofreu preconceito na boate Stork Club, deixando o local em represália e denunciando o racismo dele. Nesse dia, outra artista famosa, Grace Kelly, também saiu da boate em solidariedade a Josephine, as duas se tornaram amigas após o fato.
Durante o macartismo, ela deixou os Estados Unidos, era considerada comunista por parte da elite política e econômica do país, sofrendo represálias e tendo dificuldade em encontrar novos contratos.
Josephine também foi militante ativa do movimento negro e atuou durante o movimento de direitos civis nos Estados Unidos, inclusive compartilhando o palanque com Martin Luther King e participando com ele da Marcha de Washington, em 1963.
Ela faleceu em abril de 1975, aos 68 anos, devido a um acidente vascular cerebral (AVC). Atualmente ela está sepultada no Panteão de Paris.
9. Kamala Harris
Kamala Harris é filha de uma indiana com um jamaicano e nasceu em 20 de outubro de 1964, em Oakland. Estudou na Universidade de Howard e se formou em Ciências Políticas e Econômicas. Em 1989, formou-se em Direito pela Universidade da Califórnia. Em 2011, ela se tornou a primeira mulher a exercer o cargo de procuradora-geral da Califórnia, função que ocupou até 2017.
Em 2016, filiada ao Partido Democrata, elegeu-se senadora pelo estado da Califórnia. Em agosto de 2020, foi escolhida pelo partido e pelo candidato Joe Biden como candidata à vice-presidência. Foi eleita em 2020 e se tornou, assim, a primeira mulher vice-presidente dos Estados Unidos. Para saber mais sobre Kamala Harris, clique aqui.
10. Mae Jemison
Mae Jemison nasceu no Alabama, em 17 de outubro de 1956, filha de uma professora da educação básica e de um pai que era supervisor de manutenção. Jemison afirmou que se interessou por ciência desde a infância e que, ao assistir Star Trak, identificou-se com a personagem Tenente Uhura, interpretada por Nichelle Nicols, atriz negra.
Aos 16 anos, ingressou na Universidade de Stanford, cursando Engenharia Química. Nos anos de faculdade, foi integrante Black Studant Union, uma entidade social, cultural e política que tem por objetivo principal a melhoria de vida dos estudantes negros de Stanford. Na sequência, ela ingressou no curso de Medicina da Universidade de Cornell. Durante essa época, participou de diversos projetos científicos e assistenciais em Cuba, Tailândia, Camboja e em países do Leste da África. Após formada, passou a atuar como médica em diversos hospitais dos EUA.
Em 1987, ela se candidatou para o programa de treinamento de astronautas da Nasa, sendo a primeira mulher negra aprovada. Após anos de treinamento, Mae Jemison se tornou a primeira mulher negra a ir ao espaço, fato que se deu na missão STS-47. No ônibus espacial Endeavour, Jemison realizou diversos experimentos médicos nos astronautas, ficando oito dias na órbita terrestre. A menina que foi inspirada para a ciência por uma personagem negra hoje inspira meninas e mulheres em todo o mundo.
11. Maria Firmina dos Reis
Maria Firmina dos Reis nasceu em São Luís do Maranhão, provavelmente em 1822, ano da independência do Brasil, sendo filha de uma mulher forra. Na época, a escravidão vigorava no Brasil.
Em 1847, foi aprovada como professora de instrução primária, profissão que exerceu até 1881. Em 1859, Maria Firmina publicou o livro Úrsula, considerado por muitos a primeira obra literária abolicionista do Brasil, anterior ao clássico Navio negreiro, de Castro Alves. Sua obra é considerada hoje um dos clássicos da literatura nacional. Saiba mais detalhes sobre a vida e as obras de Maria Firmina dos Reis clicando aqui.
12. Marli Coragem
Marli Pereira Soares nasceu em 25 de outubro de 1954, na Favela do Pinto, no Rio de Janeiro. Foi empregada doméstica e, posteriormente, funcionária pública.
Em 1979, durante a Ditadura Civil-Militar, policiais militares invadiram a casa de Marli e sequestraram seu irmão, Paulo Pereira Soares. Dias depois, ele foi encontrado morto e com suas mãos amarradas. Marli, com apenas 25 anos, foi até a delegacia registrar queixa pelo assassinato do irmão. Começou nesse momento a sua luta para descobrir a verdade e fazer justiça.
Marli passou a frequentar delegacias, quartéis e batalhões da Polícia Militar, exigindo que o caso fosse investigado. O fato passou a ser divulgado pela mídia, ganhando grande popularidade, e ela passou a ser chamada de Marli Coragem. Anos depois, alguns dos policiais acusados pelo crime foram condenados pelo assassinato de seu irmão.
13. Nzinga
Nzinga nasceu como Mwene Nzinga Mbandi, em 1582, na região onde é hoje Angola. Pertencia à família real e passou a governar a partir de 1631, momento no qual Portugal escravizava a população da região.
Durante seu reinado, que durou 37 anos, Nzinga liderou diversos ataques contra os portugueses, vencendo diversas batalhas. Realizou diversas alianças, a principal delas com os holandeses. Foi considerada pelos contemporâneos, inclusive por portugueses, como uma excelente líder e estrategista política e militar.
Em 1656, converteu-se ao catolicismo, no ano seguinte, foi feita a paz com os portugueses. Governou até 1663, quando faleceu de causas naturais.
Atualmente Nzinga é uma das principais heroínas de Angola, no país existem diversas estátuas, monumentos e nome de logradouros que homenageiam a rainha.
14. Ona Judge
Ona Judge nasceu, em 1773, escravizada na propriedade rural de George Washington, que, três anos depois, seria um dos líderes da independência dos Estados Unidos e eleito o primeiro presidente do país.
Com cerca de 10 anos, Judge passou a trabalhar na casa de George Washington. Com o tempo, tornou-se escrava privada de Martha, a primeira-dama.
Em 1796, quando George Washington ainda era presidente dos Estados Unidos, Ona Judge fugiu da casa do presidente, partido em uma embarcação para New Hampshire.
Diversas matérias foram publicadas nos jornais sobre a fuga de Ona Judge, descrevendo as características físicas dela para que fosse encontrada. George Washington foi informado de que ela estava em New Hampshire e encaminhou uma carta para a autoridade local que solicitava que ela fosse capturada, além de um funcionário do governo. As autoridades encontraram Judge, e o enviado tentou convencê-la a voltar para a casa de Washington, mas ela se recusou.
Uma lei de 1793, aprovada pelo próprio George Washington, determinava que escravos fugitivos que ultrapassaram a fronteira entre estados só poderiam ser devolvidos aos seus donos após um processo. O presidente não quis que o caso fosse para os tribunais para evitar que ele ganhasse atenção nacional e para que não fizesse parte dos documentos oficiais, manchando sua história.
Ona Judge se casou com um marinheiro e com ele teve três filhos. Em 1799, meses antes de falecer, Washington solicitou que seu sobrinho recuperasse Ona, mas ele não obteve sucesso. No seu testamento, George Washington libertou todos os seus escravizados, mas Ona Judge continuou como propriedade da ex-primeira-dama. Ona Judge se tornou um símbolo de luta pela liberdade e mostrou um lado do primeiro presidente dos Estados Unidos, como proprietário de escravizados, que a história oficial escondeu por muito tempo.
15. Rosa Parks
Rosa Parks nasceu no Alabama, em 1913, durante a vigência das leis racistas conhecidas como Jim Crow. Abandonou os estudos cedo e trabalhou como costureira; casou-se. Em 1932, passou a fazer parte da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor, movimento que lutava por direitos para a população negra.
Em 1º de dezembro de 1955, ela pegou um ônibus na Avenida Cleveland, e se sentou em um banco destinado para negros. Mais pessoas entraram no ônibus e alguns brancos ficaram em pé. O motorista do ônibus solicitou que Rosa Parks se levantasse e cedesse seu lugar para um homem branco, mas ela se recusou. A polícia foi chamada e prendeu Parks por desrespeito à lei de segregação.
Sua prisão indignou parte da população de Montgomery, e um boicote à companhia de transporte se iniciou. O boicote gerou novos movimentos, em outras cidades, e esse foi o início do movimento pelos direitos civis, do qual sairiam movimentos como o Black Power e os Panteras Negras, além de pessoas como Martin Luther King Jr. e Malcolm X.
Parks é um dos maiores ícones do movimento negro mundial e recebeu diversas homenagens do Congresso Americano e de diversos presidentes. Obama, ao assumir o cargo de presidente, afirmou que isso só foi possível porque, antes dele, pessoas como Rosa Parks lutaram. Para saber mais sobre Rosa Parks, clique aqui.
16. Ruby Bridges
Ruby Bridges nasceu em 1954, no Mississippi, e se mudou bem pequena com a família para Nova Orleans. Em 1960, ela foi uma das poucas crianças negras aprovadas para estudar em escolas que, até então, eram destinadas apenas para crianças brancas.
Uma decisão judicial determinou que Ruby participasse regularmente das aulas da Escola William Frantz, frequentada apenas por crianças brancas. Após a decisão, iniciaram-se manifestações de pessoas brancas que eram contrárias à integração de crianças negras na escola. Em reação a isso, a Justiça determinou que agentes do FBI protegessem Ruby e fizessem a lei ser cumprida.
No primeiro dia de aula, agentes do FBI buscaram Ruby em casa e a levaram até a escola, onde uma multidão enfurecida xingava e atirava objetos na criança de apenas seis anos. Os pais dos alunos retiraram seus filhos da escola e os professores se recusaram a lecionar para a menina, com exceção de Barbara Henry. Os protestos continuaram nos próximos dias, mas alguns pais brancos passaram a matricular seus filhos na escola, e, com o tempo, os protestos na porta da instituição foram reduzidos.
A imagem de Ruby próxima da escola e protegida por agentes do FBI é uma das mais famosas da história, e seu feito é considerado um símbolo de luta por igualdade. Atualmente Ruby Bridges é militante do movimento negro nos Estados Unidos.
17. Sônia Guimarães
Sônia Guimarães nasceu em São Paulo, em 20 de junho de 1957, filha de um tapeceiro e de uma microempresária, dona de um buffet.
Sônia estudou em escolas públicas e sempre se destacou com boas notas. Formou-se em Ciências, em 1979, pela Universidade Federal de São Carlos, realizando, na sequência, o mestrado na mesma instituição. Em 1986, iniciou seu doutorado na Universidade de Manchester, na Inglaterra. Ela foi uma das primeiras brasileiras negras com doutorado.
Em 1993, foi aprovada em concurso para professora do Instituto Tecnológico da Aeronáutica, o ITA. Com isso, foi a primeira professora negra da instituição.
Sônia sempre mostrou seu descontentamento com a questão da desigualdade de gênero e racial. Ela participa atualmente de diversos projetos educacionais que buscam estimular a participação de meninas em áreas de ciências e de exatas, e também é mantenedora da Faculdade Palmares.
18. Tia Ciata
Tia Ciata nasceu em 1854, na Bahia, mas passou a viver no Rio de Janeiro a partir dos 22 anos de idade. No Rio ela trabalhou com quituteira, casou-se e teve 14 filhos. Morou em uma casa na Praça 11 que era chamada de Pequena África.
Tia Ciata é considerada uma das precursoras do samba no Rio de Janeiro. Sua casa era onde aconteciam as batucadas, trazidas da Bahia e que, ao se misturarem com o lundu, se transformaram no samba carioca. Na época, as chamadas batucadas eram proibidas e constantemente eram encerradas pela polícia, mas Tia Ciata era muito popular, e contemporâneos afirmam que as autoridades faziam vista grossa para as festas na casa dela.
Ela foi uma espécie de matriarca na Praça 11, conhecendo muitas pessoas, tendo grande influência, conseguindo empregos, residência para as pessoas desamparadas, entre outros. Foi em sua casa que o primeiro samba gravado, “Pelo telefone”, foi escrito e tocado.
19. Tereza de Benguela
Não sabemos a data e o local de nascimento de Tereza de Benguela, mas, por causa da sua alcunha, “de Benguela”, muitos historiadores acreditam que ela nasceu na África. Ela foi rainha do Quilombo do Piolho, com seu marido, o rei José Piolho. Por volta de 1750, José Piolho foi assassinado e Tereza de Benguela passou a governar o quilombo sozinha.
Durante quase 20 anos, Tereza governou sozinha o Quilombo do Piolho, período no qual ele teve grande prosperidade e resistiu a diversos ataques dos portugueses. Foi somente em 1770 que uma expedição portuguesa conseguiu conquistar o quilombo, assassinando nove quilombolas e fazendo com que muitos fugissem.
Não conhecemos o fim de Tereza, alguns historiadores afirmam que ela morreu nos combates em 1770, outros afirmam que ela escapou do ataque.
Em 2014, foi criado o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza é atualmente uma referência de luta para todas as mulheres negras do Brasil. Para saber mais detalhes sobre Tereza de Benguela, clique aqui.
20. Wangari Maathai
Wangari Maathai nasceu em 1940 em Nieri, no Quênia, onde estudou e foi alfabetizada. Em 1959 ela recebeu uma bolsa, passando a estudar nos Estados Unidos a partir de 1960 e se tornando a primeira mulher da África a ter bacharelado em Biologia. Em 1966, obteve o título de mestre em Biologia. Maathai se mudou para a Alemanha, onde passou a fazer pesquisas sobre Veterinária. Em 1971, tornou-se doutora pela Universidade de Nairóbi, e, anos depois, professora da instituição.
Na década de 1970, ela fundou o Movimento do Cinturão Verde Pan-Africano, iniciativa que estimulava crianças e escolas a plantarem árvores. Acredita-se que mais de 30 milhões de árvores foram plantadas pelo seu projeto. Seu projeto de plantação de árvores e suas denúncias contra a ditadura queniana lhe renderam o Prêmio Nobel da Paz de 2004. Ela faleceu no Quênia, de câncer, em 2011.
Créditos de imagem
[1]Gino Santa Maria / Shutterstock
[2]Columbia GSAPP / Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona / Wikimedia Commons (reprodução)
[3]Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina / Wikimedia Commons (reprodução)
[4]Ovidiu Hrubaru / Shutterstock
[5]Arquivo Nacional / Wikimedia Commons (reprodução)
[7]Fundação Cultural Palmares / Governo Federal (reprodução)
[8]Jack de Nijs / Arquivo Nacional Holandês / Wikimedia Commons (reprodução)
[11]Kreuz e quer / Wikimedia Commons (reprodução)
[12]John Mathew Smith / Celebrity Photos / Wikimedia Commons (reprodução)
[13]Texas A&M University-Commerce Marketing Communications Photography / Wikimedia Commons (reprodução)
[14]Olabi Makerspace / Wikimedia Commons (reprodução)
[15]Kingkongphoto / Celebrity Photos / Wikimedia Commons (reprodução)
[16]Nobel Committee / Wikimedia Commons (reprodução)
Fontes
ADAMS, Julia. Mulheres negras que mudaram o mundo. Editora Pé de Letra, Cotia, 2023.
NASCIMENTO, Beatriz. Uma história feita por mãos negras. Editora Zahar, Rio de Janeiro, 2021.